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Tetsu no Chikara: Saigo no Kibo
Capítulo 118: O que aconteceu com ele?

Capítulo 118: O que aconteceu com ele?

Sem hesitar, o pai de Kay correu para o lado oposto, gritando para atrair a atenção da criatura.

— Ei! Olha aqui, bicho feio! — gritou ele, lançando pedras e gravetos no ghoul. — É comigo que você tem que se preocupar!

O monstro se virou bruscamente, fixando o olhar nele, e atacou com um tentáculo que cortava o ar como uma lâmina. O pai de Kay saltou para o lado, desviando por pouco, enquanto corria em zigue-zague. As árvores caídas se tornavam obstáculos traiçoeiros a cada passo.

— "O pior lugar para enfrentar um ghoul sem equipamento!" — pensou ele, rangendo os dentes.

Ele olhou rapidamente para trás e sentiu o coração afundar. O ghoul havia parado e novamente voltava sua atenção para a mãe de Kay, que corria com dificuldade, carregando o garoto.

— Não! — gritou o pai, seu desespero transformando-se em uma determinação feroz.

Ele correu de volta, aumentando a velocidade enquanto o monstro avançava pela floresta, derrubando árvores como se fossem galhos frágeis.

— Droga! Ele não vai desistir tão fácil! — murmurou o pai, ofegante, enquanto tentava alcançar a criatura.

A mãe de Kay, correndo com o filho nos braços, ouviu o som de madeira estalando e troncos caindo ao longe. O brilho de preocupação em seus olhos era evidente. Então, seu celular começou a vibrar violentamente.

— O que é isso? — sussurrou ela, puxando o aparelho enquanto corria. A tela piscava com um brilho vermelho, acompanhada por um alerta sonoro.

— Esse aviso... — seus olhos se arregalaram. — Tem mais ghouls na cidade?

Ela olhou para trás e viu o monstro cada vez mais perto. A casa deles também piscava ao longe, com luzes vermelhas intensas, sinalizando o alarme de emergência.

O pai de Kay não estava longe, mas o ghoul era implacável.

"Está perto de casa. Ele vai alcançá-los antes de chegarem lá!", pensava o pai de Kay, ofegante enquanto corria atrás do ghoul. Sua respiração estava acelerada, e o desespero era evidente em seu rosto. — "Pensa, pensa... Tem que ter uma solução!"

Tantos pensamentos preenchiam sua mente que ele sequer percebeu quando o ghoul saltou para o alto.

— O quê?! — exclamou ele, ao notar a sombra que crescia sobre si.

— Amor! — gritou a mãe de Kay, já fora da floresta, olhando para trás com pavor.

— Fujam! — rugiu o pai de Kay, virando-se de frente para o inevitável.

O ghoul despencou sobre ele, esmagando-o contra o chão.

— Não! — gritou a mãe de Kay, os olhos arregalados e cheios de lágrimas. — Armas... Precisamos de armas! — Sua voz tremia, mas ela virou e voltou a correr com Kay em seus braços.

O monstro destruiu o restante das árvores à sua frente, lançando troncos enormes como projéteis. Um dos troncos passou tão perto que quase a atingiu.

Ela mudou de direção, contornando os destroços das árvores caídas. Quando olhou para trás, percebeu que o ghoul havia parado e a encarava, fixamente. Ele os havia alcançado.

— Não... Mas por quê? — murmurou ela, assustada e ofegante.

Os tentáculos da criatura começaram a se mover, preparando-se para atacar.

— Fuja daqui, filho! — disse ela, com a voz embargada, colocando Kay no chão.

Kay tinha os olhos abertos, mas não respondia. Ele parecia incapaz de entender o que estava acontecendo.

— A mamãe e o papai te amam, Kay. — Ela se ajoelhou e beijou sua testa.

O ghoul a agarrou com um de seus tentáculos, levantando-a do chão.

— Corra, Kay! — gritou ela, antes de ser lançada em direção à enorme boca da criatura.

Kay assistiu em choque enquanto sua mãe era devorada.

— Mãe? — exclamou ele, como se não acreditasse no que acabara de ver.

De longe, Mira assistia à cena, petrificada. — "Tia..." — pensou ela, lágrimas rolando por seu rosto.

— Minha mãe foi devorada... Mas por quê? Por que tem um ghoul aqui? Cadê meu pai? — murmurava Kay, a mente completamente em frangalhos. — "Cheiro de sangue na floresta... É meu pai? Por quê?!"

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— Kay! Fuja daí! — pensava Mira, mas sua voz não saía, presa pelo medo.

Ainda em choque, Kay se levantou. O ghoul recuou alguns passos, como se pressentisse algo.

— Por quê...? Por quê?! — gritou Kay, antes de desaparecer repentinamente.

No vídeo da câmera, via-se apenas as árvores sendo lançadas para longe. Não havia ninguém visível. Momentos depois, Kay saiu de sua casa, segurando um bastão nas mãos.

