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A GUERRA FEDERATIVA

Ou destruo quem me fere ou destruo a mim mesmo. Que importância essa questão pode ter? O fim será apenas um – a minha paz.

I

- Vocês têm que parar, Sênior – falou Derfla, a preocupação estampada no rosto. – Por acaso não veem o tamanho mal que isso faz com vocês?

- E o que você quer que façamos, Derfla? Rezamos, imploramos, mas eles continuam fazendo o mal, cada vez se tornando mais terríveis e eficientes nisso.

- Vítimas e algozes, assim se veem por escolhas. Dualidade, Sênior... Esse jogo foi pensado assim. Um sempre aumentando a resposta à atitude do outro. Não veem isso? Vocês já passaram por isso, há muito tempo atrás...

- Não somos mais aqueles tardischs, Derfla – Dangelo sofreu.

- Mas podem voltar a ser...

- Espero que esteja errado em seus receios – Sênior murmurou. – Mas, eu apenas sei, meu amigo, que se não fizermos nada o mal irá consumir tudo, até que nada mais sobre que não seja apenas dor e mônadas perdidas.

Derfla olhou os ganedrais e ficou em silêncio, a mente vasculhando algo que pudesse dizer para confortá-los e tranquilizá-los, fazê-los enxergar o que realmente estava acontecendo. Mas, o que seria, quando tudo o que pensava não o tranquilizava? Então o que o mantinha ainda acreditando no que dizia?

- Apenas uma fé inexplicável – pensou abatido.

> Acham que terão paz procurando a destruição deles?

- A deles ou a nossa. Sim, a paz virá, de uma forma ou outra. Mas, bem sabe que não procuramos a extinção deles, porque sabemos o que são. Apenas procuramos barrá-los, apenas ser um lembrete de que os outros merecem, no mínimo, respeito. Essa barragem apenas, esperamos, lhes forneceria um bom tempo para que pensassem, dando-lhes uma chance para se lembrarem de quem realmente são. Ah, Derfla, gostaríamos apenas de diminuir a força dessa loucura escura que avança sobre tudo e todos.

- Sei que pensam assim, pois sabem que nunca morrerão, como sabem que nunca poderão matá-los. São eternos lutando contra eternos, o que aponta que isso poderá nunca ter um fim, nessa forma de confronto. Ou eles mudam no que são, ou nunca terá um fim, vocês sabem disso, e sei que sabem – insistiu no argumento. – Eu sei que é a sua dor que os fazem abanar isso para longe quando se envolvem em uma batalha, mas...

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- O que mais podemos fazer, Derfla? O amor que temos por esse planeta e pelas criaturas que vivem aqui não nos dá outra escolha.

- Ah, dá sim, a cada um de vocês, quando se lembram do amor por toda a consciência, oculta nas sombras ou expostas na luz. Mas, meus queridos irmãos, vejo agora que essa é a escolha de vocês, e vou respeitá-las, porque é a experiência que cada um está desejando. Quando precisarem, assim que precisarem, estarei à distância de um suspiro. Tenda var, meus amigos.

- Tenda var – responderam com carinho os ganedrais.

II

Sênior ficou parado, observando o que acontecia. Se a luz havia se organizado em uma federação, os escuros, mesmo não conseguindo uma união nesse nível, e nem mesmo uma união estável, através de intensas guerras internas conseguiram montar um império, que chamavam de A ORDEM. E tal era a sua sanha que A Ordem avançava com ímpeto sobre os sistemas vizinhos, se alastrando, esquecidos que até mesmo demônios eram.

- Eles estão diferentes, mais duros – cismou Uriel. – Eles todos assumiram essa forma dahen, abdicando de suas asas e de seus poderes escuros...

- Não, eles não abdicaram de seus poderes. Vejam, como escuros que são, até mesmo entre eles fizeram surgir as figuras dos algozes e das vítimas, em um nível terrível, eles deles mesmo se alimentando e se apropriando. E assim os poderes antes de todos, agora estão exclusivos aos seus generais e principalmente concentrado em seu imperador, que amealhou a maior parte do conhecimento e do poder.

- E nem por isso mais fáceis de derrotar – entristeceu-se Zaniel.

- Eles avançaram muito a tecnologia, concentrando muito do poder. Ainda são oponentes de grande perigo.

Sênior voltou-se para a pequena galáxia Onáriah na borda de Nébadon, onde Gaia estava localizada.

- Os demônios estão se concentrando no braço de Orion, deixando ao império a responsabilidade de se alastrarem por Onáriah – avaliou.

- O que acha de que devemos fazer, Sênior? – perguntou Khyah.

- O império escuro está aqui, e aqui está a Federação, a luz e a escuridão. O que disse Derfla sobre nós é o que vale para eles: é a experiência que desejam, tanto a federação quanto o império escuro. Assim, eu proponho nos acercarmos mais de Gaia, para que possamos protegê-la, porque sem a Federação ela está muito exposta. Os escuros estão se aproximando demais dela. A federação não precisa de nós, porque além de grande tecnologia, ainda possuem poderes angélicos em seu meio nessa dimensão.

- E se mostrarmos ao conselho a necessidade que Gaia tem da proteção da federação? – Uriel se iluminou.

- Isso já foi descartado – rebateu Sênior, mesmo vendo a energia de Uriel tremeluzir. - Gaia não entrará na federação. O que eles fizeram foi levantar uma quarentena em torno dela, mas bem sabem que os escuros conseguirão passar facilmente por ela.

- O que teme, Sênior? – quis saber Castiel.

- Os dois demônios estão encerrados lá, e sabemos o quanto os demônios sonham em libertá-los. Isso não poderá acontecer.

- Isso sim, seria um golpe terrível – murmurou Melchior tomado de preocupação.

Todos se entreolharam e concordaram, vendo a grande necessidade de retornarem para o pequeno planeta.