Novels2Search
A Eternidade de Ana [Português, Brasil]
Capítulo 172 - Abraço Queimado

Capítulo 172 - Abraço Queimado

----------------------------------------

Estacas de pedra emergiram como lanças, avançando em direção ao irmão. Felipe saltou, impulsionado por cordas finas, mas fortes o suficiente para puxá-lo de imediato. Desviou com sucesso da primeira onda, porém uma das estalagmites seguintes rasgou o lado esquerdo de seu corpo, liberando faíscas e vapor.

— Nada mal. Com certeza nada mal — murmurou Felipe para si mesmo, vendo a leve marca derretida que ficou, mesmo sem Alex ter tocado diretamente a pedra que o acertara. Seguiu então girando no ar, disparando projéteis energéticos em direção ao irmão enquanto se enganchava em uma coluna do lado oposto do grande corredor.

— Alex, pela direita!

A voz chegou de repente, cortando o som metálico dos golpes e o zumbido dos mecanismos de Felipe. Por um breve instante, ambos os combatentes pararam, como se tivessem se esquecido da presença de Eva. Mas entenderam imediatamente as implicações da frase.

Sem pestanejar, Alex se lançou para a direita, enquanto Felipe, forçado pela urgência, correu na direção oposta, seguindo o som da voz. Eva, posicionada a uma distância segura, já tinha uma flecha rúnica preparada. A ponta brilhante soltou um som agudo quando cortou o ar, explodindo em fagulhas no chão entre os dois homens. Uma cortina vermelha emergiu, cobrindo seu inimigo em chamas dançantes.

“Fogo…?”, pensou Alex, franzindo a testa pela escolha da garota. O calor ao redor já era insuportável, e ele não entendeu o motivo daquilo. Pelo menos, não de imediato.

Foi só quando ele viu o corpo de Felipe, já incandescente, tornar-se ainda mais alaranjado que tudo fez sentido. Os dispensers de vapor do homem-máquina dispararam com mais frequência, soltando rajadas apressadas para tentar dissipar a temperatura excessiva.

"Então é isso!"

Assim, ao invés de se defender, ele esperou. Ele sabia que Felipe viria direto para cima. O irmão estava mais instável, mais agressivo. Corria, disparando projéteis de todas as armas acopladas por seu corpo enquanto avançava. Alex desviava dos tiros com pequenos movimentos, levantando pequenos montes de terra para aparar as balas que não conseguia evitar.

E então, como esperado, logo veio o soco metálico.

Alex não recuou. Em vez disso, ele avançou, jogando-se contra o irmão com toda a força. O impacto foi devastador, criando um sulco na lateral de seu abdômen, mas ele agarrou Felipe com um abraço apertado, prendendo os movimentos de seu oponente. Os dois caíram juntos no chão, um emaranhado de golpes, chutes e impactos que reverberavam pelo salão. A força bruta de Felipe tentava rompê-lo, mas o pugilista, dando tudo de si, se manteve firme.

— Eva, agora! — gritou Alex, sua voz cheia de urgência.

— Mas eu também vou te acertar!

Alex riu, encarando-a.

Eva hesitou por um segundo, mas vendo aquele olhar debochado, ela entendeu. Ele já estava em combustão. Um pouco mais de fogo... talvez não fizesse diferença. Ou, pelo menos, era isso que esperavam.

— Você acha que pode me parar? — Felipe gritou, sua voz metálica misturada a um som gutural enquanto compartimentos por todo seu corpo se abriram. Lâminas afiadas dispararam, perfurando profundamente o torso e os braços de Alex.

A dor era excruciante, mas o guerreiro não cedeu. Ele prendeu os braços ainda mais forte, mas seu limite se aproximava a passos rápidos.

— É agora ou nunca!

Eva puxou a corda do arco o máximo que podia, o suor escorrendo por sua testa enquanto o calor do fogo e da tensão a consumiam. A flecha brilhante voou, cortando o ar com um som agudo, antes de atingir os dois homens.

A explosão foi instantânea, uma nova onda de calor e luz que engoliu tudo ao redor. O salão tremeu, destroços caíram do teto, e uma cortina de poeira e fumaça se levantou, ocultando tudo no corredor.

Em meio a um recuo apressado, a pequena arqueira tropeçou, caindo sobre uma pilha de escombros. O impacto foi duro, e pedaços de pedra e metal machucaram suas mãos enquanto ela tentava se levantar. Antes que pudesse reagir, um movimento rápido chamou sua atenção. Um braço cinza vinha velozmente em direção ao seu rosto.

— Droga... — grunhiu, fechando os olhos, resignada com o destino iminente.

This book's true home is on another platform. Check it out there for the real experience.

Tentou erguer os braços para se proteger, mas sabia que seria inútil. Não passava de uma fortalecedora de rank C, sem força física ou resistência comparável aos dois monstros que lutavam à sua frente. A ideia de enfrentar aquele golpe parecia absurda, seus ossos seriam partidos como gravetos.

No entanto, quando o impacto chegou, não foi o que ela esperava. A dor estava lá, mas não era tão intensa. Surpresa, abriu os olhos, ficando atônita com a visão.