— Inseto... Quem te deu permissão para matar meus pais? — disse ele, a voz carregada de ódio.

De longe, Mira observava, tremendo. — "O que deu no Kay? Por que ele não foge?"

Kay avançou lentamente em direção ao ghoul. A criatura, estranhamente, parecia hesitante. Seu olhar transparecia medo, algo que aqueles que assistiam à gravação notaram imediatamente.

O ghoul tentou atacar com os tentáculos, mas eles passaram ao lado de Kay, incapazes de acertá-lo. Ele continuou caminhando calmamente, cada passo aumentando a pressão de terror sobre o monstro.

Em um segundo ataque, Lavel pausou o vídeo e o colocou em câmera lenta.

— Ele mudou a trajetória dos tentáculos... — disse Lavel, impressionado. — Está desviando com leves toques do bastão.

— Ele fez isso no primeiro ataque também? — perguntou Rem, chocada.

— Sim. — respondeu Lavel.

Rem olhou para Mira, que ainda não tinha coragem de encarar a tela. Ela mantinha o rosto virado, as mãos apertando a barra da camisa.

No vídeo, o ghoul trocou dois tentáculos por asas e tentou levantar voo.

— Não vai fugir! — disse Kay, antes de desaparecer novamente.

Ele reapareceu acima do ghoul e desferiu um golpe direto contra sua cabeça com o bastão, arremessando o enorme corpo para trás. O monstro caiu desajeitadamente na borda da floresta, destruindo o que restava de árvores no impacto.

Com o rosto ferido, o ghoul percebeu que não havia escapatória. Ele transformou novamente suas asas em tentáculos, movendo-os em todas as direções enquanto procurava Kay. Mas antes que pudesse reagir, Kay já estava sobre ele, desferindo outro golpe brutal na cabeça.

— Morra! — gritava Kay, cada palavra carregada de dor e fúria, enquanto golpeava o monstro repetidamente.

No quinto golpe, o ghoul já não se movia mais. Estava morto.

Na entrada da floresta, Mira observava tudo, assustada, mas finalmente encontrou forças para gritar:

— Kay!

Ele parou, descendo lentamente do corpo do ghoul. Seus olhos se voltaram para Mira, e a raiva que antes transbordava em sua expressão deu lugar a lágrimas. Kay caiu de joelhos, desabando sob o peso da dor.

Mira correu até ele, ignorando o medo que ainda sentia, e o abraçou.

— Meus pais... — começou Kay, a voz fraca e cortada pelo choro.

— Eu sei. — respondeu Mira, segurando as próprias lágrimas enquanto o apertava contra si.

— Isso dói... — murmurou Kay, soluçando.

— Eu sei... Não pense nisso agora. Só vai te machucar mais. — disse Mira, abraçando-o mais forte.

O corpo de Kay emanava um calor incomum, algo que Mira sentiu imediatamente.

Rem surgiu correndo com sua espada e o traje, parando ao ver a cena de destruição ao redor.

— Eu matei os ghouls da cidade! Estão vivos?! — perguntou ela, desesperada.

Seus olhos pousaram sobre o corpo inerte do ghoul na floresta, e então sobre Kay e Mira. Ela guardou a espada e correu até eles.

— Ele está bem? — perguntou Rem, agachando-se ao lado deles.

— Eu não sei... Ele está sofrendo muito! — disse Mira, agora chorando junto com Kay.

— E os pais dele...? — perguntou Rem, cautelosa.

Mira começou a chorar ainda mais. Rem, compreendendo o que havia acontecido sem que precisasse de explicações, segurou Kay nos braços. Junto com Mira, saiu dali o mais rápido que pôde, deixando para trás o cenário de destruição e dor.

No presente.

— Tinha algo naquele parasita... — começou Fernanda, enquanto observava os vídeos com atenção. — A velocidade, força e reações do Kay não eram humanas, ainda mais considerando a idade dele!

— Tá dizendo que o Kay não é humano? — exclamou Emília, incrédula.

— Não é isso. Até porque tanto eu quanto a Aiko fizemos testes no sangue dele e chegamos à mesma conclusão. O Kay era saudável demais, mas o sangue dele era completamente normal! — explicou Fernanda, com seriedade.

— Sim, é verdade. — Aiko assentiu e apontou para a tela do monitor. — Agora, analisando esses vídeos, podemos concluir que o Kay estava se tornando... um ghoul.

— Um ghoul?! — exclamaram Mira e Emília ao mesmo tempo, chocadas.

— Lembra que eu disse que também analisei o café de vocês? — Aiko continuou. — Acredito que isso tenha impedido Kay de se transformar completamente. Mas acho que esse processo precisava ser constante. Talvez a luta interna entre se tornar um ghoul e permanecer humano tenha sido o motivo daquele sono constante que ele sentia sem tomar o café.

— Então, podemos concluir que esse parasita tem ligação direta com os ghouls. — disse Fernanda, cruzando os braços com firmeza.

