A entrada da muralha começou a se abrir com um ruído metálico. O caminhão continuou avançando lentamente, saindo da fortaleza. Sobre ele, um pequeno ghoul repousava. Assim que o veículo cruzou os portões, o pequeno ghoul se desfez, desaparecendo completamente no ar como poeira.
O caminhão parou perto do general, que o observava com desdém.
— Eu preparei e aqui entrego a quantidade de grávidas que vocês pediram. — O "príncipe" desceu do caminhão e imediatamente se curvou em reverência.
— Apresente-as. — A voz do general soava como uma lâmina, cortante e direta.
O "príncipe" abriu as portas do caminhão, revelando dez mulheres aterrorizadas, que desceram lentamente, incapazes de evitar os olhares arregalados diante do cenário de destruição e dos ghouls ao redor.
— Eu sou o rei dos humanos e me devoto ao monarca! — declarou o "príncipe", curvando-se novamente.
— Rei? — o general soltou uma risada irônica, sua expressão apática ganhando um leve toque de desprezo. — Acha que tem autoridade para se chamar assim?
— Eu me desculpo! Posso organizar os humanos para cumprir as demandas do monarca! Os humanos me obedecem e obedecerão ao monarca! — disse o "príncipe", a voz trêmula, mas insistente.
— Desgraçado! — gritou um soldado, a raiva evidente em suas palavras.
— Você não está com eles? — perguntou o general, levantando ligeiramente uma sobrancelha, sem real curiosidade.
— São tolos que querem ir contra o monarca. Mas eu, ao contrário, tenho vários humanos ao meu comando que irão obedecê-lo. Eu imploro por clemência! — O "príncipe" parecia rastejar verbalmente, mesmo estando de pé.
— Consegue mais dez até nosso próximo retorno? — questionou o general, como se estivesse negociando algo trivial.
— Me dê um mês, e garantirei essa demanda! — prometeu o "príncipe", apressado.
— As condições que darei, aceite-as. Pois falo com a autoridade permitida a mim pelo monarca. Cuide para que os bebês cresçam saudáveis e continuem se reproduzindo. Não atacaremos os humanos, e os humanos não devem atacar outros humanos, como foi o caso de hoje. Apresente todas as áreas sob seu controle — tanto as dos tolos que vão contra o monarca quanto as dos que o apoiam. — O general falava sem paixão, mas suas palavras eram pesadas como um veredicto.
— Certamente. Os tolos aqui têm o poder para destruir os que são a favor do monarca. Eles estão apenas assustados, com medo de serem mortos! — disse o "príncipe", lambendo as botas do poder.
— Maldito! — sussurrou Lena entre os dentes.
— Não é problema. Meu pelotão está vindo e ajudará a gerenciar os humanos. Não ousem comparar eles com os ghouls que estavam aqui hoje. São níveis totalmente diferentes. — O general abriu um leve sorriso, cruel. — O monarca não deseja eliminar os tolos, mas aconselho que não vão contra nós. Se desejam lutar, marquem horário, e certamente teremos o desprazer de enfrentá-los. — Ele bateu suas asas com força, criando um vento cortante ao seu redor antes de desaparecer no céu.
— Obrigado! — disse o "príncipe", curvando-se novamente, com uma satisfação repugnante em seu rosto.
Os soldados olhavam para ele com ódio e desprezo enquanto ele subia de volta no caminhão. As grávidas seguiram-no silenciosamente, e o veículo partiu, escoltado pelos ghouls.
— O que está acontecendo aí embaixo? — exclamou Mira pelo rádio, sua voz tensa.
— Nós... perdemos. — respondeu Joana, amargamente, pelo rádio.
Três dias depois...
— Os ghouls dominaram seu reino. — O mini ghoul retornava para a base, cansado.
— É como eles disseram... Não estão interferindo aqui dentro. Mas o que vai acontecer se sairmos da base? — exclamou Joana, angustiada.
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— Temos que agradecer por não estarem interferindo no instituto também. Caso contrário, seria o fim dessa divisão. — O ex-capitão parecia abatido.
