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O SUBSTITUTO

Todo lugar não existe, sendo apenas como uma folha de pensamento. E ali as coisas e pessoas, vestígios que são. Na importância que pensamos tudo ter, nos espantamos por ter acreditado que eram tão pequenos.

- Adanenai, descido.

Sênior, que já o vinha seguindo há algum tempo, o viu pousar ao seu lado, sobre a montanha nevada. Ele era muito grande e revestido de poder, e devia ser um bom guerreiro, avaliou.

- Pradia... Então você é o Safiel?

- Eu mesmo, Sênior. Então aqui está você. Derfla me falou muito sobre você. Ele te tem em altíssima conta.

- Derfla é um grande amigo, como um irmão de alma.

- Ele é sim – concordou sentando-se também, as costas apoiadas na grande pedra fria, de frente para uma paisagem vasta e longínqua.

- Já tinha vindo para cá antes?

- Gaia?

- Sim...

- Ah, sim. Vim para cá muitas e muitas vezes. Grandes coisas se desenrolaram aqui, coisas que muitas vezes abalaram toda Nébadon. É um planeta incrível, não é mesmo?

- Sem dúvida que é. Tenho muito apreço... amor – se corrigiu, - por ele.

- Derfla me avisou que há muito aqui de você e sua família – sorriu amigável.

- Sim, aqui tem. Estávamos aqui quando ela começou a se formar. Era tímida então, e ainda mais pequenina. Mas... mas o coração dela era imenso demais, e não resistimos - sorriu.

Safiel observou Sênior com discrição, mas com intensidade.

- Sabe, Sênior, Derfla me falou muito sobre você e seus irmãos. Eles se foram, não é? Eles estão na superfície?

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- Sim, alguns deles. Eu não fico marcando em cima deles, mas da última vez contei sete aqui na superfície. Os outros se foram... Eles se esqueceram e desejaram voltar para casa.

- Os veladores – Safiel suspirou.

- Sim, os veladores.

- E aqui está você, pensando em descer também...

Sênior se virou para ele, os olhos sérios e pensativos.

- Apenas um pensamento.

- Encarnado ou AsaLonga?

- Ainda não sei, Safiel. Nem mesmo sei se vou descer. Estou deixando o tempo passar, para ver o que vai surgir.

- Se posso dizer, nesse pouco tempo que estamos nos conhecendo, acho isso loucura. Quer dizer, se resolver descer como um AsaLonga.

- Ora, e por quê?

- Porque você é um impartido.

- Meus irmãos também...

- Mas eles abriram mão de si mesmos, de certa forma. Quando se decidiram a descer como homens ou pessoas eles deixaram a enormidade de seus poderes, sendo apenas um pouco mais poderosos que os locais. Mas, um AsaLonga...

Sênior tirou os olhos dele, um sorriso condescendente no rosto, que o anjo identificou com clareza, porque isso lhe foi dado.

- Nem bem me conhece e já mostra receios, anjo?

- Eu estava lá, nos dias dos tardischs, eu estava lá nos dias de Sênior, nos tempos dos ganedrais – sussurrou.

- E nos julgou... – murmurou, o rosto sério, os pensamentos se esticando para longe.

- Não, não há julgamento. Julgamento vem da própria consciência, e eu não sou a sua. Fatos, apenas fatos, Sênior. E tem que concordar comigo o risco de ser um AsaLonga – sorriu, tentando aliviar o clima.

- Estarei sob o código dos descidos, se esqueceu? Além disso, se conhece um pouco de nossa estória, como disse conhecer, verá que sempre estivemos aqui usamos o código, como os outros todos em Gaia, como se aqui houvesse um acordo tácito.

- Mas, o risco sempre existirá, a espada sempre estará suspensa. Fora que também sei dos impartidos da luz. Mas, bem sei que a distinção que carrega foi merecida por atos, e isso me deixa feliz.

- Que bom, Safiel, que bom – suspirou, vendo uma enorme harpia passeando no ar, ao longe, como se estivesse vigiando.

- Ah, sabe, Sênior – suspirou se ajeitando com mais gosto, deixando os olhos e a mente se perder além, - já vi muitos lugares, alguns tão lindos que este se torna muito... abrutalhado, mas esse aqui tem um toque diferente. Sei que sabe disso, e que talvez já tenha visto mais lugares que eu, mas... Aqui vai ser incrível. Um lindo e incrível desafio.

- Foi você que pediu para vir para cá? – Sênior perguntou.

- Sem dúvida. Há muito desejava vir, mas sempre surgia algo... Sei porque foi cativado por Gaia... Amor, é o que vejo vibrando aqui, apesar desse lugar ser tão denso.

- Talvez seja por isso que aqui pulse dessa forma... mágica – Sênior sorriu para o anjo que se punha de pé.

- É muito provável que seja. Serão momentos memoráveis... Akindará, Sênior. Akindará...

- Akindará, Safiel. E, seja bem-vindo... – falou, o vendo tomar um caminho que o faria interceptar a águia, apesar de desconfiar que a águia já o notara e poderia estar esperando por ele.