Barbara saiu da Seita do Cálice Eterno carregando consigo uma cesta de bambu e uma pequena foice presa à cintura. Sua missão era simples: coletar ervas espirituais em um bosque próximo à seita. Ela sabia que essa tarefa seria difícil, mas o valor das ervas espirituais era enorme, tanto para seu cultivo quanto para trocas por pedras espirituais. Caminhando pela trilha que levava ao bosque, Barbara sentia a energia da natureza ressoando ao seu redor. O som suave das folhas farfalhando no vento a acalmava, mas havia uma tensão crescente no ar.

Assim que entrou no bosque, ela percebeu que não estava sozinha. Outros discípulos externos também estavam lá, alguns com a mesma missão em mente. Havia uma leve sensação de competição no ar, e ela sabia que, além de sorte, precisaria de velocidade e perspicácia para encontrar as ervas antes dos outros. O bosque era denso e misterioso, suas árvores altas bloqueando parte da luz do sol, criando sombras que tornavam a busca mais desafiadora.

Conforme o tempo passava, Barbara se esforçava para identificar qualquer sinal das ervas espirituais. Observava atentamente a vegetação ao seu redor, procurando qualquer brilho ou forma incomum que pudesse indicar a presença das plantas raras. No entanto, quanto mais caminhava, mais a frustração começava a se instalar. As ervas estavam bem escondidas ou talvez já tivessem sido encontradas por outros.

De repente, um movimento rápido no canto de sua visão fez com que ela parasse. O som de algo deslizando pelo chão úmido alertou seus instintos, e antes que pudesse reagir completamente, uma besta espiritual emergiu das sombras. Era uma cobra verde do tamanho de um cavalo, seus olhos amarelos brilhando com uma fúria predatória. Sem hesitar, a criatura lançou um ataque feroz, tentando cercá-la com seu corpo gigantesco.

Barbara esquivou-se do ataque com agilidade, seu coração disparado. O sangue corria em suas veias enquanto ela recuava, mantendo a cobra à vista. Cada movimento era calculado, e seus pés deslizavam pelo chão coberto de folhas, desviando dos ataques rápidos e mortais da besta. Sabia que, por mais que estivesse treinada em artes marciais, aquela era uma luta difícil. A cobra era rápida e impiedosa.

Quando a besta investiu novamente, Barbara usou sua agilidade para esquivar-se do golpe, e com um movimento rápido e preciso, desferiu um golpe com sua foice na lateral do corpo da cobra. O som do metal cortando a pele espessa da criatura ecoou pelo bosque. A cobra se contorceu de dor, mas Barbara não hesitou. Com um giro rápido, ela atacou novamente, acertando o ponto vital do animal e, com força, abriu seu corpo, encerrando a luta. A fera espiritual caiu no chão, imóvel.

Barbara respirou fundo, o alívio misturado com adrenalina. Sabia que bestas espirituais como aquela eram perigosas, mas também valiosas. Ajoelhando-se ao lado do corpo da cobra, ela cuidadosamente retirou o núcleo da besta espiritual, um cristal de energia que pulsava com Qi. Esse núcleo valia muitas pedras espirituais, e, além disso, poderia ser útil para aumentar seu próprio cultivo. Embora tivesse falhado em encontrar as ervas espirituais da missão, esse núcleo seria seu prêmio de consolação.

O sol já estava se pondo quando Barbara se afastou do corpo da cobra, segurando o núcleo brilhante em sua mão. Sentia uma leve decepção por não ter encontrado as ervas, mas sabia que a competição havia sido acirrada. Enquanto caminhava de volta à seita, prometeu a si mesma que, na próxima vez, iria mais cedo e se prepararia melhor. Não desistiria tão facilmente.

— Da próxima vez, serei mais rápida. Não posso depender apenas da sorte — murmurou para si mesma, determinada a melhorar.

Com o núcleo da besta espiritual em mãos e uma lição aprendida, Barbara sabia que aquele não era o fim de sua jornada, mas apenas o começo de muitos desafios futuros.

Com a derrota da cobra espiritual ainda fresca em sua mente, Barbara decidiu que era hora de voltar para a Seita do Cálice Eterno. O núcleo da besta em suas mãos era um prêmio valioso, mas o tempo que passou lutando contra a fera a fez perder a noção do caminho de volta. A floresta ao seu redor parecia cada vez mais densa, e logo as trilhas familiares desapareceram. A sensação de estar perdida começou a pesar em seus ombros, e, para piorar a situação, uma chuva repentina começou a cair, transformando o solo em lama e tornando a visibilidade ainda mais difícil.

