Agora já chega de bla bla bla e vamos ao ponto certo. Eu me chamo Eva e encaro uma vida conturbada, mas isso não me impede de progredir em minha jornada... Sabe, é um choque e tanto saber que, em algum momento, você pode morrer para essas criaturas ou perder alguém importante para elas... Agora estou trabalhando no meu país, ajudando como uma guerreira, mas os pensamentos continuam aparecendo. Eu só não queria pensar tanto. Eu nem sei como ainda consigo relaxar e manter a calma, pois eles olham para mim e enxergam algo, mas eu sei que não existe nada, apenas uma garota que se sente presa ao passado e sabendo como se tornou um fardo.
Então, seus pensamentos são expulsos de sua mente após seu parceiro de expediente chamar sua atenção. Ela estava tão perdida que nem notava como o vento soprava contra o seu rosto naquela tarde entediante.
— Ei, Eva, o que você acha dessas crianças que vêm da escola? Não te lembra alguma coisa?
Eva solta um suspiro de cansaço com um rolar de olhos de uma forma tediosa. Parece que a pergunta a incomoda, e ela se pergunta como ele consegue pensar em coisas assim do nada.
— Yuri, é um bando de pirralhos. Isso apenas me lembra de como as coisas eram difíceis antigamente.
Yuri então dá uma pequena risada animada, tentando anima-la, mas o resultado é o contrário disso. A risada de Yuri soa como algo desanimador.
— Pense de forma positiva. Pelo menos alguns pequenos bons momentos, e é isso que importa, certo?
Eva então coça sua cabeça e se depara com um garoto um pouco longe a observando. Ele vira o rosto ao perceber que Eva o notou, e volta a andar tentando disfarçar, o que desperta um pensamento irritado nela: "Por que diabos este pivete está me encarando, hein?" Yuri então volta a tagarelar.
— Patrulhar por essas ruas chama bastante atenção, Eva. Chama mais ainda quando a Dama Blindada está do seu lado.
— Corta essa, seu idiota. Este apelido me foi dado porque eu venci aquele traidor aquela vez. Não é minha culpa que minhas habilidades possam ser adaptadas a ele. Não é nada demais.
Yuri ignora o que Eva está dizendo e continua a provocá-la, mesmo com Eva tendo quase um surto de raiva na sua frente por causa de sua brincadeira.
— Não entendo o motivo de estarmos aqui. Acho que não haveria um ataque nessa área tão próxima ao centro.
Eva então dá de ombros e olha de canto de olho para Yuri com sua expressão de cansaço. Seus cabelos parecem bagunçados também; dormir não parece seu forte.
— Talvez estejamos preenchendo o lugar de algum idiota que faltou ao trabalho. Que tal dar uma olhada na outra parte?
Eva então aponta para o lado oposto da pequena praça, que está quase aos pedaços. Yuri ignora que ela está querendo desviar do assunto e continua com seu papo tedioso, como se fosse um pai chato falando à filha para fazer o dever de casa.
— Talvez as coisas estejam normalizando. Desde o último ataque, as pessoas querem melhorar a cidade. Uma pena mesmo é a Capital daquela forma... Meu pai disse que já habitou aquele lugar. Apenas ouvi histórias, e parecia um tanto perturbado e mortal. Estas duas palavras caminham juntas por lá. Você já imaginou lutando pela capital? Eles escolhem os melhores para tal coisa.
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Eva então suspira de cansaço, não demonstrando interesse na ideia. Parece tão presa aos seus pensamentos que nem parece estar com Yuri ali no momento. Ele até estala os dedos próximos ao rosto de Eva, chamando sua atenção. Ela mexe a cabeça e volta a si, expulsando todos os seus pensamentos.
— Acha mesmo que sou forte o suficiente para isso? Eu não estou afim de ir para lá. Tem algo que me diz para não me arriscar nem morta. Literalmente...
Yuri parece perplexo e um tanto decepcionado, parecendo até que seus sapatos novos estavam molhados.
— Que desperdício... Você não se vê lutando pela pátria?
Eva ignora o que Yuri está falando e tentando mudar o assunto novamente. Isso não funciona, e ele parece mais e mais decepcionado. Eva tenta fugir disso de alguma forma.
— Já que as coisas estão tranquilas, deixo o resto do trabalho com você. Acho que já são umas seis da tarde.
Yuri balança a cabeça, aceitando as más desculpas de Eva, e decide deixá-la em paz.
— Pelo menos pensa no que eu te disse. Não vá vadiar por aí.
