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015

Barbara estava em sua caverna, sentada diante de seu antigo forno de alquimia. O brilho suave das ervas espirituais que havia cultivado em seu jardim mágico iluminava o ambiente com uma luz quase etérea. Ela respirou fundo, preparando-se para começar mais uma sessão de alquimia. Cada passo era meticuloso; cada ingrediente escolhido com precisão. Mas enquanto ela trabalhava, uma sensação incômoda a atingiu: a sensação de estar sendo observada.

Desde a conversa com Liang, Barbara ficara mais atenta. Havia notado que ele e outros discípulos estavam curiosos sobre o rápido progresso que ela vinha fazendo, especialmente em relação às ervas que utilizava e à qualidade das pílulas que criava.

De repente, ouviu um leve som do lado de fora de sua caverna. O coração de Barbara disparou. Quem poderia estar ali? Ela se levantou lentamente, tomando cuidado para não fazer barulho. Desativou o forno de alquimia, e rapidamente escondeu as ervas que ainda estavam à mostra. Seu jardim mágico, claro, estava seguro no espaço dentro do colar, mas o forno e os restos de ervas poderiam levantar suspeitas.

Ela aproximou-se da entrada da caverna e, ao olhar para fora, viu uma figura familiar. Era Liang, o mesmo discípulo que havia feito perguntas dias atrás sobre suas técnicas de cultivo. Ele estava escondido atrás de uma rocha, observando a entrada da caverna como se esperasse um momento oportuno para se aproximar.

Barbara sentiu um nó na garganta. "Ele me seguiu," pensou. Por um breve momento, o pânico quase a dominou, mas ela sabia que precisava manter a calma. Se Liang descobrisse algo suspeito, os rumores se espalhariam como fogo. A reputação que ela havia construído e, mais importante, o segredo do jardim e do forno de alquimia estariam em risco.

Respirando fundo, Barbara decidiu confrontá-lo antes que a situação saísse do controle. Saiu da caverna com passos firmes, fingindo não ter notado a presença de Liang até o último momento.

— Liang? O que você está fazendo aqui? — perguntou ela, sua voz surpreendentemente calma, mas seus olhos fixos nele.

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Liang, pego de surpresa, tentou improvisar uma desculpa.

— Ah... eu estava... apenas passando por aqui. Eu ouvi dizer que você estava fazendo grandes progressos com suas ervas e achei que talvez pudesse... aprender algo com você.

Barbara o encarou por alguns segundos, avaliando suas palavras. Sabia que ele estava mentindo. A maneira como ele evitava seu olhar deixava isso claro.

— Você sabe que não é permitido se aproximar das cavernas pessoais de outros discípulos sem permissão, certo? — Ela cruzou os braços, tentando manter uma postura firme, mas amigável. — Se você queria aprender algo, poderia ter perguntado diretamente, ao invés de espiar. Isso não parece o comportamento de alguém que quer ser respeitado na seita.

Liang engoliu seco, percebendo que fora apanhado.

— Eu... sinto muito. Não foi minha intenção parecer invasivo. Eu só ouvi alguns rumores, e... bem, fiquei curioso. Tem gente dizendo que você tem algum tipo de... técnica secreta ou que está usando ervas que ninguém mais consegue encontrar.

Barbara sentiu o coração acelerar novamente, mas manteve a compostura.

— É tudo trabalho duro, Liang. O que você está ouvindo são apenas boatos. Se você quer melhorar, precisa focar em seus próprios estudos e práticas, ao invés de tentar descobrir os "segredos" dos outros. — Ela fez uma pausa, seu olhar suavizando um pouco. — Eu também já fui assim, buscando atalhos, mas a verdade é que não existem segredos fáceis nesse caminho.

Liang parecia desconfortável, mas assentiu lentamente.

— Acho que você está certa... Não vou mais incomodar. — Ele fez uma reverência apressada e se afastou, claramente aliviado por não ter causado uma cena maior.

Barbara o observou desaparecer entre as árvores, sentindo o peso da situação. Havia evitado uma crise, mas sabia que não poderia baixar a guarda.

De volta à sua caverna, ela se sentou em frente ao forno de alquimia, o coração ainda batendo rápido. "Isso foi por pouco," pensou, olhando para as ervas que quase haviam sido descobertas. O risco de alguém descobrir seu jardim mágico estava sempre presente, e quanto mais ela avançava na seita, mais atenção atraía.

Ela sabia que precisaria ser ainda mais cuidadosa dali em diante. E, enquanto refletia sobre o que poderia ter acontecido, uma dúvida começou a surgir. "Será que posso continuar guardando esse segredo sozinha?" O peso da responsabilidade estava aumentando, e Barbara sentia que, eventualmente, teria que tomar uma decisão: confiar em alguém ou arriscar enfrentar tudo sozinha.