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A NOBREZA QUE VOA

Toco joias, mas não me sinto bem quando as lapidam. Gosto da energia natural que exalam.

Sênior o sentiu sobre a montanha, e não conseguiu entender o que poderia ser.

Como se seus olhos tivessem sido abertos de súbito, começou a ver muitos deles, espalhados por todos os lugares de Gaia. Eram em pequeno número, conferiu, mas os sentia, em graus diferentes de poderes, sentimentos e vibrações.

Um lhe pareceu especial, sua presença denunciada na borda oeste do continente de Setai, para onde se dirigiu.

A visão majestosa daquele ser o pegou de surpresa, e assim ficou, parado, as asas ruflando lentamente, suspenso alguns metros do imenso paredão. A criatura, que estava deitada apesar de o manter sob atenção, se levantou e se virou totalmente para ele, sentando-se naquelas alturas.

Era um ser de tonalidade azulada, de um azul profundo, muito grande e poderoso. As asas eram imensas e poderosas, o focinho comprido, dentes como serras pontiagudas, o pescoço longo e gracioso. Seu corpo parecia recoberto por placas de escamas. Esse que se mostrava tinha quatro poderosas patas, em cada uma delas um poderoso espinho. No entanto, eram nos olhos que residia sua magia; havia uma fina inteligência ali.

Sênior sorriu, ao ver que era alvo de tanta curiosidade quanto ele se interessava pela criatura.

Devagar desceu na borda do precipício, bem de frente para a criatura, que desceu a cabeçorra para o observar melhor.

- Você é magnífico – Sênior o cumprimentou. – O que é você?

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- Magnífica, você quer dizer – corrigiu com uma voz que parecia o som de um vento suave entre as folhas das árvores. - Me reconheci por dragão, um dragão azul de corbélia, e meu nome é Braba.

- Um dragão... Sinto muitos de vocês, por toda Gaia...

- Sim, assim é. Anjo, é o que você é, é isso? Você é o primeiro que encontro. Eu vejo muitos outros seres no chão, nas águas e no ar, e já aprendi sobre eles. Mas há vocês, e há os demônios, que se diferenciam pela forma como se veem.

- Sim, anjo eu sou, e meu nome é Sênior. A sua inteligência é muito alta. Sinto que é mais afeita à luz.

- Luz, sombras... – ela pareceu sorrir. – Tonalidades da luz...

Sênior a observou com mais cuidado. Se aproximou e se sentou à sua frente, enquanto ela deitava sobre as patas dianteiras cruzadas sua enorme cabeça, os olhos azuis carinhosamente postos no anjo.

- Nessa dimensão são silenciosos, apesar de nas outras o ouvir...

- Porque é mais confortável. Podemos vibrar o ar aqui também, mas é mais fácil falar diretamente.

- Concordo com isso, Braba – sorriu. – Sabe onde estava antes de aqui surgir?

- Poderia saber, mas isso não é importante. Sei o que sou, e esse é o momento que me importa. Estou aprendendo e crescendo, e isso é algo bom.

Então Sênior viu uma marca em uma das escamas, perto da coxa dianteira esquerda.

- Você foi atacado?

- Um desentendimento. Alguns adormecidos se sentiram curiosos.

- Entendo... E por que o atacaram?

- Experimentando... Sei de outros que foram atacados também. Vão acabar nos deixando em paz. Nossa proximidade, ao que parece, lhes causou muito desconforto.

Sênior deixou sua mente vagar, e viu alguns outros encontros que andaram ocorrendo, e viu que muitos escuros haviam sido mortos neles. Havia muitos dragões não tão pacientes quanto esse.

- Aposto que sim. Sinto-me honrado em conhecê-la, Braba, e feliz por saber que estão por aqui.

- Obrigado por ter vindo, Sênior – falou sentando-se.

Sênior sorriu, pois a majestade daquele ser era impressionante.

- Akindará, Braba.

- Akindará, akindará... Ainda não tinha ouvido essa despedida...

- Ao vento e à vida sem fim... É como um sopro na eternidade, gentil e saudoso, nos levando à frente.

- Akindará, Sênior... – cumprimentou, os olhos seguindo-o enquanto se elevava da montanha.