Novels2Search
ASSALTANDO O CÉU (ficção - português)
A SEGUNDA GRANDE GUERRA DOS DEMÔNIOS

A SEGUNDA GRANDE GUERRA DOS DEMÔNIOS

Descobri que não há como julgar uma alma, mutável que é em seu avanço.

Layla deixou de se preocupar com Gadhiel, pois a princípio temera que ele se fizesse o guerreiro cheio de ódio e raiva que for a após confrontar o mal pela primeira vez. O viu lutar com paixão e ferocidade, mas seu coração se alegrou e se tranquilizou ao ver o quanto de compaixão ele agora era capaz de mostrar, o que serviu de inspiração para todos, principalmente para ela.

Mas via o desgosto que o tomava, quando via que as novas criaturas tomavam sabor pela guerra. Sabia que ele ficava se perguntando se falhara em algum momento em protegê-las, até mesmo delas próprias.

- Eles não deviam ter que aprender isso, Layla. Por que não consegui impedir isso? – lamentou num dia em que a batalha cessara e os lados recolhiam seus mortos.

- Meu querido, não vê? Se somos todos criações do UM, então somos o UM, como você mesmo já me chamou a atenção muitas e muitas vezes, quando eu queria destruir indiscriminadamente. Cada criatura tem o direito de fazer suas próprias escolhas. Coube a nós iniciá-las, como fizemos, em todas as artes que conhecíamos, e isso simplesmente para que tivessem esse poder de decidir. Não podemos e não devemos fazer isso por eles. O que podemos fazer é tomar nossas decisões, e ajudar aqueles que nossos corações indicam que estão prontos para ouvir e aqueles que vêm a nós solicitando ajuda e orientação.

Gadhiel a olhou, e tudo o que sentia, todo o ódio e raiva que sentia pelo que estava acontecendo à sua volta, se dissipou. Em paz e agradecido tomou Layla nos braços, e chorou em silêncio, agradecendo com intensidade por tê-la encontrado. Ela era sua salvação; uma dêmona, sua salvação. E estava imensamente feliz por isso.

- Tem mesmo certeza de que é uma dêmona? – sussurrou agradecido em seu ouvido. – Afinal, fala bem melhor que uma demiana.

A guerra não se tornou mais fácil a partir desse dia, mas se tornou mais suportável.

Com seu desenrolar pôde ver assomar ações extremamente nobres, dessas que enchiam seu coração, tanto demonstradas por anjos, pessoas ou até mesmo por muitos demônios, que podiam demonstrar uma nobreza e uma honradez absurdas, como daquela vez que ele, Layla e Bhantor protegeram uma legião de demônios do submundo.

Support the author by searching for the original publication of this novel.

Eles não acreditaram quando viram uma legião de demônios do submundo se postar em defesa de umas poucas pessoas, que eram mortas em agonia por um imenso bando de demônios, também do submundo. Os demônios olhavam o muro de defesa formada por outros demônios à frente das pessoas, sem entender o que estava acontecendo. Só perceberam a intenção daquele grupo quando tentaram voltar a atacar as pessoas e foram duramente repelidos.

Tomados de uma fúria incontrolável se jogaram com tudo o que eram contra eles, enquanto gritos horríveis repletos de imprecações e xingamentos foram lançados.

Sem entender bem o que estavam vendo, os três foram se aproximando devagar, se mantendo ocultos, observando, receosos de que era uma armadilha o que viam. Ao perceberem que eles nem eram percebidos, e que não havia qualquer armadilha, sem perda de tempo se uniram aos demônios e às pessoas. A luta foi encarniçada e terrível.

Ao final, após os atacantes terem se dispersado e muitas pessoas e muitos daqueles demônios jazerem mortos por todo aquele lugar, viram, satisfeitos, que muitos e muitos ainda continuavam vivos, das pessoas e dos demônios.

Gadhiel e o chefe das pessoas, um caipora de nome FacaDeFogo, se aproximaram do bando de demônios que os havia defendido, que os olharam com certo receio.

- Agradecemos a vocês, do fundo de nossos corações, e pedimos que fiquem conosco – falou FacaDeFogo.

O chefe do bando de demônios os examinou por um tempo, então esgarçou um sorriso e todos puderam ouvir como que um suspiro cansado.

- Era o que tínhamos que fazer, e nos sentimos muito bem com isso.

- Ah, que maravilha! Vamos, temos que nos cuidar – falou Bhantor ansioso por quebrar aquele clima estranho, puxando a fila para o acampamento das pessoas mais próximo, onde todos foram recebidos com honrarias, principalmente os demônios, depois que souberam o sacrifício que haviam feito por eles.

Então ficaram sabendo que muitos outros demônios estavam se juntando em defesa das pessoas, ao longo de todas as terras espalhadas. Os demônios riram felizes quando também foram chamados de pessoas.

Assim, renegando a maldade inútil, quase todos eles mudaram suas formas para se diferenciarem dos demônios de origem, e alguns, satisfeitos com o que haviam feito como novas formas, se nominaram como juruparinahs, anaqueras, juguenas, anaqueras, turuakais e muitas outras espécies.

Mas, se houve deserções dos demônios em nome do certo que acreditavam, também o mesmo aconteceu entre as fileiras dos anjos, como ficaram sabendo quando um emissário angélico desceu na montanha cortada.

Sabendo que a guerra nas planícies havia diminuído em muito, Emanoel, o grande arcanjo, pedia que enviassem reforços urgentes em auxílio de Ovandriel.

- Temos o que precisamos aqui para nos defendermos – falara FacaDeFogo naquele dia. – Além disso, se o ataque de vocês for bem-sucedido contra os anjos revoltosos e os demônios que assediam as muralhas do céu, aqui ficará ainda mais vazio de inimigos, e poderemos ir até vocês.

Gadhiel viu a correção do que FacaDeFogo dissera, e se foram para dar apoio a Ovandriel.