O último sino do dia ecoou pelos corredores, anunciando o fim das aulas. Eu estava sentado na minha carteira, absorto em um caderno, rascunhando palavras que se transformavam lentamente em frases, parágrafos, uma história. Ao meu redor, os colegas de classe se levantavam, conversavam animadamente sobre planos para depois da escola, mas eu estava alheio a tudo, concentrado em meu próprio mundo.
— O que você tá escrevendo aí, Shin? — A voz de Seiji me trouxe de volta à realidade. Ele se inclinou sobre minha mesa, tentando espiar o que eu estava fazendo.
— Nada, só rascunhando umas ideias — respondi, tentando desviar o caderno para longe do seu alcance, mas Seiji era rápido e já havia pegado o caderno.
— Ei, devolve isso! — tentei puxar o caderno de volta, mas Seiji já o estava lendo.
Rintarou, que estava perto, se juntou a ele, e ambos começaram a folhear as páginas.
— É uma história? — Rintarou perguntou, surpreso, enquanto lia alguns trechos.
Eu acenei de leve, sentindo um calor incômodo subir pelo rosto. Era a primeira vez que alguém lia algo que eu havia escrito.
— De quem é essa história? — insistiu Rintarou, ainda mais curioso.
— É... minha — murmurei, quase inaudível. Seiji e Rintarou se entreolharam, surpresos.
— Uau, Shin, você realmente nos surpreendeu dessa vez. — Seiji comentou, devolvendo o caderno. — Nunca imaginei que você fosse escrever algo.
Fiquei em silêncio por um momento, organizando meus pensamentos. Olhei para o caderno, ainda um pouco constrangido, mas decidi abrir o jogo.
— Eu... comecei a ler uns livros recentemente, como o livro que o Rin me indicou. Me inspirou a tentar escrever algo — murmurei, ainda um pouco nervoso.
Rintarou sorriu e assentiu, parecendo compreender.
— Isso é ótimo, Shin! Mas você sabe que escrever uma história é um grande desafio, né? — Rintarou disse com um sorriso de incentivo — Requer muito tempo e dedicação.
Assenti, sentindo um misto de ansiedade e determinação.
— Eu sei... mas quero tentar mesmo assim — respondi, sentindo uma mistura de nervosismo e entusiasmo.
Seiji me deu um empurrão amigável no ombro, com seu sorriso largo e encorajador.
— Estamos torcendo por você — disse Seiji. Com um último sorriso de incentivo, eles se despediram e foram embora.
Com um sorriso de gratidão, me despedi deles. Quando eles saíram, fiquei um momento parado, refletindo sobre o que havia acabado de acontecer. Meus amigos me apoiavam, o que me dava um pouco mais de coragem.
A escola estava barulhenta, ainda com muitas conversas e risos. Eu precisava de um lugar mais silencioso para me concentrar. As conversas ao meu redor se transformaram em um murmúrio distante enquanto pensava em um refúgio. A biblioteca parecia o lugar perfeito. Peguei a chave na sala dos professores e me dirigi até lá
Quando cheguei, senti uma onda de alívio. A biblioteca estava quase deserta, um santuário de tranquilidade em meio ao caos da escola. Escolhi uma mesa perto da janela. Sentado ali, comecei a reler a história que havia escrito até agora, tentando encontrar pontos a melhorar ou desenvolver.
Enquanto pensava no que escrever, meus olhos foram atraídos para o campo de atletismo. Os membros do clube estavam praticando, e para minha surpresa, vi Yuki entre eles. Eu não sabia que ela fazia parte do clube, mas agora que pensava, fazia sentido. Ela sempre se destacava nas aulas de educação física. Observá-la me deixou fascinado; ela corria com uma graça e uma determinação que eu nunca tinha notado antes, como se estivesse perseguindo algo.
— Yuki, a respiração! — alguém do clube gritou, enquanto ela corria.
— Continue firme! — disse outro
Me peguei sorrindo ao ver o esforço e a dedicação dela. Mas logo me lembrei do caderno à minha frente e da história que eu deveria estar trabalhando. Olhei para as páginas em branco e suspirei.
