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O GRANDE AVENON

Não sou pessoa ou homem, nem mesmo anjo ou demônio. Sou apenas... vida.

- Onde pensa que vai, menino? – bloqueou o anjo.

- Seguir meu caminho – falou o ellos. – E, quanto a ser menino, sim, eu sou bem jovem, mas parece que sou menos infantil que você, que fica brincando de chatear os outros pelo caminho.

- Ah, uma criança metida a velha. Mas, em todo o caso, seu caminho não é por aqui. Por que não dá a volta?

O ellos examinou o anjo. Deu um pequeno sorriso, observando a trilha. Então, sem qualquer palavra, deu um passo fora do caminho, disposto a seguir o conselho do anjo e contornar a posição que ele parecia guardar.

- Por aqui também não – falou o anjo, bloqueando também esse caminho para o ellos.

O ellos suspirou audivelmente, o olhar tranquilo examinando os olhos verde esmeraldas do anjo.

- Não quero briga, não quero disputa. Quero apenas seguir meu caminho.

- Eu sei que quer, só que o caminho que escolheu não me agrada. Sei o que você é...

- Pois eu sei o que você é e nem por isso fico incomodado – falou, a voz ainda tranquila.

- Isso não tem qualquer importância aqui – riu.

O ellos suspirou pesado, espetando no chão sua lança. Então deixou seu peso todo na perna direita, os olhos espiando os modos do outro.

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- Como as coisas são, não é mesmo? Se a gente é firme na defesa do que somos, nos chamam de arrogante e convencido – falou, enquanto via divertido o anjo girar a espada na mão. – Se a gente tenta evitar qualquer briga nos julgam fracos, e ficam arrogantes e confiantes, achando que podem nos submeter. Qual é o modo correto de se colocar à frente de alguém que não respeita a vida, mesmo que só por respeitar?

- Eu acho que você deveria se matar, aí eu não te tocaria – riu o anjo satisfeito.

- Sabe? Não, isso não é bom para mim – falou sacando duas espadas curtas das costas. – Eu sempre acredito em chances. Meu jeito, sabe? Quer repensar e ir embora?

O anjo o olhou estupefato, mal acreditando na prepotência daquela pessoa.

- Eu, ir embora? Repensar? O medo te deixou louco? Você ouviu bem o que disse? - riu à brida.

Em paz o ellos ficou aguardando, esperando que o surto terminasse.

- Mas claro que sim. Sabe, a vida é um dom. Você deveria dar valor e honrar o que lhe foi dado pelo Trovão.

- Você, realmente, está definitivamente louco. Então, se prepare para sumir.

- Sério... Eu te aconselho a...

Ainda tinha as palavras no pensamento quando o anjo avançou e atacou, a espada bailando para a direita e esquerda, tentando desarmá-lo. Com uma agilidade fenomenal o ellos se desviava, parecendo voar e flutuar em torno do anjo.

- Ora, um nefelin diferente[1]? – debochou o anjo, se pondo alguns passos longe dele, estudando-o com mais intensidade.

- Ora, um caído? – debochou o ellos por sua vez. – Uma pena, de verdade.

- Medo? – saboreou o vigilante.

- Não! Eu ia dizer que é uma pena que tudo aqui poderia ter acabado sem morte, por que essa possibilidade não existe mais.

- Ora, o coitadinho do nefelin...

O caído bem que tentou levantar a espada assim que viu que o nefelin ia se mover, mas a rapidez foi tamanha que foi pego de surpresa.

Ainda caia quando ouviu o nefelin sacar a lança do chão e soltar um grunhido satisfeito para dentro da floresta, dentro da qual se afundou.

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[1] Essa foi uma das primeiras aparições de um nefelin de uma manira-ellos com um anaquera. Esse nefelin, mais tarde, seria muito honrado pelos seus e por muitos anjos. Sua fama se espalharia a partir da guerra de extermínio entre homens e pessoas. Esse nefelin em especial lutou entre os homens, e seu nome é Avenon.