— A Eva ainda está dormindo, Listo? Essa preguiçosa não sabe do nosso compromisso hoje? Se não corrermos, vamos perder o campeonato e a possibilidade de escolher bons aprendizes para a missão — jogue um balde na Bela adormecida.
Calisto responde com uma risadinha e Lilih olha para ela por um momento... “Calisto é um tanto diferente em comparação a Eva e a mim. Na verdade, somos todas diferentes, e eu sou a mais baixa por aqui. Calisto tem uma altura média, mas seu corpo é grande, e ela é um tanto elegante, madura talvez? Os cabelos escuros e longos de Calisto reforçam mais a sua aparência elegante; ela demora horas penteando essa cabeleira.”
Lilih continua a olhar enquanto Calisto começa a se vestir com o uniforme da organização. “Como essa mocreia consegue ser tão peituda? Eu nem me desenvolvi ainda... Acho que eu sou como uma fruta verde e pequena, e Calisto é um melão maduro. E bota melão isso”.
Calisto nota o olhar de desânimo em Lilih, mas a ignora enquanto se veste. Lilih se aproxima de Eva dormindo; a mesma está em seu cobertor, ela dorme toda desengonçada e de boca aberta, e até parece que seus sonhos são turbulentos. “Nunca repararei se a Eva é igual a Listo.”
Lilih então puxa o cobertor de Eva e nota que a mesma está usando uma blusa fina. Ela se decepciona ao ver que, em comparação com as duas, ela parece uma criança. Eva então acorda com Lilih próxima a ela, até demais, com o cobertor para baixo e olhando para seus seios... É o suficiente para que a mesma solte um grito, derrubando Lilih da cama.
— O que você está fazendo!? Não é nada saudável observar as pessoas assim enquanto dormem, eu acabei de ver um demônio, e o pior é que ele tem cabelo castanho e observar os outros dormindo!!! — Eva solta um bocejo enquanto Lilih esfrega a cabeça por ter a batido.
— Argh! Como você acorda com uma energia dessa? Estamos atrasados para ver o campeonato hoje. Lembre-se que vamos escolher aprendizes para a missão. Listo já está praticamente pronta, eu já estou indo me arrumar... Só tive que acordar esse bicho preguiça chamado Eva.
Eva esfregando os olhos e diz:
— Vai lá se arrumar que eu preciso ajeitar algumas coisas. Hoje eu vou à casa do pai dar uma olhada lá... Faz tempo que não fazemos uma visita e quero ir limpar também.
— Eva, foi mal, mas eu e a Listo vamos trabalhar hoje mais tarde... Vai ter que limpar sozinha.
Enquanto elas conversam, Calisto aparece toda arrumada, mesmo com o uniforme, ela está usando batom e maquiagem. Ela é tão diferente e bonita, e usa um chapéu feminino preto e óculos escuros.
— Já estou pronta, melhor você correr pro banheiro, Lilih. Eva demora demais tomando banho, meu relógio diz que Martin vai tirar nossa couro se demorarmos.
Lilih e Eva não dizem nada... Calisto é tão bonita, ela não costuma se produzir assim. Lilih vai direto para o banheiro, enquanto Calisto se escora na parede e olha para Eva.
— Quem diria que estaríamos todas as juntas em uma missão? Seja sábia na escolha, certo? Não quero que a minha Ervinha — Digo... Eva favorita se machuque na missão.
— Pode deixar, Calisto. Digo o mesmo para você, tá? Já tem uma tonta aqui nesse quarto, seria ruim demais perder a outra.
Lilih aparece vestida com seu uniforme, fitas rosas prendem seu cabelo longo e cacheado, mas o que mais chama atenção é seu blazer rosa. É uma tanto menininha, mas recatada.
— O que vocês estão olhando!? Vá se arrumar logo, Eva.
A mesma vai até o banheiro levando algumas roupas. É possível ver que ela enfiou alguma coisa no bolso da roupa em suas mãos. Eva vai em direção ao banheiro e começa a tomar um banho enquanto relaxa, apesar do tempo. “Apenas uma água quentinha para me deixar calma, veremos aonde esse destino vai me levar.”
Eva então volta vestida com seu uniforme, seus cabelos estão um tanto molhados e bagunçados. Ela então olha para as outras à sua frente e diz:
— Estou pronta.
— Muito bom, agora vamos ou o Martin vai ficar bravo.
