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A Eternidade de Ana [Português, Brasil]
Capítulo 134 - Crepúsculo de Bons Guerreiros

Capítulo 134 - Crepúsculo de Bons Guerreiros

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Aproveitando sua posição já inclinada, Ana impulsionou seu corpo para frente com a precisão de uma predadora. Seu movimento, fluido como um relâmpago, trouxe em seu rastro a grande espada em um arco devastador, cortando o ar com força tremenda enquanto avançava em direção à cabeça do gigante à sua frente. A alabarda do colosso tentou perfurar seu abdômen no último instante, mas a mercenária habilmente se curvou um pouco mais, desviando com facilidade.

— Eu pensei que estavam sendo rudes com a visitante! Fico feliz que, na verdade, queiram apenas dançar!

No entanto, apesar do ataque que parecia inevitável, o gigante sorriu, um sorriso frio e sombrio que logo se transformou em uma tosse de sangue. Recuperando-se rapidamente, infundiu sua armadura com mais mana, fazendo o chifre que saía de sua testa pulsar como brasas vermelhas misturadas a sombras, oscilando entre um vermelho profundo e um preto azeviche. Antes que Ana pudesse compreender a estranha reação, o colosso moveu a cabeça para interceptar sua espada, e o metal chocou-se diretamente contra o chifre.

A rainha foi pega completamente de surpresa. Ela havia enfrentado incontáveis inimigos em Myrmeceum, sabia o quão duro eram os corpos dos habitantes, todos sendo facilmente abatidos por sua lâmina afiada. No pior dos casos, esperava um corte parcial, algo que poderia exigir alguns golpes a mais.

Mas o que se seguiu foi o oposto de tudo o que previra: o chifre estava intacto. O impacto reverberou por todo o seu braço. A força do contra-ataque foi tamanha que sua mão foi jogada para trás. Ela sentiu os dedos dobrarem em ângulos desconfortáveis, uma dor explosiva invadindo seus nervos. Mesmo assim, não perdeu a espada. Permitiu que a mana reversa percorresse suas articulações, reduzindo a dor ao mínimo necessário para continuar lutando. A fome insaciável da energia sombria a impedia de ceder, queimando em suas veias e forçando-a a ignorar cada sinal de fraqueza.

Antes mesmo de cair no chão, seus olhos captaram o movimento do segundo guarda. A outra alabarda vinha de sua lateral, em uma trajetória veloz e precisa, pronta para decapitar sua cabeça. Ela sabia que não havia tempo para um desvio completo, mas não planejava sucumbir à pressão. Com um giro rápido, moveu o corpo, posicionando sua armadura do braço esquerdo em um ângulo inclinado. O golpe da alabarda encontrou a superfície metálica, mas, ao invés de acertar o alvo, deslizou com força para baixo. O homem-vespa foi desequilibrado, seu corpo cambaleando com o peso do golpe desperdiçado somado a seu estado fragilizado.

Mesmo assim, Ana não saiu ilesa. O impacto do ataque, apesar de ter sido desviado, ainda era brutal. Ela foi arremessada para trás, colidindo violentamente contra a parede de pedra do túnel. O som da colisão ecoou como o estalar de ossos, e pequenas fissuras se formaram na pedra atrás dela. Ana sentiu a dor atravessar suas costas, pulsando em sua espinha, mas estava longe de ser abatida por algo assim.

Caiu pesadamente por cima de sua espada, e foi então que mais uma surpresa foi apresentada.

“Matar... Matar...”

Os sussurros surgiam, incontroláveis, trazendo um sorriso torto ao rosto de Ana.

— Eu sabia que você ia gostar deles. Somos parecidas, sabia? Também gosto de esmagar os fortes.

Ela se levantou, lentamente, com seu espírito fortalecido pela excitação do combate. Seus olhos, ardentes de determinação, encontraram os dos guardas à distância. Com um gesto rápido, puxou os dedos deslocados de volta ao lugar. O som alto e seco de cada estalo encheu o túnel. A sensação de alívio percorreu sua mão.

