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Raiz de Madeira [Português, Brasil]
Capítulo 2: A Vida na Seita do Cálice Eterno

Capítulo 2: A Vida na Seita do Cálice Eterno

Uma semana se passou desde que Bárbara chegou à Seita do Cálice Eterno. A princípio, a vida como discípula externa parecia simples, quase monótona. Ela logo se acostumou com a rotina diária de cuidados com as plantas espirituais, um trabalho essencial para qualquer discípulo que tenha raízes espirituais de madeira. Neste lugar, as plantas não eram apenas flora comum, mas fontes de poder e força espiritual.

A seita tinha um sistema de Pontos de Contribuição, um mecanismo que recompensava os discípulos por suas ações e missões. Esses pontos poderiam ser trocados por várias vantagens, desde refeições até acesso a recursos e até manuais de cultivo espiritual. Bárbara, por enquanto, estava satisfeita com os pontos adquiridos ao cuidar das plantas, o que garantiu sua subsistência e uma cama em um alojamento compartilhado com outras meninas da seita.

Ainda assim, ela sentia o peso da humildade de sua posição. Não havia comprado nenhum manual de cultivo ainda, pois suas economias eram mínimas e, até agora, suas habilidades estavam em um estágio inicial. Cada ponto de contribuição que ganhava parecia pequeno, mas, aos poucos, ela começou a entender o valor do que estava construindo.

Enquanto Bárbara trabalhava diligentemente com as ervas espirituais da seita, sentiu a energia de seu corpo sendo lentamente drenada. O trabalho de cultivar e cuidar dessas plantas exigia mais do que simples força física – era uma conexão espiritual que, para ela, parecia sempre um pouco mais difícil do que para os outros discípulos. O cansaço não vinha apenas do esforço físico, mas de uma sensação estranha, como se sua própria energia vital estivesse sendo sugada pela terra.

O calor do sol batia sobre as plantas enquanto ela as regava, mas o suor que escorria em seu rosto não parecia aliviar a sensação de exaustão. Ela tinha poucas forças para continuar, mas se forçava a trabalhar, afinal, esse era o único trabalho que ela conhecia. Não havia muito descanso para os discípulos externos como ela.

Apesar de seus esforços, Bárbara ainda não havia feito amizade com outros discípulos da seita. Ela os via, sempre em grupos, trocando palavras e risos, mas nunca parecia encontrar uma abertura. Talvez fosse sua timidez, ou o fato de que ela ainda não tinha aprendido como se enturmar. No final do dia, ela voltava para seu pequeno quarto no alojamento, sozinha.

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O silêncio do alojamento era reconfortante, mas também lembrava a ela o quanto ainda estava distante do verdadeiro objetivo: o cultivo e a conexão com o mundo espiritual. A sensação de ser uma mera discípula externa, com pouca chance de ascender, se tornava mais forte à medida que o tempo passava. No entanto, mesmo com essa sensação de estagnação, algo dentro de Bárbara nunca deixou de brilhar: uma chama de determinação silenciosa, a esperança de que, de alguma forma, ela encontraria seu lugar.

No final do dia, Bárbara se jogou na cama do alojamento, exausta. O cansaço era profundo, mas não o suficiente para apagar a dor constante que vinha de suas raízes espirituais. Sentia uma queimação forte, como se algo estivesse tentando se ajustar dentro dela. As cólicas a incomodavam, impedindo que ela caísse no sono. Ela queria descansar, mas a dor parecia se intensificar a cada minuto.

Quando a sensação de desconforto aumentou, ela sentiu uma mão fria tocar sua testa. A suavidade da palma e a pressão da mão a acalmaram momentaneamente. Sua mente, atordoada pela dor, mal conseguiu abrir os olhos para ver quem a tocava.

— Não está com febre. Você está bem? — uma voz suave e preocupada cortou o silêncio.

Bárbara, ainda tonta, virou o rosto e encontrou uma menina gordinha, com cabelos trançados, vestindo as mesmas roupas simples dos discípulos externos. Ela tinha um olhar gentil e atento.

— Só estou cansada... de cuidar das plantas espirituais. Logo passa — respondeu Bárbara com um tom baixo, tentando se convencer de que era apenas exaustão.

A menina observou com atenção, notando o cansaço em seus olhos.

— Qual seu nome? — perguntou com um sorriso suave.

Bárbara, ainda com a sensação de desconforto, respondeu:

— Me chamo Bárbara. E você?

— Me chamo Hai Tu. Faz uma semana que vejo você quieta... e vi que você não parece bem.

Hai Tu sentou ao lado de Bárbara, com um olhar compreensivo.

— A primeira semana cuidando das plantas espirituais gasta bastante o nosso Qi. Eu recomendo que use seus pontos de contribuição para comprar pílulas que melhorem sua energia Isso ajuda a restaurar o Qi e aliviar a dor.— sugeriu, com um sorriso de empatia. — Eu gasto os meus pontos em ervas espirituais, já que faço aulas de alquimia.

Bárbara olhou para ela com gratidão, sentindo-se um pouco mais aliviada pela companhia e pelas dicas úteis.

— Obrigada pelas dicas. Eu sou nova aqui e não sei muito... — respondeu, com uma leve sensação de timidez.

— Não se preocupe. Todos passamos por isso no início. Se precisar de ajuda, me avise. Eu estou por aqui.