— "E aí, já faz alguns meses!" — disse Himitsu, saindo da base acompanhada pelos líderes.
O homem na gaiola parou de se debater por um instante, mas logo recomeçou, desta vez lançando olhares inquietos para o Mini Ghoul pousado no alto da base.
— "Aquele pequenino está do nosso lado. Nem pense em atacá-lo!" — alertou Himitsu, cruzando os braços com um olhar sério.
— "Prenderam ele com camisa de força? Sério isso?" — perguntou Yan, tentando processar a cena enquanto se aproximavam.
Os líderes cercaram a gaiola, observando o homem preso e seu comportamento peculiar.
— "Entendi... Parece que seus 'brinquedinhos' novos não agradaram o capitão." — disse Himitsu, avaliando a gaiola e o prisioneiro.
O Ultra tentou falar, mas sua boca estava coberta por uma mordaça.
— "Aqui fora não é seguro. Vamos conversar lá dentro... E nem pense em me tocar ou eu te mato!" — avisou Himitsu, abrindo a gaiola.
O homem saiu lentamente, movendo os ombros como se se espreguiçasse. Ryuji aproximou-se e retirou a camisa de força que o prendia, libertando-o. O Ultra, então, voltou para dentro da gaiola, pegou duas espadas presas nas laterais e as segurou firmemente.
— "Ele ia me expulsar só porque achei os 'brinquedinhos' interessantes. O capitão realmente não tem senso de humor!" — disse Ultra com um sorriso travesso, balançando as espadas.
Himitsu o encarou com frieza.
— "Se tentar me tocar, eu te mato."
Ultra sorriu ainda mais, inclinando-se dramaticamente aos pés dela:
— "Já faz dois anos, amor!"
— "Amor, o escambal! Agora sai da frente pra gente pegar essas armas." — Himitsu bufou, passando por ele sem lhe dar atenção.
— "Sim, senhora!" — respondeu Ultra, batendo continência com um sorriso exagerado.
Himitsu pegou duas malas enquanto Joana carregava outras duas, e ambas retornaram para dentro da base acompanhadas pelos líderes.
Dentro da base, Mira aguardava ao lado de um grupo de soldados e cientistas. Assim que os viu entrar, ela se adiantou com um sorriso formal:
— "Bem-vindo, Ultra. É um prazer conhecê-lo. Eu sou Mira, capitã desta divisão."
Ultra observou os rostos ao redor, seus olhos passando por soldados, civis, cientistas e até o Mini Ghoul. Então, ele soltou uma risada sarcástica:
— "Soldados, civis, cientistas, civis, soldados, cientistas... e um Ghoul?! Vocês estão mesmo ferrados!"
— "Fica quieto!" — cortou Himitsu, lançando-lhe um olhar de advertência.
Ultra se esforçou para conter a risada, mordendo os lábios.
— "Vai nos ajudar contra os Ghouls?" — perguntou Mira, tentando ignorar o comportamento excêntrico.
Ultra cruzou os braços e, com um tom cheio de desprezo fingido, respondeu:
— "Eu tô fora!"
O silêncio caiu por um instante. Todos o encararam, incrédulos, enquanto Himitsu suspirava pesadamente.
— "Tem alguns Ghouls que são mais fortes que nós." — disse Himitsu, cruzando os braços com um semblante sério.
— "Mais fortes que você? Quem é o verme que ousa fazer você dizer isso?" — respondeu Ultra, com os olhos brilhando de irritação e o tom quase desafiador.
— "Os generais... e o Monarca. Ajude-nos a eliminá-los!" — exigiu Himitsu, encarando-o diretamente.
Ultra inclinou a cabeça, esboçando um sorriso provocador.
— "Tudo bem... mas o que eu ganho com isso?"
— "Vai cobrar, maldito?!" — gritou Himitsu, o rosto se contorcendo de raiva.
