Como se fosse a combinação de um sonho com o desenvolvimento de um filme vívido, Loc acorda em meio a um caminhar atento em uma selva úmida e quente.
Analisando o chão constantemente por cordas ou terra formada não natural, cauteloso com armadilhas enquanto carrega seu fuzil, veste as suas roupas gastas e quase sempre molhadas, sentindo a fadiga psicológica e física de dias sem descansar completamente.
Loc sente como se estivesse dentro do corpo antigo dele, mas fosse somente um personagem pré-programado que age sozinho e sem pensar, às vezes alternando entre a visão panorâmica externa de seu entorno, às vezes vendo o desenrolar deste pesadelo em primeira pessoa.
'Por favor, que seja somente um sonho estúpido no inferno' Implorando como nunca antes, Loc é tomado por emoções mescladas com o puro escrutínio. A autoconsciência se evapora lentamente, levando-o a incorporar naturalmente seu personagem neste sonho lúcido.
Chegando em uma vila rural afastada dos conflitos, Loc, sua antiga equipe e alguns outros soldados do mesmo time se aproximam atentos e com cuidado do pobre vilarejo.
Loc como uma estratégia, não dá as caras e não toma a liderança, sempre optando pela discrição e ser só mais um assecla. A pior coisa contra fanáticos é criar fama de ser um outro fanático, mas que luta por princípios antagônicos.
Além de que a liderança era o oposto de alguém que não se importa nem consigo mesmo.
Agora, já dentro da vila, os moradores os recebem com neutralidade, mas com medo, tanto de negar sua visita quanto de aceitarem e sofrer com a atitude dos que detém a exclusividade do poder.
Alguns saindo de suas casas decrépitas e os olhando com receio, outros espiando entre as janelas de madeira, todos nervosos.
Uma menina adolescente voltando com sua mãe enquanto carrega peixes em uma cesta bordada com fibras e madeira, de mãos dadas e conversando tranquilamente, logo param quando avistam o grupo de homens armados.
"Olha só, carnes novas, peixes e uma garota. Sorte demais neste lugar esquecido de merda"
um soldado que os acompanhou fala alto arrogantemente e logo assovia, aproximando-se com passos ansiosos pelo prazer que pode ter.
"Você vem comigo, sua cadelinha virgem"
ele com bestialidade à solta, pega a menina pelo braço e tenta a arrastar, porém a mãe segura a filha com medo diante da atitude mundana e maléfica do soldado imundo.
"Não, larga a minha filha. Por favor, não faça isso com ela. Leva eu..."
Toda a gritaria, que já atraiu os moradores para fora de suas casas, acaba quando três barulhos quase simultâneos acontecem, o de um tiro, de uma cabeça estourando e de um corpo caindo no chão terroso molhado.
Loc após atirar sem remorso e continuar andando normalmente, chega em frente ao cadáver quente e começa a pilhar seus escassos bens, indiferente aos últimos minutos.
Unauthorized usage: this tale is on Amazon without the author's consent. Report any sightings.
"Moradores, só queremos um lugar para descansar, obviamente todos nós no mesmo espaço. E meu grupo não tolera tal ação animalesca"
Thai uiva perigosamente suas palavras, com a ação estúpida daquele porco.
Thai sabe que agora somente a barganha não os deixará seguros contra estes moradores desconfiados e indignados, além de que é melhor avisar os que não entendem com violência que estão os acompanhando.
Thai se vira para olhar para todos a sua volta, incluindo Loc, que assente e se vira para voltar ao seu grupo após Thai apontar com o queixo para um dos soldados, mas não antes de dar uma coronhada forte na cabeça do cara que liderava o grupo que os seguia como aliados temporários.
Pegando-o distraído, Loc atira sem piscar para a cabeça do homem que caiu no chão devido a sua recepção.
Naturalmente todos os aliados do comandante apontam suas armas para Loc, que os olha apaticamente e segura seu fuzil com só uma mão enquanto solta as brasas de seu cigarro, dando uma pequena risada ele pisa na cabeça do homem, que agora se assemelha a uma melancia estourada caída no chão.