Eva faz um sinal de mão, se despedindo e seguindo seu caminho pelo lado contrário, deixando Yuri para trás. Sua mente começa a martelar com aquelas palavras: "Não é porque eu lutei no passado com aquele guerreiro forte que eu também sou forte. Yuri não entende. Se não fosse por mim, haveriam várias vítimas. Foi apenas uma vantagem contra as habilidades dele naquele dia, nada mais”.
Eva então segue para a organização de guerreiros onde habita em sua cidade. "Saudade de como eram as coisas antigamente...". Ela olha diante de si a imensidão do prédio à sua frente, com portas lindíssimas, tudo pintado e requintado do bom e do melhor. O lugar exala segurança para seus moradores, mas isso desanima Eva cada vez mais por causa das favelas próximas lutando para se manterem de pé. "Enquanto as coisas são um caos lá fora e lutam para se reconstruir, aqui tudo ainda está em boas condições. Parece até mesmo outra dimensão". Enquanto Eva continua indo ao seu destino, é cercada de vários olhares daqueles que também residiam naquele lugar, guerreiros trajados com seus uniformes preto ônix.
"Eu fiz alguma coisa? Não me lembro de ser alvo de tantos olhares assim. Andar com Yuri está me fazendo ficar muito falada na boca das pessoas!".
Eva chega próxima à porta e enfia sua chave desanimadamente, até parece que enfiar a chave no buraco da fechadura é um desafio. Ela abre lentamente e entra no lugar. Ela então olha pensativa e esquece a porta entreaberta. "O quarto, mesmo o dividindo, ainda sinto que existe uma parte de mim aqui nesse lugar. Minha pequena cama é um exemplo disso. Mesmo com as duas sendo diferentes de mim, ainda me sinto bem." Eva então nota a presença de outra pessoa dentro do quarto e fecha a porta.
— Lilih, é você?
Alguém então aparece atrás de Eva e toca em seus ombros, assustando-a.
— Fala, maninha!
Eva, assustada, quase dá um soco, virando-se pelo choque.
— Argh! Já te disse para não FICAR ASSUSTANDO os outros aparecendo do nada!!!
Lilih então cai em gargalhadas com sua voz doce.
— Ah, para, vai. Como sempre, minha irmã com mal humor danado, hein? Mas me diz aí, já terminou seu trabalho? Se quiser, pensamos em fazer algo hoje.
Eva suspira de cansaço.
— Puff... Estou exausta. Você tem sorte por só fazer treinamento hoje. Não aguento mais ter que ficar de olho nos lugares em pé por umas seis ou cinco horas seguidas, esperando algo acontecer.
Lilih dá outra risadinha, revelando sua aparência encantadora. Ela parece ser bem menininha; suas bochechas são rosadas em contraste com seus cabelos sedosos castanho-claros. Parece até que eles são desenhados por um pincel fino.
— Se você acha melhor descansar, eu vou chamar outra pessoa, afinal de contas...
Eva então anda até a outra porta e para quando ouvir o que Lilih disse, parece até mesmo congelar.
— Você não está cansada daquela cara? Eu já disse que ele não é boa pessoa!
Sua irmã então respira profundamente e desanimadamente. Parece que as duas já tiveram essa conversa e não parece ser a primeira.
— Pelo menos eu tenho alguém. Não sou você que fica aí sozinha chorando nas madrugadas e fazendo seja lá o que por aquilo que eu escutei noite passada!!!
Eva, cheia de raiva, então pula na direção de Lilih, que desvia rapidamente. Seus reflexos parecem ser muito bons; sua velocidade parece prever os movimentos de sua irmã, de tão despreparada que ela estava por seu golpe impulsivo. Em consequência disso, Eva dá de cara na parede e fica ainda mais estressada.
— Shashasha, maninha, você sabe que fazer ataques irracionais acaba com a eficácia, certo? Foi o que você aprendeu hoje, bobinha. Shashasha. E eu estava falando em chamar a Listo para ir comigo em algum bar, mas já que você não quer... eu vou sozinha.
Ela faz um beicinho quando disse isso. Eva fica espantada com a idiotice que fez com seu golpe, mas a risada irritante de sua irmã a enfurece mais ainda. Eva apenas vai direto ao banheiro, a fim de tomar um banho relaxante. Ela diz com a mão na cabeça, sentindo dor e estando mal-humorada:
— Você não deveria dar o fora logo? Acho que Calisto fez o mesmo mais cedo. Hoje foi uma folga dessa vacilona de qualquer jeito.
Lilih fecha a porta com um sorriso animado de uma criança que ganhou um prêmio e Eva vai ao banho pensativa. “Que idiota, joga na minha cara meus problemas, mas ela mesma tem os seus. Queria eu não ficar pensando tanto e usar aquelas porcarias para me sentir melhor, mas o estresse me deixa mal pra caramba".