Todas vão para fora e algo chama a atenção. Yuri aparece um tanto apressado e para olhando para Eva. O peito dele parece lutar para ter um pouco de oxigênio.
— Tudo bem, garotas? Vocês também... vão para ver o campeonato juvenil? Acabei de me atrasando por causa de alguns assuntos do trabalho.
— Fala, Yuri, a gente vai sim. Vamo com a gente, você anda muito sumido, hein? — Eva solta uma risada ao dizer isso, enquanto as outras apressam os dois enquanto todos andam em direção ao lado de fora da organização.
— Yuri, diria que a nossa turma toda está indo para a capital, mesmo em caminhos diferentes.
O semblante de Lilih se torna um grande sorriso de orelha a orelha.
— Ainda vamos tomar aquele bom vinho quando isso tudo acabar, só a Eva que não, porque essa criança aí não bebe nada.
— Eu só vou se tiver aqueles charutos legais, saca? Se vamos beber algo elegante, eu quero fumar algo elegante.
— Se vocês continuarem nessa bebedeira, ainda vão se tornar esse motor com defeito aí, Yuri não consegue ficar sem cigarros mais.
Yuri olha pros lados e depois ri dizendo:
— Eva, é apenas para manter a calma e ficar mais relaxado.
Lilih dá uma risada sarcástica enquanto diz:
— Eu prefiro lascar mais o meu rin do que o meu pulmão.
Eva então fecha os olhos balançando a cabeça enquanto volta a falar:
— Eu já estou de saco cheio de vícios, quanto menos, melhor.”
Eles então chegam até a outra organização. É um tanto semelhante à outra, mas o que muda é que são para os guerreiros mais jovens.
...
— Aonde aquelas garotas se meteram? Já está quase terminando a primeira luta e nada delas.
— Calma-se, senhor Martin. Creio que elas já já estarão aqui. Aliás, olha quem está vindo ali. — Alexander aponta para eles que estão correndo na arquibancada, até mesmo trombam sem querer nas pessoas que estavam sentadas, outras até que fazem parte da organização juvenil. Eles se juntam aos outros, é um tanto afastado das outras arquibancadas, Martin e Alexander estão sentados e a galera toda.
— Obrigado por nos esperar, Martin. Acabei atrasando elas... Desculpe-me.
— Tudo bem, Yuri... Apenas prestem atenção no combate. Vocês praticamente perderam a luta toda.
Eva então olha para uma arena gigantesca. Ela se parece com a que ela lutou contra Isaac, mas a diferença é uma espécie de parede transparente. Alguém fez um tipo de barreira ali, mas não dá para imaginar quem seja. O que chama a atenção é uma garota que está lutando no centro contra um outro garoto que está nocauteado. A garota então gira, se tornando um tornado, e vai em direção ao garoto na sua frente, jogando-o longe contra a parede. O mesmo não consegue terminar a luta... A equipe da enfermaria o leva para fora, enquanto todos vibram na arquibancada. Lilih adora a habilidade e rapidez da mesma e diz, olhando para Kaiki:
— Uau! Que garota forte, não sabia que alguém poderia se tornar um tornado. Kaiki consegue fazer algo assim?
Kaiki parece um tanto confuso para Lilih, mas tenta responder de alguma forma:
— Eu acho que não, os poderes dela são diferentes dos meus.
— Família Nuba... Eles são guerreiros que convocam tornados ou que se tornam tornados. Digamos que é um antecessor da família de Kaiki, mas que é um tanto de pé ainda... Kaiki e ela podem ser parentes distantes. Guerreiros dessas duas linhagens são conhecidos por sua grande força em combates; apesar de serem arcanos, são muito mais brutos do que parecem.
— Que pena que perdemos a luta... Seria interessante ver ela na pancadaria.
— Eva, essas duas são uma má influência para você se quer chegar cedo em algo.
Lilih solta um suspiro, mas logo todos prestam atenção ao telão acima que está apitando novamente, mostrando os próximos guerreiros.
Alexander solta uma pequena risada enquanto olha para Martin:
— Imagino que alguém vá orgulhar o papai hoje.
Martin solta um suspiro, mas ri da situação:
— Ela é mais parecida com a mãe. Não sei se ela puxou o meu lado mais autoritário, mas sei que ela puxou alguns dos meus talentos.