Limpando os lados e sola de sua bota coturno, Loc encara engraçado os aliados recém descobertos no caminho da floresta.
"Olha para além de mim, filhos da puta"
Loc fala lentamente depois de tragar mais um pouco de seu cigarro e aponta com o cigarro fino entre os dedos indicador e do meio em um movimento circular.
Os quase 5 aliados olham rapidamente para o grupo de 4 soldados que seguiram, antes que qualquer um deles falem, Thai responde com a arma já apontada.
"Larguem as armas e fica tudo de boa, se não vocês já sabem o que acontece"
Thai comenta ameaçadoramente, e aponta com a arma para o antigo comandante deles que atualmente serve como exemplo e cinzeiro de Loc.
O grupo de soldados agora com medo, olha para os moradores e avista 3 moradores com fuzis apontados para seu grupo, consequentemente um por um joga seus fuzis do chão.
"Faz fila e caminha reto para lá" Thai ordena rudemente os homens desarmados, eles o encaram por alguns segundos e iniciam a caminhada assustados.
Eles passando por Loc, o encarando com raiva e desafio, Loc somente bufa a fumaça fedorenta em seus rostos, dando uma risada para o último da fila que o encarou e cuspiu em seu rosto.
Loc contorce a língua em sua própria boca e pega o cigarro dos lábios.
"Você acha que me engana, arrombado?"
Dando um tiro na parte de trás das duas coxas do indivíduo, Loc vê o homem cair de bruços no chão, e sem demora começa a atirar nos colegas dele, derrubando todos que tentaram fugir.
"Se achando o espertinho em? Não é o primeiro boçal que vejo tentar nos distrair com bobagens para ocorrer a corrida das galinhas"
Pisando e esfregando as botas na sua cabeça, Loc dá dois tiros em cada lado da orelha do homem deitado, e se vira para olhar quando sente olhos o avaliando, um morador o assiste com nojo
"Por que me olha assim? Não está vendo que poupei ele de ver e ouvir a morte acontecendo?"
Loc o responde com sarcasmo mal fingido, se agacha e começa a empurrar seu cigarro aceso dentro da orelha esquerda do moribundo, pressionando seu joelho no pescoço da nuca da imundície que se contorce e uiva abafado na poeira da estrada arenosa.
Levantando-se, Loc pigarreando junta saliva e dá um cuspi catarrento nele, se afasta e o mata com um tiro na nuca.
"Usando prisioneiros por estupros na guerra, porra de país. Esses caras acharam mesmo, que não vimos as tatuagens de alguns deles"
Thai resmunga durante o tempo que Loc se aproxima dele.
"É, quem anda com essa laia é quem já se acostumou" Loc responde preguiçosamente, e continua depois de limpar um poucos as suas unhas com uma faca
"Um fraco é facilmente chamado de retardado, e um forte é chamado de mau. Estes aí, confundiram a própria percepção"
"Conseguimos matá-los aqui, na floresta eles iriam correr igual galinhas e se esconder, ia ser uma desgraça" Thai discorre com Loc o recorrer da situação, tipicamente Loc o responde com um resmungo e se afasta para fazer sei lá o que o distraia.
Thai mesmo mandando fazer tais coisas e vendo as ações de Loc continuamente, ele ainda se surpreende e se assusta com a insensibilidade de Loc.
Ter uma pessoa perto de você que você nunca viu respeitar a vida, ordens ou cadeia de comando, automaticamente faz a si próprio se perguntar o caminho que ele percorreu, e que não cruze o dele.
Um ser humano que liga para si mesmo é uma regra, mas Thai vê Loc com a exceção, muitas vezes, inconscientemente, Loc apresenta traços de alguém que já não dá valor a vida, até ele mesmo.
'Nos conhecemos a alguns meses, designado como seu capitão, mas quando o vi desviar os olhos de algo é somente quando ele assiste as nuvens, até mandar nele é como apertar os botões de um brinquedo quebrado'
Thai, ignora o tópico e segue o rumo, contudo, desconhece o perigo de alguém que não vive, existe.