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Alguns dias passaram somente com Graco se recuperando do rebote intenso do seu corpo, os dias chuvosos do outono chegaram para preparar tempos mais frios.

Ele dormiu mais tempo e comeu mais. Ele já tinha enjoado do leite materno e de sopinhas leves, portanto quando sua fome aumentou e ganhou a capacidade de comer alimentos sólidos semestres atrás, ele se banqueteava com voracidade, e agora, devido a tudo que ocorreu, ele foi considerado um glutão.

Felizmente para Graco, ele não se tornou uma criança obesa. Ele é no máximo mais gordinho do que a maciez usual da infantilidade.

Atualmente Globrilov o levava mais vezes para o primeiro andar, e Graco ficava lá enquanto observava Kalinie, Moíah e Globrilov fazerem seus afazeres do dia. Graco, muitas vezes, cochilava no sofá ou na poltrona da sala de estar, isso o fez se perguntar quando poderá ter seu próprio quarto.

E ele perguntou isso a Globrilov, apenas para saber que era só ele já ter pedido. E assim ele começou a dormir no último quarto do corredor, o adjacente ao de seus pais. E foi fácil a mudança, pois seu novo quarto já era mobilhado com uma cama, um armário para as roupas e uma mesa para escrever algo.

'Porra, ferrei com a vida sexual dos meus pais. Fiquei tão acostumado com o conforto de dormir com eles, que isso nem passou pela minha cabeça.' Graco diz exasperado

'Acho que não, talvez eles faziam suas atividades em estabelecimentos para isso fora de casa. E eles não repudiam que você durma com eles, além de que estarmos muito focados no progresso neste últimos meses que nem tivemos essa percepção.

E eles não demonstravam nenhum desacordo com isso também.'

'Espero' Graco diz suspirando

Quando seus irmãos estavam em casa, eles começaram a conversar alegremente com Graco. Kibi tinha o hábito de o abraçar rotineiramente, e Rualovu de rir independente de se acontecer algo engraçado ou não, talvez para ele, coisas engraçadas sejam mais simples.

Graco brincava com eles de vez em quando, mas estas atividades era mais uma encenação que, às vezes, ele se genuinamente se divertia.

Geralmente seu dia passava com ele treinando, os intervalos era interagindo no café da manhã, almoço, café da tarde e jantar com os outros da grande casa, e ainda dormia muito devido ao rebote do treino.

Seus irmãos estavam em uma escola básica desde os 6 anos, e chegavam em casa lá pelo final da tarde. Então Graco conversava mais com Globrilov e Kalinie, Moíah era um pouco taciturno.

Graco assistia seus irmãos serem treinados na luta de defesa pessoal no grande espaço da sala de estar, os sofás e poltronas eram arredados para formar o espaço necessário.

Isso quando eles não estavam correndo pela estrada que vai ao baronato, fazendo flexões de braço no chão ou no piso de madeira negra polida da grande casa.

Barra fixa em cordas penduradas em árvores do quintal ou agachamentos e abdominais no campo após o jardim que circunda a casa também era parte do exercício de Kibi e Rualovu.

Ultimamente, seus pais começaram a chegar mais tarde em casa, lá pelo início da noite, e quando chegavam, era o tempo deles jantarem, tomarem banho, conversarem um pouco e irem dormir. E durante o dia, eles almoçavam e saiam novamente.

Ou seja, Graco têm pouca interação com eles, pois ele dormia mais pela manhã e quando era noite ele já estava bocejando fortemente. Kibi e Rualovu, eram trazidos por Globrilov para casa quase no fim da tarde, então era com seus irmãos que ele interagiu mais.

Em uma das tardes sozinhas de Graco, ele estava no quarto de seus pais enquanto retomava as novas de seu corpo. Deitado de bruços enquanto conversa com Eztli. Mesmo tendo seu novo quarto, ele ainda se concentrava mais aqui, e como esta atividade requer mais foco, ele voltou para cá somente para se testar com cautela.

'Então você comandou meu corpo no tempo que estive fora? Quanto tempo fiquei inconsciente?' Graco indaga bocejando

'Sim, foi bom estar no seu lugar, e acho que foi umas duas ou três semanas. A passagem do tempo para mim é mais rápida quando estou vivendo em seu corpo'

'Gostou de comer? Você prefere doces ou salgados?'

