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A Eternidade de Ana [Português, Brasil]
Capítulo 181 - O Abismo e a Tocha

Capítulo 181 - O Abismo e a Tocha

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Oi pessoal, tudo bem?

Já avaliaram a novel? Ainda não? O que acham de deixar aalgumas estrelas por lá? Eu ficaria realmente feliz!

De qualquer forma, agradeço a leitura... vamos para o capítulo!

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O gosto era indescritível.

Amargo, metálico, e cada gota parecia corrosiva enquanto descia por sua garganta. Mas não era só o gosto — era a sensação.

Estava tão murcho que ela não precisou nem morder. Assim que Ana engoliu o coração de Nyx, uma corrente de energia negra invadiu seu corpo. Não como uma explosão repentina, mas sim algo mais sutil, mais sinistro.

“Um riacho tímido escondido na terra...”, pensou, apreciando a sensação.

Aos poucos, somando-se a mana reversa já possuída, tal riacho começava a ganhar força. A corrente não ficou maior; ainda era estreita, contida, mas sua força era impossível de ignorar. Parecia estar tentando encontrar seu caminho, explorando cada parte do corpo de Ana, expandindo-se em um fluxo que pressionava todas as fibras de sua existência.

O calor que começou a subir por seu corpo não era reconfortante. Era sufocante. Ela apertou as mãos em punhos, tentando conter a energia que parecia prestes a escapar por seus poros.

E não foi só isso. Para sua surpresa, diferente de sua primeira experiência, logo vieram as mudanças.

A ponta de seus dedos começou a arder, uma sensação que oscilava entre calor e um intenso frio. Ela olhou fixamente para as mãos, notando que as unhas, antes normais, começaram a escurecer.

O preto se manifestava como se estivesse sendo pintado de dentro para fora, cobrindo cada parte com um brilho que era ao mesmo tempo sombrio e fascinante. Não tratava-se apenas de escuridão.

Tentou os mover, um dedo de cada vez, sentindo a energia pulsar dentro deles, como se fossem agora reservatórios de algo mais do que simples carne e osso.

Sua respiração ficou mais pesada, e uma exaustão mais intensa do que a que já sentia a atingiu.

Foi então que sentiu algo clicou dentro dela.

Parecia uma nova área sendo aberta para um lugar que sempre esteve lá, mas que ela nunca havia notado.

Uma conexão.

Não era um elo físico. Era algo além do tangível, mas tão real quanto o chão sob seus pés. Nessa estranha sensação, Ana percebeu que não estava sozinha. Uma presença avassaladora preenchia o vazio dentro dela, e ela sabia que não era sua.

“Sombras…”

Assim como as sentiu, elas também a sentiram.

Oito pares de olhos se abriram simultaneamente na escuridão.

“Não, são nove.”

Ela sabia que o nono par era o seu. Acreditava que, assim como podia ver os muitos olhos que a encaravam, elas também podiam ver seu olhar confuso, sua hesitação, sua incerteza.

Era como se o abismo dentro de cada uma fosse refletido no abismo das outras.

Por um instante, elas se reconheceram.

Então, todas perceberam.

Havia algo a mais, e também algo que faltava.

Uma presença conhecida não estava mais ali.

Esse reconhecimento foi como uma faísca em um ambiente carregado de gás, e, de repente, um misto de emoções atingiu a rainha como uma bala.

Diversão. Ódio. Tristeza. Rancor. Solidão. Medo.

Ela não sabia de onde vinha cada uma, e não teve tempo de se aprofundar no assunto.

As Sombras, como se tivessem chegado a um consenso silencioso, desapareceram.

Era como se nunca tivessem estado ali.

Ana arfou, segurando o próprio peito. Sua respiração estava irregular, e seu coração batia tão rápido que parecia querer sair de seu corpo. Ela tentava processar o que havia acabado de acontecer, mas era como segurar areia fina entre os dedos: quanto mais tentava entender, mais escorregava para longe da resposta.

Uma coisa, porém, era clara: a partir de agora, elas sabiam de sua existência.