— Exatamente. — Lavel interveio, projetando a imagem do parasita no monitor maior. — Tomei a liberdade de nomear esse parasita como "Necrovenom".

— Morte e veneno... Acho apropriado. — comentou Aiko, analisando a imagem atentamente.

— O mini ghoul deve saber de algo sobre isso. Chamem-no! — sugeriu Mira, com determinação.

O sistema de som da base ecoou pelo prédio logo em seguida:

— Mini ghoul e Kael, compareçam à sala de pesquisa! — anunciou Lavel.

— "Ela tá roubando meu trabalho..." — pensou Fernanda, irritada, mas permaneceu em silêncio.

Alguns minutos depois, o mini ghoul e Kael chegaram à sala.

— Mini ghoul, você sabe o que é aquilo ali? — perguntou Mira, apontando para a imagem do parasita no monitor.

— Forma primitiva de um ghoul. — respondeu o mini ghoul, com naturalidade.

— Então isso é um ghoul também?! — exclamou Mira, perplexa.

— Sim. — confirmou o mini ghoul, balançando a cabeça. — Uma forma que precisa se unir a outro ser para se transformar.

— Ele transforma alguém em ghoul? — insistiu Mira, sua voz cheia de urgência.

— Sim. Mas eles sempre escolhem um corpo já morto. Os vivos têm capacidade de impedir que o parasita entre. — explicou o mini ghoul, de forma objetiva.

— E como os ghouls nascem, então? — perguntou Mira, franzindo a testa. — Se fosse só por meio desse tipo de parasita, não era para existir tantos ghouls assim!

— Humanos podem ser alimentos, crias ou usados para evoluir. — respondeu o mini ghoul. — Quando devoramos um humano, podemos escolher transformá-lo em outro ghoul, mas isso leva dias.

— É assim que funciona? — disse Fernanda, quase sem acreditar.

— Os monarcas podem tanto evoluir um ghoul quanto transformar um humano. Já os lipidianos podem transformar humanos diretamente. — esclareceu o mini ghoul.

— O que são esses lipidianos? — perguntou Rem, inclinando-se para frente, interessada.

— São ghouls inteligentes que conseguem transformar humanos em ghouls. Eles sempre trabalham ao lado de um monarca e realizam a transformação de forma imediata. — explicou o mini ghoul, apontando para a imagem de uma figura que apareceu no monitor.

— Então só os monarcas e os lipidianos podem fazer isso? — questionou Mira. — Esses lipidianos são tão fortes quanto os monarcas?

O mini ghoul balançou a cabeça em negação.

— Não são tão fortes, e existem poucos deles. — respondeu o mini ghoul, encerrando sua explicação.

— Tem mais alguma coisa que precisamos saber? — exclamou Rem, com os olhos fixos no mini ghoul, sua voz carregada de urgência.

— Não tenho permissão para dizer mais. — respondeu o mini ghoul, desviando o olhar.

— Quem proibiu? — insistiu Rem, avançando um passo em direção a ele, a tensão evidente.

— Todos os ghouls. Nenhum de nós tem permissão para falar com outras raças. — disse o mini ghoul, sua expressão inalterada, mas suas palavras carregavam um peso sombrio.

— Então isso vem da sua raça? — Rem estreitou os olhos. — Podemos concluir que algo grande ainda vai acontecer!

Antes que o mini ghoul pudesse responder, os monitores na sala começaram a exibir novos vídeos. A sala se iluminou com as imagens, e Lavel imediatamente chamou a atenção de todos:

— O reino da quinta divisão está sob domínio dos ghouls. — informou ela, a voz carregada de gravidade.

As imagens mostravam cenas devastadoras. Áreas inteiras do reino estavam infestadas de ghouls, com humanos sendo capturados e amontoados em condições terríveis. O horror estampado nos rostos das vítimas nas imagens era refletido no silêncio tenso de todos que assistiam.

— Serão obrigados a se reproduzirem. — disse o mini ghoul, quebrando o silêncio de forma abrupta. — Se obedecerem, não serão mortos... pelo menos até que não possam mais continuar o processo de reprodução.

As palavras frias do mini ghoul ecoaram pela sala. O impacto foi imediato.

— Isso é monstruoso! — gritou Emília, se lembrando do que ela passou.

— Vocês não entendem... — começou o mini ghoul, a voz baixa, mas carregada de algo que parecia um misto de pena e resignação. — Isso é só o começo.

A sala mergulhou em um silêncio frio. O ar parecia pesado, como se cada palavra do mini ghoul fosse uma sentença de morte.

— "Se isso é só o começo... o que mais está por vir?" — pensou todos, enquanto seus olhos permaneciam fixos na tela.

As imagens desapareceram. Apenas um vídeo apareceu na tela.

— Meu nome é Kay. Estou em casa agora. Já se passaram dois dias desde a morte dos meus pais... — Kay fez uma pausa, respirou fundo, tentando organizar os pensamentos. — Estou gravando isso para o caso de eu perder a memória novamente.