— "Eu não tô mais sob sua liderança, lembra? E, sinceramente, foi horrível da sua parte largar o esquadrão daquele jeito. Além disso, essa luta é da Sexta Divisão, não minha."
Himitsu estreitou os olhos, claramente irritada.
— "Então vou chamar o Julius..."
Antes que ela terminasse, Ultra interrompeu com um brilho nos olhos e um sorriso cheio de intenção:
Stolen novel; please report.
— "Um encontro! Vamos a um encontro quando esses Ghouls estiverem mortos!"
Himitsu suspirou e balançou a cabeça, exasperada.
— "Tudo bem. Temos um acordo."
Ultra ergueu o punho em comemoração, mas logo se virou para Mira, assumindo uma postura formal exagerada.
— "Capitã Mira, eu, Ultra, estarei sob seus cuidados até que esses Ghouls sejam eliminados!"
Mira tentou esconder o sorriso, mas manteve a compostura.
— "Você chegou a ver algum dos generais?" — perguntou ela, curiosa.
— "Desde que a líder foi embora, eu estava na Sala Branca."
Mira franziu o cenho, confusa com o termo.
— "Ele estava preso." — explicou Himitsu, com um tom seco e direto.
— "Entendo... É um prazer tê-lo aqui, Ultra! Vamos passar todas as informações que temos sobre os Ghouls e..."
— "Não!" — cortou Ultra abruptamente, levantando a mão. — "Eu não me animo se não vejo por mim mesmo!"
Mira olhou para Himitsu, ligeiramente desconcertada, mas a líder apenas deu de ombros.
— "É melhor assim."
Mira voltou sua atenção para Ultra, com um ar mais sério.
— "Bom, tem um general que você não pode enfrentar. Se ele for ferido, libera um veneno que pode matar todos ao redor, sem exceção."
Ultra deu uma risada breve e confiante.
— "Me mostra esse Ghoul e eu ficarei longe dele. Por enquanto."
— "Me dá uma ajuda aqui, Lavel!" — disse Mira, pegando o celular com pressa.
Na tela do aparelho, uma gravação mostrava o Monarca em uma reunião sombria com seus generais.
— "É esse aqui que não pode ser atacado." — explicou Mira, apontando para o General Caído, destacando a figura imponente e venenosa no vídeo.
Ultra observou atentamente por alguns segundos antes de dar de ombros com um sorriso desafiador.
— "Entendi! Bora caçar os outros, então!"
— "Não vai dar." — interrompeu Himitsu, cruzando os braços com um semblante sério. — "Ativamos recentemente a quebra de limite, e nossos trajes estão sendo reparados agora."
Ultra bufou, claramente frustrado.
— "Mas que coisa! Sem ação por enquanto, hein? Tá bom, qual vai ser o meu quarto?"
— "Eu te mostro o caminho." — disse Yan, saindo da sala e acenando para Ultra o seguir.
Ultra seguiu Yan pelos corredores da base, examinando cada canto com curiosidade.
— "Não podemos depender do Ultra." — disse Himitsu, com firmeza. — "Ele é forte, mas imprevisível. Sempre temos que traçar um plano que funcione com ou sem ele."
A cena muda novamente.
— "Mini Ghoul, vem comer!" — chamou Mira, no pátio
O pequeno ghoul pousou na frente dela.
— "O que é aquilo ali?" — exclamou Ultra, franzindo o cenho enquanto observava os dois.
— "Nem pergunta." — respondeu Himitsu, balançando a cabeça com cansaço.
— "Já faz uma semana que estou aqui. Quando vamos atacar os ghouls?" — perguntou Ultra, impaciente pelo o encontro
— "Não tem o que fazer ainda." — respondeu Himitsu com um tom seco. — "Os trajes ainda estão sendo reparados."
— "Falando nisso..." — interrompeu Fernanda, entrando na conversa com um leve sorriso. — "Os trajes já foram reparados. Como não estavam tão danificados, só precisávamos trocar as placas e fazer com que absorvessem... sei lá o que dos ghouls."
