Sei que viu a face cínica e doentia, repleta de ódio e desprezo. Só não sei se percebeu que era seu o rosto que via.
Sua espada emitiu um suave brilho azulado, quase imperceptível.
Ela avançava em silêncio, parecendo muito concentrada.
- Como fará para me atacar agora, quando não pode usar da surpresa? – perguntou para a figura escura.
Nem bem terminou de falar, foi surpreendido pelo ataque da dêmona. Ela se desintegrara e reaparecera bem à sua frente, o golpe sendo descrito no ar enquanto a espada cinza de neblina ia surgindo.
Gadhiel aparou o golpe e girou o corpo, mantendo-se em silêncio, observando a fúria que a dêmona parecia pouca importância dar em ocultar.
> Se insistir em batalhar comigo, vai morrer – observou com prazer. - Não vejo necessidade de batalhar com você, demônio. Estou procurando entender sua necessidade de se bater comigo.
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- Minha necessidade – cismou ela se afastando um pouco para avalia-lo com mais clareza. – Você existe, não existe?
- Por que me segue? – perguntou, apoiando-se no cabo da espada, fincada alguns milímetros no topo de uma larga pedra.
- Fome – ela falou. – Não consegui me saciar com os que estão caindo, porque eles são novos aqui na terra. Mas eu vejo que você já está um tempo afastado do céu.
- O que me deixa mais fácil para você, é o que pensa? – perguntou divertido.
- Se fácil ou difícil, não importa. Prefiro que seja difícil na verdade. Mas essa sua condição o deixa acessível – informou. – Então, não é nada pessoal – esgarçou um sorriso.
- Ah, então está bem... Se você...
Novamente ela tentou pegá-lo de surpresa. Mas Gadhiel, tendo visto a denúncia do ataque dela, apenas girou com força a espada, abrindo nela um corte profundo da virilha até a ponta do queixo.
A dêmona apenas tremeu e seus braços penderam, as armas que invocara de suas sombras se desfazendo no ar. Subitamente, a pressão vencendo o corte limpo que seccionara as veias, um leque vermelho foi se formando à sua frente, enquanto ela caia. Gadhiel lamentou manchar a alvura que a tudo dominava naquelas alturas com aquele vermelho escuro.
Por fim, deu de ombros.
Gadhiel observou o corpo estirado na alvura corrompida, e deixou os ombros caírem, pensativo, os olhos se perguntando se as coisas nunca iriam mudar.
- Não é nada pessoal, então... – falou, guardando a espada.