Em seguida, rasgou a manga remanescente de seu casaco, agora em farrapos. Com a tira de tecido, começou a amarrar firmemente o cabo de sua espada em sua mão.

— Não vai adiantar muito — murmurou. — Mas se você não voar pra longe, já tá bom demais.

Ana sabia que aquela luta era inútil. Não importava o quanto brigassem, o envenenamento causado pela névoa negra eventualmente mataria ambos os lados se não saíssem daqueles túneis imediatamente.

Se os guardas continuassem ali, morreriam.

Se ela continuasse ali, morreria.

E, mesmo se, por algum milagre, conseguisse vencer, não tinha confiança que seu corpo em frangalhos teria força para abrir aquela enorme porta. Cada movimento queimava seus músculos, cada respiração doía como fogo.

Era uma luta sem sentido, sem um objetivo claro.

Mas, ironicamente, era isso que a excitava. Ana não precisava de razão. A expectativa da morte iminente fazia seu sangue ferver.

"Matar... Matar!"

Ela não podia resistir a esse apelo.

Então, não resistiu. Deixou que a palavra tomasse conta de seus pensamentos, um mantra de sobrevivência e sede de sangue, e se jogou de volta na batalha.

O primeiro a reagir foi Cornua, com sua fúria colérica. Após tossir violentamente, com gotas de sangue manchando o chão diante de seus pés, ele ergueu a alabarda como se fosse um martelo e desceu-a com uma força esmagadora.

A força do golpe fez o túnel tremer, e Ana, ainda sem forças para um movimento evasivo, usou a lateral de sua espada para bloquear. O choque quase a derrubou, e seus joelhos dobraram enquanto o metal negro tremia em suas mãos.

Aproveitando a abertura, Aculeo deslizou pela lateral com a precisão de uma víbora, girando a alabarda e mirando o flanco exposto de Ana. Ela percebeu a manobra apenas a tempo de se soltar do bloqueio contra Cornua e girar o corpo para o lado. Seus músculos falharam durante a evasiva, permitindo apenas um movimento cambaleante, mas felizmente ainda foi o suficiente para a tirar da trajetória, fazendo a lâmina da alabarda passar apenas de raspão, abrindo uma linha sangrenta entre seu ombro direito e seu pescoço. A dor foi imediata, mas antes que pudessem reagir, ela usou o movimento para mover sua espada em um arco baixo, mirando as pernas massivas do colosso.

O metal chocou-se contra a armadura resistente com um estrondo, mas o gigante manteve-se firme, sua robustez formando uma parede impenetrável. Ana retraiu a lâmina com rapidez, ciente de que ele usaria o próprio peso para contra-atacar. Em um impulso, Cornua curvou-se, trazendo o chifre reluzente em direção ao peito dela.

A mulher percebeu o perigo um segundo antes do impacto. Sabia que não teria força para um desvio completo, mas poderia suportar o golpe e abrir uma chance de ataque. Ignorando o instinto de proteger o corpo e mantendo a proximidade necessária, estendeu a perna e usou o impulso para desferir um chute violento com a ponta de sua bota de metal na lateral do joelho de Cornua. Foi arremessada para trás, mas o colosso vacilou por um momento, seus movimentos desacelerando pela dor que ecoava pela armadura. E foi nesse instante que Aculeo aproveitou novamente a oportunidade.

A arma do homem elegante direcionou-se para seu pescoço. Ela mal teve tempo de erguer a espada, e notou que o homem-vespa parecia já esperar tal reação. Com uma precisão impiedosa, ele largou a alabarda e avançou, tentando cravar o punho com espinhos em sua clavícula.

Ana se curvou e girou o braço, enlaçando o braço do inimigo com a própria espada. Ela torceu o punho e a lâmina deslizou pela armadura de Aculeo, mas o golpe apenas cortou a superfície, sem penetração. O guarda usou a abertura para desferir uma joelhada brutal no abdômen de Ana, com as pontas afiadas perfurando-a como facas quentes.