Ultra se levantou abruptamente, animado.
— "Finalmente, vamos ter alguma ação!"
— "Só senta e toma seu café quieto." — disparou Himitsu, lançando um olhar mortal para ele.
— "Tá, tá..." — respondeu Ultra, levantando as mãos em rendição e voltando a sentar. — "Mas eu estava pensando... Vocês disseram que antes havia vários ghouls dentro do reino, mas agora não tem nenhum. Por outro lado, do lado de fora das muralhas, está cheio deles e nem estão tão longe assim. Parece uma boa oportunidade para vocês irem... sei lá, aonde quer que precisem ir!"
Ravena cruzou os braços, refletindo sobre o que ele disse.
— "De fato, os ghouls não entraram na muralha essa semana, mas não sabemos o motivo disso." — acrescentou Rem, inclinando-se sobre a mesa.
— "Vocês, de certa forma, cumpriram os requisitos do Monarca, mesmo que brevemente." — interrompeu Lavel, a voz surgindo pelo celular de Rem.
Rem pegou o celular, colocou-o na mesa e franziu o cenho.
— "Explica isso direito."
Na tela do celular, Lavel abriu um vídeo do Monarca parado em frente à base com os outros generais.
— Vocês não conseguem trazê-lo para cá? Em troca, eu garanto que não vamos impedir o tráfego de vocês, como fizemos ontem.
— "Eles sentiram o Julius?" — exclamou Ravena, os olhos arregalados.
— "Exatamente." — respondeu Lavel. — "Quando o Julius estava vindo, um dos ghouls na capital captou o cheiro do traje dele. Eu aproveitei isso e enviei o vídeo do Julius se aproximando para o rei. Como imaginei, ele avisou o ghoul mais próximo, que deve ter repassado a informação a um general, que o mesmo repassou diretamente ao Monarca."
— "Isso nos dá tempo." — disse Mira, entrando no refeitorio. — "Mas precisamos decidir o que fazer com essa oportunidade"
— "O quê? Ué, vamos atacar os ghouls!" — disse Ultra, erguendo as mãos como se fosse óbvio.
— "Vamos expandir a base." — sugeriu San, cruzando os braços. — "Talvez, se colocarmos ao menos alguns pilares ao redor, eles não ataquem, e podemos ir cercando aos poucos."
— "Os ghouls aqui na base são limitados." — ponderou Fernanda. — "Eles vão acabar virando comida para o Mini Ghoul. Recomendo trazer mais do instituto ou eliminar alguns fora da muralha. Mas, aviso: essa segunda opção pode fazer eles quererem entrar na muralha."
— "A sugestão da Fernanda se conecta à do Ultra." — opinou Rem, pensativa. — "E a da San também é válida. Já que não sabemos como os ghouls reagirão, podemos tentar."
— "Recomendo que criem um túnel subterrâneo que ligue o instituto à base, enquanto usamos a construção desse cercado como distração." — sugeriu Lavel, sua voz calma mas carregada de confiança ecoando pelo celular.
— "É uma boa ideia, mas como vamos construir esses túneis sem máquinas?" — exclamou Joana, arqueando a sobrancelha.
— "Tomei a liberdade de informar isso ao instituto. Eles vão enviar maquinário para perfurar a passagem." — respondeu Lavel, como se a solução já estivesse garantida.
— "E precisamos ir buscar, não é?" — perguntou Mira, com um suspiro de resignação.
— "Vão dividir os recursos. Como a capital não pode saber dessa construção, não enviarão materiais diretamente. Mas meu criador tinha reservas. Já está tudo pronto para o transporte. Só precisam proteger o caminhão." — explicou Lavel.
— "Ele tinha mais caminhões lá?" — perguntou Mira, surpresa.