Eva fica confusa ao ouvir isso, mas um nome no telão é uma intriga. Lilih se espanta, assim como os outros. Yuri é o único que ousa falar algo:
— O senhor tem uma filha? Selena Tryn Blood, não fazia ideia de que possuía alguém com as mesmas habilidades que o senhor. Espero que ela tenha sorte.
Mas o próximo nome no telão chama a atenção de Alexander. O mesmo fecha os olhos de uma forma sábia e diz:
— Não acho que sorte esteja em jogo, pois conheço bem quem ela está enfrentando. Já ouvi falar muito sobre esse garoto, Arthur Mortuus. Digamos que ele é um tanto problemático, pois sua habilidade envolve explosões.
Um desconforto percorre todos ao ouvir isso, mas Martin parece manter a calma e diz:
— Foi o tio desse garoto que explodiu um distrito inteiro lutando com ameaças bem perigosas. Com um descuido, ele se sacrificou e, além de matar os seres malignos com uma explosão, também matou pessoas da região. Graças a Deus que o distrito era novo e apenas 200 pessoas morreram nesse dia. Poderiam ser até mais. Os guerreiros que usam poderes de explosão morreram muitos na capital. Creio que esse garoto seja o último da linhagem. Nós estávamos treinando antes desse acidente envolvendo seu tio. É por isso que ele está vivo; estava longe desse distrito.
Kaiki então olha para todos com um sorriso em seu rosto. Algumas covinhas se sobressaem em seu sorriso; parece que alguma memória refrescou a sua mente.
— Creio que será uma luta e tanto. Meu antigo parceiro na capital também era um Mortuus. Foi uma época muito boa... O sorriso de Kaiki se esvai aos poucos por pensamentos recorrentes do seu passado na capital. Um olhar vazio se encontra em seu semblante, mas logo isso se esvai.
A filha de Martin pula das arquibancadas com um avanço e pousa sobre o campo de batalha sem dificuldades. Por um momento, parece que as barreiras foram desativadas, o que é um alívio. Não queremos que alguém rache a cuca antes de começar uma luta. A mesma se anuncia em uma reverência um tanto exagerada.
— Olá a todos, eu sou Selena Tryn Blood, como todos sabem. Minha classificação é C+. Possuo as garras da escuridão e sou uma guerreira poderosa. Sei bem que ir para a capital é o meu objetivo, assim como o de meu pai.
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Selena é aclamada pela multidão com seus gritos e assovios. Aparenta ser um tanto famosa por ser filha de um dos guerreiros mais influentes do país, mas logo todos ficam em silêncio ao notarem a figura quieta se dirigindo ao centro da arena. Um rapaz quieto, vestido com um grande moletom aberto por cima de seu uniforme, ele é um tanto alto e isso o faz ser intimidante. O que chama a atenção é o seu rosto vazio, mas em seguida isso muda quando ele diz:
— Eu sou Arthur Mortuus, rank C, e sou o último usuário da habilidade Explosão Fragmentada. E isso é tudo.
Selena mexe seu cabelo perfeitamente penteado e então diz, de forma confusa:
— Não conheço ninguém com um nome como o seu. Você se acha tão poderoso? Vamos ver se é mesmo.
Arthur responde com uma pequena risada e apenas estende a mão em sua direção, e então a batalha começa. Selena o analisa e continua a tagarelar:
— O que você sabe fazer além de explodir coisas? Eu retalho coisas.
Selena passa as mãos por cada dedo seu e é possível surgirem garras gigantescas prontas para retalhar. Com elegância, ela posiciona suas pernas e pula em direção a Arthur em um movimento giratório, mas ele então desfere uma explosão na direção dela, que é jogada contra a parede pelo impacto. Pela sorte da mesma, não foi uma explosão concentrada o suficiente e apenas a repeliu.
— Acha que fama é habilidade? Eu poderia agora mesmo ter acabado com você.
Selena se levanta e olha com raiva para Arthur, mas nota o olhar decepcionado de seu pai ao olhar para a arquibancada. Selena então ativa suas garras gigantescas novamente. Garras negras surgem sobre os dedos, como se seus dedos se tornassem grandes garras afiadas como lâminas. Uma voz então pare em sua mente:
“Não é porque possui minha habilidade que é forte como eu... Prove o seu valor, garota.”
