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Do outro lado do Rio (PT-BR)
23/09/1374 - Carta 5

23/09/1374 - Carta 5

Em plena luz do dia, o Escolhido havia fugido com Hjaava, Mael e Camie sem deixar rastro algum. Não havia mais nada que Yirgan poderia me oferecer, pelo menos não nesse momento da história. Felizmente, eu ainda não estava em um beco sem saída. Se não sabia para onde o Escolhido tinha ido, poderia descobrir de onde tinha chegado. E essa informação, surpreendentemente, não foi difícil de encontrar. Afinal, quando uma vila remota em um reino marginalizado ganha notoriedade por ter sido “a primeira aparição formal do Escolhido”, todos os moradores querem que você conheça a história de cabo a rabo. Por outro lado, isso também é um problema: a quantidade de relatos absurdos e mentirosos é escabrosa. Esse foi o caso de Polireti, uma pequena vila pecuária no coração da floresta de Yirgan.

Seguindo meus princípios, mantive uma mente aberta enquanto escutava relatos de várias pessoas na cidade grande. Não diria que foi perda de tempo, mas só seria possível chegar próximo à verdade indo até o local. E fui, um dia a cavalo, a Polireti.

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Dessa vez, foi impossível contemplar toda a complexidade dessa história com um único ponto de vista, tal como fiz uniformemente com Isbe e Milo. Fiquei uma boa tarde andando de um lado a outro na Praça das Fontes, aqui em Cahgri, para tentar absorver a grandiosidade desse episódio. Sem dúvida, o Escolhido estava lá em missão. Qualquer outra pessoa, fazendo o que ele fez, me faria pensar dela louca ou senil — deslocada, como dizem os poetas. De fato, aquele foi o primeiro contato real que o Escolhido chegou a ter com a magia do nosso mundo. Nos ponhamos, então, no lugar daquele homem.

Esquecer de tudo que entendo de magia e encantamentos foi uma tarefa árdua para mim, como sei que será para muitos. Façam um esforço para não dizer: “Ele deveria ter feito desse ou daquele jeito!” Porque se algum dia também nós acordarmos e virmos que rosas, na verdade, são vermelhas e que violetas, na verdade, são azuis, nossa percepção da realidade seria inteiramente desmantelada.