— Temos estoques de comida para nós e os civis, mas acho que só dura, no máximo, quatro meses! — disse Ryuji, preocupado.
— Posso estar enferrujada, mas já fui uma soldada. Me permitam retornar ao campo de batalha com vocês! — pediu Lily, amiga de Rem.
— Você tem família. É melhor que fique com seus filhos. — Mira tentou convencê-la.
— Todos aqui são contra o tratamento que a capital está dando a vocês. Não podemos permitir que isso continue. Se querem estocar alimentos, me deixem ajudar na luta por isso! — insistiu Lily.
Mira permaneceu pensativa.
— "Estocar alimentos...?" — murmurou, enquanto uma ideia começava a se formar em sua mente.
— No que está pensando? — perguntou Rem, desconfiada.
— Naquilo que a Aiko disse sobre o nosso café. Esperem um pouco! — Mira saiu correndo em direção ao refeitório.
— Uma ideia maluca? — perguntou Lily, olhando para Rem.
— Certeza que é! — respondeu Rem, observando a mira.
Logo depois, Mira retornou correndo, segurando uma xícara e uma garrafa de café.
Ela encheu a xícara e entregou-a ao mini ghoul, que a cheirou, confuso.
— Consegue sentir o cheiro das nossas armas nisso? — exclamou Mira.
O mini ghoul cheirou de novo e balançou a cabeça em negativa.
— Conseguia sentir o cheiro das nossas armas no Kay? — Mira insistiu.
— Ferido... sangue! — respondeu o mini ghoul, com sua voz peculiar.
— Quando ele estava ferido... Entendo! — disse Mira, refletindo enquanto pegava a xícara e tomava um gole do café.
Ela virou-se para os outros, sua expressão agora firme.
— Escutem todos! Mesmo para aqueles que não gostam de café, vocês irão beber uma xícara pela manhã, à tarde e à noite. Todos os dias! — ordenou Mira, com determinação.
— Por quê? — perguntou a última garotinha que havia tirado uma foto com o capitão Takemichi, sua voz carregada de curiosidade.
— Isso vai fazer com que os ghouls malvados não queiram machucar vocês! — respondeu Mira, sua confiança estampada no rosto.
— É uma quantidade enorme de café! — comentou Lily, incrédula.
— Temos estoque. Só precisamos ir buscar! — disse Mira, já planejando o próximo passo.
— Mas como? — exclamou Lily, preocupada.
Poucos minutos depois, quatro caminhões saíram da base. O mini ghoul estava sentado no topo do primeiro veículo, como um sentinela vigilante.
Assim que os caminhões avançaram pelo território infestado, os ghouls começaram a se aproximar, atraídos pelo movimento.
— Não tenham medo! — disse Mira pelo rádio, tentando acalmar o grupo.
Os ghouls pousaram ao redor dos caminhões, cercando-os. Mira foi a primeira a descer, seu olhar firme desafiando a tensão crescente no ar.
— Aonde estão indo, humanos? — perguntou um dos ghouls, sua voz ecoando com ameaça.
— Estamos indo buscar comida para o meu pessoal. — respondeu Mira com calma, mas sem hesitação.
O ghoul riu alto, sua risada gélida reverberando entre os demais.
— Vocês saíram do seu lugar seguro e vieram direto para a morte! — zombou o ghoul, exibindo suas presas afiadas.
Mira deu um passo à frente, encarando-o sem medo.
— Tudo bem. Eu não me importo nem um pouco de morrer. Mas parece que seu monarca tem interesse no meu filho. Se eu morrer, ele não vai nascer. E as outras grávidas nesse caminhão logo irão tirar a própria vida se eu morrer. Então, vá em frente! Se quer me matar, faça isso agora. Ou, se preferir, mande-nos de volta para dentro das muralhas, onde morreremos de fome em poucos dias. Vai em frente! — desafiou Mira, sua voz carregada de uma mistura de ousadia e desespero controlado.
