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ELAHIN E LÚCIFER

A aparência é um ato de ocultamento voluntário, e eu sei usar isso. E não se engane, porque eu sei ler o que você oculta no seu coração.

Elahin desceu no acampamento de fogo. Três guardas avançaram para bloqueá-lo, e Elahin apenas passou por eles, enquanto eles apenas foram se desfazendo quando se aproximavam demais. Ele parou na frente do trono que Lúcifer se dera, os modos pensativos, avaliando.

- Mas, quem afinal é você? – explodiu Lúcifer injuriado se levantando lentamente, procurando intimidar o outro com sua figura.

O anjo não se moveu. Calmamente esperou, observando Lúcifer se aproximar, mesmo ciente que os demônios apertavam o cerco.

- É assim então o esquecimento? – sussurrou mais para si mesmo, o interesse postado nas figuras que via.

- Olhem, ele vem até nós e fala que nós é que somos os esquecidos. Alguém sabe quem é esse doido de pedra? – riu se aproximando, sacando a espada de sangue, a atenção fixada no anjo.

Confiante, num arranque estava à frente do invasor, a espada descrevendo um arco violento. Para surpresa de todos a espada parou de súbito, o movimento congelado, Lúcifer se esforçando cada vez mais em fazer a espada descer de encontro ao estranho ser. Então, vendo que não iria conseguir, tentou puxá-la de volta, apenas para descobrir que até isso era impossível.

Depressa se afastou, deixando a espada pendendo no ar. Sob seus olhos incrédulos viu o estranho levantar a mão direita e a tomar, examinando-a com atenção.

Como se não fosse nada a desfez, deixando a energia que era ela entrar pela sua mão. Lúcifer urrou de dor pela perda da espada, movendo-se nervoso, inconformado. Então parou e levantou os olhos da mão do ser e viu que ele tinha os olhos presos nos seus.

Tomado de ira fez um sinal, ordenando que uma leva de uns dez demônios avançassem contra o novo sujeito. Gritando e girando garras e espadas os demônios se precipitaram.

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Lúcifer recuou, confuso com o poder imenso daquela criatura. Ela ainda permanecia ali, no mesmo lugar, mas os demônios que o atacaram simplesmente se desfaziam naquele ar onde o fogo se movia livremente assim que o tocavam.

Uma dêmona subiu num bloco imenso de rocha e atirou uma lança. A lança atingiu um voo supersônico, o estampido enchendo a gigantesca câmara. Para surpresa de Lúcifer a lança se desfez enquanto voava, a um milésimo de tocá-lo. Como se fosse em sonhos viu o estranho de súbito atingir a dêmona, desfazê-la em fluxo de energia e voltar para onde estivera, como se dali não tivesse saído.

- O que procuram aprender que não sabiam antes, para desejarem uma experiência como essa? – se perguntou curioso, a voz pensativa enchendo a câmara vermelha sem tirar os olhos do demônio, que permanecida imóvel e assustado em frente ao trono.

- O que é você? – Lúcifer perguntou, o pavor estampado no rosto. – Você é deus?

- Eu sou deus..., tal como vocês – completou após cismar por alguns segundos.

Lúcifer fechou e abriu rapidamente os olhos, como se uma lembrança ou um entendimento o tivesse tocado. Era como uma frágil fagulha no qual ele pensou em se segurar, afoito e meio perdido.

- Pode me lembrar disso? – perguntou, a voz triste como um pedido.

- Posso, mas seu tempo para lembrar não chegou – falou enquanto se desfazia ante os olhos assombrados e assustados dos demônios, deixando-os perdidos nas paredes rubras.

Lúcifer baixou os olhos, pensando naquela nova criatura. Sabia que o que surgira ante sua presença fora um espelho, e que ele deveria estar na sexta dimensão ou acima, o que em nada diminuía seu poder e o perigo que representava. Ele não estava mais seguro, gemeu.

Elahin suspirou, confuso com aquele planeta e com as coisas que já tinham acontecido ali, bem como com as coisas que se encaminhavam para serem. Que palco era aquele que o Trovão montara? Que espetáculo estava para ser representado ali?, se perguntou, tomado de curiosidade.

Então se lançou no futuro e examinou o passado, de onde ficou maravilhado com as possibilidades que via.

Por um tempo ficou tentado a mudar algumas linhas, mas viu que aí então tudo seria como ele iria querer, e não como tudo estava destinado.

Sorriu.

Bem sabia os papeis que estava para representar, se assim se decidisse, e assim se decidiu, ao ver um demônio gigante e pensativo tentando voltar para casa, e os encontros agendados de tantas almas gêmeas, cada um mais improvável que o outro.

Sorriu novamente.

- Vai ser interessante – se disse, elevando os olhos em direção às distantes Plêiades e Arcturo. – Vai ser realmente muito interessante.