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ALÉM DA CORTINA [português]
TERRAS DEVASTADAS - Tempo matéria – No sistema de Satânia.

TERRAS DEVASTADAS - Tempo matéria – No sistema de Satânia.

Você não é o corpo que veste.

A dor não me impede de seguir, apesar de mais peso colocar em meu coração.

I

O caminho para o sistema de Satânia foi duro e lento, pois havia muita destruição no caminho, que pesava em seus corações. Em seus olhos via-se dor e mágoa, e uma tristeza impensada algum tempo atrás. Sênior sentiu seu coração doer de uma forma absurda ao ver o que os escuros haviam feito e, de uma certa maneira, o que eles mesmos haviam feito.

Eles estavam incrédulos. Era já o segundo sistema solar destruído pelas bombas de plasma dos escuros. Revoltados e doloridos viram centenas e centenas de milhões de mônadas feridas, que se uniam e se iam embora, em direção ao sol central dessa galáxia chamada Onáriah.

Muitas delas iriam repensar se a experiência valia a pena, como sabia que muitas delas diriam que sim, que valia, e que assim quase todas iriam continuar com a experiência dada pelo UM, por si acolhidas. Mas viram algumas mônadas serem cuidadosamente recolhidas, incapazes de se recompor com o que tinham visto ou presenciado.

Algumas delas, tão abatidas, simplesmente desapareciam com suavidade e carinho, e todos sabiam que o UM estava recolhendo as que estavam profundamente feridas.

Apesar de tanto procurarem pelo caminho não conseguiram encontrar nenhuma base escura, porque sabiam que muitas mônadas deviam ter sido sequestradas por eles. Mas, sabiam agora, que não eram só eles que estavam patrulhando os espaços, se aprumando contra a escuridão.

Sênior fechou os olhos, em uma oração muda.

- É um aviso, toda essa destruição – ouviu Azazel esclarecer, e teve que concordar com ela. Toda aquela destruição premeditada era para fragilizar os corações de quem quer que pensasse em ir contra eles.

- Mas para nós isso só serve de incentivo – Sênior declarou com calma.

II

Porém, foi quando entraram no sistema de Satânia que seus corações se encolheram de dor: Mitra tivera sua atmosfera destruída, enquanto que o quinto, chamado de lua solitária, fora completamente destruído, mostrando um aglomerado de escombros que se alongava como um largo anel em órbita do sol em seu lugar, o que levaria, talvez em mais alguns milhões de anos, a se organizar em um grande cinturão de asteroides.

- Não acredito – sofreu Dangelo, mal podendo acreditar no que via. – Eles usaram júpiter para destruir a Lua Solitária.

- Isso iria acontecer em algum momento no futuro, Dangelo – Uriel tentou consolar, o que não surtiu muito efeito, visto os olhos magoados passeando pelos escombros, sob os olhos duros de Haamiah.

Amadiel pôs sua atenção sobre Mitra, o planeta que tanto amava. O nível da destruição que ela sofrera o atingiu com enorme peso. Mitra estava calcinada, seca. As águas não estavam mais lá, como a atmosfera azul também não. E toda a vida que havia ali não podia mais ser sentida.

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Sênior o observou de esguelha, preocupado com aquele nível de dor. Suspirou aliviado, satisfeito por ver que não era o ódio que crescia no coração de seu irmão, mas a dor e a saudade. Mesmo que fosse terrível ver o que causava, o ódio seria mais destruidor, Sênior bem sabia.

Amadiel retirou sua atenção de Mitra, o coração intensamente pesado, sua energia tornando-se um pouco mais anuviada, o que deixou todos muito preocupados.

Então Angelina se aproximou dele e o tocou, e fez sua energia se renovar. Assim abraçados, choraram em silêncio.

- Eles usaram inúmeras bombas na superfície de Mitra – Amadiel revelou após se refazer. – Eles queriam minerais, tal como conseguiram na destruição da lua solitária. Os vulcões se acenderam e seu núcleo foi freado, sua atmosfera se foi.