A rainha fincou a ponta da longa espada no chão e se impulsionou para trás, já pressionando o estômago sangrento enquanto tentava respirar, sentindo não apenas as feridas, mas também o veneno corroer seu pulmão com cada inspiração. Seu campo de visão começava a se estreitar, mas ela não parava. Não podia parar.

“Matar… Matar…”

O sussurro da espada incentivava, com a mesma ânsia pela violência que sua portadora possuía, incendiando o frenesi da mercenária.

Para sua sorte, ninguém se aproximou para atacar em seu momento de fragilidade. Cornua se levantava devagar do chão, caído de joelhos, arfando de dor após sua última investida. O homem removeu seu capacete com dificuldade, como se isso facilitasse a entrada de ar em seus pulmões, mas logo o vestiu de volta desleixadamente. Seu rosto, coberto de suor, refletia o sofrimento pelo qual passava. Aculeo ao seu lado estava um pouco melhor. Apoiado na alabarda, encarava Ana nos olhos. Apesar de ofegante, não deixava transparecer seu estado debilitado.

Os dois claramente não eram soldados comuns. O ritmo de seus movimentos era ensaiado, a precisão de seus ataques, coordenada. Quando Cornua errava, Aculeo já vinha com uma estocada inesperada, e o mesmo se repetia em sentido contrário. Aquela sincronia revelou que Ana enfrentava guerreiros de elite, e isso apenas intensificou seu desejo de encarar o desafio.

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— Em outra situação, vocês seriam oponentes mais do que formidáveis — comentou a rainha, ajustando a postura para mais uma investida. — Fico feliz que façam parte da minha última batalha.

— Também seria uma honra lutar em perfeitas condições, "rainha" — grunhiu Aculeo, sem esconder o cansaço, enquanto se posicionava defensivamente diante do colosso, que ainda se levantava.

Vendo a ação do sujeito, Ana riu roucamente e disparou em sua direção. Usou toda a sua força para empurrar a lâmina de Aculeo, que veio em forma de estocada, para o lado com a mão esquerda, mas não parou ali. Em um movimento fluido, deixou a espada cair até a ponta tocar o chão e a arrastou em um arco ascendente, em direção ao rosto do gigante que esperava logo atrás do primeiro oponente. O guarda menor, em um movimento quase desesperado, optou por chutar diretamente a arma negra, fazendo-a deslizar acidentalmente por sua armadura até chegar à coxa, onde grandes fragmentos de metal voaram. Ficou surpreso com o corte em sua perna, mas soltou um suspiro de alívio por ter desviado o golpe com sucesso.

Cornua rugiu em fúria ao ver o companheiro ferido por sua causa, e tendo a chance, avançou com vigor renovado. Com uma mão, ele arremessou sua alabarda na direção de Ana, mas ao invés de segurá-la na trajetória, soltou a arma com uma precisão ameaçadora, fazendo-a girar no ar como um projétil. A mulher desviou para o lado, sentindo o vento mortal passar rente ao ombro. No entanto, antes da alabarda chegar ao solo, o enorme homem-besouro esticou o braço para recuperá-la, puxando a arma de volta de forma a atingir em cheio a cabeça da invasora.

Por um breve momento, Ana se viu sem saída além de enfrentar o golpe de frente, mas visando minimizar os danos, se inclinou velozmente para a esquerda e ergueu a espada para uma tentativa de bloqueio. O impacto fez sua mão, mesmo presa, quase escorregar do cabo da lâmina, e o corte desviado passou logo abaixo de seus seios, dilacerando a carne de forma que era possível ver o branco de suas costelas. Apesar do resquício da essência regenerativa começar a criar ligações na ferida aberta, ela já estava em seu limite, e desequilibrou-se, caindo de costas no chão, sentindo o amargo gosto do sangue em sua boca.

Mesmo assim, seu sorriso ainda estava lá. Um sorriso voraz, mas dolorido.

