Seja aquele ser bondoso cheio de luz...
Levanto a minha espada e aponto para o coração do meu inimigo, tentando ignorar que a ponta se apoia no peito do meu irmão, onde vejo a minha própria luz.
I
Sênior mal podia acreditar. O mal havia se espalhado muito, a partir dos primeiros sistemas. E havia crescido tanto que nem mesmo estavam conseguindo barrá-los, quanto mais fazê-los retroceder.
Como sempre haviam tido muitas vitórias, e também muitas derrotas. Libertaram vários sistemas, e outros viram serem destruídos ou aprisionados.
- O que você acha? – Sênior perguntou para Amadiel, que observava o velho sistema ao seu lado.
Amadiel sentiu os sistemas de Vega, Altair e Deneb[1], e viu a escuridão que os tomava.
- Uma encruzilhada, é o que parece – cismou preocupado. – Mas acho que vamos conseguir. Não vai ser fácil, mas vamos conseguir.
- Também acho. Acho que aqui conseguiremos freá-los. Talvez consigamos, até mesmo, fazê-los retroceder – mostrou esperança.
- Talvez,... Mas, teremos mais sucesso se você deixar aflorar mais a sua insatisfação com eles.
- Usando eufemismos agora, Amadiel? – Sênior sorriu. – Você quer dizer: deixar mais meu ódio por eles aflorar?
- Não o ódio por eles, mas pelas consequências dos atos que eles provocam. Se ficassem apenas para si mesmos toda a escuridão que são, seria mais fácil.
- Sim, seria mais suportável. Mas não é assim... Afinal, quem procura a escuridão a procura para experimentar. A escuridão não é assim, não é mesmo? Uma pena. Mas, querido Amadiel, não podemos deixar que os outros ditem o que somos. Esse é um caminho muito perigoso.
- É, eu sei... Me perdoe. Às vezes é muito difícil...
- Eu sei, eu sei, meu irmão. Juntos, nós vamos avançando juntos – falou, passando os olhos pelos outros ganedrais, que avaliavam com cuidado o sistema logo à frente. – Jophiel já está a postos em Libra – avisou, retirando os olhos das imensas distâncias.
Devagar se virou para o grande contingente de anjos.
> Meus irmãos – falou com suavidade, como se falasse a cada coração. – Aqui estamos nós, como nossos irmãos estão em Libra neste momento. Aqui, em Vega, a terrível batalha que todos nós, eles e nós, procuramos. É nossa vontade que isso ocorra desta forma, neste lugar. Será terrível e exigirá muito de nós, principalmente do que somos. Dois outros destacamentos já estão posicionados ao lado de Altair e Deneb, e agirão ao mesmo tempo que nós. E, o que sentiram está correto: eles contaminaram esses sistemas até a quarta dimensão, e essa contaminação foi tão forte que se irradiou até a sexta. Será nessas dimensões que lutaremos. Tenham muito cuidado para não serem surpreendidos em suas passagens – alertou.
O silêncio estava imenso. Ao longe o belo sistema liriano, onde naves entravam e saiam. Eles deviam estar esperando alguma coisa, porque o movimento estava mais contido. O segundo planeta era o mais movimentado deles, e o mais belo. Quando estava com os lirianos era bem mais belo, mas ainda conservava alguma coisa da beleza antiga.
> Essa batalha será apenas um momento, que logo passará. Por isso, tenhamos cuidado com nossa essência. Que o mal não penetre em nós, que o mal não instile escuridão em nós. Por causa desse desejo, tenhamos cuidado para que o ódio não nos derrube; tenhamos cuidado para que não desprezemos a vida, qualquer que ela seja; tenhamos cuidado para que não esqueçamos do que somos. Ah, e se for para irmos, se abatidos formos, que vamos sabedores de que em luz nos deixamos ir. Cuidem de vocês mesmos, minha família, e de todos os irmãos que aqui estão, independentemente da luz que emitam.
Lentamente se virou, a mão lentamente puxando a espada, os olhos atentos para dentro do sistema.