Selena avançou em zigue-zague em direção a Arthur com suas garras usando avanços. Ele tenta acertá-la novamente com explosões, mas ela desvia, avançando bem rápido como se estivesse pairando próxima ao chão. Até parece que suas investidas a impulsionam. Arthur se desespera um pouco pela velocidade de seu oponente. Em um descuido, Selena avanço contra ele e reaparece à sua frente.
Arthur fica um tanto irritado, mas logo sente dor em várias partes do corpo. Feridas rasas aparecem em seu corpo, sangue pode ser visto saindo de suas feridas.
— Sua cadela, você acha que vai prolongar a luta? Quanto mais tempo gastar aqui, mais rápido irei ficar sem forças. “É a primeira vez que vejo uma ágil agir dessa forma”.
Arthur estende suas duas mãos, desferindo pequenas explosões na direção de sua inimiga. É notável seu desespero, pois com feridas sangrando, o tempo se torna seu inimigo. Isso torna a oportunidade perfeita para que Selena o golpeie cada vez mais, abrindo mais e mais suas feridas. O lugar todo treme com as explosões e Arthur parece estar cada vez mais cansado e machucado. Quanto mais ela golpeia, mais as feridas dele ficam profundas e mais o sangue escorre de seu corpo.
— Não vai desistir? Seu corpo está chegando ao limite, Arthur.
Arthur olha com rancor, mas se mantém firme para continuar lutando.
— Eu já desisti de várias coisas, mas isso... Eu não posso perder essa oportunidade.
Arthur estende suas mãos mais uma vez, deferindo explosões em Selena, que desvia com facilidade e sorri cada vez mais. Mas em seguida, ele desfere explosões em volta de si, mas longe o suficiente para não se acertar, golpeando-a e causando dano, e a fazendo perder o equilíbrio. A respiração de Arthur se torna mais pesada; ele até apoia suas mãos em suas pernas. Selena se levanta novamente, pronta para atacar.
— Eu vou vencer isso aqui e agora, moleque. Já chega dessas brincadeirinhas explosivas. Se você se mexer, vou tirar uma perna fora.
Selena avança novamente na direção de Arthur, que então diz:
— Explosão fragmentada.
Selena para ao ver como o calor em volta de Arthur aumenta. Suas mãos começam a pulsar enquanto uma energia se intensifica. Ela fica sem reação, mas logo avança na direção dele novamente, confiante de seu golpe. Martin se levanta enquanto observa a situação, e é possível ver como ele serra os punhos, demonstrando preocupação.
Arthur move seus braços para trás e em seguida os traz para frente, desferindo uma explosão gigantesca cheia de estilhaços, mas ele então diz novamente:
— Minimizada!!!.
A explosão acaba implodindo, e seu tamanho diminuindo. Selena é jogada para longe, levando diversas explosões com detritos. O chão do lugar até mesmo foi destruído. Selena está caída e machucada ao chão. Não há dúvidas de quem é o vencedor, mas Martin salta das arquibancadas e rasga a barreira mágica que contém os poderes mágicos dentro da arena, evitando que quem está assistindo se machuque. Ele então para diante de Selena e nota que ela está desacordada e machucada. Os médicos aparecem e levam até a ala médica. Arthur observa Martin, e o mesmo caminha até ele, um misto de medo o toma.
— Não achei que nos veríamos novamente, Mortuus. Vejo que melhorou desde a última vez que a equipe te treinou.
Arthur respondeu com dificuldade:
— Eu estive me fortalecendo para um dia como esse.
Martin bate palmas para ele, e então a multidão faz o mesmo.
— Parabéns, garoto. Selena tem muito o que aprender ainda. Eu achava que você conseguiria usar sua habilidade na versão maximizada.
Martin não dá tempo para que ele responda e anda até a ala médica fora do campo de batalha. Eva nota a preocupação de Martin e olha para os outros. Yuri então diz:
— Nunca achei que ele fosse um pai tão preocupado...
Kaiki então ri, dizendo:
— Tem certeza que o conhece? Eu lembro de ver a filha dele há um bom tempo, e Martin fez de tudo para que essa garota fosse uma boa pessoa. Ele odeia o fato de que ela se ache melhor que os outros por ser filha dele.
Os outros permanecem quietos, mas Calisto diz algo ao olhar os próximos guerreiros a luta:
— Aquele tonto do Ryan também se inscreveu.
