A roda do tempo iniciado movimento, vidas, fazendo acontecer seu destino. Como se acorda um deus?
UE
Nem sempre o mundo consciente foi povoado pelos entes, também chamado de pessoas, e pelos homens, inteligentes e não conscientes, sem qualquer poder especial, arguta inteligência.
O mundo não é novo, já passou por muitas eras [1] e por muitas mais ainda irá passar. Contem os olhos e os olhos dos urântianos, com o mundo dos espíritos, que sete grandes eras já passarão, e passarão também, como as águas atuais de um rio passarão. Quando as pessoas começarem a deixar esse mundo em direção a Manita, o reino de cima, a nona era, a era profetizada como a era dos homens, terá início. E esse fim e início, tal como aconteceu com todas as outras anunciadas anteriores, será marcada por uma crise violenta que significará todas as pessoas vivas.
Sobre a história das eras, apesar da grande variedade de pessoas e da vastidão de seus números, há quase um consenso em Urântia [2] , inclusive entre os homens que, há algumas diferenças entre as versões, ao fim elas são poucas, e muitas vezes nos nomes das eras ou qual raça forjou apenas o herói que determinou os rumores das eras seguintes.
Antes da luz havia apenas um vazio indescritível, o nada. O nada era calmo e tranquilo, apenas existindo, sendo tudo em si mesmo. Não havia luzes, planetas ou meteoros, nem bem nem mal; Havia vida, nem mesmo a escuridão ou não a sua ausência.
Mas então o nada, que sempre soube de si mesmo mas não se reconhecia, tomou consciência e, tomando consciência, passou a existir e se chamou por vários nomes. Mas a consciência é alcançada quando não é única, porque, sendo única, não consegue se perceber como tal. Sendo como era, um deus, se partiu em mais duas consciências e se fez três faces proeminentes. A face feminina se chamou de deusa Lua, ou Iraci; a face masculina de deus Sol, ou Inti, e o pai de todos, a fonte, o primordial, foi chamado pelos outros de Tupã, o deus Trovão, ou apenas o UM. Assim é que uma toma consciência da outra e se descobre e se vê consciente, luz em negro vazio.
Conscientes, os deuses acenderam do profundo negror por temerem a não existência e por amarem a luz que Tupã acabara de externar e de se tornar, e se puseram a cantar e a preencher o vazio onde viviam e que eram eles, com variados universos, galáxias e sóis e mundos, e a enchê-los de vida que, como esporos, lançavam com amor aos campos que faziam surgir. Foi assim que Tupã, Inti e Iraci, trinos e unos, passaram a ser um deus criador, sob a personalidade única de Tupã.
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Eons se passaram até que Tupã se viu intranquilo e seu ânimo diminuiu. E foi essa intranquilidade experimentada que marcou o fim da primeira era, que foi chamada de “a era da Consciência”, ou “a era do Despertar” ou, simplesmente, “a era do começo das eras”, que durou 6,3 eons.
II
Intranquilo, Tupã parou de construir sóis e planetas e de enchê-los de vida. Sentia, por todo seu espírito, que faltava algo a tudo o que criara, como sentia que poderia continuar a criar sem descanso que sua amargura crescente não teria fim. Sentia necessidade de algo mais, de algo que pudesse evitar que sua consciência resvalasse perigosamente para a não consciência, para o temível esquecer, adormecer e trazer de volta tudo o que externara na criação, e reiniciar.
Tomado de paz aspergiu o multiverso criado com partículas suas, que detinham a capacidade de também se subdividirem indefinidamente. Só que estas não eram partículas de simples vida, mas de vida que tinha consciência de si mesma e das outras vidas, que chamou de indivíduos. E com ela criou então anjos, não se importando que esses anjos e os próprios indivíduos, suas consciências, experimentassem um distanciamento maior de si, criando assim a escuridão e alguns, se afundando nela, se chamassem de demônios, porque ele acreditava que assim haveria equilíbrio. Por um tempo ficou satisfeito, até que viu que havia disputas entre as suas criações. Com tristeza viu que não havia equilíbrio porque era ele que não estava equilibrado. Observando-os aguardou, esperançoso de que seus receios fossem infundados. Os anos se foram, que se foram em séculos e milênios e eons, até que seus temores foram confirmados: uma guerra brutal e extremamente cruel entre os anjos e os demônios explodiu.
Desejoso de entender o que acontecia experimentou sua criação, em anjo e demônio se fazendo. Como criatura sentiu a individualidade, e com ela o amor e o ódio, a inconstância imensa e a terrível agonia do abandono, a criação e a destruição. Então chorou, como só um deus sabe chorar. Pensativo recuou, percebendo que era próprio da energia criadora construir, experimentar, buscar novas formas, testar caminhos e trilhos, adorar o novo, apesar de ser doloroso demais em muitos momentos, porque a inovação, o novo, sempre cria e se alimenta da dúvida, medo e resistência.
Sorriu compadecido de seus filhos.
Em silêncio, então, ficou aguardando que a consciência que submetera aos anjos e aos demônios lhes cobrassem o que faziam, e os colocassem longe da destruição.
Assim, a cada novo dia criado sondava suas criaturas, esperançoso de que acordassem e vissem suas ações, e delas se envergonhassem. Pacientemente aguardava, mantendo o doloroso silêncio.
Então a guerra, que já durava milhares de anos, finalmente terminou quando os dois maiores e mais poderosos demônios, Trevas e Escuridão, foram aprisionados num grande lago com o formato de um jaguar, no alto de uma gigantesca cadeia de montanhas de um planeta recém-criado pelos Elohins, que chamaram de Aden, que posteriormente seria conhecido por Urântia.
Dizem os antigos que Tupã se cansara de esperar e interviera, ou mesmo que enviara seus anjos mais poderosos para pôr um fim na terrível guerra, o que não se mostrou verdade, tampouco mentira. A única certeza era da dor que a guerra causava no deus Trovão, porque ele amava todas as suas criaturas, tanto que até mesmo aceitava de bom grado a dor para que evoluíssem, respeitando suas vontades.
Mas o deus Trovão estava tão chocado com a destruição e com as coisas terríveis que vira suas criações serem capazes de fazer que se retirou do multiverso, o que marcou o fim da segunda era, que foi chamada de “a era dos caídos”, ou “a era da primeira guerra demoníaca”, que durou 3,2 eons.
III
Assustado e novamentedo tudo ficou em silêncio, esperando, clamando pelo deus Trovão, até que, num momento distante ele retornou, vendo. Foi tão forte sua ausência que, embora relativamente calma, como uma era identificada foi. Assim, com seu retorno, “ a era da escuridão e da incerteza ”, a terceira era, havia passado, com duração de 1,9 eon.
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[1] (*)
[2] (*)