II
Sênior viu quando ele surgiu à sua frente. Havia muito poder ali, um poder destrutivo, orgulhoso, terrível. Expandiu depressa sua consciência e viu que havia mais dois demônios de igual poder a esse, sendo que um, que estava em Deneb, mostrava-se mais alucinado e perdido, reconhecendo que era Mercator aquele que lá estava.
Sem perder a atenção sobre o demônio rechaçou um ataque mental, provavelmente destinado a experimentar a sua força.
O demônio à sua frente era imenso, e se mostrava como um humano envolto em um manto escuro listrado por poucas linhas rubras, de igual coloração dos olhos que o seguiam.
- Então aqui está você... Trevas, não é mesmo? Você e sua capinha escura – reconheceu com tranquilidade.
O demônio ondulou seu manto, os olhos fixos no anjo.
- E você é o desprezado ganedrai, que os anjos renegam. Samael... Não, não, agora é Sênior, não é? Acha que um nome pode mudar a merda que você é? – debochou com prazer. - Ouvi falar das coisas que fizeram como tardischs, e achei que logo estariam conosco – riu. - Você e de sua corja. Vocês são tão amaldiçoados e desprezados quanto nós.
- Fazer o que? Admirados por outros, ignorados por outros mais – sorriu complacente. - Que importância tem isso? Não dou poder para eles – rebateu com tranquilidade. – Bem diferente de você. O poder que dá é o que lhe falta. Por isso sua danação. Sempre procurando aprovação externa, não é mesmo?
Sênior viu as linhas se tornarem mais rubras. Num movimento súbito Trevas avançou sobre ele.
Sênior apenas girou o corpo, a espada riscando o espaço com fúria.
Trevas se esquivou e atacou novamente, e mais uma vez, cada vez com mais violência, estudando os movimentos do anjo e a forma como lutava.
Súbito, num movimento estudado, colheu o anjo numa passada muito curta, a espada vermelha de fúria cortando o flanco do anjo.
Sênior baixou os olhos para sua armadura, retalhada abaixo da costela. Sorriu, passando a mão e recuperando-se com muita rapidez, sem tirar os olhos da cara medonha do demônio, que observava o ferimento que quase cortara um pedaço de seu manto. A cara avermelhada dele parecia resplandecer.
Aproveitando-se da satisfação abandonada do demônio Sênior avançou com incrível rapidez, atingindo o demônio perto do ombro esquerdo.
Quando estava a ponto de atingi-lo novamente o demônio simplesmente explodiu toda sua energia, uma esfera de energia quente e farfalhante se expandindo.
Sênior rapidamente fechou as asas em torno de si como um casulo e puxou uma esfera azul de proteção, suportando toda aquela imensa fúria, com atenção seus olhos seguindo por entre as penas a figura do demônio.
Assim que a onda de energia passou e ele se abriu foi duramente atingido pelo demônio, a espada penetrando fundo em seu ombro, enquanto dirigia uma espada curta contra seu coração. Com a mão direita a impediu de avançar, enquanto aguentava a espada quente que o demônio mantinha em seu ombro.
Para surpresa do demônio fez sua luz crescer, a irradiação azul fazendo o demônio gemer.
Trevas tentou se afastar, mas viu, horrorizado, que o anjo o mantinha preso ao seu lado, segurando as duas espadas.
Com violência, tomado de urgência, rodou a espada dentro da ferida, a guarnição do cabo esmagando a armadura e a carne ao lado da ferida.
Num movimento súbito o anjo o atingiu com os pés, lançando-o para longe, de onde o demônio ficou estudando-o.
- Doeu, anjinho? – perguntou, passando a espada com suavidade na língua, saboreando o sangue de Sênior. Com movimentos lentos guardou a espada curta, mantendo a outra ao lado do corpo.
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- Nem tanto. Vi seu medo e sua covardia. Se despedia da vida? – sorriu por sua vez.
- Você não tem todo esse poder.
- Tenho apenas o poder que mereço, Trevas. Vê a extensão do seu poder? – falou fazendo menção à guerra que se desenrolava à toda a volta, ali e nos outros sistemas. – Vocês estão derrotados. Esses sistemas, todos eles, estão livres, e vocês não têm para onde ir.