— Parece que entrei na Floresta Negra… — a rainha murmurou as palavras sem perceber, sua voz saindo em um sutil sussurro. — Mas que grande merda…

Não sabia se as sombras eram amigas ou inimigas. Não sabia se a ignorariam, se viriam atrás dela para destruí-la, interrogá-la ou para integrá-la completamente a algo maior e incompreensível.

O conceito abstrato circulava incessantemente em sua cabeça, como uma serpente que apertava mais a cada volta.

“Em meio a uma floresta de escuridão infinita, caçadores não confiam em outros caçadores.”

Revelar-se à um igual é tão perigoso quanto ser encontrado por algo que deseja te devorar.

Ninguém pode se dar ao luxo de ser descoberto, o silêncio é sua única defesa.

Esconda-se. Fique quieto.

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Ou desapareça.

E Ana?

— Eu acendi a porra de uma tocha…

As palavras eram baixas, mas reverberaram como um trovão em seu cérebro. No entanto, ela não tinha tempo para se prender a esses detalhes.

Afinal, a música parou.

Com o desaparecimento do som do alaúde, os mortos que ainda lutavam no salão caíram no chão, como bonecos cujos fios haviam sido cortados. Corpos tombaram em uníssono, preenchendo o espaço com um silêncio ensurdecedor.

Os caçadores das guildas, que antes avançavam com ferocidade, pararam abruptamente. Eles recuaram alguns passos, saindo do meio do mar de cadáveres, seus olhares desconfiados fixos em Ana, como se esperassem que aquilo fosse algum tipo de armadilha.

A rainha sentiu o peso do perigo iminente, mas não deu importância.

— Descanse, minha amiga…— sussurrou ela, enquanto pegava o corpo inerte de Nyx com cuidado. Seus movimentos eram lentos, quase reverentes, enquanto levava o cadáver para perto do trono. Com gentileza, a colocou ali, como se estivesse preparando um altar improvisado para sua companheira caída.

Depois, virou-se para trás, onde Miguel e Alex a observavam.

— Estou feliz que sejam vocês aqui comigo — sua voz era firme, mas carregada de cansaço. Ela esboçou um sorriso amargo antes de continuar: — Vocês não são nada de mais... Mas podia ser pior.

Alex, mal conseguindo respirar, soltou uma risada fraca, que logo se transformou em um gemido de dor.

— Sinto o mesmo, Ana... É bom ter uma amiga por perto.

— É uma honra morrer ao seu lado, minha rainha — comentou Miguel, com o rosto de alguma forma ainda mais sujo do que antes.

— Não é por isso, seus idiotas. Mas sim pelas mano… plas… — a frase morreu lentamente em seus lábios.

Ela estreitou os olhos, franzindo a testa enquanto olhava para o conselheiro, que arrastava seu irmão “dormindo” para o lado de Nyx.

— Alex, cadê a merda das suas armas?

O jovem ficou confuso por um instante, mas ao entender o que ela queria dizer, esboçou um sorriso envergonhado. Ele ergueu o braço, mostrando onde carne e metal se intercalavam de forma precária.

— Porra… Mas ainda consegue usar as habilidades?

O pugilista levantou um polegar, o gesto lento e trêmulo, mas resoluto.

Ana sorriu, um sorriso que parecia misturar alívio com a antecipação de algo inevitável.

— Ótimo. Eu não queria fazer isso, mas tá na hora… Vamos seguir com o Renovatio.

O nome parecia pairar no ar, carregado de significado.

A decisão foi mencionada no mesmo momento em que os soldados das guildas, que haviam hesitado antes, começaram a avançar novamente. Mais e mais deles encheram o salão, suas armaduras reluzindo sob a luz fraca enquanto levantavam armas com determinação.

A sala parecia prestes a transbordar. Não havia mais tempo.

Ana olhou para Alex e bateu levemente o pé no chão, como se estivesse impaciente.

— Vamos, meu jovem! Para de ser preguiçoso.

Alex ergueu os olhos para ela, sua expressão oscilando entre exaustão e frustração.

