— Não tem como ter sido obra do mesmo monarca... Será que são esses tais generais? — exclamou o ex-capitão, cruzando os braços, enquanto olhava para o horizonte com preocupação.
O mini ghoul sobrevoava a área, observando os arredores com atenção.
— Iniciaram a dominação. Os monarcas estão se movendo! — anunciou ele, em um tom sombrio.
— Por que você falou "monarcas" no plural? — exclamou Lena, pousando ao lado deles, com suas asas ainda abertas.
O mini ghoul fez uma expressão séria, mas sua confusão era evidente.
— Plural? — repetiu ele, como se a palavra soasse estranha em sua própria boca.
— Tem mais de um monarca? — insistiu Lena, sua voz tremendo de incredulidade.
— Sim. Quatro monarcas! — respondeu o mini ghoul, firme.
O silêncio caiu sobre o grupo como um golpe.
— Quatro... daquele monstro? Isso é brincadeira, né? Fala que é mentira! — Lena quase gritou, incapaz de conter o medo que crescia em seu peito.
— Monarcas espalhados pelo mundo. Estão se movendo para a dominação das raças! — continuou o mini ghoul, sua voz carregada de um peso quase apocalíptico.
— Por que agora? Se esses monstros estavam por aí, por que não fizeram isso antes? — questionou Ryuji, sua frustração evidente.
— O quarto monarca estava desaparecido. — explicou o mini ghoul, pousando próximo ao grupo.
— E o encontraram? — perguntou Mira, seus olhos estreitados em tensão.
— Não. Sentiram a presença dele, mas não sabem onde está. Monarca hibernando. — respondeu o mini ghoul.
— E o que vai acontecer quando ele sair dessa hibernação? — perguntou Rem, que se aproximava com Emilia ao seu lado.
— Guerra! — declarou o mini ghoul, sua voz grave, carregada de certeza.
— Então ele já deve ter acordado... Os ghouls não estão mais matando humanos, estão? — perguntou Thais, tentando juntar as peças.
O mini ghoul começou a falar, mas sua voz foi cortada por um som gorgolejante. Ele cuspiu sangue, cambaleando levemente.
— Você está ferido? — exclamou Mira, alarmada, correndo para ele.
— Não... tenho permissão para dar informações. Não voltem a me perguntar ou serei eliminado! — disse o mini ghoul, com dificuldade, mas mantendo sua postura firme.
— Para os humanos é dominação, então deve ser guerra contra eles mesmos! — supôs Himitsu, quebrando o silêncio.
Mira olhou para o mini ghoul, compreendendo a gravidade da situação.
— Parece que ele tem limitações nas informações. Não vamos pressioná-lo mais. Isso já nos deu muito o que precisamos saber. Publiquem isso de forma anônima, mas garantam que ninguém ligue essas informações à Sexta Divisão. — ordenou Mira, sua voz firme e autoritária.
— Entendido! — responderam todos os soldados, com determinação.
Mira devolveu o celular para Viviane e se voltou para Emilia.
— Eu vou te dizer de novo: o exército vai reconhecer você como rainha. Seu irmão é um falso rei. Você pode ficar no exército até darmos um jeito nele. Até lá, você é uma de nós. — disse Mira, com os olhos fixos nos de Emilia, transmitindo força.
— Certo! — respondeu Emilia, agora mais confiante.
Mira virou-se para o ex-capitão.
— Se o instituto ainda será nosso aliado, eu não sei. Solicite metade dos trajes que eles têm prontos, além de armas e munições. Avise que vamos continuar nossa função, independente do que o falso rei decidir.
O ex-capitão assentiu.
— Deixa isso comigo. Eu tenho contato com o líder de lá.
— Ótimo. — respondeu Mira, antes de erguer a voz para os outros. — Agora, mais do que nunca, nenhum veículo pode se aproximar da base sem autorização. Continuem emitindo os avisos de sempre, mas, se recusarem a parar, não hesitem em abrir fogo!
— Entendido! — respondeu Fernanda, já revisando as ordens com os demais soldados.