Lilih solta uma risada enquanto diz, tirando sarro:
— O seu irmão está pronto para isso? Que eu me lembre, ele era bem fraco e um tanto medroso.
Calisto coloca a mão no rosto enquanto nota outra coisa no telão:
— Puts, ele está contra aquele garoto famoso, que tem uma classificação maior que a da Eva.
Kaiki então começa a dizer, mostrando o quão conhecido é o garoto:
— Ele é um dos Charlottes, uma família famosa de guerreiros que está ligada à medicina... Mas esse garoto é diferente. Ele tem uma classificação acima da sua idade. Normalmente, os guerreiros de dezessete anos pra baixo estão limitados a C+ ou abaixo, mas seu rank é B e ele não está ligado a seus antepassados alquímicos. Ele tem poderes de ataque.
Eva se espanta ao notar que Calisto não estava implicando com ela. Um guerreiro mais novo com um rank superior ao seu... Mas a mesma nem liga para isso, pois ranks, aos seus olhos, são irrelevantes. Sua curiosidade se torna maior para ver esse garoto lutando.
Isaac começa a dizer algo, e Lilih o olha de canto de olho:
— Eu sei quem é esse garoto. Somos um tanto próximos. Eu costumava ler livros sobre guerreiros poderosos e acabei o conhecendo na biblioteca. Ele é um tanto inteligente. Não sei se o seu irmão vai ganhar. Se ele for um fraco como você, eu duvido muito.
Calisto ignora as palavras idiotas de Isaac e então se concentra olhando o campo de batalha, mas a raiva em seu olhar continua; até mesmo parece que Isaac não sai do canto de seus olhos. Desta vez, a presença dele foi um incômodo maior. “Agora eu sei como a Lilih se sente quando essa idiota vem chapar.”
Um garoto pequeno e de aparência raquítica aparece no campo de batalha. Seu cabelo é curto e parece com o de Calisto. Eles têm os olhos iguais, mas seu irmão parece um ratinho assustado tentando se esconder enquanto todos o observam. Parece até mesmo que ele está tentando fingir que não há tantos olhares perante si. Ele então nota o olhar de Calisto em meio a tantos espectadores e devolve um sorriso.
— Caramba, Calisto, eu não sabia que você tinha um irmão mais novo. Ele parece uma versão masculina sua e mais baixa. Você roubou um pouco de altura dele.
— Eu e Lilih às vezes íamos fazer uma visita. Como você sempre esteva ocupada, não acabou o conhecendo.
O outro garoto então caminha lentamente até o centro e observa Ryan. Ele é um garoto um tanto diferente. Seus olhos roxos chamam atenção; parece até mesmo ser feito de vidro. Seu longo cabelo preto é chamativo. Se não fosse pelo seu jeito, diriam que é uma garota, mas seu rosto muda isso. Ele se parece com um rapaz jovem. Abaixo de seus olhos, estão grandes olheiras que se parecem com circulos negros.
— Olá. Tem certeza que quer lutar? Se eu fosse você, acabaria com isso logo... Seria melhor para nós dois. Eu não estou com vontade de te fazer mal.
— E-e-u não de-sis-to tão fácil assim.
— Você está gaguejando de medo? O que você te traz aqui? É tão poderoso, mas não consegue controlar a própria língua?
Ryan fica quieto pelas palavras opressivas do seu oponente, mas suspira em seguida e começa a dizer... Chega a dar para ver tudo o que está acontecendo com ele.
— Eu sou Ryan Black Tamura e minha classi-fica-çã-o é C-. O que mais eu devo fal-ar? É... Minha habilidade é a C-r-io-e-ficiên-cia.
Charlote ri de seu oponente de uma maneira de o caçoar por tamanha vergonha.
— Classe B, Felix Filli Charlote. Minha habilidade é a supressão de vácuo. Eu agradeço a presença de todos nesse espetáculo.
O mesmo curva sua cabeça enquanto todos o aclamam com seus aplausos.
É um garoto um tanto promissor? É isso que se passa pela cabeça de Eva. A mesma até fica um pouco desapontada consigo mesma por alguém do grau Juvenil ter mais classificação que ela. “Eu não me importo com as classificações, mas esse garoto...”. — Calisto, eu sei que ele pode dar trabalho pra esse Charlote aí. Confie nele pelo menos uma vez.
