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Do outro lado do Rio (PT-BR)
23/09/1374 - Carta 12

23/09/1374 - Carta 12

Agora, sim, eu estava em um beco sem saída. Yirgan me levou a Polireti, que me levaria de volta a Yirgan. Diferente do que fiz anteriormente, não era possível saber onde o homem havia estado antes de aparecer em Polireti naquela noite de Inverno. Então, para onde ir? Para mim, a resposta era óbvia. Minha próxima parada era Dinaev, no coração de Mwonter.

Todos conhecem Dinaev — as belas moças, os campeonatos de luta, a transparência da água dos rios e as magníficas pontes de aço ligando os arcos… Mas essa é a Dinaev de hoje em dia. Naquela época, a cidade era mais fétida que os becos do submundo. Posicionada perfeitamente no vale de encontro das três grandes cadeias montanhosas de Mwonter — os gigantes Alamor, Piamor e Beramor — a cidade era literalmente um prato cheio. Receio ter virado razão de chacota o fato de Dinaev ter sido dominada por todas as nações de vocação bélica, ainda que por brevíssimo tempo como foi o caso dos habitantes de Miurim e de Rasavso.

No Verão de 1339, um ano após os acontecimentos de Yirgan, Dinaev estava sob o comando de Lerel, o Sanguinário. Após terem sido recuados do Norte, os povos Redium conseguiram manter-se firmes naquele ponto estratégico. Quando perceberam que ataques frontais acarretavam em mais perdas do que ganhos, preferiram cortar o abastecimento das capitais inimigas controlando o comércio pelas principais estradas que passavam pelo vale.

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A genialidade estratégica de Lerel era inquestionável. Seu nome e sua alcunha tinham um peso enorme — para seus adversários e aliados igualmente. O medo instaurado foi o que lhe permitiu governar de Dinaev por mais tempo do que todos os que vieram antes, mas também foi a razão de sua queda mais para frente.

O Escolhido passou pelo menos duas vezes por Dinaev, sendo que apenas a primeira é de amplo conhecimento. Tanto que saí de lá contente comigo mesmo, pensando em como havia aprimorado minhas habilidades jornalísticas nos últimos meses. Minha vontade era começar a escrever logo ali — ainda bem que minha paciência solapa meus anseios impulsivos na maioria das vezes.

Os relatos da viagem do Escolhido, passando por Ghisel, para Cahgri são muito confiáveis, por isso não vejo a necessidade de fazer preâmbulos como esse para os próximos relatos.