Mira olhou para todos ao redor, seus olhos carregados de uma determinação fria.
— Estamos em guerra. Contra os ghouls e, possivelmente, contra civis. Estejam alertas. E lembrem-se: se alguém demonstrar perigo, não hesitem em abrir fogo. — declarou ela, sua voz cortando o ar como uma lâmina.
Os soldados assentiram em silêncio, cientes de que a partir daquele momento, o mundo que conheciam não existia mais. Era guerra.
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A cena muda para a enfermaria da Quarta Divisão.
— Quanto tempo vai ficar dormindo? Está deixando seus companheiros preocupados, idiota! — disse Nina, triste, encarando a figura imóvel na cama.
Yumi estava deitada, com a mão esquerda amputada e uma ferida profunda no lado direito do rosto.
— Ela vai acordar a qualquer momento. Mas... esse ferimento vai deixar cicatriz. — disse a enfermeira, enquanto revisava os curativos.
— E logo ela, que é tão obcecada com a aparência... Vai ficar super irritante quando perceber! — comentou Nina, preocupada, cruzando os braços.
— Vai mesmo! Mas é bom que ela conseguiu vencer um general. — respondeu a enfermeira com um sorriso encorajador.
— Um? Você está sabendo de alguma coisa? — exclamou Nina, levantando a sobrancelha.
— Foi simultâneo, então a senhorita provavelmente não viu. — disse a enfermeira, pegando o celular.
Ela abriu as notícias e entregou o aparelho para Nina.
— Aconteceu tudo hoje! — acrescentou a enfermeira, suspirando.
Os olhos de Nina percorreram as manchetes rapidamente.
— Dois capitães mortos e dois feridos desde a primeira aparição de ghouls inteligentes! — leu ela, sentindo um nó na garganta.
Várias outras notícias percorriam os portais:
"Aeroporto da Sexta Divisão destruído pela própria divisão para não receber nem apoiar outras divisões."
— Que palhaçada é essa? Os aeroportos são de uso internacional! Destruí-los só vai fazer outros países se voltarem contra a Sexta Divisão! — disse Nina, confusa, franzindo o cenho.
— Tem razão... Isso não é algo que alguém em sã consciência faria. — concordou a enfermeira, também intrigada.
De repente, o celular de Yumi começou a tocar, assustando ambas.
— Mas... estava sem carga! Como isso é possível? — murmurou a enfermeira, arregalando os olhos.
— É estranho... Esse toque... — disse Nina, hesitante.
O som parou subitamente.
— Sim, amor! — disse Yumi, atendendo o celular.
Nina e a enfermeira se viraram para a cama, perplexas. Yumi estava sentada, segurando o celular com a mão direita, como se nada tivesse acontecido.
— É você, Mira? Por que está usando o celular do Kay...? Ah, é verdade... Ele morreu. — disse Yumi, sua expressão se obscurecendo de tristeza.
— Que palhaçada é essa? Você não estava em coma?! — exclamou Nina, incrédula.
— Em coma? Eu só dormi um pouquinho! Isso não é brincadeira que se faça! — respondeu Yumi, balançando o braço esquerdo.
— Se acalma, capitãzinha! — disse a enfermeira, tentando controlar a situação.
— Tá tudo bem! Tenha calma! — insistiu Nina, colocando a mão no ombro de Yumi.
— Mas que porra é essa?! — gritou Yumi, nervosa, ao perceber a ausência da mão esquerda.
Mira afastou o celular da orelha, devido ao grito estridente.
— Nossa, como você grita! — disse Mira, esfregando o ouvido, do outro lado da linha.
— Meu braço está aqui... Mas cadê minha mão?! — exclamou Yumi, agitada.
— Se acalma! — disse Nina novamente, segurando Yumi pelos ombros.
— Como vou me acalmar? Minha mão não está aqui! — berrou Yumi, furiosa.
Nesse momento, os soldados começaram a entrar na enfermaria, animados.
— A capitã acordou! — gritavam eles, como se fosse uma celebração.
— Fiquem quietos! — ordenou Yumi, irritada.