- Acredita mesmo nisso, anjinho?
Sênior viu aquele sorriso sarcástico assomar no momento em que ele desapareceu.
Sondou as outras dimensões, e viu que ele não estava ali. Por fim o encontrou entrando no sistema de Libra, onde Escuridão já se encontrava.
Se preparava para ir até lá, mas parou, confuso. As energias dos demônios haviam sumido; eles não estavam mais lá.
A batalha ainda demorou algum tempo naquele sistema contra os demônios que foram deixados para trás. Após expulsarem os demônios daquelas regiões auxiliaram os anjos de Libra, onde a guerra fora muitas vezes mais terrível, pois que os dois demônios principais, Trevas e Escuridão, por lá haviam passado. Num determinado momento soube por alguns dos anjos que eles haviam chamado Mercator e se dirigido para algum lugar ignorado.
Com um suspiro Sênior se estendeu pelo multiverso, tateando, procurando. Assim que viu para onde eles tinham ido seu rosto endureceu, os olhos faiscando, apesar de ter a esperança de que lá também não seria um local fácil para eles.
Porém, tinha mais coisas em que pensar, algo que o incomodava, cada vez mais.
Foi ali em Libra, quando a guerra naquele setor terminou, que Sênior viu novamente uma das faces mais horrorosas da guerra: havia muitas centelhas em estado deplorável, que mostravam terríveis marcas de que haviam sido torturadas das formas mais monstruosas.
Ao estender sua consciência, toda a guerra lhe doeu como não pensara que poderia doer. Se recompôs, renegando a vontade de novamente se deixar dominar pelo ódio e desprezo.
A guerra era muito maior do que pensara, e a destruição monstruosa era terrível.
Jasmiel e Uriel se aproximaram, e logo após Khyah também se juntou a eles, de onde ficaram observando as consequências da guerra que agora findava, por quase todo aquele universo, permanecendo ainda o sistema drako nas garras escuras. Mas lá não tinham como intervir, porque a experiência lá era desejada pelos que lá haviam se refugiado e eram a totalidade.
- Está pensando em intervir em drako? – quis saber Amadiel. – Eles podem querer se expandir a partir de lá.
- Sim, eles podem, e estaremos atentos. Esses guerreiros drakos são muito bons no que fazem. Eles possuem uma frieza e determinação que eu poucas vezes vi. Só conseguiremos conquistar aquele sistema se todos eles, até os menores deles, forem mortos.
- É, tenho que concordar com você. Mas, sempre haverá outros meios para impedi-los – sorriu confiante.
- Você viu para onde eles recuaram? – perguntou Uriel, os olhos postos ao longe. – Os três demônios e uma grande horda?
- Sim, eu vi... Eles foram para Aden.
Uriel se mostrou tensa, preocupada.
- Vamos para lá? Aden deve estar precisando demais de nós...
- Não será necessário, Jasmiel – tranquilizou. – Os anjos estão lá... Nós precisamos proteger esses sistemas recém libertados, que estão muito judiados e fragilizados. Não queremos que os demônios voltem, não é mesmo? Vamos organizar tudo por aqui, e logo depois vamos para Aden.
- Você viu quem está no comando dos anjos por lá? – perguntou Khyah, após ter sondado as lonjuras.
- Vi... Nemaiel é valoroso. Tudo está bem.
- Ele nos caçou por um bom tempo.
- Sim. Mas devem se lembrar que ele não queria vencer, como nós também não. Eles apenas cumpriam os desejos dos anciões. Além disso, eles os confrontaram, não foi?
- Mas nos caçou, até mesmo pensou em nos expulsar do paraíso... – sofreu Uriel.
- Mas não o fez. E, mesmo que tivesse feito, seria apenas uma tentativa, não seria? – sorriu com um grande suspiro. – Não devemos deixar mágoa ou ego crescerem – apaziguou.
Uriel o observou, e sorriu agradecida.
Subitamente algo pareceu acontecer naquele multiverso, algo importante que exigia toda a atenção.
Os ganedrais e os anjos que ali estavam ficaram em silêncio, tal como os demônios que estavam aprisionados.
