A escola parecia mais movimentada do que o normal, com o som das conversas animadas dos alunos ecoando pelos corredores. O céu estava limpo, e a luz do sol entrava pelas janelas, dando um tom dourado aos pisos de mármore. Eu cheguei um pouco mais cedo, o que era incomum, mas a ansiedade de completar a tarefa dada por Akira e Takeshi me mantinha acordado. Caminhei pelos corredores até encontrar Akira perto das máquinas de refrigerante, onde ele geralmente se reunia com o grupo antes das aulas começarem.
— Bom dia, Shin! — ele acenou para mim, com seu habitual sorriso entusiasmado. — Como está indo o grupo?
— Bom dia, Akira — cumprimentei, tentando parecer mais confiante do que realmente estava. — Quase todos estão no grupo. Só falta a Yuki.
— A Yuki? Hm, achei que ela já estivesse lá. — Akira levantou uma sobrancelha, surpreso. — Ela é sempre a primeira a se envolver nessas coisas. Obrigado por cuidar disso, sei que você tem se esforçado.
— Não foi nada. — Eu dei de ombros, tentando parecer despreocupado. — Mas, pra ser honesto, ainda não consegui falar com ela. Ela parece sempre ocupada com o clube ou estudando.
— É, a Yuki é bem dedicada. — Akira assentiu, com um sorriso conhecedor. — Sabe, se precisar de ajuda para falar com ela, posso tentar dar um toque. Só não fique nervoso, ela é legal.
— Ah, não precisa. Eu dou um jeito. — Sorri, embora internamente estivesse torcendo para que ele realmente ajudasse. A ideia de abordá-la soava mais fácil na teoria do que na prática.
Akira se despediu, deixando-me sozinho com meus pensamentos. Decidi caminhar um pouco pela escola, enquanto as aulas não começavam, quem sabe para encontrar uma oportunidade de falar com Yuki. Enquanto passava pelos corredores, meus pensamentos estavam divididos entre a missão de completar o grupo e o nervosismo de interagir com Yuki. Sempre me sentia um pouco deslocado quando estava perto dela, talvez por causa de sua atitude séria e focada. Ela sempre parecia tão dedicada ao atletismo e aos estudos, o que fazia com que eu me sentisse um pouco mais inseguro sobre minha própria falta de direção.
Enquanto descia as escadas em direção ao andar inferior, as vozes ecoavam pelo corredor de azulejos brancos, típicos da área de educação física. O cheiro familiar de madeira encerada e o leve odor de cloro da piscina próxima me atingiram, me lembrando dos longos dias de educação física.
À minha frente, avistei Yuki conversando com o professor de educação física, ao lado de um grande mural colorido que exibia fotos dos eventos esportivos passados. Yuki segurava uma prancheta azul, suas mãos pequenas mas firmes enquanto anotava cuidadosamente as informações. O professor, um homem de meia-idade com cabelos grisalhos e uma camiseta do time da escola, falava sobre o cronograma de treinamento para o clube de atletismo. A expressão concentrada de Yuki contrastava com o ambiente ligeiramente caótico ao redor, onde outros alunos passavam carregando equipamentos de esportes e mochilas volumosas.
Pensei em abordá-la, mas não queria interromper a conversa. Esperei pacientemente até o professor se afastar, dando uma última olhada nas anotações dela. Quando o professor saiu, segui Yuki até uma sala de depósitos.
Aproximei-me devagar, respirando fundo para acalmar os nervos. Minhas mãos estavam suadas, e meu coração batia tão forte que parecia que todos podiam ouvir. "Calma, Shin. É só pedir o contato dela. Não é nada demais", pensei, tentando convencer a mim mesmo de que era uma tarefa simples. Mas, por alguma razão, minha mente só conseguia pensar em todos os jeitos que isso poderia dar errado. E se ela achasse estranho? E se eu parecesse um idiota? Quando cheguei perto o suficiente, chamei seu nome:
— Yuki? — chamei, tentando parecer casual, mas minha voz saiu mais alta do que pretendia. "Ótimo, agora ela deve achar que sou algum tipo de maluco."
Ela se virou rapidamente, claramente surpresa, mas logo relaxou ao me reconhecer.