— Droga, me distraí... — murmurei para mim mesmo, tentando voltar ao trabalho.
Escrevi algumas linhas, mas não consegui parar de pensar em Yuki. Decidi que precisava de uma mudança de ambiente para clarear a mente, então arrumei minhas coisas e saí da biblioteca.
Enquanto caminhava pelos corredores vazios, pensei em como era estranho estar escrevendo uma história. Era algo tão novo para mim, algo que nunca imaginei fazer. Se eu não tivesse ligado para Rintarou naquele dia, eu provavelmente estaria em casa jogando ao invés de estar tentando escrever uma história.
Enquanto caminhava para casa, o céu estava tingido de um belo tom de laranja pelo pôr do sol. As ruas estavam movimentadas, cheias de pessoas indo e vindo, conversando e rindo. Era uma cena reconfortante. Quando cheguei em casa, cumprimentei minha família e fui direto para o quarto. Sentei-me na escrivaninha, pronto para continuar escrevendo e tentar encontrar o fio que conectava todas as ideias da história, mas fui interrompido por vozes na sala de estar.
Curioso, me aproximei silenciosamente da escada e fiquei escutando.
— Oh, você voltou — Ouvi a voz da minha mãe, calorosa mas surpresa.
— Sim, consegui um tempo livre! — A voz era familiar, mas não consegui identificar de imediato.
Intrigado, desci as escadas, pensando que poderia ser algum conhecido da minha mãe. Quando cheguei à sala, meus olhos se arregalaram. Era meu pai, sentado no sofá, com um sorriso calmo. Hana estava animada ao seu lado, segurando sua mão.
— Pai...? — minha voz saiu num sussurro incrédulo.
Ele tinha se mudado para uma cidade distante há algum tempo, para trabalhar em uma empresa. Tinha tentado nos convencer a nos mudar com ele, mas a vida aqui era boa, e mudar parecia difícil e desnecessário.
— Olá, Shin. — Ele sorriu, mas havia um cansaço em seus olhos. — Desculpe aparecer assim, de repente.
— O que você está fazendo aqui? — perguntei, tentando manter a voz firme, mas sentindo um nó de nervosismo.
— Consegui uma folga no trabalho e achei que era uma boa oportunidade para visitar — ele explicou, forçando um sorriso que não alcançava seus olhos. Havia um cansaço profundo ali, algo que eu não via desde antes de ele partir. Talvez ele estivesse lutando para encontrar as palavras certas ou tentando esconder a verdadeira razão de sua visita. Senti um misto de confusão e ressentimento, lembrando de todas as promessas de visitas que ele nunca cumpriu.
Minha mãe, tentando aliviar a tensão, sugeriu que saíssemos para jantar e comemorássemos o retorno do meu pai. Concordei com um aceno, ainda processando a presença dele ali.
— Vamos jantar fora hoje para comemorar! — anunciou minha mãe.
No caminho para o restaurante, permaneci em silêncio, imerso em pensamentos. A relação com meu pai sempre foi cordial, mas distante. Na última vez que estivemos tão próximos, foi para uma despedida apressada na estação de trem. Desde então, nossas conversas se resumiam a breves ligações e mensagens formais, cheias de 'como vai?' e 'está tudo bem?'. Ele tentou disfarçar o desconforto com uma piada, mas o silêncio que se seguiu falou mais alto do que qualquer palavra.
O restaurante era aconchegante, com uma luz suave que criava uma atmosfera acolhedora. Nos sentamos perto de uma janela, de onde podíamos ver as luzes da cidade começando a brilhar. Hana estava animada, folheando o cardápio, enquanto minha mãe e meu pai discutiam suas opções. Eu estava quieto, ainda tentando entender a súbita presença do meu pai.
Enquanto olhávamos os cardápios, minha mãe trouxe um copo de água para mim.
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— Eu trouxe água — disse ela, colocando o copo na minha frente.
— Obrigado — respondi, distraído, enquanto examinava as opções do menu.