Sênior depressa estendeu sua consciência até as bordas do sistema drako, e viu que até mesmo eles estavam quietos, como se atentos a algo que não desejavam confrontar.
Todos se entreolharam e se postaram tranquilos, voltados para um ponto, onde ficava Aden.
O tempo correu longo, até que algo surgiu bem acima do planeta. Era um ponto de luz, forte e límpido, e no ato eles souberam quem era: um arquianjo estava ali.
Todos ficaram ainda mais silenciosos, olhos fixos no ser divino na larga distância, aguardando.
Tomados de um silêncio interno os anjos no multiverso se ligaram aos anjos em Aden, e os demônios, aos demônios em Aden, todos reunidos na presença do magnífico ser, como se todos eles ouvissem e falassem com o enviado pelo Trovão.
Viram a luz pareceu tremeluzir por um momento, e então, no mesmo pulso em que suavizava seu poder para ser suportável, ele surgiu de súbito, bem acima do planeta, observando as distâncias, observando os anjos.
A luz era tão forte que todos baixaram a fronte, a emoção tocando-lhes o coração. A voz não saia e a alma estava recolhida, maravilhada com aquele ser.
Então o sentiram se aproximando das fileiras dos anjos e arcanjos em Aden, baixando a energia enquanto se aproximava para que não os ferisse.
- Fui enviado a vocês – ouviram a luz iridescente faiscando leves plumas, batendo suavemente seus três pares de asas. – Tupã não aprovou a conduta dos demônios, e eles estão encerrados em quatro planetas, que são proibidos a vocês, como também não aprovou a barbaridade em que vocês próprios se envolveram. Os dois comandantes dos demônios, Trevas e Escuridão, estão apartados aqui nestas montanhas, em uma prisão no fundo do lago mais alto deste mundo. Mantenha-os lá, proteja-os lá.
- Por que não foram levados para o planeta deles? – perguntou Nemaiel, a voz suave e curiosa.
- Porque o destino deles está ligado, de alguma forma, a este planeta, e a vocês e às criaturas que ainda irão aqui vingar. O papel deles na criação não está terminado. Ah, vocês, os que se acreditam despertos, podem estar mais adormecidos – alertou, a voz suave e atenta. - Decidam para onde vão, e o caminho irá se abrir. Só então saberão o que vocês esperam de vocês mesmos – ouviram em seus corações.
Sênior baixou a cabeça, sabendo que, provavelmente, toda a criação em Nébadon devia estar ouvindo-o.
- Pode nos dizer como vencer de vez a escuridão? – perguntou Amadiel, a voz respeitosa e admirada.
- A escuridão a que se refere é a mesma que afagam em seus corações. Sintam-nos, e saberão. Agora, meus meninos, olhem para Aden. O UM está muito triste pelo que aconteceu. Se perguntem: que papel vocês tiveram?
- Mas, eles só entendem o confronto. Nós tentamos...
- O caminho mais fácil – o arquianjo interrompeu com suavidade. – Amor, minha criança. Amor é a maior força do multiverso. Vocês se esqueceram como devem ser com ela?
Um denso silêncio recolhido sobre si mesmo se estendeu sobre todos, as palavras sendo esmiuçadas e trabalhadas. Mas, havia algo pesado, algo diferente em toda a experiência. Novamente os anjos levantaram os olhos, quase esquecidos das últimas palavras que ele proferira.
- E quanto a Mercator? – quis saber um arcanjo, se postando ao lado de Nemaiel. - Há informações dele e do arcanjo...
- Os dois se permitiram isso, que não está em nós julgar – amoestou com gentileza, o que fez com que os anjos apaziguassem suas dores e se aquietassem.
- Então, está terminada esta guerra?
A luz faiscou singela, até mesmo triste. Com leveza se aproximou mais, diminuindo ainda mais a própria luz para que fosse suportável aos anjos e arcanjos e aos demônios que das distâncias observavam.
Ao levantarem os olhos viram o belo arquianjo, e seus corações se encheram de maravilhas e a emoção tocou o coração de todos.