— "Não só caminhões." — respondeu Rem, enquanto a tela exibia imagens de uma garagem subterrânea cheia de veículos sofisticados.
— "Ele é o Batman por acaso? De onde ele tirou tanto dinheiro?" — exclamou Mira, boquiaberta.
— "Eu gostei desse carro. Posso ficar com ele?" — perguntou Ultra, os olhos brilhando como de uma criança.
— "Impensável." — disse Lavel, sem hesitar. — "As propriedades serão passadas para a próxima geração do Kay."
— "Ou seja, para uma criança que vai levar anos para crescer! Então, se a mãe dele permitir, posso usar esse carro?" — insistiu Ultra com um sorriso travesso.
— "Não me meta nisso." — retrucou Mira, levantando as mãos, exasperada.
— "Tem mais alguma coisa que eles escondem nessas áreas secretas?" — perguntou Rem, curiosa.
Outra imagem surgiu na tela do celular, revelando uma nova ala da garagem.
— "São... trajes?" — perguntou Rem, estreitando os olhos para analisar os detalhes.
— "Sim. Baseados nos testes realizados, seria impossível usá-los em alguém com compatibilidade inicial abaixo de 80%." — explicou Lavel.
— "São do general?" — questionou Fernanda, intrigada.
— "Não. São o resultado da fusão de mais de cem ghouls." — disse Lavel, com uma naturalidade que chocou o grupo.
— "Impressionante!" — murmurou Fernanda, visivelmente abalada pela revelação.
— "E esses ghouls ainda estão lá?" — perguntou Mira, tentando processar as informações.
— "Já faz vários anos que o pai dele os eliminou. Então, naturalmente, mesmo congelados, muitos deixaram de existir. No entanto, ainda restam alguns. Kay passou anos caçando ghouls, e os que sobraram estão guardados."
— "De quantos estamos falando?" — insistiu Mira.
— "Foram usados vários ghouls para experimentos. Ainda restam cerca de oitenta ghouls especiais."
— "Ghouls com asas ou tentáculos... Não daria para trazer alguns deles?" — perguntou Mira, avaliando a possibilidade.
— "Sim. Atualmente, estou criando um túnel que liga a base ao local onde estão armazenados. Pela estimativa, levará aproximadamente uma semana para ser finalizado." — disse Lavel.
— "Desde quando está construindo isso?" — perguntou Mira, incrédula.
— "Desde que fui integrada ao sistema de vocês. Ao acessar o mapeamento do reino, comecei a trabalhar na criação de uma passagem subterrânea. Esperei que, ao me aproximar, vocês iniciassem a escavação para conectar as passagens. Mas agora que vocês estão cientes, podemos acelerar o processo."
— "Nem quero saber como está fazendo isso..." — murmurou Mira, passando a mão pela testa. — "Preciso de duas equipes. Uma irá para o vilarejo, e outra para o instituto. Organizem-se!"
A missão seguiu sem incidentes. As equipes, divididas entre o instituto e o vilarejo, se deslocaram rapidamente.
A capital, apesar de ser dominada por ghouls, permaneceu quieta, sem qualquer movimento suspeito. A estrada estava tranquila, e a única preocupação foi garantir que os caminhões seguissem no tempo necessário.
Chegando ao vilarejo, o caminhão já os aguardava na entrada com seus três reboques carregados de materiais, estavam prontos para o transporte, e a equipe partiu de volta sem perder tempo. A segurança era prioritária, mas não houve necessidade de ação. O transporte foi feito sem contratempos. Quando retornaram, a base estava preparada para iniciar as próximas etapas do plano.
A missão, embora de grande importância, transcorreu com uma calma inesperada. O foco estava em manter a rapidez e eficiência, pois sabiam que o tempo era essencial.
Os dias se arrastaram novamente, e mais um mês de trabalho árduo passou. A tensão, no entanto, retornou com força quando o Executor, se aproximou da base, trazendo consigo uma legião de criaturas.