Paz,
Como havia lhe comunicado da última vez — espero que tenha recebido minhas cartas — decidi finalmente organizar todos os meus diários de viagem e compilá-los naquilo que espero vir a ser minha magnum opus. Peço que não se assuste com o volume de cartas e pergaminhos, afinal esse é o fruto de um trabalho contínuo de dois anos. Muito do que não pude comentar em nossas correspondências passadas — por falta de papel e tinta — foi destrinchado e espremido até os menores detalhes.
Ah, como sentia falta de uma cidade grande! Fiquei essas últimas semanas na Estalagem Corvo Branco, em Cahgri — uma boa bebida e uma boa cama são tudo que preciso. Os copistas já terminaram o primeiro manuscrito a partir do original e farão ainda outra cópia. Não poderei ficar mais um dia nessa cidade, infelizmente, amanhã ao cantar do galo buscarei meu original na guilda e partirei para Sçofran. Contudo, tenho plena fé no reitor da guilda — este me assegurou com seu próprio nome e honra — de que as duas cópias serão enviadas de posto seguro a posto seguro com corcéis campeões, defasadas em dois dias. Espero que a segunda cópia chegue em breve nas suas mãos, mas guarde essa como se a primeira tivesse se perdido no caminho. Sem mais delongas, escrevo minhas considerações iniciais.
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