- O deus Trovão está triste com suas criaturas, porque esta guerra trouxe à tona o que de pior há em seus corações. Pode-se lutar por uma ideia, por um sonho, pela justiça ou por qualquer outra coisa que seja correta e fale ao coração, mas não se pode usar isso para deixar o coração se comprazer no que de mais duro e cruel ele pode produzir – admoestou numa voz carinhosa, que sabiam que tinha também utilizado com os demônios e que usava com todos que ouviam, em cada recanto de Nébadon.
> Assim, por decisão do deus Trovão, as criaturas ficarão sós, a partir deste momento, porque não encontrarão mais o deus Trovão, mesmo que vasculhem até a menor das fagulhas de luzes.
Os anjos e arcanjos, tão chocados ficaram, que baixaram novamente a fronte, envergonhados e assustados. Sem o UM no multiverso, como seria?
- Quem ficará tomando conta da criação? Vocês, arquianjos? – perguntou Nemaiel, a voz trêmula de receio.
- Vocês, porque sós estarão!
Sem mais qualquer palavra ou pensamento a luz aumentou e desapareceu.
Sobre a alta montanha, confrontando o forte vento gelado, e por toda Nébadon os anjos e arcanjos olharam a terra e os céus, e na dor imensa que os assaltou choraram, sentindo imensa saudade de um deus desaparecido.
Porém, sob os olhos de todos viram o quanto os demônios ficaram confiantes, ainda mais quando, confiantes e exultantes gritaram que “o dia da liberdade” era o nome daquele dia.
III
- O custo foi imenso... – gemeu Jasmiel, trazendo de Aden a atenção que lá havia psoto. – Vocês viram o mesmo que eu? Um arcanjo foi torturado e morto por um dos demônios maiores, e foi por ordem do UM que um arquianjo foi a Aden, para que a guerra acabasse. Nossa...
- E ele lançou os dois demônios maiores, Trevas e Escuridão, para o fundo de um lago no alto de uma cadeia de montanhas – disse Melchior se aproximando, - enquanto os outros demônios ele encerrou em alguns planetas prisões, em um deles trancando Mercator, totalmente enlouquecido.
- Foi ele, o Mercator, que torturou e matou um arcanjo... – Sênior suspirou pesaroso.
- Ele mesmo...
- Todos os demônios ele retirou do multiverso?
- Não, Khyah... Parece que retirou apenas os mais dementes, os que estavam mais dentro da experiência. Essa guerra quase saiu do controle. Por isso o UM teve que intervir.
- O que nós fizemos, Sênior?
Sênior ficou em silêncio, o pensamento perdido nas palavras do arquianjo, que os incitava a que fizessem a si mesmos essa grande e terrível pergunta. O que realmente tinham feito, que responsabilidade tinham em tudo que havia acontecido? Seu coração se espremeu de dor, tentando medir o erro em que tinham se envolvido. Talvez não tivessem como evitar a guerra, mas provavelmente poderiam tê-la conduzido de uma forma mais saudável e menos arriscada para as almas que nela estavam envolvidas.
- O que tinha que ser feito, Khyah – falou com a expressão pensativa e um pouco distante. – No entanto, é muito certo que poderíamos ter agido e nos envolvido de uma forma diferente - gemeu.
- Ainda continuamos na experiência – sorriu Dangelo, também mostrando uma dor que o acossava.
- E a guerra não está acabada, Sênior. Vê? Ainda há demônios em Aden, e eles não estão satisfeitos, e dirigem suas vontades contra a vida que há lá, ainda mais agora que ouviram que o Trovão se retirou. Não podemos permitir.
- E o que sugere, Anaita? – perguntou quase num sussurro, a voz e a repreensão do arquianjo insistentemente roçando em sua mente.
- Também ainda ouço a repreensão do arquianjo, mas os demônios já a esqueceram. Não temos como sair dessa armadilha. Temos que continuar combatendo a escuridão, Sênior – gemeu Zaniel. – Temos que ir para Aden. Temos que continuar...
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[1] O sistema de Lira é uma constelação, como se mostra de Aden. Na verdade, é composto de vários sois, sendo os principais os sistemas solares de Vega, Altair e Deneb. Vega dista de Aden em 25 anos-luz.