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Sentindo-se desgastado e fraco, Graco acorda de um sono profundo. Seus pensamentos estão lentos e rasos, ele não se lembra o que o deixou debilitado desta forma. O que ele nota, porém, é que está deitado na cama de seus pais.

Sozinho mais uma vez no quarto, Graco consegue sair da letargia do sono após alguns bocejos e esticar seu pequeno corpo. Ele ainda não consegue caminhar, no máximo se rastejar tocando os joelhos e mãos no chão, portanto ele decide permanecer deitado de costas.

'Bom dia, dorminhoco.' Uma voz gentil e feminina ecoa dentro de sua cabeça, fazendo com que Graco se lembre dos momentos antes de ficar inconsciente.

A iluminação o atinge, ele fecha os olhos rapidamente e verifica seu palácio existencial, apenas para não ver o orbe abissal orbitando o espelho esférico e o entrelaçamento com a alma de Eztli, sua fumaça cinza apenas está conectada por um fio esfumaçado que se estende ao infinito da escuridão.

Nervoso com tudo isso e sem conseguir sentir as emoções de sua companheira, Graco se levanta rapidamente da cama e tenta entrar no aspecto umbral. E é cancelado, consequentemente seu corpo recebe um rebote que o faz cair deitado novamente.

'Eztli, você está aí? O que está acontecendo, minha memória esta nebulosa' Chamando com preocupação em sua mente, Graco não recebe as sensações instantâneas dela como antes.

'Se acalme, Graco. Coloque sua mão no pescoço, vá com calma, você está fraco devido a todo o processo'

O tom apologético e doce, deixa-o mais tranquilo. No entanto, não o impede de levar rapidamente a mão direita para tocar a garganta.

Esperando que seus dedos toquem o típico pescoço fofo de uma criança, Graco encontra a sensação de passar os dedos por uma bolinha redonda presa a uma gargantilha de couro áspera e desgastada.

'O que é isso? Parece um vidro liso e redondo, e por que está ali?'

Graco pergunta com tranquilidade, contudo se surpreende ao sentir a duplicidade de emoções que normalizou, as dele e a de Eztli. Ele sentia que faltava um pedaço dele ao não sentir as emoções dela.

'Com saudades, Ac? É uma longa história que deve ser contada, mas essa coisa redonda aí é o orbe abissal.'

Eztli diz inicialmente com afeto e ironia, mas posteriormente suas palavras trazem sua clássica seriedade ao ensinar Graco.

'Você consegue sentir, óbvio que sim ... O que ocorreu enquanto eu estava desacordado?'

Graco não sente vergonha ao falar o que sente, mesmo se não tivesse coexistência emocional com Eztli, porém isso obriga Eztli a digerir o sentimento para continuar sua explicação metódica.

'Primeiramente ... Obrigado, Graco, você fez muito por mim em seu ato anterior.'

'O que houve foi o seguinte, agora conseguimos controlar o poder da entidade agora e moldamos a nossa existência. Antes o que era a dominância dela sobre nós, é mais uma coabitação que podemos mandar. Ela ainda tem influência, ainda mais em nossos momentos de fragilidade, mas muito menos potente.'

'Ok ... , me explique magicamente agora'

'O poder da entidade se tornou um utensílio, um artefato material, um objeto externo, como uma ferramenta depois que invadimos com nossas almas o orbe abissal, e você está se sentindo definhando porque seu espelho esférico utilizou muita vitalidade para sustentar a luta pelo dominância no seu corpo .

A infecção da escuridão não é mais uma condição da alma, ele não está ligado diretamente a sua alma, espelho esférico e núcleo de energia mundial. Nossas almas ainda estão coexistindo com a entidade como qualquer reparador, mas não somos sua futura marionete.'

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'Minha alma ainda é conectada a sua alma, Graco, mas somente é ativada quando me manifesto em seu pescoço ... '

'Espera, você quer dizer que agora você é parte deste orbe?'

'Sim, teoricamente não tem mais perigo do que nossa antiga condição, Graco. Eu sou este acessório agora, mas tenho mais liberdade do que antes. Veja isso ...'

Abruptamente, uma fumaça negra cinzenta com poucas escoriações brancas sai lentamente do orbe, Graco assistiu com um olhar cético todo o gás diante de seu queixo. Deslumbrado ele se torna quando toda a fumaça se concentra densamente em seu peito para formar uma vespa.

A vespa voa para pousar em sua bochecha e sai rapidamente dela para pousar nas cobertas da cama, Graco segue toda a ação com os olhos, e deita-se de lado para continuar observando a feitiçaria exótica.

'Este é você, Eztli? Maravilhoso'

Graco comenta impressionado e extasiado com todo a apresentação, involuntariamente ele ignora as faíscas de sentimentos que Eztli gerou ao pousar em sua bochecha, que eram de um agradecimento e um juramento carregado de um brando rubor calorento de um tenro flerte.

Não decepcionada com a desatenção de Graco e sentindo-se jovial por ter conseguido agradar de sua maneira, ademais de estar feliz e entusiasmada com a empatia e saber que Graco se importa muito com ela, a faz despreocupada e alegre além de suas crenças comuns.

'Sim, agora eu posso me movimentar dessa maneira, acredito que quanto mais poder umbral você tiver, terei cada vez mais uma forma maior.'

'Nosso poder. Você está bem? Não se mascare mais daquele jeito, por favor. Quero cuidar de você também, Eztli, estamos nessa juntos.'