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Procurando abrigo da tempestade, Barbara avistou uma gruta escondida entre rochas e árvores. Sem hesitar, correu para dentro. O interior da caverna estava escuro, mas seco e silencioso, e parecia não haver sinais de vida. Com a tempestade rugindo lá fora, ela decidiu que o melhor a fazer seria usar o tempo para cultivar. Sentando-se no chão úmido da caverna, ela começou a respirar profundamente, tentando acalmar sua mente e focar no fluxo de Qi que preenchia seu corpo.

Enquanto cultivava, uma sensação estranha tomou conta de Barbara. Algo estava diferente naquele local. Havia uma ressonância, uma vibração sutil que ela sentia em suas raízes espirituais. Era como se uma força antiga estivesse chamando por ela. Sem conseguir identificar exatamente de onde vinha, Barbara tentou se concentrar, mas a sensação persistia. Algo além das paredes da caverna parecia estar pulsando com energia, aguardando para ser descoberto.

Assim que terminou seu cultivo, movida pela curiosidade, ela se levantou e se aproximou da parede de pedra de onde a energia parecia emanar. Passando a mão sobre a superfície fria e áspera, seus dedos sentiram uma leve vibração. Foi então que, com um toque sutil, a parede começou a desmoronar, como se fosse feita de areia, revelando um espaço oculto. Barbara deu um passo atrás, surpresa, enquanto observava a passagem se abrir lentamente diante dela.

Do outro lado, havia uma caverna secreta, iluminada por uma luz tênue que parecia vir de cristais espalhados pelas paredes. No fundo, uma figura imóvel chamou sua atenção: um esqueleto sentado em posição de lótus, como se estivesse em meditação eterna. O coração de Barbara acelerou. Aquela era a ossada de um cultivador, alguém que provavelmente passou seus últimos momentos ali, isolado do mundo. Ao se aproximar, ela viu que, ao lado do esqueleto, havia um forno de alquimia antigo, junto com vários livros empilhados e, na mão do cadáver, uma pulseira escura, simples, mas intrigante.

Barbara ajoelhou-se ao lado da ossada, observando cuidadosamente os detalhes. Os livros ao redor eram todos sobre alquimia, e o forno parecia ainda estar em boas condições, apesar de sua antiguidade. 'Deve ter sido um alquimista que veio se isolar aqui para cultivar', pensou ela, tentando imaginar os últimos dias daquele cultivador solitário. Estaria ele tentando criar alguma pílula importante? Ou talvez tenha ficado preso ali, incapaz de voltar à sociedade?

Olhando para a pulseira na mão esquelética, Barbara hesitou por um momento, mas, movida por uma mistura de curiosidade e ambição, ela decidiu pegar o objeto. Com suas mãos ainda sujas do sangue da luta com a besta espiritual, seus dedos tocaram a pulseira, e algo inesperado aconteceu. O sangue de Barbara ativou o artefato, fazendo-o brilhar suavemente. Antes que ela pudesse reagir, um campo de energia se abriu à sua frente, revelando o que parecia ser um espaço oculto dentro da pulseira — um espaço mágico.

Ao examinar o interior desse novo espaço, Barbara encontrou um jardim abandonado, com ervas espirituais mortas e um ambiente que, em algum momento, deve ter sido um paraíso de cultivo. Ela percebeu que havia acabado de ganhar um tesouro inestimável: um espaço mágico próprio, onde poderia cultivar suas ervas e aprimorar seu cultivo sem ser incomodada. Além disso, o forno de alquimia e os livros ao redor eram ferramentas essenciais que poderiam levá-la a se aprofundar na arte alquímica.

Barbara segurou a pulseira em suas mãos, sentindo a excitação crescer em seu peito. O que inicialmente parecia ser apenas um abrigo temporário durante a tempestade havia se transformado em uma descoberta monumental. Com esse tesouro, ela poderia cultivar plantas espirituais em seu próprio espaço e, quem sabe, aprender alquimia e criar pílulas poderosas. Esse era o tipo de sorte que poucos cultivadores encontravam em uma vida inteira.

Enquanto a chuva diminuía lá fora, Barbara ficou parada na caverna, observando o esqueleto do alquimista. Havia um certo respeito em seus olhos. Ela sabia que aquele cultivador havia falhado em alcançar seu objetivo, mas, de certa forma, sua morte solitária trouxe a ela uma oportunidade rara.

— Obrigada — sussurrou Barbara, olhando para os restos mortais. E com uma reverência silenciosa, ela se preparou para sair. Estava na hora de voltar à seita, mas agora, com mais recursos e segredos em suas mãos.