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Tetsu no Chikara: Saigo no Kibo
Capítulo 114: Segredos do passado 6!

Capítulo 114: Segredos do passado 6!

A gravação continuou. Algumas horas depois, o coelho ainda pulava pelos arbustos. Na outra imagem, Mira aparecia na frente da casa de Kay, conversando com a mãe dele. Kay passou correndo dentro da casa, com um arco e flecha nas costas.

— Para de correr dentro de casa! — gritou a mãe de Kay, sem sequer virar o rosto.

Kay calçou os sapatos apressadamente e saiu pela porta da frente.

— Estou saindo! — disse ele, animado.

— A Rem me convidou para almoçar. Vou lá ajudar. É melhor do que ficar aqui parada. — disse a mãe de Kay, calmamente.

— Entendi. — respondeu Kay, desaparecendo da vista.

— Ele merece um chute. Dou minha permissão. — disse a mãe de Kay, olhando para Mira com um sorriso.

Mira não pensou duas vezes e correu atrás dele.

— Esse garoto... — pensou a mãe de Kay, balançando a cabeça antes de fechar a porta e sair também.

Kay entrou na floresta, mas logo parou, concentrando-se no cheiro. Mira aproveitou a brecha e acertou uma voadora nele, derrubando-o no chão.

— Tá maluca? — exclamou Kay, levantando-se rapidamente e encarando-a, confuso.

— Tá me vendo, não, idiota? — gritou Mira, irritada.

— Vi, mas agora não é uma boa hora! Estou caçando uma presa grande! — disse Kay, voltando a se concentrar.

Mira estremeceu levemente, mas disfarçou.

— Boa sorte. — disse Mira, com um leve tom de sarcasmo.

— Valeu. — respondeu Kay, já se movendo para rastrear o cheiro novamente.

Mira, indignada por ser ignorada, deu outro chute nele.

— Tá doida, é? — exclamou Kay, se virando irritado.

Mira simplesmente virou o rosto, ignorando-o.

— Se está com medo, sai da floresta! — disse Kay, ríspido.

— Você não manda em mim. E eu não estou com medo. — respondeu Mira, cruzando os braços.

— Faça o que quiser. — disse Kay, bufando antes de voltar a rastrear o cheiro.

— Trocou de perfume? — exclamou Kay, olhando para mira.

— Nojento! — retrucou Mira, com desdém.

— Esquece, eu encontrei! — disse ele, a voz cheia de empolgação, enquanto começava a andar mais rápido, quase correndo.

Mira hesitou por um instante.

"Por que eu estou seguindo esse idiota mesmo?" pensou ela, tentando disfarçar o desconforto.

Apesar do medo, ela não ficou para trás.

— Ei, espera aí! — disse Mira, apressando o passo para acompanhá-lo.

Os dois continuaram adentrando a floresta, mergulhando cada vez mais fundo naquele labirinto de sombras e folhas.

— Vamos voltar, Kay? — pediu Mira, sua voz trêmula enquanto olhava ao redor com nervosismo.

— Ele deve estar por aqui... Eu consigo sentir! — respondeu Kay

Mira franziu o cenho, o medo transbordando em sua voz.

— O que você está caçando?!

Kay não respondeu. De repente, ele parou bruscamente, e Mira, distraída, colidiu com as costas dele.

— Shh! — Ele tampou a boca dela com uma das mãos, virando o rosto para encará-la. Seus olhos estavam sérios, quase ferozes, como se implorassem por silêncio absoluto.

O coração de Mira disparou. Ela acenou com a cabeça, com lágrimas surgindo nos cantos dos olhos. Kay soltou sua boca lentamente e colocou um dedo sobre os próprios lábios, reforçando o pedido de silêncio.

Ele puxou o pequeno arco que carregava e encaixou uma flecha. A expressão de Kay mudou; o menino brincalhão deu lugar a alguém focado, metódico. Ele avançou com cuidado, cada passo tão silencioso quanto possível, enquanto Mira observava, paralisada entre a curiosidade e o medo.

Unauthorized duplication: this tale has been taken without consent. Report sightings.

Ela olhou ao redor, tentando ver o que ele via, mas tudo o que enxergava eram arbustos e árvores.

Kay se ajoelhou, prendendo a respiração. Ele esticou a corda do arco, seus olhos fixos em um arbusto que se mexia suavemente. O tempo parecia parar. Então, ele soltou a flecha.

O som seco do disparo cortou o ar, seguido por um estalo abafado no arbusto. O movimento cessou.

— Acertei! — gritou Kay, com um sorriso triunfante. Antes que Mira pudesse detê-lo, ele correu na direção do arbusto, movendo as folhas com pressa.

— Kay, espera! — chamou Mira, hesitante, mas ele já estava fora de alcance.

Kay mergulhou no arbusto, remexendo com as mãos até puxar sua "caça". Ele se levantou, segurando um coelho abatido pelas orelhas, um sorriso de orelha a orelha estampado em seu rosto.

— Mira, vamos comer juntos! — exclamou Kay, levantando o animal como se fosse um troféu.