Hana estava animada, folheando o cardápio e discutindo com o pai sobre o que iria escolher.
— Quero este aqui! — exclamou, apontando para uma foto de uma sobremesa enorme.
— Calma, Hana. Vamos escolher o prato principal primeiro. — meu pai respondeu, rindo.
—...
— Então... você tem estado ocupado na escola? — meu pai perguntou, casualmente enquanto olhava o cardápio.
— É... um pouco — murmurei, brincando com meu guardanapo.
Hana, sempre animada, aproveitou a oportunidade para se gabar.
— O Shin está escrevendo uma história! — exclamou, com os olhos brilhando de entusiasmo.
Meu pai ergueu as sobrancelhas, surpreso, e pousou o cardápio.
— Sério? Do que se trata? — perguntou, com uma curiosidade sincera na voz.
Eu me senti um pouco desconfortável com o foco sobre mim, então dei de ombros.
— Ainda não sei direito... só umas ideias que estou tentando colocar no papel — disse, tentando manter a conversa leve.
O garçom chegou com nossos pedidos, e a conversa foi interrompida. Enquanto comíamos, meus pais conversavam sobre o trabalho e como minha mãe estava administrando tudo em casa. Tentei me envolver na conversa, mas minha mente estava em outro lugar.
Enquanto todos comiam ouvi uma voz familiar na mesa ao lado. Olhei discretamente e não pude acreditar. Vi Yuki, sentada com sua família. Por um momento, nossos olhares se encontraram. Senti meu coração acelerar e rapidamente desviei o olhar, tentando agir naturalmente. O que ela estaria fazendo ali? A coincidência de estarmos no mesmo restaurante me deixou com um leve desconforto
— Vou pegar algo para beber no drink bar — anunciei, levantando-me. Precisava de um momento para me recompor.
No drink bar, olhei as opções de bebidas. Estava prestes a pegar um refrigerante quando Yuki apareceu ao meu lado. Ela também ia beber algo. Troquei um breve aceno de cabeça com ela, sentindo uma onda de nervosismo. Tentamos não parecer conscientes da presença um do outro, mas a tensão era palpável, como uma corda esticada prestes a quebrar
Para tentar parecer mais maduro, decidi pegar um café preto, embora não gostasse muito. Peguei o copo e dei um gole, mas esqueci de colocar açúcar. O sabor amargo quase me fez engasgar, mas me controlei para não fazer uma careta na frente dela.
— Ei Yuki, pode pegar para nós também? O de sempre, por favor. — ouvi a voz de alguém da família dela. Ela assentiu e começou a encher mais copos.
Enquanto ela enchia mais copos, fiquei ao lado dela, tentando não parecer nervoso. Quando ela terminou, trocamos outro breve aceno antes de eu voltar para a minha mesa. Meu pai notou a interação e sorriu.
— Quem era aquela garota? — perguntou, curioso.
— Uma colega de classe — respondi, tentando minimizar a situação.
— Ah, ela é bonitinha — comentou ele, sorrindo.
— Querido, não diga isso — minha mãe o repreendeu, rindo. Eu apenas balancei a cabeça, sentindo minhas bochechas ficarem vermelhas.
Enquanto terminávamos de comer, meus pais conversavam sobre o trabalho de meu pai e as novidades da cidade. Hana estava animada, contando histórias da escola. E eu estava quieto, perdido em pensamentos. Meus olhos, constantemente atraídos para a mesa ao lado, onde Yuki estava sentada com sua família, não conseguiam se fixar no prato à minha frente. Cada vez que nossas olhares se encontravam, meu coração dava um salto, e eu rapidamente desviava o olhar, fingindo interesse em qualquer outra coisa. Ela parecia tão à vontade, sorrindo e conversando, enquanto eu me sentia um intruso em minha própria vida.
Depois de terminarmos de comer, enquanto meus pais pagavam a conta, Yuki se afastou da sua família e se aproximou de mim. Ela mostrava um leve nervosismo, mas havia uma firmeza em seu olhar.