Mal teve tempo de respirar quando o homem-vespa, tremendo com os espasmos da perna despedaçada e mal conseguindo distribuir o peso igualmente sobre ambos os pés, voltou a atacar com uma precisão mortal. Sua alabarda vinha com um arco descendente, e Ana sabia que não tinha força para desviar como antes, então recorreu a algo mais desesperado. Usando a espada como apoio, virou-se e deixou o braço esquerdo deslizar pela haste da alabarda, agarrando-a e puxando de repente Aculeo para perto.

Sentiu a lâmina do inimigo roçar em seu cabelo, não a acertando por pouco, mas o homem, já sem forças, não pôde fazer nada além de cambalear para frente, e rainha aproveitou a oportunidade, socando diretamente a ferida recém-feita com toda a força que restava em seus punhos. O osso estalou sob a pressão, e Aculeo grunhiu quando caiu em um baque seco logo ao seu lado.

Com o pequeno segundo de respiro, Ana abraçou a espada e rolou o máximo que pôde para longe, mas não foi rápida o suficiente, pois antes de se afastar o sentiu o homem caído agarrar firmemente seu tornozelo esquerdo. Ela olhou rapidamente para os pés, mas não pôde fazer nada além de colocar a espada em frente ao seu corpo quando percebeu que Cornua, o qual se aproximou em meio ao embate com o outro guarda, desferia um soco com ferocidade em direção a seu peito.

Não sabia quando ele abandonara a alabarda, mas a notícia não a deixou tão feliz quanto deveria. Seus braços estalaram com a força do golpe, e pequenas rachaduras apareceram no chão duro abaixo de seu corpo. Ana não teve nem tempo de raciocinar quando um novo soco veio em sua direção.

As runas da armadura do colosso brilhavam intensamente, e ele não parecia se importar de acertar a lateral da espada, ou talvez não tivesse forças para calcular a rota adequada para contornar ela, pois simplesmente socou e socou, com movimentos que nem mesmo eram tão rápidos, mas estavam prestes a esmagá-la.

A mercenária queria se afastar, mas Aculeo a prendia com firmeza, obrigando-a a resistir. Ela o chutava selvagemente com sua pesada bota infundida com mana, destruindo os espinhos que compunham sua armadura e criando cada vez mais amassados, mas ele se recusava firmemente a deixá-la ir.

Após quase um minuto de intermináveis socos, Cornua finalmente caiu de joelhos, exausto. Por um instante, ele pareceu desistir dos ataques, mas, com um último fôlego, ergueu as mãos entrelaçadas e desceu com um golpe de martelo, o estrondo reverberando pelo túnel, fazendo a estrutura tremer enquanto Ana suportava seu peso.

O primeiro ataque a fez tremer.

O segundo ataque a fez perder a consciência brevemente.

O terceiro ataque, nunca chegou.

Esse era o ponto que o gigante podia aguentar. Com os braços deslizando fracamente, ele agarrou a mulher pelo pescoço, a erguendo em frente a seus olhos. Toda a mana de sua armadura concentrou-se em seu chifre, o qual brilhava cada vez mais intensamente. Era um ataque de adeus, um ataque que encerraria aquela disputa. Mas inesperadamente, Ana começou a gargalhar.

— Você cometeu um único erro nessa luta, meu amigo.

Antes que sequer entendessem o fraco sussurro que saia daqueles lábios quase mortos, Ana forçou toda a mana reversa em seu corpo a fluir em velocidade máxima, e em seguida jogou a cabeça para trás com força. Na mesma intensidade, a levou para frente de novo, batendo brutalmente a própria testa contra o chifre que parecia prestes a explodir. O impacto ecoou pelo túnel, e estilhaços da máscara de Ana preencheram o ar. Por outro lado, Cornua não se feriu de forma alguma, tendo como resultado da ação apenas sua cabeça involuntariamente recuando alguns centímetros.

— Qual era sua intenç…

A fraca voz do homem não pôde terminar sua frase. Sangue começava lentamente a vazar pelos cantos da boca do guarda, e seus olhos aos poucos perdiam o pequeno resto de vida que ainda possuíam. A espada negra nas mãos de Ana pareceu afinar mais de um centímetro em tempo real enquanto era cravada profundamente no pescoço do gigante, adentrando com perfeição a articulação exposta pelo movimento repentino entre a ombreira de Cornua e o capacete mal afivelado.