Mira recuou, horrorizada. Lágrimas desceram por seu rosto enquanto ela balançava a cabeça freneticamente.

— Idiota! Eu vou contar pra minha mãe! — gritou, virando-se e correndo em disparada.

— O quê?! Não vai querer? — Kay gritou de volta, confuso.

— Não! — gritou ela, a voz ecoando pela floresta enquanto desaparecia entre as árvores.

Kay coçou a cabeça, olhando para o coelho em suas mãos.

— Então eu vou comer sozinho... Melhor fugir antes que a mãe apareça! — disse para si mesmo. Sem perder tempo, ele jogou o coelho por cima do ombro e correu para longe, desaparecendo na floresta.

Kay caminhou pela floresta até encontrar uma pequena clareira. O sol mal atravessava as copas das árvores, deixando o lugar envolto em uma penumbra misteriosa. Ele colocou o coelho no chão e começou a reunir galhos secos, empilhando-os cuidadosamente no centro da clareira.

— Isso deve ser o suficiente — murmurou para si mesmo, puxando um canivete do bolso e abrindo-o com um clique.

Com movimentos habilidosos, Kay limpou o coelho. O som da carne sendo cortada e do sangue pingando no chão ecoava de forma inquietante na floresta silenciosa. Seus olhos estavam fixos na tarefa, e seu rosto demonstrava concentração absoluta.

— "Isso vai ficar bom..." — pensou ele

Depois de preparar a carne, ele improvisou um espeto usando um galho resistente que afiou com o canivete. Kay acendeu a fogueira com um isqueiro que carregava no bolso, observando as chamas ganharem vida. O calor começou a crescer, e a madeira crepitava enquanto ele posicionava o espeto sobre a fogueira.

O aroma da carne assando começou a se espalhar pela clareira. Kay girava o espeto lentamente, os olhos brilhando de expectativa.

— Agora sim... — disse ele, quase salivando ao ver a carne começar a dourar.

Após alguns minutos, a carne estava no ponto — suculenta, dourada e com um aroma que faria qualquer um ficar faminto. Kay tirou o espeto do fogo e assoprou a carne para esfriar um pouco. Ele cortou um pedaço com o canivete, espetando-o na ponta.

— É agora! — exclamou, levando o pedaço à boca.

Ao mastigar, um sorriso de satisfação tomou conta de seu rosto. Porém, assim que engoliu, algo mudou. Seu sorriso desapareceu, e sua expressão ficou tensa.

— O que é isso...? — murmurou, levando a mão à garganta.

Kay tropeçou para trás, caindo de joelhos enquanto tossia violentamente.

— Argh! — Ele cuspiu sangue, manchando o chão da clareira. Seus olhos se arregalaram enquanto sua visão começava a escurecer.

Ele caiu de lado, o corpo tremendo e a respiração ofegante. Por um longo tempo, Kay ficou imóvel, o silêncio da floresta envolvendo-o como um manto sombrio. O sangue que cuspira formava pequenas poças ao lado de seu rosto pálido.

O tempo parecia não passar. Então, após o que pareceu uma eternidade, Kay mexeu um dedo. Um som baixo e rouco escapou de sua garganta enquanto ele lentamente levantava a cabeça.

— Que... nojento... — murmurou, cuspindo mais sangue e sentindo o gosto metálico na boca.

Ele se sentou com dificuldade, apoiando-se nas mãos trêmulas. Seus olhos estavam desfocados, e sua respiração continuava pesada.

Kay olhou para o pedaço de carne no espeto, agora sem brilho e com um cheiro estranho que ele não havia percebido antes. Um arrepio percorreu sua espinha.

— O que era isso...? — perguntou a si mesmo, ainda zonzo, enquanto limpava o sangue da boca com as costas da mão.

Ele tentou se levantar, suas pernas ainda fracas. Ele estava cavando um buraco para jogar a carne fora.

Esse cheiro, minha mãe já almoçou que inveja! disse kay, ainda cavando o buraco

Pouco minutos depois a mãe dele se aproximou.

— Que cheiro ruim é esse? — exclamou a mãe de Kay, aproximando-se da fogueira com o nariz franzido.

Kay, que estava agachado, mexendo nas cinzas, olhou para ela sem jeito.

— A carne estava podre... — disse ele, enterrando a caça com uma expressão de nojo.

— Estava? Ou você não limpou direito antes de assar? — retrucou a mãe, cruzando os braços.

Kay desviou o olhar, coçando a nuca.

— Achei que tinha limpado direito... — murmurou, envergonhado, enquanto apagava o restante da fogueira.

A mãe suspirou, balançando a cabeça.

— Kay, quando for caçar, não leve a Mira. Você sabe que ela não consegue ver animais mortos.

— Desculpa... — respondeu ele, a voz carregada de arrependimento.

— E eu te avisei que fomos convidados para almoçar na casa delas hoje. Por que não deixou isso para depois?

Kay deu de ombros, ainda mais envergonhado.

— O cheiro dele estava tão forte... achei que o gosto seria incrível!

A mãe soltou uma risada leve, apesar do sermão.