'Doces, obviamente. Na tribo em que morei, no máximo eram frutas que eu comia. E a culinária de Kalinie e Globrilov é divino'

'Time dos doces então? Mas concordo com você, os bolos que eles fazem é, literalmente, de outro mundo.'

'Certo, Graco. Vamos começar a rever as novidades. Tivemos esta evolução instintiva, mas não vimos nenhum avanço nítido. Devemos começar a explorar o aspecto umbral.'

Dizendo como uma professora mudando para o foco, Eztli diz serenamente.

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'Ok'

Graco, não querendo mais errar como antes, se concentra fechando seus olhos com seriedade e respirando ciclicamente.

O inspirar e expirar da respiração de Graco continua por alguns segundos, ele sente a vinda gélida da energia mundial que é sugada para dentro de seu pequeno corpo e se movimenta por ele, a rota dela termina quando ela enche seu núcleo com um calor confortável.

Casualmente vai surgindo uma fumaça escura cinzenta com cintilações de um branco puro no quarto, ela vai adentrando sorrateiramente na pele de Graco, formando suas ralas escamas pretas e uma tatuagem textual que decora suas costas até os antebraços que, neste momento, progressivamente são enegrecidos por uma tinta abissal e pele áspera, tingindo suas mãos de preto simultaneamente em que afina e alonga seus dedos, moldando-os em garras.

Sua pele ganha um tom pálido doentio, e se torna indiscernível as marcas e unhas de suas mãos agora de cor preto absoluto. O mesmo processo medonho acontece com seus pés, deixando-os totalmente negros.

As pálpebras dos olhos evaporam ao mesmo tempo em que os olhos de Graco ganham a mesma cor de suas mãos, somente uma íris branca imaculada menor que o tamanho de uma gota preenche o olhar abissal. Veias negras e pulsantes saltam de sua pele, serpenteando desde as coxas até o rosto.

Pequenos pêlos e sinais de nascença somem da pele de Graco, sua figura fica mais esguia e magra, irregularidades devido a músculos e gordura desaparecem, fazendo-o liso como uma cobra.

Tudo isso apresenta uma linda e macabra discrepância com as veias e tatuagens que transparecem coabitar harmoniosamente.

As orelhas de Graco se estendem para cima, fazendo sua ponta dobrar levemente para os lados. A gargantilha permanece com o mesmo couro arcaico segurando o minúsculo orbe com a fumaça branca e translúcida dentro que se move como uma chama solene.

A tatuagem do coração permanece intocada por toda a transformação, um espaço de centímetros é deixado livre em torno deste desenho preto e branco.

Uma forma estranha gerada pelo gás dançante se entrelaça em sua pélvis, deixando Graco sem genitália na virilha. Seu cabelo adquire uma tonalidade preta vazia, como se sugasse a luz circundante, e uma aura oscilante sai de sua pele junto a fumaça, deixando sua imagem errática e mal nítida.

Um rabo fino e longo, de cor preta, liso e com uma ponta afiada, cresce e se estica na lombar de Graco, remexendo-se com autoconsciência aparentemente. Pequenos chifres negros e lisos nascem em sua testa, os lábios de Graco são absorvidos por sua pele, assim como sua sobrancelha.

Em sua respiração rítmica de olhos abertos devido ao desaparecimento das pálpebras, é visível que Graco ganha dentes muito brancos e mais pontudos fixados em gengivas pretas.

'Terminou' Eztli diz calmamente após assistir toda a quieta e mansa metamorfose acontecer durante dezenas de segundos.

Já notando as mudanças na transformação, pois a incapacidade de piscar e fechar os olhos permanentemente abertos o deixa com uma sensação estranha. Levando as mãos ao rosto, ele sente com a ponta de suas garras finas que não tem lábios e que seus dentes estão mais triangulares.

Mesmo vestido um pijaminha azul escuro, Graco sente as mudanças diferentes da última transformação em seu corpo. Tudo está mais adaptável e adequado a configuração de seu físico, mais organizado e metódico, mais... perfeito.

'É facilmente perceptível as mudanças. O crescimento e nutrição do seu corpo ao longo dos meses juntamente com nosso desenvolvimento recente deve ser o motivo de originar outras nuances no aspecto umbral.'

'Acho o mesmo ... Sou assexuado nesta forma agora, Eztli ... Não tenho boca, pálpebras ou pelos no corpo. Me sinto mais estranho do que nunca, sinto que sou uma raça diferente do humano.'

