Eu estive ali, preso naquela ilusão, me achando protegido nela. Como é estranho descobrir que eu sempre estive exposto e enganado.
Lázarus desceu bem no meio do grupo, que o observou com estranheza.
Desceu em paz e em silêncio.
Eram quase sessenta daqueles seres, pessoas das mais diversas espécies, que pareciam caminhar como um grupo coeso, como se estivessem se afastando apressadamente de algo.
Assim que tocou o solo eles pararam e o cercaram. Estavam curiosos. Após um exame relaxaram, os olhos se perguntando o que aquele anjo poderia querer com eles.
Em silêncio Lázarus os observou, até que identificou uma família onde a energia da vigilante estava mais presente.
Eram seres, pessoas de grande poder, identificou. O macho era um ellos grande e de modos ágeis, que o observava atentamente. Ele estava acompanhado de uma flor-do-fogo e de uma pequena menina. Era uma família, viu que se tratava disso.
Observando a eles mais atentamente, e a outros, notou ferimentos recentes, sinais de batalhas duras, com exceção da menina.
O ellos, notando que era alvo de atenção por parte dele, se aproximou, a interrogação em seu rosto.
- O que procura, anjo?
Lázarus inspirou profundamente o ar da floresta, e os receios daqueles seres. Havia um brilho diferente neles, e se sentiu bem com eles.
- Eu procuro por uma vigilante – falou, sondando os lados.
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- Uma vigilante? Ah sim, uma que já foi demiana – sorriu se desculpando. – Me confundo às vezes. Em todo o caso, por que acha que sabemos dela? – ele quis saber, intrigado, sob o olhar atento e curioso dos outros.
- Sinto a energia dela aqui, sinto a energia dela principalmente em vocês, e mais ainda sinto-a na menina – falou, notando um ar de confusão no rosto do ser. Passou os olhos pelos seus ferimentos, que pareciam ter sofrido algum tipo de cura, bem como da mulher que se mantinha a alguma distância. Olhou a menina que estava ao lado da mulher, e viu que a energia da vigilante não estava nela por algum ferimento, mas apenas por afinidade.
Sorriu.
- Mas, não há ninguém mais aqui conosco. Somos caminhantes, e estamos seguindo nosso caminho - falou.
Lázarus ficou confuso.
Sondou o lugar, e ele estava limpo. A vigilante não estivera naquele lugar, conferiu. Mas, era mais do que claro que podia sentir que a energia dela era forte ali, naquelas pessoas. Tinha certeza de que ela estivera com eles.
Foi nesse momento que sentiu algo diferente no ar. Devagar se concentrou, e então viu o que acontecia.
A vigilante não estivera naquele lugar, mas o que sentia naquelas pessoas lhe dizia que havia algo como algum tipo de caçada.
- Sei que a encontraram, que estiveram com ela. Não sou inimigo dela. Meu nome é Lázarus, e sou amigo dela. Ela está sendo caçada e eu preciso ajudá-la.
- Ela não está sendo caçada – ouviu uma voz se aproximando pelo seu lado. – É ela quem está caçando. Eles foram para longe de nós – revelou a mulher se aproximando trazendo a menina pela mão.
- Quem os atacou? – perguntou para a flor-do-fogo.
- Vigilantes, na forma de humanos e mantos – informou o ellos. – Nós fomos feitos prisioneiros, mas escapamos e fomos perseguidos. Ela apareceu do nada e nos ajudou.
Lázarus os observou e sorriu ao notar que agora havia confiança neles, em todos eles.
- Eles queriam nos pegar – contou a menina. – Ela foi para aqueles lados – mostrou ela, apontando para o sudoeste.
- Entendo... Vão, vocês têm que ir embora – falou tomado de urgência. – Eu vou achá-la. Vão - urgenciou. – Se afastem desses lugares, porque eles não estão mais seguros – falou, desfraldando as asas.
- Meu nome é Ánacle, e sou devedor dela – falou o ellos. – Encontre-a e diga que vamos cuidar bem da amiga.
- Amiga? – estranhou Lázarus, olhando-o confuso.
– Apenas diga isso a ela, que ela vai entender - falou, vendo o anjo se impulsionar violentamente para o céu, onde rapidamente desapareceu no sudoeste.