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A Eternidade de Ana [Português, Brasil]
Capítulo 91 - Acordes da Loucura

Capítulo 91 - Acordes da Loucura

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O grupo corria pela floresta, o som de seus passos abafado pelo solo macio. Eva estava nas costas de Luiz, disparando flechas com precisão enquanto eles fugiam dos bestiais que os perseguiam. As flechas cortavam o ar, algumas acertando os perseguidores, mas o número de inimigos não diminuía. Luiz, com os olhos arregalados de pânico, mantinha o foco, embora claramente desconfortável com a situação.

— Estamos saindo muito da rota! — gritou Alex, a preocupação evidente em sua voz.

— Eu sei! — respondeu Ana, sua voz firme. — Mas não temos escolha no momento!

A Sombra, com um sorriso enigmático no rosto, apenas acompanhava a cena, aparentemente despreocupada, como se toda a situação fosse uma brincadeira para ela. Os bestiais estavam cada vez mais próximos, seus grunhidos e o som de suas garras arranhando o chão, ressoando nos ouvidos do grupo.

Quando ficou claro que não conseguiriam escapar a tempo, Ana parou bruscamente, puxando sua espada longa com um movimento fluido. A lâmina brilhante cortou o ar e dois dos bestiais caíram instantaneamente, suas cabeças rolando no chão. Com o grupo parado e os corpos ao redor, a Sombra finalmente agiu, começando a tocar o alaúde, uma melancólica melodia que dava a impressão de uma grande homenagem aos mortos.

Eva desceu rapidamente das costas de Luiz, posicionando-se em uma posição estratégica. Ela fincou o arco no chão e começou a disparar flechas em uma cadência precisa e constante, escolhendo alvos específicos para evitar atingir os aliados. Seus olhos estavam afiados, a expressão de concentração extrema enquanto a batalha se desenrolava.

— Não sou bom com grandes grupos! Vou tentar atrasar os que vão em direção ao Alex! — gritou Luiz, com a voz trêmula, enquanto corria em direção ao guerreiro.

Com uma expressão de determinação, ele estendeu as mãos, tentando exercer algum controle mental sobre os bestiais, tornando-os mais lentos e descoordenados. Alex, por sua vez, enfrentava os inimigos com uma ferocidade impressionante. Seus punhos eram potentes, jogando-os para longe com cada golpe. De vez em quando, suas manoplas brilhavam com uma luz intensa e amarelada, e o solo ao seu redor mudava repentinamente, criando elevações e depressões para desestabilizá-los ou bloquear seus caminhos.

A luta era intensa, e o grupo se movia como uma unidade coordenada, cada um desempenhando seu papel com precisão. Nesse instante, os corpos no chão começaram a tremer violentamente. Em questão de segundos, seus olhos se abriram, completamente negros e sem vida.

A Sombra, ainda tocando o alaúde, aumentou a intensidade da música ao ver isso, e os cadáveres soltaram rosnados baixos, como predadores à espreita se levantando para se juntar à luta. Seus ataques foram direcionados diretamente para seus antigos companheiros, os quais foram pegos de surpresa pela traição dos amigos reanimados.

Uma fumaça negra começou a se desprender dos dedos da barda, criando uma atmosfera ainda mais sinistra. Seus próprios olhos assumiram uma cor profunda, refletindo o abismo de sua magia. Uma gargalhada gutural começou a sair de sua boca, de uma maneira que misturava loucura e puro deleite, como se estivesse se alimentando do caos que criava.

Alex, Eva e Luiz, apesar de já saberem das habilidades dela, não conseguiam deixar de sentir uma onda de choque e desconforto. Era uma coisa saber que a mulher tinha o poder de criar mortos-vivos, mas outra coisa completamente diferente era ver isso acontecendo diante de seus olhos. O processo era aterrorizante e visceral, um lembrete brutal do que aconteceria com seus próprios corpos se caíssem naquele campo de batalha, fazendo com que lutassem com redobrada cautela.

Os bestiais pararam de correr por um momento, como se sentissem a mudança no ar. Olhavam ao redor, os olhos selvagens avaliando a situação. Começaram a se reorganizar, formando um círculo ao redor do grupo de Ana, claramente se preparando para um ataque coordenado e hesitando perante a morte com o que lhes restava de racionalidade.

— Sua habilidade é realmente interessante — comentou Ana, observando a nova integrante.

A Sombra, com um sorriso insano no rosto, riu alto, sua voz ecoando sobre o campo de batalha.

— Você ainda não viu nada! — respondeu ela, os dedos se movendo cada vez mais rápido sobre as cordas. — É hora do show!

Com um forte grito, ela começou a cantar uma melodia intensa em uma língua desconhecida, um som que penetrava na alma e causava arrepios em quem ouvia. A atmosfera mudou novamente de forma drástica, como se o próprio ar tivesse ficado mais denso e eletrizado.

— Mas que merda… — sussurrou Ana, apertando o peito ao sentir seu coração bater com uma força descomunal, quase como se fosse explodir. Uma sensação de poder crescente a invadiu, enquanto a mana reversa dentro de seu corpo circulava a uma velocidade aterrorizante, suprimindo completamente sua mana comum. — Apesar que… sim, isso é ótimo!

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A mercenária percebeu que sua mente permanecia clara. A vontade de rir estava presente, mas não era uma loucura incontrolável como antes. Era como se estivesse à beira de um precipício, prestes a mergulhar na insanidade, mas ainda segurando as rédeas.