Melchior se virou na direção do sol.

- Vintra também foi atacada. Olhem...

Depressa todos se voltaram para o segundo planeta, e seus ombros caíram, incrédulos com o que viam. É certo que aquele seria o destino de Vintra, mas ele fora premeditadamente apressado em milhões de anos, não dando chance para a vida que vingava lá.

- Eles fizeram Vintra se tornar um forno. Nada mais vive lá... Eles a esterilizaram – sofreu Castiel.

- E, agora, eles estão em Aden, onde pretendem repetir o processo – Jasmiel avisou, a preocupação ocupando toda sua voz.

- Eles irão descobrir que Aden é proibida para eles – declarou Haamiah tomando-se de intenso poder, a sua luz azul tornando-se iridescente, os olhos fixos em Aden, pequenina ao longe.

De súbito ele volitou sem aviso, pegando a todos de surpresa. Quando se refizeram partiram em seu encalço, e quando se firmaram se viram num mar de destroços. Haamiah atacava com impiedade a frota estacionada na órbita do planeta.

Riscos de fogos de plasma e laser rasgavam a escuridão, como se fosse uma pequena fresta de luz, procurando atingir o anjo que se movia veloz sobre o planeta azul.

Embevecidos com a visão, e cientes de que os que estavam ali não eram páreo para Haamiah, eles apenas flutuavam, mantendo toda a órbita do planeta sobre vigilância.

Quando a última nave foi destruída, os anjos, liderados por Sênior que os aguardava ao lado de uma imensa nave em destroços, desceram violentos ao solo do planeta.

De forma metódica e cirúrgica desativaram cada ogiva implantada no planeta até a quarta dimensão, impedindo que com elas os chantageassem. Tão logo confirmaram que todas estavam inoperantes partiram atrás de cada base que os escuros haviam construído na superfície, bem como inutilizaram todos os portos e naves, impedindo que os escuros abandonassem o planeta, já que eles haviam perdido a capacidade de volitarem, a não ser por curtíssimas distâncias, não mais que alguns milhares de quilômetros.

Impotentes, muitos deles fugiram nas duas únicas naves que podiam cruzar o espaço que foram poupadas pelos ganedrais, porque por eles foi permitido, para que levassem aos outros escuros o recado de proibição do sistema de Satânia.

Mas permitiram que apenas alguns poucos partissem.

Quanto aos outros, quem tentava fugir de Aden era trazido de volta e lançado com violência para a superfície, sem que fossem destruídos.

Os milhares de ganedrais estavam perfilados, os modos tranquilos, examinando as centenas de milhares de escuros à frente, posicionados com suas naves leves e armas, um sorriso de escárnio nas faces deformadas dos comandantes, posicionados na frente dos batalhões.

Quando se moveram, em pouco tempo havia apenas nuvens densas, e por todo o planeta não se pôde mais encontrar qualquer um dos escuros.

Mas não houve tempo para comemorações. Muitos sistemas mais próximos, a alguns anos-luz de distância, estavam sendo duramente atacados.

Então os ganedrais se foram, acreditando que deixavam Aden em segurança.

Mas, não era bem isso que estava acontecendo, e eles não haviam percebido, tão concentrados estavam em proteger o sistema de Satânia.

Uma vasta guerra nascia, uma guerra que, por muito tempo vinha sendo adiada, do que se aproveitaram os demônios para estender seu poder escuro.

E essa guerra, de tão imensa e terrível, ficaria conhecida como a primeira guerra demoníaca, porque foram os demônios que a fizeram nascer.

Ela se alastrou com imensa rapidez a partir do sistema de Lira.

Os ganedrais se envolveram nela, mas em um sistema muito afastado de Satânia. Por mais que tentassem voltar para proteger Aden, as sucessivas batalhas cada vez os levavam para mais longe do planeta que tanto amavam, só lhes restando orar ao UM para que a mantivesse segura.