Calisto dá tapinhas nas costas de Eva e volta a olhar para o campo sorrindo um pouco, mas metade desse sorriso é de desconforto.
Felix anda até Ryan e ele se desespera e tenta acertar com um soco. Felix é acertado em seu peito, mas parece nem mesmo ter sentido e, em seguida, pega Ryan pelo pescoço e começa a apertar.
— Ter aceitado essa luta foi uma escolha errada. Ter entrado nesse campeonato foi uma escolha péssima.
Ryan então começa a se debater de dor por sentir seu pescoço sendo apertado. Ele tenta o golpear, mas seus socos fracos nem fazem efeito...
— Argh! Me solta, Felix.
Em seguida, em reação à dor, o pescoço de Ryan começa a ficar gelado, e Felix nota isso, mas continua a apertar. Logo, as mãos do seu agressor começam a queimar de tão geladas. Ele o solta, fazendo com que Ryan volte a respirar, e Felix se afaste. O peito do mesmo luta muito para recuperar o ar.
— Minhas mãos estão congelando! Aaaaah!
Felix então começa a ter espasmos enquanto está de pé na frente de Ryan. Ele não entende, mas treme como se algo tivesse acontecido o assustando. Felix tenta se recuperar e voltar ao normal. O mesmo olha para seu pulso e nota algo brilhando, uma espécie de pulseira.
— Uma cobra?
Mas logo Felix avança em sua direção, ficando irritado, mas é o suficiente para que Ryan o congele completamente em um movimento repentino. Foi tão rápido que Félix nem conseguiu reagir. Ele está congelado em um cristal de gelo gigante, e lá está ele, estático em seu interior. Ryan olha surpreso e todos começam a gritar surpresos por Ryan.
— Eu ganheii!?
Todos olham chocados e convictos de quem pertence a vitória, mas logo a mão de Felix brilha em um tom de roxo dentro do gigantesco cristal e ele é reduzido a cacos.
— O QUE!?
Felix então aparece diante dos cacos com suas mãos se parecendo com esferas negras, uma aura diante de seus dedos. Parece pulsar. Ryan parece impressionado.
— Aumentar a pressão com minha habilidade foi o suficiente para rachar seu gelo. Que habilidade pífia a sua, eu diria.
Felix corre novamente em sua direção e desfere um soco em seu rosto, aplicando pressão, o fazendo rodopiar até a parede e se arrebentar todo contra ela. Ele cai desacordado e com suas testa sangrando. Calisto então se levanta para ir até Ryan, mas Alexander a segura e olha de uma forma que a repreende. Logo a equipe médica o retira do campo de batalha, e Calisto se assenta novamente e suspira profundamente, cruzando as pernas e olhando de lado. Lilih encara Alexander com desdém, mas Eva chuta seus pés para que pare. A mesma olha surpresa para Eva e se mantém quieta, suspirando um pouco.
Logo outros nomes surgem, indiciando os proximos guerreiros a lutar: Raviel vs Draco.
Os dois guerreiros em seus lados opostos se levantam e andam pelo caminho do centro.
— Aquele com dois sabres em suas costas, já dá para imaginar bem de qual família de guerreiros ele pertence.
Alexander então ri após Kaiki dizer o óbvio.
— Kaiki, só pelos sabres já imagino de qual família ele seja. Não me interesso muito por fracos como esse.
— Acha mesmo que eles são fracos!? Você está errado, meu senhor. Mesmo sem poderes, são poderosos e são guerreiros em abundancia de pessoas que rompem suas limitações naturais. No passado, foram ex-escravos que adquiriram forças através da luta com armas e sem dependência de habilidades. O sabre é o símbolo. Creio que seu sobrenome seja Balestra. Já ouvi falar muito deles.
Alexander arca a sobrancelha e observa o guerreiro que está com dois sabres em suas costas; são espadas médias e bem afiadas, mas o que chama atenção é sua aparência sem nada de extraordinário. Seus cabelos são ruivos, isso é o que mais se destaca. Sua pele extremamente branca e profundamente pálida, seus olhos parecem cansados e astutos, são um tanto intimidadores por serem grandes; é como encarar um falcão, apesar de tudo. Mas é um garoto comum de cabelos grandes, até estão amarrados, deixando um longo rabo de cavalo. Sua roupa parece um tanto amarrotada e surrada. — Não vejo nada de especial nele igual você diz.
— Não é ele em específico, senhor Alexander, mas é por um certo alguém dessa mesma família de guerreiros. Há um que está na capital e ele não tem poderes, mas é tão forte quanto o senhor. Dizem que ele está próximo até o Rank S+, ele pode ser forte quanto o senhor, o famoso Devorador de Demônios.
— Está brincando, certo? Pago para ver se esse garoto consegue vencer alguém com um mínimo de poder. Vamos ver se você está certo.
O outro garoto se aproxima do campo e olha para seu oponente. O mesmo o cumprimenta com um aperto de mão, mas se afasta dizendo:
— Me chamo Raviel Balestra e é um prazer estar aqui hoje. Creio que não devemos ser inimigos mesmo estando um contra o outro nesse campeonato. Não possuo poder algum, mas creio que isso não limita nada que eu possuo. Meu Rank é C-, mas isso não muda a minha força com as espadas.
Todos ficam quietos ao notarem que há alguém sem poderes no campo. Alguns olhares estranhos em sua direção podem ser vistos, até mesmo as pessoas murmurando entre si sobre o mesmo, mas isso muda quando o outro guerreiro abre a boca.
— Me chamo Draco Estefan Santiago, minha habilidade é a Mudança de forma e meu Rank também é C-... Não tenho mais nada a dizer.
Alexander parece um tanto incrédulo, mas sem entender. Os outros podem notar bem sua expressão.
— De que família de guerreiros ele é? E que diabos seria essa “mudança de forma”? Só pode ser piada, certo? Duvido que o Balestra vá perder agora, esse garoto é estranho.
— Devíamos ver melhor, meu Senhor... Isso é só o começo. Nunca ouvi falar de nada assim, talvez só seja um novato. Até mesmo os Guerras nem sempre foram os aclamados, certo? Foi o senhor quem mudou isso.
Alexander permanece quieto, assim como os outros, que preferem ter atenção ao campo de batalha, inves de ficar comentando coisas desnecessárias. Mas o melhor é ouvir o que eles têm a dizer sobre os guerreiros. Quando Alexander falou daquela forma sobre o garoto, algo mexeu com Eva. Ela sentiu que já havia passado por algo assim. A sensação de que a opinião de Alexander vai mudar, mesmo que seja difícil.
Raviel então fica em posição de luta com seus punhos. Parece que ele não usará suas espadas no momento. Draco se mantém firme, olhando para o mesmo e estando um tanto nervoso, soando frio, mas seus olhos estão atentos.
Raviel corre até Draco em sua direção e desfere um soco em seu ombro, mas ele desvia, se desequilibrando um pouco e cambaleando para trás. Foi o suficiente para que Raviel novamente avançasse próximo a ele para acertar uma rasteira em seus pés, enquanto ele perdia seu equilíbrio.
— Eu não costumo passar a perna nas pessoas, mas tenho uma exceção para pessoas como você. Hora de mostrar por que guerreiros como eu ainda têm espaço nesse mundo caótico.
Raviel puxa uma de suas espadas e tenta golpear Draco, que está no chão. Mas uma voz cheia de intensidade anuncia a mudança de planos e o dono dessa voz segura a lâmina.
— Tá achando o quê, hein? Não vai se achar muito com esse furador de coco!!!
Os olhos de todos se arregalam enquanto ele prende com as pernas o braço de Raviel e aperta, fazendo com que o mesmo solte a lâmina. Ele então é jogado para longe pela força de seu inimigo. Draco então se levanta, jogando as pernas e seu corpo para frente. Parece até que a adrenalina está pulsando em seu corpo de uma forma insana. Raviel se levanta novamente e olha um tanto assustado. Sua lâmina está próxima de Draco, mas ele não consegue admitir que foi pego por um golpe com tanta força. É notável como ele não é uma pessoa normal.
Draco é diferente mas ainda é o mesmo, seu rosto está adornado com um olhar cheio de ódio que então se desfaz, mas algo há a mais nisso, Há algo diferente além de um olhar rancoroso.
- Belo golpe Draco, mas acha que só eu aplicar esses golpes com aumento de força é o suficiente contra mim? Não vou brincar mais com você ou perderei, sinta toda a força de meus ataques.
Raviel pega sua outra espada e avança correndo com ela na direção de Draco, ele joga seu sabre na direção do inimigo, Draco com as duas mãos segura o sabre, Raivel desliza e pega o outro que estava caido sobre o chão, com o sabre é possível velo estocando a barriga do mesmo.
- Xeque companheiro!!! Draco o observa em um misto de dor e desconforto e Raviel volta a perfurar estocando sua barriga mais e mais, o olhar de felicidade de Raviel se torna até um pouco sádico mas Draco continua com um olhar ainda pior de raiva e o certa uma cabeçada que o deixe desnorteado o suficiente para que também seja acertado novamente mas agora por um chute em seu peito, até mesmo parece que Draco não está sentindo seus ferimentos ou sua raiva é muito maior.
Raviel fica ao chão com a visão desnorteada mas ele consegue ver Draco retirando o Saber de sua barriga, o sangue vermelho carmesim pode ser visto.
Alexander parece interessado no garoto, os olhares curiosos parecem pesar sobre ele.
- Esse cara é sinistro Alexander, tenho certeza de que sua habilidade não é normal
Aos poucos o corpo de Draco começa a mudar e dar forma a uma pele de tom esverdeado, quatro e grandes olhos intimidadores, grandes musculos definidos, seu tamanho parece aumentar como uma sombra se distorcendo sobre a luz, seus cabelos que antes eram curtos se tornam maiores e mais volumosos, Draco já não está mais ali, mas o que mais deixa Raviel perplexo é o olhar sádico que pesa naquele rosto, seus dentes se parecem com presas afiadas prontas para matar .
Ele caminha lentamente até seu inimigo e desfere um golpe contra o mesmo, ele fecha os olhos e tenta defender com suas mãos, mas ao abrir os olhos ele nota uma figura imponente a sua frente segurando o golpe em cheio, um tremendo impacto pode ser ouvido, Alexander o segura pelo pulso e o disfere contra o chão em uma força surpreendente, Draco então desmaia e Felix corre ao campo de batalha e intervem que Alexander continue.
- O que está fazendo? Ele não é um demonio... Isso é uma maldição é difícil de explicar mas é isso, deixe-o em paz!!!
Alexander olha um tanto confuso mas diz
- Olhe para essa coisa, acha que isso não é um demônio!? Você é apenas um fracote que nunca saiu do ninho e quer discutir comigo? Ha- Saia da frente e me deixe continuar.
Felix abre os braços e tenta ficar na frente do mesmo, mas é recebido por um soco em seu rosto que o faz cair ao chão, o resultado é um olho roxo.
Uma figura então despenca do alto das arquibancadas e cai sobre o chão em pé aos gritos, sua voz se parece com um vendaval estridente.
- August Nuba se apresentando! Aqui está um dos Conselheiros e uma das principais Autoridades, esse campeonato está suspenso e todos devem se retirar imediatamente ou irei receber grandes punições, é uma ordem e não um pedido e eu não estou brincando. Alexander!!! DE MAIS UM PASSO E SERÁ DECLARADO COMO UMA TRAIÇÃO AO SUPREMO!!!.
Alexander permanece parado e observa todos se retirando, Kaiki tenta se aproximar da arena mas rapidamente é anunciado por outros superiores nas arquibancadas que estão fazendo todos irem embora.
— Sempre com seu nariz onde não deve, certo? Mas o que seria uma traição em condições que envolvem uma criatura encontrada dentro de nosso território? Tenho certeza de que é um caso de possessão.
O homem de aparência formal o observa, é estranho a forma que ele se vangloria a si mesmo.
— Você não é mais a mão do rei e caiu de sua posição. Quer ter um lugar de fala aqui? Seu direito é permanecer calado e eu posso continuar falando o quanto quiser!!
As dobradiças de metal que estavam expostos na arena, em consequência da luta, elas vibram em um ritmo perturbador. Algo se forma delas ao sair das dobradiças e se transformar em uma figura que aparece em frente a Alexander, um homem cinzento como o ferro, mas logo revela sua identidade.
— E quem você acha que é falando dessa forma com o mesmo? Mesmo com sua alta patente, não deve tratá-lo assim! Aliás, é o trabalho do General garantir a segurança de todos. Não há nada de traição em cumprir com seu trabalho. Não me faça sair da minha mesa para resolver coisas triviais. E sobre o garoto... Eu resolvo isso, pois ele é meu subordinado. Tudo está resolvido por aqui. Todos já foram embora. Agora, sumam daqui, que eu resolvo daqui pra frente!!!