O braço de Felipe estava à sua frente, caído, com troços de aço retorcidos e implodidos de dentro para fora. As engrenagens e circuitos expostos se moviam inutilmente, liberando fagulhas e sons cada vez mais fracos, como um pequeno animal ferido.

"Deu realmente certo?"

Eva respirou fundo, o alívio momentâneo misturado à incredulidade. Felipe, que parecia invencível até segundos atrás, agora perdia partes de si. Não tinha certeza se era a explosão ou o esforço de Alex que causara isso, mas não se permitiu baixar a guarda.

Ela recuou novamente, preparando um novo disparo com sua flecha. A corda do arco rangeu quando ela a puxou, os dedos firmes, mas seu coração acelerado denunciava a tensão que sentia.

Esperou.

A fumaça ao seu redor tornava tudo indistinto, abafando os sons e criando um silêncio agoniante. Mas, ao fundo, ouviu algo.

Um som repetitivo, pesado, cruel.

— Então ainda não acabou... — murmurou, puxando a corda ainda mais forte.

Quando a fumaça finalmente se dispersou, uma figura de joelhos surgiu à sua vista. A princípio, a garota ruiva não conseguia distinguir quem era quem, então, ao ver a figura de pele fervendo em tons intensos de vermelho e preto, soltou um suspiro de alívio.

Era Alex.

Seu corpo estava machucado, distorcido, pulsando de calor e mana, as raízes e metal fundidos se movendo por baixo de sua pele de forma terrorífica. Mas ele estava de pé, segurando o rosto metálico de Felipe com uma das mãos.

Eva não teve tempo de falar. Alex golpeava continuamente, seus punhos esmagando o metal com um som ensurdecedor. Ele parecia fora de si, sua respiração pesada e irregular acompanhada de olhos vazios que pareciam não conseguir se conter.

Felipe não reagia mais. Eva notou que não era apenas seu braço que havia sido destruído – os dois joelhos do homem-máquina também estavam ausentes, reduzidos a pedaços de aço. Também houve uma grande implosão na lateral de seu estômago, deixando um rombo enorme, expondo uma infinidade de peças mescladas com órgãos de onde um líquido escuro escorria lentamente.

— Alex... — Eva chamou, hesitante, enquanto abaixava o arco.

Mas ele não respondeu. Continuava socando, cada golpe destruindo mais do que restava do irmão. O chão ao redor deles estava marcado por rachaduras profundas, resultado da força descomunal que possuía nesse momento.

— Alex! Já acabou!

Eva se aproximou cautelosamente, colocando uma mão em seu ombro. No entanto, a tirou rapidamente com um grunhido de dor quando sua pele ardeu ao simples toque.

— Ele já se foi, Alex. Está tudo bem...... Por favor… Precisamos ir. Não há mais nada que possamos fazer aqui. Ana precisa de nós.

Ele finalmente parou. Seus punhos ficaram imóveis, ainda pressionados contra o que restava do rosto do irmão. Sua cabeça abaixou-se lentamente, como se as forças finalmente tivessem o abandonado. Parecia incapaz de respirar, incapaz de pensar.

Moveu então o olhar para a garota ruiva, e apenas a encarou. Por um momento, parecia que ele ia falar, mas nada saiu.

Eva, relutante, parou de insistir. Ela sabia que algo nele havia mudado, algo que talvez nunca voltasse. Antes de partir, deixou sua máscara de raposa ao lado dele, um último gesto de esperança.

— Por favor, volte para nós… — sussurrou, antes de desaparecer na escuridão.

Por longos minutos, Alex permaneceu ali, estagnado, seu corpo uma estátua entre a destruição ao seu redor. O calor finalmente começou a dar espaço para uma fria brisa que entrava pelos buracos que haviam feito nas paredes, e a voz de Felipe ainda ecoava em sua mente, cada palavra um golpe mais profundo que o último. Ele fechou os olhos, sentindo o peso da escolha que havia feito esmagá-lo.

— Por que isso tinha que terminar assim? Fantasmas não deveriam morrer… Não deveriam…

Ele estendeu a mão trêmula, tocando o rosto frio e quase totalmente deformado ao seu lado. Pela primeira vez em anos, sentiu-se completamente impotente. A determinação que sempre o impulsionara agora parecia ter desaparecido.

— Me desculpe… Me desculpe por não ter sido o irmão que você precisava… Me desculpe por não ter… Poder suficiente…

div [https://i.ibb.co/n6z10k4/k.png]

Quer apoiar o projeto e garantir uma cópia física exclusiva de A Eternidade de Ana? Acesse nosso Apoia.se! Com uma contribuição a partir de R$ 5,00, você não só ajuda a tornar este sonho realidade, como também faz parte da jornada de um autor apaixonado e determinado. 🌟

Venha fazer parte dessa história! 💖

Apoia-se: https://apoia.se/eda

Discord oficial da obra: https://discord.com/invite/mquYDvZQ6p

Galeria e outros links: https://linktr.ee/eternity_of_ana

----------------------------------------

172 [https://i.ibb.co/1ZDyp1G/172.png]