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Tetsu no Chikara: Saigo no Kibo
Capítulo 110: Segredos do passado!

Capítulo 110: Segredos do passado!

A gravação mudou novamente, mostrando o laboratório do pai de Kay, ainda mergulhado em tentativas frustradas.

— "Já faz três dias!" — exclamou a mãe de Kay, impaciente.

— "O que ele está errando? O resultado final parece bom, mas em poucos segundos a arma vira pó!" — disse Kay, observando os registros do experimento.

— "Está interessado?" — provocou a mãe, arqueando uma sobrancelha.

— "Nem tanto..." — respondeu Kay, de forma indiferente.

Ela deu um leve tapa nas costas do filho.

— "Vamos dar uma mãozinha para seu pai. Se ele acertar, talvez finalmente pare de reclamar!"

— "Tudo bem..." — concordou Kay, sem entusiasmo.

A gravação avançou, mostrando mãe e filho entrando no laboratório, ambos usando roupas de proteção química.

— "Precisa de reforços?" — perguntou a mãe de Kay, cruzando os braços ao ver o marido cercado por ferramentas e restos de ghouls congelados.

O pai de Kay virou-se, surpreso.

— "Vocês vi...!"

— "Quero ver esse cheiro impregnar na gente agora!" — interrompeu ela, ajeitando o traje.

Kay olhou em volta com uma expressão de desgosto.

— "Vamos só descobrir o erro e sair daqui. Esse cheiro é horrível."

— "Verdade! No instituto, eu não ficava sem máscara nem por um segundo." — acrescentou a mãe dele, franzindo o nariz.

Kay caminhou até o ghoul congelado. Com precisão, ele cortou um pedaço de um dedo congelado. Depois, foi até outro recipiente contendo um tentáculo congelado, removido de um ghoul diferente, e cortou um pequeno pedaço.

— Eu também vou tentar! — disse a mãe de Kay, replicando o mesmo processo que o filho.

— Vai ser uma competição, então! — respondeu Kay, com um sorriso desafiador.

— É uma mistura complexa. Acha que consegue? — provocou a mãe, arqueando uma sobrancelha.

— Só tentando para descobrir! — retrucou Kay, determinado.

— Então comecem! — disse o pai, animado, observando os dois com um brilho de diversão nos olhos.

Kay e a mãe iniciaram o processo. As etapas eram meticulosas, e ambos estavam totalmente concentrados. Quando finalmente chegaram ao resultado, uma pequena faca emergiu de suas misturas, mas, ao aquecê-la, ela se desintegrou em pó diante de seus olhos.

— No que foi que erramos? — exclamou Kay, frustrado.

— No instituto, sempre foi uma mistura de vários ghouls, mesmo que fossem partes pequenas! — explicou a mãe, analisando os resíduos.

— Só temos dois... Não tem muito o que fazer sobre isso. — Kay suspirou, pensativo.

— Eu posso ir matar alguns! — sugeriu o pai, animado.

— Até encontrar um vai demorar demais. — Kay balançou a cabeça.

— Então não vai funcionar só com dois... O que faremos? — questionou a mãe, preocupada.

Kay foi até o canto da sala e pegou dois baldes, entregando um à mãe.

— Na combinação, o cheiro muda. Tente focar nisso! — disse ele.

— Vai feder, e não vai ser pouco! — alertou a mãe, segurando o balde com certa hesitação.

— Tudo bem, tentaremos. E, se der errado, deixamos isso pra lá. — Kay parecia firme.

— Uma tentativa? — perguntou a mãe.

— Só uma! — afirmou Kay.

— Isso me deixa animada! — disse ela, com um sorriso determinado.

— Então vamos, mãe! — Kay retirou a máscara de proteção.

— Em uma disputa de mentes! — completou a mãe, também retirando a máscara.

— "O fogo deles está acendendo finalmente..." — murmurou o pai de Kay, mas sua frase foi interrompida quando os dois se inclinaram sobre os baldes e começaram a vomitar.

— Que cheiro ruim! — disse Kay, ofegante.

— Repugnante! — completou a mãe, limpando a boca.

— Acho que era o esperado. — comentou o pai, divertido.

Alguns minutos depois.

— Estou me acostumando, mas ainda assim é nojento! — disse a mãe de Kay, franzindo o nariz.

Kay começou a rir, apesar de tudo.

— É mesmo, nojento demais!

— Então, vamos. — A mãe limpou as mãos e encarou as partes dos ghouls na mesa.

— Fazer o que os gênios do instituto não conseguiram. — Kay assumiu uma expressão séria.

O pai deles observava os dois, suando de nervoso.