— Shin... não conte para ninguém sobre hoje, tá? — Ela desviou o olhar, uma leve cor surgindo em suas bochechas. — É meio constrangedor... — completou com um sorriso nervoso, os olhos evitando os meus.
— Claro, não vou contar — respondi rapidamente, tentando esconder minha surpresa por ela estar falando comigo tão diretamente. Era raro vê-la tão vulnerável, e isso me fez perceber o quão pouco eu realmente a conhecia. Senti uma onda de empatia, mas também de nervosismo.
— Obrigada — ela respondeu, dando-me um leve sorriso antes de voltar para sua família. Observei-a sair, ainda sentindo o coração bater um pouco mais rápido.
"Mas isso não te constrange?" pensei, enquanto olhava para Yuki sair, ainda usando seu uniforme do clube de atletismo.
De volta ao carro, meu pai sugeriu que fôssemos ao parque no fim de semana, algo que não fazíamos há muito tempo. Concordei, mais por cortesia do que entusiasmo, ainda processando o retorno dele.
No dia seguinte, enquanto caminhava pelos corredores em direção á sala de aula com Seiji e Rintarou, avistei Yuki prestes a entrar na sala, ela parou e olhou para mim brevemente, e então entrou na sala, sem dizer uma única palavra. Desde então, não conversei mais com ela, embora tivéssemos nos notado algumas vezes.
Quando a aula estava prestes a acabar, o professor começou a explicar sobre as tarefas do festival esportivo que aconteceria em breve.
— Então, agora que terminamos a atribuição de tarefas, haverá instruções depois das aulas para cada grupo. Depois dos anúncios, cada grupo se reunirá em salas separadas e...
Eu estava tão distraído pensando na história que não prestei atenção em nada.
Quando as aulas terminaram, fui falar com Rintarou para entender o que eu deveria fazer. Fui designado para o grupo de equipamentos.
Assim que todos do grupo se reuniram na sala, um aluno começou a falar.
— Agora que todos estão aqui, gostaria de começar. Eu sou Hiroshi do clube de atletismo. O clube de atletismo será responsável pelo grupo de equipamentos, então eu gostaria de pedir a ajuda de vocês com isso.
Enquanto ele falava, notei do outro lado da sala a Yuki, e ela parece ter me notado também. Tentei lutar contra mim mesmo para não desviar o olhar mas não consegui resistir. Não conseguia olhar diretamente para ela, talvez fosse por que não nos falamos desde o dia do restaurante e agora apenas trocávamos olhares, mesmo ela sentando do meu lado durante as aulas. Quando Hiroshi havia acabado de falar e tudo estava decidido, fomos liberados para ir para casa.
Depois da reunião, Akira e Takeshi vieram falar comigo sobre formar um grupo para organizar as atividades. Eles me pediram para pegar os contatos dos membros que estavam presente na reunião.
— Ei, Shin, nós fizemos um grupo com os membros da nossa turma no ano passado. Facilitou bastante as coisas! — disse Takeshi.
— Você pode pegar os contatos de todos para a gente, por favor, Shin? — implorou Akira.
— Tá... — respondi sem pensar muito.
Hiroshi chamou os dois para conversarem, e enquanto eu estava no corredor fiquei pensando no que eles haviam acabado de falar. Se eu tivesse que pegar o contato de todos, isso incluiria a Yuki. Fiquei nervoso só de pensar nisso. Sabia que teria que falar com ela, mas ainda não tinha coragem. Antes nós falávamos, mesmo que fosse apenas um cumprimento matinal, mas agora nós não trocávamos sequer uma palavra, apenas olhares, pedir o contato dela seria algo impossível para mim.
Chegando em casa, fui direto para o meu quarto e me joguei na cama. Peguei meu celular e fui adicionando no grupo os contatos que eu já tinha guardado.
— Agora só falta o contato dela...
No dia seguinte, eu tentava ler os meus rascunhos na sala antes da aula começar, rodeado de barulho de conversas de Kazuki com colegas de classe conversando.