— Vamos voltar. Já é tarde.

— Tá... — respondeu Kay, pegando o arco e as flechas.

Enquanto caminhavam de volta, a mãe olhou para ele de lado.

— E outra coisa, nada de sair para caçar perto da hora das refeições. Entendeu?

— Tá... — repetiu Kay, resignado.

— Parece que vomitou bastante coisa, você está palido! disse a mãe

— O gosto era horrivel parece até que eu ia morrer! disse kay

A mãe dele o olhou confusa mas sorriu dizendo que a sorte dele é que ta na hora do almoço. Kay concordou e eles foram para a casa da Rem.

(A partir daqui para o pessoal do instituto e do exercito, a gravação só vai mostrar o audio gravado pela Lavel através do celular deles.)

De volta à casa de Rem, Kay ajoelhou-se na entrada, com a testa encostada no chão.

— Eu sinto muito! — exclamou ele, curvando-se com exagerada reverência.

Rem e a mãe de Kay trocaram olhares cúmplices, segurando o riso. Mira, por outro lado, estava vermelha de vergonha.

— Eu te perdoo... agora, por favor, levanta! Está me envergonhando! — disse Mira, olhando para os lados como se quisesse desaparecer.

Kay ergueu a cabeça, aliviado.

— Obrigado! — disse ele, levantando-se de um salto.

Rem, que observava da cozinha, balançou a cabeça com um sorriso.

— Agora vai comer, Kay. Você está branco feito um lençol!

— Obrigado, tia! — disse ele, já indo em direção à mesa.

— Vai lavar as mãos primeiro! — ordenou a mãe, apontando para o banheiro.

— Tá! — respondeu Kay, indo apressado.

Enquanto ele estava fora, Rem virou-se para Mira, que estava parada, pensativa.

— Nós vamos assistir alguma coisa. Pode fazer café e pipoca para nós?

— Eu não gosto de fazer café... — resmungou Mira, cruzando os braços.

Rem arqueou uma sobrancelha.

— Seu café é ótimo, então para de reclamar. Já fizemos o almoço. O mínimo é você fazer o café!

Mira bufou.

— Isso é chantagem! — protestou, marchando para a cozinha.

Rem reprimiu uma risada, mas não deixou passar.

— Olha como você fala com sua mãe!

A mãe de Kay, que assistia à troca com diversão, comentou:

— Acho que sei onde ela está aprendendo essas coisas... — Deve ser o Kay. Mas... pensando bem, ele não é inteligente o suficiente para usar palavras difíceis.

Nesse momento, Kay passou pelo corredor, enxugando as mãos.

— Até eu sei o que é chantagem! — disse ele, cheio de confiança, estufando o peito.

As duas mulheres pararam e o olharam curiosas.

— Ah, é? Então o que é chantagem, gênio? — perguntou a mãe, desafiando-o com um sorriso de canto.

Kay ergueu o queixo, triunfante.

— É quando uma pessoa mora em Uberlândia, mas trabalha com táxi!

O silêncio durou apenas um segundo antes de Rem e a mãe de Kay se dobrarem de tanto rir, cobrindo a boca para não estourar em gargalhadas mais altas.

— Isso não é chantagem, Kay. Isso é hipocrisia! — corrigiu Rem, ainda tentando recuperar o fôlego.

— Vocês estão erradas! — protestou Kay, o rosto vermelho enquanto saia às pressas.

— Passou vergonha de novo, Kay! Você tem que estudar mais! — provocou Mira, sem tirar os olhos do café que preparava.

Kay bufou, puxando uma cadeira e se sentando à mesa.

— Eu já estudo o suficiente! Só confundi as palavras! — respondeu ele, enquanto começava a encher o prato.

Mira soltou uma risada curta, sem esconder o tom de superioridade.

— Se quiser, eu posso te dar umas aulas. — ofereceu, se gabando.

Kay apenas soltou uma risadinha sarcástica e voltou a atenção para o almoço, ignorando a provocação.

— "Esse garoto me tira do sério!" — pensou Mira, apertando o cabo da cafeteira com mais força do que o necessário.

— Sem brigas, vocês dois! — interveio Rem, observando-os da porta, ao lado da mãe de Kay.

— Não estamos brigando! — disse Kay, mastigando de boca cheia.

— Não me distraiam! Vai sentar lá, vocês duas! — ordenou Mira, apontando para a sala.

Rem ergueu as mãos em rendição, puxando a mãe de Kay consigo.

— Tá bom, você que manda, senhora chef! — brincou, saindo com um sorriso.

Já na sala, a mãe de Kay cochichou para Rem:

— Parece uma esposa cozinhando para o marido.

— Concordo! — murmurou Rem, rindo.

Mira, que ouviu o comentário, ficou vermelha na hora.

— Nem pense em coisas estranhas! — disse ela, girando para encarar Kay.

Mas ele parecia alheio, devorando o prato como se o mundo dependesse disso.

— "Por que ele está comendo tão rápido? E por que parece tão... apático?" — pensou Mira, voltando a atenção para o café.

De repente, Kay levantou o prato vazio.