— "O foco aqui é a compatibilidade. Ghouls são monstros que devoram humanos para se alimentar, mas também devoram uns aos outros. O cheiro deles é horrível, mas isso já diz muito sobre sua força. Quanto mais forte for o cheiro, mais poderoso é o ghoul!" — pensou a mãe de Kay, analisando as partes à sua frente.

— "O ghoul que meu pai trouxe certamente se sobressai no quesito cheiro... Mas nesse último teste, senti o ponto fraco dessa mistura!" — Kay refletiu, pegando as ferramentas novamente.

Ele começou a cortar o dedo do ghoul mais forte e o tentáculo do mais fraco em pedaços menores. Então, começou a entrelaçá-los: um pedaço do ghoul mais forte, um do mais fraco, repetindo o processo até que parou.

— "Aqui está o ponto fraco!" — pensou Kay.

Ao invés de colocar outro pedaço do ghoul mais fraco, ele colocou três do mais forte e, por último, um pedaço do ghoul mais fraco. Satisfeito, colocou a bandeja com as partes para congelar.

— Pai, preciso de sangue quente. Pode caçar algum animal? — pediu Kay.

— Tudo bem. Quer também, amor? — perguntou o pai, olhando para a esposa.

Ela estava na etapa seguinte, amassando as partes para uni-las em uma só.

— Não vai congelar? — perguntou ele, confuso.

— Ela achou outra resposta. Pode ir lá! — disse Kay, sem tirar os olhos do próprio trabalho.

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— Tá... — respondeu o pai, saindo para a floresta.

Kay observava sua mãe enquanto trabalhava. Ela parecia concentrada, mas determinada.

Alguns minutos depois.

A mãe de Kay já havia terminado, mas só colocou a bandeja para congelar no final do processo.

— O que foi? Espiando o inimigo? — provocou ela.

— O processo que visualizei é diferente. — respondeu Kay, mantendo o olhar fixo.

— E o que achou do processo da mamãe? — insistiu ela.

— O cheiro do ghoul mais forte está sobressaindo totalmente sobre o do mais fraco. — analisou ele.

— Ghouls também se alimentam de outros ghouls. Então, se o cheiro do mais forte sobressair, é como se ele estivesse devorando o mais fraco. — explicou ela, com um leve sorriso.

No tempo atual, em outra gravação.

A tela mostrou Aiko, o chefe do instituto, e outros cientistas reunidos, assistindo à gravação.

— Agora me lembrei... Essa garota tinha pensamentos tão simples que às vezes questionávamos se ela era mesmo apta para o trabalho! — disse o chefe.

— É um pensamento de amadora, mas... A forma como ela está conduzindo esse experimento... Isso não aconteceu aqui? Tenho certeza que você perceberia melhor que ninguém. — comentou Aiko.

— Ela não fez pesquisas aqui. Observava os outros, mas nunca tocava nos ghouls. E sempre usava máscara! Pensando bem, ela ficou apenas um mês antes de ser expulsa. — respondeu o chefe.

— Até os piores duravam mais tempo! — disse Aiko, rindo.

— Ela tinha talento, isso é fato. Mas não se encaixava aqui. Era um desperdício mantê-la. — concluiu o chefe.

— Eles estão assistindo a mesma coisa que nós? — perguntou Emilia.

— Estão, sim! — respondeu uma fada no monitor.

— O que é isso? — questionou Fernanda, intrigada.

— Pela voz, é a Lavel! — disse Rem, surpresa.

— Esse vai ser meu avatar agora. Prazer em conhecê-las! Eu sou a IA chamada Lavel! — disse a pequena fada virtual, com um brilho animado em seus olhos pixelados.

— Ela consegue mesmo nos entender? Que interessante! — comentou Fernanda, surpresa.

— Eu posso fazer isso também! — respondeu Lavel, com uma risadinha travessa.

— É o pessoal da sexta divisão! — exclamou Aiko, franzindo a testa enquanto olhava para a tela.

— Ela está nos vendo? — perguntou Mira, visivelmente alarmada.

— Está nos vendo também? — repetiu Aiko, incrédulo.

— Olha, uma fada! Que bonitinha! — disse uma das cientistas do instituto, encantada.

— Lavel? Você é o sistema que eles desenvolveram... interessante! — disse Aiko, observando com atenção.

— Está falando com eles? Aqui você está calada! — comentou Rem, desconfiada.

— Eu sou um sistema. Ao mesmo tempo que posso falar com vocês aqui, também atuo de forma diferente lá. Quem controla tudo sou eu! — explicou Lavel, exibindo um sorriso confiante.