“Matar!”

O som de metal atravessando carne ecoou pelas paredes, seguido pelo estalo seco dos ossos. Cornua estremeceu, seu corpo titânico balançando antes de cair pesadamente no chão, o sangue verde escorrendo para todos os lados. Ana foi solta, caindo por cima dele. Com esforço, virou-se de barriga para cima, mas mal teve tempo de aproveitar a vitória, pois Aculeo já estava sobre ela novamente.

— Desgraçada… Ele… Ele não merecia isso!

Movido pela raiva, ele atacou novamente, estocando a alabarda em direção ao rosto da mulher, porém a visão turva da exaustão fez com que se movesse em direção a seu ombro. O golpe perfurou a pele, rasgando o músculo e fazendo um jorro de sangue escorrer pela armadura do companheiro morto. Ana soltou um grunhido de dor, mas prendeu a arma em seu corpo, impedindo que fosse puxada de volta.

Com um grito grosseiro, girou o braço da espada para o alto, deixando o peso da lâmina fazer o trabalho. Aculeo tentou se proteger, mas seu corpo já não obedecia. O golpe de Ana cortou através do elmo dele, rachando o metal e destroçando de imediato grande parte de seu rosto. O homem-vespa cambaleou para trás, o sangue escorrendo enquanto gritava a plenos pulmões.

Notando tal abertura e utilizando a alabarda abandonada como bengala, Ana se impulsionou, não com elegância, mas com pura determinação. Seus pés escorregaram no sangue e na poeira do chão, mas ela avançou, tentando manter o equilíbrio enquanto seu corpo praticamente caía para frente.

E, no fim, foi isso que aconteceu, ela realmente caiu bem ao lado de seu oponente, mas não sem antes cravar a espada em seu flanco, forçando a lâmina com as duas mãos. Aculeo gritou em ainda mais agonia, se debatendo para tentar afastá-la. Mas a mercenária, implacavelmente, girou a lâmina dentro do corpo dele, torcendo com toda a força restante.

“Matar!”

O guarda tentou um último golpe com o punho espinhoso, mas sua força falhou. Ana, com a visão já começando a escurecer, sentiu o último fôlego de vida dele se esvair. Com um movimento final, retirou a espada, e o corpo do elegante guarda caiu ao chão, convulsionando antes de se silenciar para sempre.

Ela encarou a cena por um momento que parecia eterno, sangue e suor se misturando enquanto o mundo ao seu redor continuamente desaparecia.

— No fim, venci…

Ana riu da própria situação, mas a risada soou rouca e entrecortada, quase um engasgo em meio ao som áspero. Ela pressionou o estômago com força, como se pudesse conter a dor ardente que se espalhava por suas entranhas, o sangue denso escorrendo lentamente enquanto a adrenalina diminuía. O líquido que expelia por cada parte de seu corpo não era mais vermelho, mas sim preto, denso e viscoso como piche, uma prova do estrago interno que sofrera.

Ainda estava consciente, mas respirar era um esforço hercúleo. Ela quase cedeu ao desejo de se deixar cair ali, no meio dos corpos de Aculeo e Cornua. Contudo, sua teimosia a mantinha viva.

Foi então que, de canto de olho, percebeu algo acima da porta à sua frente: duas câmeras fixadas, imóveis, como olhos inumanos, fitando-a em sua condição deplorável.

“Alguém está… Me assistindo?”

Estava sendo observada, monitorada como um animal em uma arena? E daí?

Um sorriso torto surgiu em seu rosto enquanto ela ergueu o dedo do meio para quem quer que estivesse do outro lado. Era um gesto de pura insolência, um desafio mudo e sem sentido.

Mas para sua surpresa, um som reverberou pelo túnel. Um estrondo metálico, pesado. Lentamente, a grande porta diante dela começou a se abrir.

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