Graco a pede com preocupação, e ela retribui o demonstrando de forma crua suas emoções e sentimentos. Graco é atingido pelo calor suave do amor philia e pragma denominados pelos Gregos.

Os dois se regozijam no estado emocional um do outro, entendo melhor um ao outro e repassando da forma mais genuína possível sua honestidade. As ações recentes colocaram todas as cartas na mesa, Eztli alcançou uma redenção de seus próprios medos.

Ela não está mais sozinha, sua circunstância que antes ela considerava uma oportunidade conveniente, agora é uma que ela não podia querer outra. Ela tem alguém que sofreu como ela, a entende, retribui, se importa com ela, gosta de sua presença e ainda quer ajudá-la.

A relação utilitária dos dois foi varrida e espancada, atualmente eles se importam além dos objetivos, querem a satisfação pessoal um do outro. O bem- estar mútuo e parceria incondicional, juntamente com a felicidade de ambos, se tornou o novo fundamento deste edifício, as vigas se transformaram seus propósitos.

'Nosso progresso aconteceu instintivamente e devido a nossos desejos mais fortes, agora a fumaça umbral meio que se fundiu com a essência de nossas almas. Ela não é mais uma destruição desenfreada automaticamente, conseguimos controlar a escala de sua violência.'

Um pouco constrangida, Eztli sai fora daquele transe sentimental com sua explicação.

'Entendo ... mas por que uma gargantilha de couro negro, você escolheu?' Graco expressa uma curiosidade brincalhona

'Não escolhi, na verdade preferiria um pingente. Tudo relacionado à entidade é muito subjetivo, posso inferir que é um aviso dela. Talvez possa ser uma mensagem de que estamos com as rédeas agora, mas ainda somos parcialmente presos ou dependentes de seu poder, algo assim.'

'Ela é sarcástica, sempre traiçoeira e rancorosa. Que combinação em?'

'Sim, bem é uma criatura louca. Seguindo com a aula, pequeno Ac.'

'Certo, professora.'

Os dois riem de sua brincadeira, mas notam tarde, que a vespa produz um som riscado de uma risada. Atônitos, eles param a ação e um silêncio engraçado cai na conversa.

'Você produz barulho, Eztli. Podemos no futuro nos comunicar vocalmente.'

'Sim'

A vespa pousa no nariz de Graco, e o abraça com as patinhas de fumaça. Isso causa uma cócega leve em Graco, fazendo-o rir levemente.

Graco suspira fortemente, e diz com tristeza e pesar.

'Ainda bem que deu certo, fiquei muito nervoso e triste com seu estado, Eztli. Me desculpe por notar tarde, sou muito egocêntrico e focado no progresso às custa da integridade própria e dos outros ... Sinto muito, Eztli.'

'Eu agradeço e te perdoo. Esta nova capacidade não é algo que pensamos, é fruto do que você mais queria para mim: felicidade. Obrigada, Graco, você não tem noção do valor disso para mim.'

Os dois ficam ali, parados e sentindo a paz um com o outro por alguns minutos até às perguntas de Graco retomarem.

'E como faço para esconder esta gargantilha? A família irá ver isso, e não existe explicação racional que não cause preocupação para isso.'

'Sua pele absorve isso. Ah, me lembrei de um detalhe! Agora o seu aspecto umbral se desintegra em cinzas que saem ao vento, sua pele não o absorve mais, e ele é gerado por uma fumaça negra cinzenta trazida no ar. Em algumas vezes enquanto você dormia, você entrava subitamente no aspecto umbral e saía dele rapidamente.'

'Alguém notou algo? Todo este processo não deve ter sido calmo'

'Eu também estava inconsciente naquela época, os únicos na mansão eram Glob, Kalinie e Moíah. Mas eles não viram nada, pois teria ocorreria repercussões na família se tivessem.'

'Ainda bem. Mudou alguma coisa no aspecto umbral?'

'Suas tatuagens estão organizadas em frases em um idioma indecifrável, mas agora sinto que se tentarmos ler ou entender, teremos resultados além da incompreensão.'

'Quando eu estiver disposto vamos começar isso. Mais alguma coisa?'

'Agora eu consigo dormir, não sei o porquê exatamente, mas como agora minha alma é este orbe, assim sendo, estou conectada com sua vitalidade e núcleo. Talvez você coma mais a partir de agora.

E você tem uma tatuagem preta e branca da anatomia de um coração em seu pescoço, coincidentemente ela está localizada em cima de sua artéria carótida. E não tenho ideia da causa, não tenho como a esconder e ela é bem bonita na verdade.'

'Você está brincando, né? Alguém viu?'

'O primeiro a ver foi Kletka, ela ficou encantada como se tivesse encontrado diamante e logo contou para os outros, eles ficaram com expressões de descrença. Não compreendo, mas acredito ser uma tradição, mas quando todos estavam reunidos, ela beijou sua tatuagem, Kibi suas bochechas e Rualovu sua testa. Yuliya orou baixo durante o tempo dos beijos e chamou isso de Sinecura.'

'É algo bom então. Se eles tiverem reações positivas, deve ser algo benéfico. Vou perguntar mais às mães sobre estas culturas.'

'Concordo, seu pai deu até um abraço de urso em Moíah e Globrilov, Kalinie fez o mesmo com as crianças. Suas duas mães se abraçaram também, foi uma cena linda.'

'Concordo.'

Graco assiste a cena na memória de Eztli, e imita o tom explicativo do característico 'Concordo' dela. Isso gera mais anedotas e risadas na conversa casual dos dois.