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A Eternidade de Ana [Português, Brasil]
Capítulo 163 - Resquícios de Coragem

Capítulo 163 - Resquícios de Coragem

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— Ele ainda não respondeu?

— Infelizmente, não… — respondeu Alex, com uma pontada de frustração na voz. — Mas qual o sentido de você estar sem seu comunicador?

— Pensei que estaria lutando uma hora dessas, então acabei não trazendo.

— Muito responsável da sua parte…

Ana revirou os olhos, balançando a mão para afastar o assunto como se fosse algo sem importância, enquanto o homem ria suavemente.

Conforme se aproximavam do castelo, as ruas ficavam progressivamente mais vazias. A atmosfera começava a mudar. O som de batalhas distantes ainda ecoava ao longe, mas o silêncio ao redor era opressivo.

Não demorou para que eles encontrassem Eva próxima à entrada de uma pequena loja. A garota estava agachada, examinando um pequeno monte de pedras no chão, as mãos apertadas contra as coxas. Ao se aproximarem, Alex e Ana perceberam que não eram simples pedras.

Formas distorcidas de corpos parcialmente destruídos eram visíveis entre os escombros, assim como uma simples máscara esverdeada.

— Ela precisava realmente matar os guardas? — Eva perguntou, sua voz baixa, carregada de indignação e tristeza.

— Eu faria o mesmo — respondeu a rainha mercenária, com sinceridade desinibida.

— Eu sei, mas...

— Vamos enterrá-los mais tarde, garota. Não é hora de pensar nisso.

— Tá bom… — respondeu Eva, a contragosto, cruzando os braços enquanto desviava o olhar.

Alex soltou um sorriso triste, aproximando-se da pequena conselheira e afagando seu cabelo vermelho de forma quase paternal.

— Isso vai acabar logo.

Ela não respondeu imediatamente, mas depois de alguns segundos, um pequeno murmúrio saiu de seus lábios.

— Eu sei.

Ana não se deteve. Continuou caminhando, ignorando a interação carinhosa de seus companheiros. Sua testa estava franzida enquanto seus olhos analisavam os detalhes ao redor.

Não era apenas um guarda que havia sido destruído. Mais de uma dúzia estavam ali, todos espalhados em pedaços pelo chão. As estátuas mascaradas, que por tanto tempo representaram poder e proteção, agora eram apenas fragmentos.

As armas descartadas aos seus lados, quebradas e sem utilidade, eram o único lembrete de que aquelas haviam lutado até o fim por seu reino. No entanto, o contraste era perturbador: apesar da cena de morte, não havia uma única gota de sangue.

“Nem sequer encostaram nela… Mas que merda…”

Tudo aquilo parecia um aviso, um lembrete sombrio do que estava dentro do castelo. Ana apertou o cabo da lança, seus olhos fixos na grande entrada. As duas portas maciças estavam entreabertas, deixando claro que alguém já havia passado por ali. A luz que vinha de dentro era fraca, mas suficiente para projetar sombras estranhas no chão.

— Se quiserem voltar, agora é a hora — sua voz era calma, mas carregada de seriedade.

Alex e Eva a encararam. Não havia hesitação em seus olhares.

— Você sempre vem com essa mesma palhaçada nos momentos mais importantes… Se não quiséssemos fazer isso, não estaríamos aqui. Vamos terminar isso juntos, Ana — disse Alex, erguendo suas luvas.

Eva não falou nada, mas seu aperto firme na arma que carregava era resposta suficiente.

Ana não insistiu, apenas acenou em concordância após um pequeno grunhido. Com passos decididos, empurrou as portas e entrou, os outros dois seguindo logo atrás, então, como se lembrasse de algo, simplesmente parou no meio do corredor sombrio.

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— A partir de agora, prestem atenção. Não sabemos exatamente onde ela vai estar — Seus olhos fixaram-se em cada um deles. — Vocês ainda têm seus frascos de lagarto?

Eva assentiu imediatamente, batendo levemente no cinto onde pequenas esferas de metal estavam firmemente presas.

— Sim, os três que me entregou.

Alex, por outro lado, deu um sorriso sem graça, coçando a cabeça enquanto apontava para seu cinto vazio.