— Ei Kazuki, você viu minha mensagem? Você nunca responde!
— Foi mal, estava ocupado — disse ele sorrindo
— Não acredito nisso.
— Eu já pedi desculpas
Enquanto lia os rascunhos pensando em como a história poderia ser melhorada, senti alguém olhando para mim, inclinei minha cabeça para cima e vi que era Yuki. Nós nos olhamos, e eu pensei ser esse o momento perfeito para pedir o contato dela para o grupo. Enquanto reunia coragem para falar, alguém chamou Yuki.
— Yuki, eu-
— Ei, Yuki, vem no banheiro comigo, por favor! — gritou alguém na porta.
— Estou indo! — respondeu ela
Tinha perdido a chance de pedir o contato dela, mas não fiquei desanimado, ainda haveriam outras chances.
No final do dia, enquanto caminhava de volta para casa, vi uma pequena biblioteca que nunca tinha notado antes. Talvez ler um livro poderia me ajudar a dar ideias para a minha história. Na porta da biblioteca havia um aviso dizendo que eles estavam contratando. Entrei, curioso, e fui recebido por um jovem no balcão, que parecia ser apenas alguns anos mais velho que eu.
— Bem-vindo! — disse ele
Enquanto olhava pela biblioteca, tentando encontrar algo que despertasse a minha curiosidade, vi uma revista interessante para adultos, eu estava na puberdade, não seria estranho eu pegar essa revista, eu acho. Mas eu morreria de vergonha se eu passasse no balcão para comprar aquilo e, além disso, eu estava ali para procurar um livro para ler, não uma revista.
Enquanto caminhava pela velha biblioteca, lembrei-me do livro que a Kaori tinha mencionado no dia em que fui para o clube de literatura, ela disse que eu iria gostar, então poderia me ajudar na escrita, eu achei o livro e li a sinopse na contracapa, parecia realmente ser interessante.
— Esse é um bom livro — disse a pessoa do balcão, se aproximando de mim
— Ah, me recomendaram ele, disseram que era realmente bom então decidi dar uma vista de olhos — respondi.
— A história de um grupo secreto que tentam derrubar um império distópico e se estabelecer em mundo coberto de cinzas é simplesmente incrível, tenho certeza que você vai gostar! — disse ele animado.
— Então vou levar esse! — respondi, interessado no livro
Enquanto caminhávamos para o balcão, ele voltou e pegou algo.
— Este é por minha conta — disse ele enquanto colocava em um saco a revista que eu havia olhado mais cedo.
— Hã?! E-eu não... — eu disse tentando recusar.
— Relaxa, você deve ler todo o tipo de coisas! — disse ele rindo.
Fiquei hesitante por um momento, mas decidi aceitar a sua oferta. Peguei o livro e a revista, e saí com a cabeça cheia de ideias. Enquanto caminhava de volta para casa, não conseguia parar de pensar na possibilidade de trabalhar naquela biblioteca. A ideia de estar cercado de livros todos os dias, explorando novas histórias e talvez encontrando inspiração para a minha própria escrita, me parecia cada vez mais atraente.
Ao chegar em casa, o aroma familiar do jantar me recebeu. Minha mãe estava na cozinha, preparando algo especial, e o som da televisão preenchia a sala. Subi para o meu quarto, onde deitei na cama com o livro que havia acabado de comprar. Folheando as páginas, tentei me concentrar, mas minha mente vagava entre pensamentos sobre o trabalho e as recentes mudanças em minha vida.
Assim, pensei sobre tudo o que havia acontecido e sobre o que estava por vir. A escrita, Yuki, meu pai de volta em casa... tudo parecia um tanto quanto surreal, mas eu estava ansioso para ver onde essas novas experiências me levariam. O que eu havia escrito parecia insignificante comparado à avalanche de mudanças em minha vida. Fechei os olhos, imaginando o futuro — não o futuro distante, mas o dia seguinte, a próxima página, o próximo encontro com Yuki. Havia uma nova energia em mim, uma fome por algo mais, algo que eu ainda não conseguia definir.