— Certo! — responderam em uníssono, se calando imediatamente.
Yumi ficou pensativa por alguns segundos, sua mente tentando organizar as memórias.
— É verdade... Eu estava lutando contra aquele ghoul. Ele me feriu na mão... e no rosto? — disse ela, com a voz incerta.
Todos os soldados desviaram os olhares, evitando encará-la. Yumi, alarmada, correu até um espelho próximo.
— Maldição! — gritou ela, encarando seu reflexo, com a cicatriz ainda fresca.
— O que está acontecendo aí? — perguntou Mira, ainda na chamada.
Yumi respirou fundo, tentando conter a raiva.
— Agora eles conseguiram... Eu estou irritada! — disse ela, pegando o celular das mãos de Nina.
— Antes de querer brigar com os ghouls, é melhor ir comer alguma coisa. Aproveita e pergunta para a Mira sobre essa notícia do aeroporto. — sugeriu Nina.
— Manipularam tudo. Meus soldados tiveram suas contas apagadas, e o príncipe — que agora se autointitula rei — está colocando a culpa em nós. Mas foi ele quem destruiu o aeroporto. — explicou Mira, com frieza, na chamada.
— Destruíram o aeroporto por vontade própria?! — exclamou Yumi, confusa.
A cena muda para o refeitório da Quarta Divisão. Os soldados estavam em silêncio, olhando para Yumi, que agora usava uma máscara cobrindo a metade do rosto, onde fora ferida.
— Está dizendo que o príncipe fez um golpe de estado contra o próprio pai, e agora quer aliar o governo dele aos ghouls? — exclamou Yumi, sentindo a revolta crescer.
— É isso aí! — respondeu Mira, seca.
A conversa se intensificava, e o tom de Yumi tornava-se cada vez mais impaciente:
— Mas você não me ligou para falar de um pirralho fazendo birra, não é? — exclamou Yumi, irritada.
— Isso é uma coisa séria! — rebateu Nina, séria.
— Se querem tirá-lo do governo, é só ir lá e atacar o castelo! É bem simples! — disse Yumi, como se a solução fosse óbvia.
— Não é simples assim! Tem civis no meio! Isso seria considerado um ato de traição, dadas as circunstâncias! — explicou Nina, com firmeza.
— Você está com raiva de mim? — perguntou Mira, do outro lado da chamada, sua voz carregada de hesitação.
Yumi respirou fundo, mas seu tom logo transbordou mágoa:
— E você ainda pergunta? Toda a Sexta Divisão estava lá, tanto para o seu pai quanto para o Kay! Eu até entendo não terem atacado quando era o seu pai, já que havia reféns, mas o Kay estava sozinho contra o ghoul! Não havia civis por perto, era só vocês se unirem contra ele, mas não fizeram nada! Então, não me pergunte se estou com raiva, porque você já sabe a resposta!
— Você acha que venceria o Kay? — retrucou Mira.
— Tola, é claro que não! — respondeu Yumi sem hesitar.
— Se nem você, como capitã, venceria o Kay, por que acha que nós seríamos de alguma ajuda? Só atrapalharíamos! É por isso que ele nos mandou não nos envolvermos! — argumentou Mira, tentando justificar a decisão da divisão.
— Idiota! Justamente porque ele não envolveria vocês, é que vocês deveriam ter se envolvido! Dava para aproveitar as brechas quando o Kay feria o monarca! Vocês nem pensaram nisso! — disparou Yumi, indignada.
Mira respondeu com um tom mais duro:
— O Kay cortou o pescoço do monarca, mas aquele miserável não morreu! Ele o cortou várias vezes, e ainda assim não morreu! Desde o começo da luta, o Kay estava usando a quebra de limite. Ele já era 200% e ainda juntou isso com a quebra de limite. Você realmente acha que seríamos capazes de fazer alguma coisa? Não dava nem para acompanhar os movimentos deles!
— Duzentos por cento?! Do que está falando? — exclamou Yumi, confusa.
— Ué, você nem sabia disso? — provocou Mira, com um toque de sarcasmo.
— Maldita... — resmungou Yumi, frustrada.