— Já usei tudo na batalha anterior.

— Claro que usou… — murmurou Ana, soltando um pesado suspiro.

Por fim, olhou para o próprio cinto. Apenas um frasco ainda estava lá, preso firmemente ao lado de sua armadura. A situação era menos ideal do que gostaria, mas antes que pudesse pensar em alternativas, Eva, percebendo o problema, retirou dois frascos de seu compartimento e os estendeu para eles.

— Eu luto de longe! Fiquem com eles.

Ana balançou a cabeça, recusando prontamente a oferta.

— Fique com dois. Dê um para esse idiota descuidado.

— Mas... — Eva começou, mas Ana interrompeu com um olhar firme.

— Não se preocupe. Um já é o suficiente.

A menina ruiva ainda hesitou, mas a autoridade no tom de sua líder não deixava espaço para discussão. Guardou um dos frascos de volta em seu cinto e entregou o outro para Alex, que recebeu com um discreto e silencioso “obrigado”, movendo apenas os lábios.

Ana observou os dois por um momento antes de retirar uma pequena caixa presa na lateral oposta de sua armadura. A caixa era reforçada, quase toda feita de metal escuro com bordas bem polidas e almofadas internas que protegiam o conteúdo precioso.

Ela a abriu lentamente, revelando quatro frascos adicionais cuidadosamente alinhados. Apesar de sua estrutura sólida, eles tinham um ar delicado, cada um contendo um líquido de cor única que parecia brilhar levemente com tons que mudavam conforme a luz os atingia.

Ela os encarou por alguns segundos, seus dedos deslizando sobre cada um até parar no último. Após um momento de reflexão, retirou-o, observando a pequena marcação gravada na lateral.

— Esse combina comigo, então vou pegar — disse de repente, prendendo o frasco em seu cinto antes de levantar a caixa para os outros. — Escolham cada um de vocês um dos que sobraram.

Alex franziu o cenho, pegando a caixa com cuidado, enquanto Eva observava os líquidos com olhos curiosos, mas cautelosos.

— O que exatamente são?

— DNA potencialmente perigoso — Ana cruzou os braços, seu sorriso casual contrastando com a seriedade da resposta. — Não testei em mim mesma ainda devido às possíveis mutações permanentes que podem causar. Retirei de alguns corrompidos que… Bem, não importa, digamos apenas que os resultados devem ser interessantes.

Eva e Alex se entreolharam, ambos torcendo os lábios. Havia uma hesitação clara nos olhos deles, como se estivessem diante de uma roleta russa.

— Vamos lá, vocês não vão morrer por usá-los — comentou a rainha, rindo levemente enquanto os encorajava. — Ainda assim, não recomendo que realmente usem. Não sei o quão agradável vão ser os efeitos. Deixem só para emergências.

— Não pode nos dar detalhes do que esperar de cada um? — insistiu Alex, ainda olhando para os frascos como se fossem bombas prestes a explodir.

Ana deu de ombros.

— Dizer isso só dificultaria a vida de vocês. Simplesmente escolham um e usem em emergências. Fim de papo.

Eva foi a primeira a escolher. O líquido avermelhado se assemelhava ao seu próprio cabelo, então o pegou por capricho. Balançou de um lado para o outro de forma curiosa, e então o prendeu um pouco mais afastado dos outros, temerosa de pegá-lo por engano.

Alex decidiu em seguida. Ele pegou um frasco branco, girando-o levemente enquanto observava o brilho metálico e as partículas que flutuavam dentro do líquido.

— Espero realmente não precisar disso — ele guardou o frasco no cinto, mas sua expressão ainda era amarga.

Ana fechou a caixa com firmeza e a prendeu novamente de onde a havia tirado.

— Ótimo. Agora que estamos todos devidamente preparados, partiu caminhar. Temos um castelo todo para… procurar…?

Ainda em meio a frase, a rainha mascarada voltou-se para o largo corredor à frente. Mas antes que desse o primeiro passo, parou abruptamente.

Alex e Eva, percebendo a mudança em sua postura, também congelaram.

Ao fim do corredor, a poucos metros da porta que conduzia à sala do trono, uma figura imensa e encapuzada os aguardava.

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