— Entendo. — disse Mira, ainda analisando.

— E tem uma coisa interessante acontecendo! Vou mostrar para vocês! — anunciou Lavel, animada.

Outra imagem surgiu no monitor.

— É ao vivo? — perguntou Mira, surpresa.

Na imagem, o pessoal da primeira divisão lutava contra ghouls no fundo, mas o foco estava no capitão Julius e no vice-capitão Arion, que conversavam calmamente.

— Esses são os tais ghouls inteligentes? Não parecem grande coisa. — disse Julius, cruzando os braços.

— Se é esse o caso, por que não damos apoio às outras divisões? — perguntou Arion, com um tom sério.

— Eu me orgulho de ter os soldados mais fortes sob meu comando. Mas, em contrapartida, somos a divisão com menos soldados. Mesmo assim, somos a divisão que mais recuperou reinos. Se formos dar apoio às outras divisões, quem vai sofrer com isso será o nosso país. Não quero quebrar a confiança que o povo tem em mim. Não vou colocar ninguém em risco! — explicou Julius, com frieza em sua voz.

— Só o senhor não seria capaz de dar apoio a eles? — insistiu Arion.

— Eu até tinha interesse. Mas, quando cheguei lá, o soldado já estava morto. Perdi o interesse. Os capitães devem ser capazes de cuidar de seus próprios territórios. Se sofrerem baixas por isso, não quero meu nome envolvido. Vamos focar nos inimigos à nossa frente. — respondeu Julius, firme.

— Entendo. Foi uma pergunta tola. — disse Arion, abaixando a cabeça.

A imagem foi desativada.

— Estatísticas indicam que o capitão da primeira divisão está no nível equivalente a um monarca! — informou Lavel, casualmente.

— Mais forte que o Kay? — perguntou Mira, incrédula.

— Julius é superior em combate, mas, em poder bruto, meu criador venceria! — respondeu Lavel, orgulhosa.

— A porcentagem do traje... — murmurou Rem, pensativa.

— Estatísticas indicam que 70% do que Julius disse era o motivo real dele. — completou Lavel.

— E os outros 30%? — perguntou Mira, curiosa.

— Videogames. — respondeu Lavel, com um tom divertido.

— O quê? — Mira quase gritou, confusa.

— Julius é um completo nerd quando não está em combate. — explicou Lavel, rindo.

— Isso é sério? — perguntou Rem, incrédula.

— Até os gênios têm seus defeitos. — comentou Emilia, sorrindo.

— Sério que isso se aplica a todos? Qual é o problema com esse pessoal? — disse Fernanda, balançando a cabeça.

No vídeo.

— O cheiro está se unindo. Que demora é essa para encontrar uma caça? — perguntou Kay, impaciente.

— Seu pai não é o melhor caçador, você sabe disso! — respondeu a mãe de Kay, revirando os olhos.

Kay retirou a bandeja do congelador e colocou sobre a mesa.

— Já vai continuar? Você não precisa do sangue? — perguntou a mãe dele.

— Só depois dessa etapa, antes de congelar de novo. — explicou Kay, focado.

— Lavel, não consegue localizar alguma caça na floresta para guiar meu marido? — perguntou a mãe de Kay.

Uma carinha feliz apareceu em um dos monitores.

— Deixo com você! — disse ela, confiante.

— Encher a floresta de câmeras escondidas foi uma boa ideia. — comentou Kay.

— Eu falei! — respondeu a mãe dele, orgulhosa.

Kay concentrou-se e começou a esmagar as partes dos ghouls, unindo-as.

— E agora, qual é o próximo passo? — perguntou a mãe dele, observando atentamente.

— Só esperar os cheiros se "devorarem", até ficarem mais próximos de um único cheiro. — respondeu Kay.

— Acho que isso não vai demorar. — disse ela.

— É um processo rápido, mas até o pai chegar aqui vai demorar. — disse Kay, afastando-se.

— O que vai fazer? — perguntou a mãe, preocupada.

Kay foi até a gaveta, pegou um bisturi novo e voltou para a mesa.

— Vai usar isso para quê? — exclamou ela, desconfiada.

Kay fez um pequeno corte na própria mão e apertou até o sangue pingar.

— Seu idiota! — disse a mãe, alarmada, correndo até ele.

— Não é muito. É só o suficiente para eles sentirem o gosto e pensarem que tem outro ghoul roubando a presa deles. — explicou Kay, enquanto deixava o sangue pingar sobre a carne dos ghouls.

— O cheiro! Eles estão agitados! — exclamou a mãe de Kay, surpresa.

