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Tudo que podia, Graco tentou. O inesperado aconteceu em um dia, durante o amanhecer, todos no quarto em que ele está confinado a semanas ainda dormiam.

Graco acordar neste horário incomum a seu sono, ele sente uma estranheza familiar, porém distante e tentadora. Em seu berço, Graco tenta olhar para os lados, sua sensação irreprimível é um pouco saciada quando Graco avista perto da enorme janela entreaberta, uma fumaça negra e dançante, densa, mas solta. Com o corpo letárgico formigando, Graco sabe que este tipo de ser, não cria nada benéfico.

Ela emana uma luxúria macabra, aquele tipo de preto abissal faz Graco ter a memória de uma entidade que à tempos não o visita. Um sentimento frígido é originado em Graco, arrepiando-se diante da aura arcaica da fumaça que, se aproxima dele, Graco fica paralisado.

"Aceite-a Graco, é o poder que você busca, aquele legítimo a sua espécie fascinante, aquele que você precisa para não ser profanado pelos humanos mais uma vez"

Ouvindo aquela voz gutural e macabra, mas cordial e tentadora de um diabólico comerciante advogando suas mercadorias ilícitas, deixa Graco amedrontado com a anomalia.

A fumaça se aproxima sorrateiramente, desviando de objetos e a cama de seus pais, entretanto, Graco não se sente em opressão ou aversão perante a criatura.

'Você demorou para voltar, abominação imunda' Graco vocaliza mentalmente com apatia, sem nem mesmo perceber que espera que aquilo o ouça em sua própria cabeça.

"Visitas devem acontecer em momentos cruciais. Esta é uma oportunidade para sua liberdade Graco, ou vai deixar o destino decidir as correntes que pode te prender? Você já era frágil e efêmero naquele mundo, Graco, neste que existe magia e provavelmente conflitos mais brutais, será o mesmo?"

"Você não queria estar mais naquele abismo, Graco? Está é o caminho para ter a chance de sair dele, você deu somente alguns passos largos rumo à saída, ainda vive nele, apenas mais longe do limbo que estava vivendo, e por sorte de ter nascido novamente''

"Graco, você agora tem uma nova família, algo a pertencer, criará expectativas e esperanças somente para ser arrancadas de você outra vez? Perceba, Graco, porque você vive sozinho neste quarto, sempre sendo vigiado e não carregado além dele por alguém? A maior probabilidade é que sua família está andando em corda fina, Graco, você nem nasceu e já está em um prelúdio da ruptura de sua maravilhosa e frágil paz."

Os sussurros da voz, lembra-o de sua incomum rotina, Graco se afundou tanto no prazer da paz e do calor de ter uma família amorosa, que optou rapidamente e inconscientemente por ignorar as nuances de possíveis eventos violentos.

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Ele foi facilmente engolido por uma bolha sonhadora, viveu suas semanas orbitando no véu de uma ilusão infundada e fabulosa, tal fachada fez cair em declínio sua racionalidade crua, sabotou sua forma de pensar, triturou sua possibilidade de pensar fora da caixa.

A fumaça medonha, atualmente cobrindo graciosamente o entorno do berço de Graco, deixando-o taciturno e desolado. Graco não infere em não aceitar o poder, mas sim que neste mundo, ele precisará mais dele do que acreditava, uma força vil e maligna serve para ele, pois ele usará ela como o mártir e o ceifador necessário, e seus inimigos como exemplo e perversos totens sangrentos.

Nesta realidade, para proteger o que tem, ele precisará ser ainda mais inescrupuloso, ímpio e avarento que antes, a sua astúcia e percepção não será o bastante como antes, pois proteger a si mesmo para apenas destruir ele é hábil, mas deixar minimamente intacto o que possui atualmente será uma luta contra a correnteza.

'Para retaliar os golpes que viram, serei mais uma vez um carrasco atroz. Possivelmente um ordinário maculado, porque sei que pulverizar a imundície humana requer lutar em um chiqueiro, os sujos não se importam de agir deste modo, pois estão acostumados.'

Graco com a indiferença cáustica, expressa seus pensamentos, não como somente falando o que acha, mas como citar um mantra que ele deve escrever em pedra em sua alma, o deixar marcado como as cicatrizes de um escravo que serve um propósito visceral.

"Professo e advogo a lucidez a um aluno, Graco. Todavia, a verdade é intrínseca, mas somente se torna conhecimento quando ela é reconhecida, e você, Graco, precisará ser um bastardo sorrateiro e desonesto com este poder, ninguém jamais poderá duvidar de sua natureza, pois o ponto em que descobrirem, será o fim de seu castelo de cartas e a esperança sem precaução se tornará uma facada em você e em todos que você se importa"

"Portanto, Graco, se torne o desespero de muitos, para ser o paraíso de poucos. E assim, cultive o mal que este mundo necessita, se torne a engrenagem que mudará a história, que apodrecerá terras, causará pandemias e histerias, reinará pelo terror e os controlará pelo o horror, holocaustos e maldições serão suas famas, originará catástrofes e fará o mundo tremer. Você receberá as ferramentas para causar tudo isso, todavia, dependerá de seu esforço, dom e sorte, a realização de tais façanhas."

"Graco, ofereço-te a oportunidade de ser um reparador. Todas as suas ações desencadearam a movimentação da máquina evolucionária, sua história pode se tornar fábulas, lendas ou pesadelos, entretanto, será vindo de você, a purificação."

"Graco, você aceita a nossa proposta?" A voz recita com louvor e fanatismo os versículos de pandemônios.

Graco, em profunda apatia limítrofe, responde secamente a entidade negra que agora o espera com calma

'Os humanos estimulam o caos com um banquete em todas as eras, uma palavra só vira lei com o uso da força, um modo de vida com o hábito, e a mudança com sangue. Eu aceito.'

"Nada é eterno, exceto a mudança" A entidade diz serenamente seu mandamento perpétuo.

Frações de segundos depois disso, toda a fumaça abissal adentra ferozmente pelos olhos, ouvidos, narinas e boca de Graco.

Deixando seu corpo com veias pretas saltadas, lábios negros, suas orelhas crescem em pontiagudos, seu dedos se afinam na ponta como uma lâmina escura, seus olhos se tornam uma escuridão distante e animalesca, e sua pele ganha um tom pálido doentio.

Escassas escamas escurecidas surgem em seus antebraços, joelhos, punhos, ombros, pescoço, coluna, pés e pernas, decorando seu minúsculo corpo. Uma tatuagem bestial se desenrola como uma serpente, marcando em seu pequeno corpo letras bizarras, e um rabo longo e fino é criado em sua lombar.

Espontaneamente aparecendo tais características e sumindo em igualdade, Graco cai desacordado em seu berço, seu estado inalterado.

Contudo nesta noite, para todos os vivos que presenciaram, as luas ficaram com um brilho negro, as sombras se estenderam raivosamente, e caiu um silêncio macabro na natureza, como se o mundo estivesse sendo engolindo por uma abismo.

Este é o sinal, de que a natureza, agraciou o mundo, presenteando mais uma vez um ser com um poder infame.