O ghoul aproximou-se lentamente, suas asas abertas como uma sombra ameaçadora.
— Todas essas fêmeas estão grávidas? — perguntou ele, desconfiado.
— Sim. E tem mais algumas lá dentro. Se quiser, pode ir conferir. Elas já estão esperando. Se você quer que todas nós morramos de fome, basta não nos deixar buscar comida. — respondeu Mira, firme, sem recuar.
— Não se ache tanto, humana! — rosnou o ghoul, fechando as asas e voltando para sua posição inicial junto aos outros.
— Então, isso significa que podemos continuar? — perguntou Mira, cruzando os braços e erguendo uma sobrancelha.
O mini ghoul acenou em concordância, e Mira sorriu de leve antes de subir de volta no caminhão. O comboio retomou sua viagem, rumo ao vilarejo natal dela.
— Faz tão pouco tempo, mas parece que foi há anos que estivemos aqui. — comentou Rem, se espreguiçando no banco do caminhão.
— É, mas com todos esses ghouls por aí, dá vontade de nunca mais voltar! — respondeu Mira, com uma risada amarga.
— Vão parando os caminhões na entrada. Eu e minha filha vamos abastecer. Mini ghoul, fica de vigia! — ordenou Rem.
As mulheres começaram a descarregar e encher os caminhões com pacotes de café moído. O trabalho durou quase um dia inteiro, até que os veículos estavam cheios.
Mira pegou o rádio e enviou uma mensagem para Ravena.
— Caminhões abastecidos. Vamos descansar aqui e partir ao amanhecer.
Na casa de Rem e Mira, a líder se dirigiu ao grupo:
— Podem tomar banho se quiserem. Partiremos ao amanhecer. Não precisam ter medo. O mini ghoul vai nos proteger durante a noite.
— Onde fica o banheiro? — perguntou uma das mulheres.
— Temos dois. Podem ir primeiro. Mira, mostre o caminho para elas. Eu vou ver se sobrou alguma coisa aqui em casa para comermos. — disse Rem.
— Me sigam! — disse Mira, conduzindo as mulheres.
Rem foi para a cozinha.
"Voltamos para casa... mas agora a sensação é muito ruim." — pensou Rem, enquanto abria a geladeira.
De repente, uma mão tocou a dela por trás.
"Amor?" — pensou Rem, girando rapidamente para olhar.
Não havia ninguém. A visão desapareceu como uma miragem.
"De onde estiver, eu sei que está nos protegendo." — pensou ela, sorrindo levemente.
Tanto a geladeira quanto as prateleiras estavam vazias.
"Como eles pegaram os alimentos daqui de casa?" — pensou Rem, confusa, até que se lembrou de algo.
"Ah... dei uma cópia da chave para a Lily."
— Entendo. — murmurou ela para si mesma.
— Encontrei alguns doces no meu quarto! Ainda estão bons. — disse Mira, retornando com um sorriso.
— Que bom que você é gulosa! — respondeu Rem, aliviada.
— Por que está me xingando? — exclamou Mira, indignada.
— Fico feliz. O pessoal levou nossos mantimentos para a base. Então, esses doces e o café lá fora são tudo o que temos para hoje! — disse Rem.
— Você fala isso, mas o Kay era mais guloso do que eu... — comentou Mira, olhando para o teto.
As duas correram para o antigo quarto de Kay, rindo.
— Onde é que ele escondia? — perguntou Mira, começando a fuçar nas gavetas, junto com Rem.
Elas reviraram o quarto inteiro, mas não encontraram nada.
— Acho que você era mais gulosa do que ele! — disse Rem, tentando fazer uma piada.
— Isso não tem graça! — retrucou Mira, batendo o pé no chão, visivelmente irritada.
De repente, uma parte do teto desabou e caiu na cabeça de Mira.
— A casa tá caindo! — gritou Mira, com dor.
— Não é isso, olhe lá! — disse Rem, apontando para algo no teto.
Mira olhou para o que havia caído.
— O que... Kay? — exclamou ela, olhando a madeira que agora estava visível.