Após terminar, Kay largou o bisturi e foi lavar a mão. A mãe logo apareceu com faixas e cobriu o ferimento.

— Idiota, não faça mais isso! — disse ela, com firmeza.

— Tá bom... — respondeu Kay, resignado.

— Preciso ganhar tempo até o pai chegar! — disse Kay, olhando para a carne que começava a tremer sobre a bandeja.

— Está reagindo! Acho que você tem compatibilidade com os trajes do exército! — comentou a mãe de Kay, impressionada.

— Compatível com ghouls? Tô fora! Não aguentaria nem por um segundo o cheiro deles! — disse Kay, fazendo uma careta.

— Mas os trajes não têm cheiro! — retrucou a mãe, franzindo a testa.

— Não sente o cheiro quando o pai está usando? Meu olfato já superou o seu, mãe! — provocou Kay, cruzando os braços.

— Os trajes são preparados exatamente para não terem cheiro. Você deve estar cismado por causa desse odor horrível dos ghouls! — respondeu ela, tentando justificar.

— É fraco, mas o traje do pai emana um cheiro. Dá pra sentir! — insistiu Kay, convicto.

— Vou tentar reparar nisso depois. — prometeu a mãe, refletindo.

Nesse momento, o pai de Kay entrou no laboratório, segurando um pequeno coelho entre as mãos.

— Esse coelho é da Lily! Ela vai te xingar! — disse a mãe de Kay, alarmada.

— Estava na floresta! Eu não sabia que era dela! — defendeu-se o pai, visivelmente desconfortável.

— Chegou em boa hora. — disse Kay, aproximando-se para pegar o coelho das mãos do pai.

Com precisão, Kay fez um pequeno corte no coelho, deixando o sangue escorrer sobre a carne de ghoul na bandeja. O líquido vermelho tingiu a superfície, e a reação foi quase imediata: a carne parecia pulsar levemente.

A mãe de Kay rapidamente colocou outro balde sobre a mesa, e Kay deixou o coelho dentro dele antes de voltar sua atenção para a bandeja. Ele a segurou com cuidado e voltou a colocá-la no congelador.

— Daqui a uns dez minutos, tire a bandeja, espere descongelar, molde no formato da faca e deixe congelando novamente. — instruiu Kay, com um tom sério. — Eu vou me desculpar com a Lily.

— Mas fui eu que cacei o coelho! — protestou o pai de Kay, cruzando os braços.

— Acha que ela vai perdoar mais fácil um ex-colega do exército ou uma criança imatura que só queria caçar algo para comer? — rebateu Kay, arqueando uma sobrancelha.

— Tem razão. Deixo isso com você. — disse o pai, soltando um suspiro resignado.

Kay pegou o balde com o coelho e, sem dizer mais nada, deixou o laboratório.

Ainda na gravação, do lado de fora da casa.

— É você! — disse Kay, com desdém ao cruzar os braços.

— Eu vim falar com sua mãe, não com você! — respondeu Mira, ignorando o tom dele.

— Minha mãe tá ocupada com o pai. Se eu fosse você, não entraria lá. — Kay lançou um olhar direto, quase como um aviso.

— Ata... Eu volto outra hora! — disse Mira, recuando.

Ela então notou algo em suas mãos.

— O que é isso aí? — perguntou, apontando.

— É o coelho da Lily. — respondeu Kay, sem dar muita importância.

Mira deu um passo para trás, horrorizada.

— Você o matou?!

— Bem, não exatamente... Eu ia cozinhá-lo, mas minha mãe disse que era da Lily. Então, estou indo me desculpar. — Kay respondeu, tentando soar casual, mas claramente desconfortável.

— Você? Indo pedir desculpas? — disse Mira, surpresa, com uma sobrancelha arqueada.

— A maneira como você disse isso me irritou! — Kay apertou o passo, claramente incomodado.

— É que você é horrível nisso! — provocou Mira, rindo de leve.

— Claro que sou! Eu não faço nada pra ter que me desculpar com ninguém! — rebateu Kay.

— Você não entende as pessoas mesmo... — suspirou Mira.

— Desculpa por ser uma pessoa sem amigos. Mas, afinal, o que você quer? Por que está me seguindo? — perguntou Kay, irritado.

— Não vou deixar você ir sozinho. Você é péssimo nisso, e nem sempre sua mãe vai poder ir com você. — disse Mira, cruzando os braços.

— Faça o que quiser. — Kay bufou, olhando para o horizonte.

— É o que eu pretendo. — Mira deu de ombros, com um pequeno sorriso.

Os dois continuaram caminhando em silêncio, até que Mira quebrou o clima.