Mira mudou de tom, mais suave agora:
— Não foi para isso que eu liguei. Para começar, eu fico feliz que você tenha sobrevivido e matado o general! De verdade, fico feliz.
— Idiota... Me deixa ter um motivo para te odiar! — disse Yumi, irritada, mas havia uma sombra de alívio em sua voz.
Mira prosseguiu:
— Sobre o aeroporto, estamos tão surpresos e irritados quanto vocês. Mas a mídia está manipulando as informações. Vocês não conseguiriam nos ajudar com isso. Apenas informe os outros capitães.
— Vou tentar falar com eles. — disse Yumi, mais calma.
— E tem algo que preciso te contar, em particular. — anunciou Mira, hesitando por um instante.
— Estou ouvindo. Pode falar. — disse Yumi, curiosa.
— Eu estou grávida.
— Que legal! Quem é o pai? — exclamou Yumi, surpresa.
— Como assim?! Você sabe muito bem quem é! — retrucou Mira, indignada.
— Como descobriu isso? Não tem nem uma semana! — questionou Yumi, desconfiada.
— Foi o monarca. Acho que foi por isso que ele nos deixou partir e nos deu tempo antes de voltar. — explicou Mira, com seriedade.
— E vai acreditar nele? — perguntou Yumi, desconfiada.
— E como ele saberia que eu e o Kay...? Ele disse que eu estava com o mesmo cheiro do Kay!
— Só por isso? Talvez o perfume dele tenha ficado em você depois daquele abraço! — sugeriu Yumi, tentando racionalizar.
— Sei não... Ele também disse que minha mãe está grávida do meu pai. E uma amiga cientista fez o teste nela, deu positivo. Eu vou esperar alguns dias e fazer o teste também, mas tenho quase certeza de que estou.
— Quer os parabéns? — respondeu Yumi, com um misto de sarcasmo e desconforto.
— Para de ser fria comigo! Você ainda não entendeu, sua idiota! Você também pode estar! — disse Mira, com seriedade.
O choque percorreu o rosto de Yumi. Sem perceber, apertou o celular até ele quebrar.
— Que droga! — exclamou Yumi, irritada.
— Tenta não quebrar o meu também! — disse Nina, entregando seu próprio celular.
Yumi digitou o número do Kay novamente e tentou outra ligação.
— O que foi isso?! — perguntou Mira, ouvindo o barulho na chamada.
— Tem certeza disso? — perguntou Yumi, sua voz mais trêmula do que o normal.
— Claro que não, né, idiota? Pode ser, mas eu não sei. Espere alguns dias e faça o teste! — disse Mira, tentando acalmá-la.
— Eu vou fazer, mas mantém isso entre nós. — disse Yumi, séria.
— E, Yumi... Ninguém vai te culpar se não quiser prosseguir com isso. — completou Mira.
— Quem você pensa que eu sou?! — respondeu Yumi, irritada, com os olhos fixos no chão.
— Não quebra meu celular! — disse Nina, preocupada.
Mira riu, mas sua voz carregava ternura.
— Eu sei... Você o amava tanto quanto eu. Por isso, tenho certeza de que vai continuar. Só não morra!
— Eu sei! — respondeu Yumi, com firmeza.
Mira fez uma última advertência:
— O monarca apareceu poucos dias após o general. Tome cuidado. Existem quatro monarcas espalhados pelo mundo, e um deles deve estar no seu país.
— Quatro?! — exclamou Yumi, incrédula.
— Obtivemos essa informação de um ghoul inteligente. Esses monarcas são monstros se comparados ao general. Fique atenta! — disse Mira.
— Obrigada pelo aviso. Vamos aumentar as defesas do reino. — disse Yumi, decidida.
— Espero nos encontrarmos novamente. — despediu-se Mira.
Yumi sorriu de leve.
— E se você morrer, eu te mato. Cuide bem da sua barriga. — disse ela, encerrando a chamada.
— Que final foi esse? — exclamou Nina, surpresa com o tom da capitã.
Yumi se levantou, virando-se para os soldados: