Draco abre seus olhos estando na enfermaria e nota que alguém está próximo.
— Está bem, Draco? Peço desculpas pelo incidente que ocorreu... É algo muito confuso pra voce imagino...
Draco pisca os olhos com dificuldade e nota que sua cabeça está doendo. Ele se assenta na cama com as costas na cabeceira, mas é o suficiente para que seu peito doa.
— Não foi um sonho...
O diretor olha um tanto confuso enquanto analisa, com uma das mãos no queixo.
— Não se lembra do ocorrido? Você experimentou aquela "habilidade" na luta e ela foi interrompida por Alexander, pois ele achou que você estava se corrompendo e se tornando um demônio.
Draco fica assustado e o diretor tenta acalmá-lo.
— Não foi um sonho, mas aquela é a minha habilidade e eu não sou um demônio.
— Eu sei que não é, o campeonato foi encerrado, mas não é um problema... Ainda poderão ser escolhidos os que foram vistos em combate. Sinto muito por tudo o que aconteceu.
— O que aconteceu com Charlotte, ele está bem?
Albert parece um tanto apreensivo, mas há algo que o incomoda.
— Está bem, mas ele sofreu algumas consequências. Não ligue tanto para isso.
— Consequências!?
— Acho que você deve visitá-lo. Ele está em seu quarto descansando no momento e eu adoraria que você falasse sobre essa habilidade com ele... Creio que ele ajudaria com isso, sua habilidade não é algo tão normal, quem seria melhor que ele para lhe dizer?
— Eu vou sim... Eu não o conheço bem, mas sei onde está o dormitório dele. Não sei se ele vai aceitar a minha visita.
— Eu preciso que você entregue um documento para ele... Creio que ele aceitará sua visita. Qualquer coisa, é só dizer que eu mandei você falar com ele sobre uma habilidade. Creio que você já se recuperou do susto, Draco Santiago. Seus olhos me lembram os dela.
— Lembram os dela? — Draco faz a pergunta enquanto o diretor sai andando sem dar respostas. Ele se levanta e vai para trás, mas ao passar pela porta, ele já havia desaparecido.
...
— Porra, Draco, tem certeza que você vai ver aquele Felix? Eu sei que ele o salvou de Alexander, mas ele geralmente só pensa no próprio nariz. Você viu como ele mandou o Ryan para a enfermaria e até agora ele não voltou... Você não o viu enquanto estava lá?
— Eu preciso entregar este documento, Arthur. E tirar algumas dúvidas... Sinto muito pelas ataduras no seu corpo e pelo que aconteceu com Ryan, mas eu preciso tirar as dúvidas que o Diretor enfiou em minha cabeça.
Arthur o olha um tanto decepcionado, mas apreensivo. Ele então se joga na cama do dormitório após dizer:
— Faz o que quiser, cara, só não se exploda porque eu vou fazer isso contigo!
Draco se despede de Arthur. Talvez parar de conversar com ele por agora seja o melhor. Ele percorre as escadas e desce para o andar inferior. Seus pensamentos parecem colocá-lo em outra dimensão, uma dimensão que o faz divagar, mas logo a porta na sua frente o tira de seus pensamentos.
...
Ele bate na porta e rapidamente uma voz abafada responde lá de dentro. Parece que foi um convite para entrar, mas ainda há dúvidas. De qualquer forma, Draco tenta abrir a porta apertando o trinco e ela se abre lentamente. Felix está deitado na cama de seu quarto. As outras camas próximas estão vazias. O quarto dele tem um tema um tanto envolvente de pedras preciosas, com um grande painel com várias desenhos. É um tanto colorido.
— Sabia que voltaria até aqui para falar comigo...
Draco olha um tanto confuso, mas se aproxima e senta próximo a ele. Felix parece abatido e com algumas ataduras no corpo. Seu rosto está roxo. Ele olha confuso e sem entender por que ele está tão machucado.
— O Diretor me pediu para falar com você a respeito de minhas habilidades... Por que Alexander me atacou?
— Calma! Não é tão fácil dizer as coisas. Eles me puniram por expor isso próximo dos outros, mas foi para lhe salvar de ser partido ao meio pela lâmina de Alexander.
Felix mostra os seus dedos machucados, tirando-os de baixo do lençol.
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— Fui punido dessa forma por dizer algo sigiloso próximo dos outros, mas logo eles nem ligaram ao ver você... Digamos que viram isso como uma vantagem. Para você é uma, mas para mim é um incômodo gigantesco.
Draco olha sem entender, mas assustado pelos machucados de Felix.
— Como eles podem fazer tudo isso? Não é justo, mas eu não entendo como estou nisso. Na verdade, eu não entendo nada.
Felix pega alguns livros antigos de forma desajeitada, por suas mãos estarem surradas, cheias de cortes e hematomas. Até parece que foram espancadas por algum objeto como um pedaço de madeira.
— Estes foram herdados pela minha família... Digamos que eram usados por antigos alquimistas e eu agradeceria se não contasse para ninguém sobre isso. Já estou cansado de ser punido por tais coisas.
Draco permanece quieto enquanto Felix começa a explicar. Até parece que ele vai dizer algo sobre coisas absurdas e conspiratórias.
— Eles devem estar atrás de meus pais para saber a verdade mais a fundo, mas sei que não irão dizer, pois isso não importa para o nosso país e seus representantes caretas. Minha família tem um passado um tanto conturbado e vem desde o início, após os eternos. Mas aqueles ideais já foram esquecidos.
— Eternos?
Felix rola os olhos e diz:
— Os seis guerreiros! Vai me dizer que não conhece? Todos nós conhecemos.
— Eu achei que eram sete guerreiros...
— Isso não importa, apenas me deixe falar... Tudo começou no passado, após os eternos fundarem suas cidades e os alquimistas surgirem com dons para curar os necessitados. Não havia mais medicina na época e logo vários se ergueram em prol da humanidade. Tudo que os alquimistas mais queriam era tornar o ser humano imortal... Eles buscavam a pedra filosofal. Eu não sei bem o que essa pedra pode fazer, mas é ligada aos dons da imortalidade. Há um conto antigo contando sobre isso. Digamos que tenha até uma musiquinha infantil: "Ora ora onde está você, bendita pedrinha? Do elixir o ferro se torna..." Não sei bem o que... não sei o que lá ela não se definha”.
Uma música infantil, mas descrita nos livros. Eu estou tentando chegar ao ponto certo que nós nos encaixamos. Digamos que os alquimistas acabaram sumindo com o tempo e agora apenas existem outros tipos de médicos e pesquisadores... No passado, eles foram encontrados mortos, em um tipo de ritual maligno que marcou aqueles que estavam ligados a essa geração... O membro mais novo da família sempre nasceria com uma maldição. Não sei como isso foi possível, mas estamos assim. Minha mãe me disse que existem três dessas maldições e você é o segundo portador, pelo que parece, e eu sou o primeiro. A maldição do medo: o portador dessa maldição é afetado com os piores medos em sua cabeça, em certas situações em que meus sentimentos estão em momentos de intensidade. Isso me faz ter espasmos e meu poder se controlar de uma forma errada. Digamos que talvez seja uma punição por esse ritual. O seu deve ser o do ódio. Não sabemos o que acontece com você, mas dá pra ver que é algo que pode beneficiá-lo. Seu poder está entrelaçado na maldição... Eles estão de olho na sua força, Draco. Acham que você pode se tornar mais forte que os demônios pela forma que a maldição se manifesta em você.
Draco olha perplexo e sem reação. Ele nem sabe por onde começar a perguntar.
— Eu achei que esta era a minha habilidade e não uma maldição!
— Isso complica um pouco as coisas, mas mesmo com maldições podemos viver bem. Eu acredito que a terceira maldição seja a pior e não tem como evitar como as nossas. Eu consigo evitar a maldição com esforço, mas a terceira, a maldição da fraqueza, pelo nome você já deve imaginar como seja. Um dos livros diz sobre isso, mas não há como ler... Há uma magia que impede que o leiam. Creio que apenas quem colocou essa magia possa ler.
— Eu nem sei o que dizer! É tanta coisa para eu pensar... Eu, amaldiçoado, e essas histórias...
Felix então o olha normalmente, mas tenta desconversar a conversa, tentando esconder algo. Draco, perplexo, não consegue notar.
— Tente se sentir bem... Você consegue viver mesmo com isso. Sua maldição se mostrou como um tipo de vantagem. Creio que consiga lidar com isso. Acho que é tudo que eu consigo te dizer, Draco... Por acaso, o Diretor te disse mais alguma coisa? Odeio aquele rumor que ele sabe de tudo e tudo sabe sobre ele. Isso não faz sentido.
Draco então se lembra do que o Diretor havia dito e tira de seu bolso um papel amassado, entregando-o a Felix.
— Ele me pediu para te entregar esse documento... Eu já estava me esquecendo.
Felix pega o documento e faz uma cara feia, pois já imagina o que vai acontecer. Ele então olha para Draco de uma forma mais animada, mas forçada, e diz:
— Se você for escolhido por alguém, poderia me fazer um favor? Não poderei ir para a capital do Quarto País como prometi para um amigo... Poderia entregar isso que está comigo para ele?
Draco olha confuso para a pulseira de serpente que Felix tirou de seu bolso.
— Para quem eu deveria dar isso e o que é isso?
— É um amuleto e, mesmo que eu não esteja com ele, eu queria que isso o protegesse. O nome dele é Isaac. Mesmo se não conseguir ir para a capital, tente entregar para ele. Eu preciso descansar mesmo, meu corpo está tão cansado e machucado.
Draco então percebe os olhos de Felix brilharem enquanto ele diz isso, mas ignora e pega o amuleto. Draco aceita a proposta de Felix e se retira do quarto para não incomodá-lo mais, mas aquele amuleto chama sua atenção. “Que forma estranha de um amuleto... É meio que uma serpente que se fecha no pulso da pessoa. Não vou colocar no meu pulso para não roubar a sorte desse tal Isaac. Eu ainda o entregarei. Uma serpente de olhos vermelhos, parece um tanto valioso.”
...
— Tem certeza de que esses idiotas podem perambular por aí com algo assim tão... Você sabia sobre essas maldições?
Albert para por um momento, pensando um pouco, e logo responde de uma forma um tanto misterioso:
— Creio que as escolhas do Maestro sejam as melhores ou não... Mas ele se interessou naquele Draco... Ele acha que o Felix é mais forte que os guerreiros de sua idade por sua maldição e que, mesmo sendo uma maldição, isso ainda poderia aumentar o potencial de ambos de forma absurda. Parece que a maldição do outro garoto anula o poder dele para ter aquela forma.
Alexander parece um tanto perplexo, mas entende, aceitando os argumentos de Ferrum.
— Eu só estou perplexo, sabe... Ver aquele garoto ficar parecido com um demônio me fez lembrar do problema do meu irmão. Você sabe que eu não lido muito bem com isso, apenas busco respostas em garrafas vazias... Queria não fazer isso.
— Vai ficar tudo bem, Alexander. As coisas ficarão bem. Os assessores do país falaram comigo há pouco tempo... Digamos que não há tempo para um novo campeonato, apenas poderão ser escolhidos aqueles que já vimos lutar. Tem alguém em mente nessas condições?
Alexander olha pensativo por um tempo. O silêncio até mesmo parece incomodar Ferrum, que está cada vez mais impaciente
Pela resposta.