No entanto, enquanto aprovava cada vez mais a maravilhosa sensação, algo chamou sua atenção. Seus companheiros — Alex, Eva e Luiz — estavam parados, com os olhos fechados, suas expressões em uma estranha serenidade. Uma fina névoa negra começava a se infiltrar em seus corpos através de suas narinas e bocas. De repente, todos abriram os olhos ao mesmo tempo, revelando pupilas completamente negras.

— Os cavaleiros estão querendo imitar a rainha — murmurou para si mesma, em tom de brincadeira, vendo a risada insana que escapou dos lábios dos três guerreiros.

A batalha se transformou em um caos total, uma verdadeira briga de cachorro, onde cada um se lançava contra todos. Bestiais, mortos-vivos e os próprios companheiros de Ana estavam imersos em um frenesi descontrolado. Era um mundo de violência pura, com corpos colidindo, sangue jorrando e gritos ecoando por toda parte.

Eva dobrou seu arco, transformando-o novamente em uma lâmina. Ela se jogou nos monstros com uma selvageria impressionante, cortando e perfurando qualquer coisa que estivesse em seu caminho. Sua técnica era brutal e eficiente, movendo-se com a graça letal de uma dançarina de combate.

Alex, por outro lado, descartou qualquer pretensão de defesa. Seus punhos abandonaram qualquer clemência e, com movimentos treinados milhares de vezes em Leviathan, destroçou a carne de quem ousava aparecer em sua frente. Ele não parecia se importar com os ferimentos que acumulava, seu corpo coberto de cortes e hematomas.

Luiz, com sua adaga simples em mãos, se movia furtivamente, esfaqueando pelas costas os bestiais que se distraíam com outros alvos. Seus ataques eram rápidos e precisos, focando em pontos vitais para maximizar o dano.

Todos os três estavam se machucando muito, com pedaços de pele e carne faltando por todo o corpo, mas a dor parecia ser apenas um detalhe insignificante em meio à loucura da batalha. Apesar disso, mesmo sob o domínio da música da Sombra, ainda tinham uma vaga noção de perigo, usando os mortos-vivos como escudo sempre que necessário.

— Maurice… — Ana reconheceu aquela sensação, lembrando-se dos seguidores suicidas do bispo que havia enfrentado anos atrás. Era como se seus amigos tivessem se tornado marionetes.

Entendendo que não havia o que fazer sobre o assunto, se preparou para se lançar na confusão. Com um suspiro resignado, deixou a longa espada de lado, não havia espaço para usá-la em uma massa tão grande de pessoas, então decidiu usar apenas suas habilidades em artes marciais.

Ela começou com um chute baixo, quebrando a perna de um bestial e o derrubando no chão. Sem perder tempo, girou seu corpo e usou a cotoveleira para cortar o pescoço de outro inimigo, sua lâmina afiada perfurando a carne com facilidade.

Um bestial tentou atacá-la pelas costas, mas Ana, com reflexos rápidos, girou e desferiu um soco direto no rosto da criatura, afundando-o no chão. Aproveitando o movimento, ela saltou para cima de outro inimigo, usando o joelho para esmagar o crânio do monstro.

Ana não parava, seus golpes fluíam como água. Com um chute giratório, ela derrubou três bestiais ao mesmo tempo, seus corpos colidindo e caindo inertes após o pesado item esmagar seus peitos, quebrando ossos e jogando-os para trás. Inclinando-se para frente, seus punhos reforçados desferiram uma série de socos devastadores em outro que se aproximava.

A cada movimento, ela mesclava diferentes estilos de luta, alternando entre socos, chutes, cotoveladas e joelhadas. Seu corpo era uma máquina de destruição e ela parecia não se cansar, sua expressão era fria e focada enquanto os inimigos caíam continuamente, como moscas. Sua postura era a de alguém que estava no controle de seu próprio mundo, como se quisesse competir com a sombra pelo título de rainha da morte.

Finalmente, vendo que seus números não paravam de diminuir, os bestiais começaram a recuar. Porém, para surpresa de todos, de repente os mortos-vivos simplesmente caíram ao chão, inertes, como se tivessem perdido toda a força que os animava. Alex, Eva e Luiz começaram a vomitar sangue negro e ficaram sem forças, enquanto Ana, embora não tão afetada, sentiu a força da mana reversa diminuir drasticamente.

Os inimigos também ficaram intrigados, observando a cena com cautela, desconfiados de que pudesse ser uma armadilha. Ana olhou para a barda, seus olhos como se perguntasse o motivo da parada.

— Eu sou uma falha, meu show só dura 15 minutos! — respondeu a mulher, já começando a fugir.

O bestial que parecia ser o líder do grupo abriu um sorriso largo ao ouvir isso, seus olhos fixando-se em Ana com uma expressão predatória. A mercenária, irritada e frustrada, resmungou palavras inaudíveis em voz alta e, sem perder tempo, foi atrás da sombra, seguida pelos outros que se esforçavam para acompanhá-la, dando tudo de si para escapar.

— Ir... comer... inferiores… — grunhiu o líder dos humanos corrompidos, com um sorriso ainda maior ao observar a cena.

À medida que a perseguição recomeçava, resquícios de civilização lentamente se revelavam entre as árvores.

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