— Realmente precisamos seguir justo com esse plano? Muita gente vai…

— Eles já estão mortos — interrompeu a rainha. — Não é hora desse tipo de moralismo.

O homem a encarou por um segundo, como se quisesse argumentar, mas desistiu. Ele suspirou profundamente, sua expressão suavizando antes de se tornar determinada.

— Certo... Vamos fazer isso.

Tentou se levantar, mas seu corpo não respondeu. Seus braços tremiam, e seus músculos pareciam incapazes de suportar seu peso.

Assim, com as últimas forças que lhe restavam, Alex ergueu a mão e bateu contra o chão.

O solo começou a tremer levemente, e uma parede de pedra começou a se erguer ao redor deles. A estrutura cresceu lentamente, formando um domo que os envolveu completamente, separando-os do restante do salão.

Assim que a parede terminou de se fechar, Alex desabou no chão, desmaiado.

— Sortuda — murmurou Ana com um sorriso irônico ao perceber que Jasmim, imóvel e ensanguentada, acabara ficando do lado de dentro do escudo rochoso. — Não que vá mudar muita coisa com esse tipo de sangramento…

Logo desviou o olhar da inimiga inconsciente e voltou a focar na tarefa que precisava realizar. Endireitou-se lentamente, usando a lança como apoio. Cada movimento parecia sugar as últimas gotas de energia que ainda restavam em seu corpo.

Quando seus olhos pousaram na arma, algo a fez parar.

A ponta estava diferente. Deformada. O alargamento irregular e as duas protuberâncias que haviam surgido durante a última luta a faziam perder sua nova definição de “lança”, tornando-se quase que apenas um troço de metal negro.

— Isso é... bizarro.

Ana respirou fundo e, com o pouco que restava de sua mana e mana reversa, começou a canalizar energia para a arma.

Ela reagiu de imediato.

A vibração começou como um tremor leve, mas foi ganhando força. O brilho escuro e intenso que emanava da ponta deformada iluminava o interior do domo, criando sombras dançantes que pareciam vivas.

Um som baixo emanava da arma, um rugido distante, mas cheio de uma promessa destrutiva.

Ana então a ergueu em um movimento dramático, e em seguida a bateu contra o chão.

Nada aconteceu.

— Eu jurava que isso ia funcionar… — resmungou, sentindo a tontura aumentar, mas alargando seu sorriso. — Vamos, sua desgraçada... Mostra o que você tem.

Ela bateu de novo.

E de novo.

E de novo.

Enquanto isso, Miguel, percebendo o perigo iminente, reunia todos os presentes em um único ponto. Buscou até mesmo arrastou Jasmim, colocando-a entre eles com esforço.

— Idiota sentimental — murmurou a rainha, dando um leve sorriso ao ver a cena.

Com o que restava de sua força mental, Ana concentrou-se no ambiente ao seu redor. Usando os pedaços das colunas destruídas e fragmentos de pedra, manifestou uma nova camada temporária de proteção ao redor deles.

O domo de pedra, já desgastado pelos ataques do lado de fora, foi reforçado com tudo que ela conseguiu reunir.

Ana ignorou os ruídos das espadas destruindo sua proteção aos poucos.

Ela ergueu a arma mais uma vez. Colocou até a última gota que restava nesse ataque.

O chão se rachou com o impacto, e foi quando finalmente sentiu.

Um poderoso tremor veio das profundezas do laboratório subterrâneo. Rapidamente sua intensidade crescia, parecendo rugir sob seus pés, e Ana sabia que havia alcançado o objetivo.

— Pulvis et umbra — sussurrou ela, antes de também desmaiar, caindo ao lado dos demais.

Do lado de fora, o mundo desabava.

Conforme as centenas de caixas de pólvora aprimoradas com runas se concatenar, explosões profundas reverberaram não só pelo castelo, mas por muitos pontos da cidade. As ondas de choque subiam cada vez mais intensamente das profundezas, abalando cada pedra que sustentava a estrutura do reino de Insídia.

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