'Provavelmente você vai se tornar ainda mais diferente dos humanos quanto mais progredir. Acredito que isso é natural, e esta etapa é somente o início, talvez a transformação anterior era somente a fase embrionária'

Eztli diz seus pensamentos com seriedade, ela observa Graco, e também verifica seu palácio existencial. Suas almas estão coexistindo com a fumaça negra da entidade, elas orbitam uma a outra inofensivamente de forma apaziguadora.

A alma de Graco e da Eztli, antes da ativação do aspecto umbral, elas conviviam sem o gás espreitador da criatura.

A vitalidade de Graco emana preguiçosamente, mas constantemente a aura ondulante e seu núcleo libera para seu físico pulsações de energia mundial acumulada, mas agora corrompida pelo orbe.

O orbe abissal na gargantilha é o principal alimentador da metamorfose, liberando uma energia corrompida e se enraizando no organismo de Graco.

'Consigo me acostumar. Me sinto mais leve e magro também, só este rabo que não consigo controlar. E posso ouvir os barulhos da cozinha agora, legal.'

Tentando abranger seus instintos primitivos, Graco, inesperadamente, para a exalação da aura e fumaça. Já a cauda lisa, simplesmente, fica mais calma.

'Se sente na cama, quero olhar para as frases de suas tatuagens nas costas.'

'ok'

Levantando-se lentamente, Graco fica na posição de lótus na cama. Eztli, em sua forma de vespa, paira em frente as costas dele. Vendo sua coluna protegida por ralas escamas negras, ela vira seu olhar para as tatuagens de letras estranhas.

Graco entra com sua consciência na alma de Eztli para conseguir ver o mesmo que ela, eles ainda não sabem, mas essa fusão de almas deixa seus olhos com um brilho cinza.

Analisando as escritas, eles inicialmente ficam confusos e incertos, porém gradualmente de forma impensada e involuntária, como se fosse natural ou automático, por osmose, o entendimento do conhecimento das frases destas tatuagens entra em seus pensamentos.

As tatuagens soltam um zumbido ruidoso ao tremerem levemente, e permanecem inalteradas.

Um grimório grosso se materializa espontaneamente. Com uma capa de um delgado couro negro áspero e arcaico do mesmo tipo da gargantilha e de páginas cinzentas, sem título, efeito ou som, o grimório passa uma sensação de antiguidade milenar e bizarra.

Os dois, hipnotizados e focados nas tatuagens, não veem a chegada do livro flutuante. Graco só sai deste afinco quando o livro cai em suas mãos, dando uma agulhada de sensação a sua sapiência, e o levando de volta para seu corpo.

'Eztli um livro apareceu a partir do nada' Graco diz enquanto cautelosamente ergue o livro esquisito.

Eztli rapidamente dá uma volta e paira ao lado do rosto de Graco.

'Abra ele. Aquela sensação de clique chegou quase no mesmo momento do surgimento deste livro luxuoso, não é uma coincidência.'

Eztli fala com uma mistura de interesse, prudência, medo e aflição.

Abrindo o livro de tamanho médio ao meio, eles olham com atenção. Não havendo nenhuma ação, Graco vai repassando as páginas vazias, quando chega ao início direito do livro, é encontrado ilustrações de passos de exercícios.

Alguns apresentando rituais, outros procedimentos com pessoas mortas, ou sozinho meditando e girando a energia pelo corpo.

'Talvez este seja nosso dicionário sobre os engenhos de um Reparador' Graco diz serenamente,

'Concordo' Eztli diz suspirando aliviada.

'Alguém está subindo as escadas.' Ela diz apressadamente e alarmada.

O livro se desmancha em uma fumaça negra que é sugada instantaneamente pelo Orbe abissal na gargantilha. Todas as mutações no corpo de Graco se desintegram em cinzas que desaparecem no ar.

Eztli volta para o Orbe e Graco se joga rapidamente de costa na cama e puxa a coberta sobre si. Tudo não dura 10 segundos, o tempo necessário para Yuliya e Kletka abrirem devagar a porta dupla do quarto.

''Olá, meu queridinho''

''Boa tarde, pequeno Ac''

As duas cumprimentam seu filho quase sincronicamente com uma voz amável e afável.

''Oi, mães'' Graco fala sorrindo.