— Ah, Shin... você me assustou — disse ela, colocando a mão no peito e soltando um suspiro. "Ela está sorrindo... Isso é bom, certo? Talvez eu não tenha estragado tudo. Ok, foco, é só pegar o contato dela e sair. Não precisa tornar isso mais complicado do que já é"
— Desculpa, não queria assustar você. — Eu cocei a nuca, nervoso. — Eu só... preciso pegar seu contato para o grupo. Estou ajudando Akira e Takeshi a organizar as coisas para o festival esportivo, sabe?
This narrative has been purloined without the author's approval. Report any appearances on Amazon.
Yuki piscou algumas vezes, parecendo pensar.
— Ah, claro. — Ela olhou para os lados, como se procurasse algo. — Mas, não estou com meu celular agora... Você se importaria de esperar até depois da aula?
Senti um breve momento de pânico, pensando em como poderia completar logo essa tarefa, sem demorar muito mais tempo. Mas então, me ocorreu uma solução.
— Ah, não tem problema. Pode anotar seu número aqui? — Ofereci a ela uma caneta e um pedaço de papel.
Ela assentiu e anotou seu número, enquanto eu observava, tentando não parecer muito interessado. Ela me entregou o papel e sorriu.
— Pronto — disse ela, me entregando o papel — Me avise se precisar de mais alguma coisa.
— Obrigado — respondi, guardando o papel com cuidado no bolso.
Enquanto isso, notei que ela estava movendo algumas caixas pesadas para organizar os materiais do clube. Parecia um trabalho cansativo, e me senti mal em deixá-la fazer tudo sozinha.
— Quer ajuda com isso? — ofereci, olhando para as caixas.
— Não precisa, eu consigo — disse ela, um pouco hesitante.
— Vai ser mais rápido se eu ajudar — insisti, pegando uma caixa mais próxima. — E vou me sentir mal se não ajudar.
Começamos a mover as caixas juntos, e o trabalho se revelou mais difícil do que eu esperava. As caixas estavam cheias de equipamentos de atletismo, e a poeira acumulada indicava que não eram mexidas há algum tempo. O ar estava levemente abafado, e uma fina camada de poeira se levantava a cada movimento, tornando o ambiente um pouco sufocante.
— O que tem aqui dentro? — perguntei, tentando aliviar a tensão.
— Equipamentos antigos, talvez algumas lembranças de anos passados — respondeu Yuki, enquanto limpava o suor da testa. — Sempre que podemos, organizamos tudo para não acumular.
Houve um momento de silêncio, e eu me vi buscando desesperadamente um tópico de conversa. Queria aproveitar a oportunidade para conhecê-la melhor, mas as palavras pareciam fugir. Finalmente, me lembrei de algo.
— Então, você está no clube de atletismo há muito tempo?
Yuki assentiu, focada em mover outra caixa. — Sim, desde o primeiro ano. É uma das minhas paixões.
— Isso é incrível. Nunca fui bom em esportes... na verdade, sempre fui mais de jogos e coisas assim. — Admiti, sentindo uma pontada de vergonha.
Ela sorriu, desta vez com mais naturalidade. — Cada um tem suas habilidades. O importante é encontrar algo que goste de fazer.
Nesse momento, percebi uma mancha de poeira no ombro dela. Sem pensar, estendi a mão para limpar.
— Ah, desculpa! — disse rapidamente, percebendo o que tinha feito. — Não queria te tocar sem querer...
Yuki olhou para o ombro e depois para mim, com uma expressão surpresa que logo se suavizou. — Tudo bem, Shin — disse ela, com um sorriso que parecia aquecer a sala. — Obrigada.
Terminamos de mover as caixas e ficamos por um momento em silêncio, recuperando o fôlego. Ela me agradeceu novamente, e enquanto ela se afastava, não pude deixar de sentir uma estranha mistura de satisfação e ansiedade. Eu tinha conseguido interagir com ela de forma mais natural do que esperava, e isso me deu uma sensação de esperança.
Com o toque de saída soando pelo corredor, senti o peso do dia começar a se dissipar. Passei pelo pátio da escola, agora esvaziando enquanto os alunos se dirigiam para suas atividades da tarde. O céu estava tingido de um laranja suave, prenunciando o fim do dia. O ar fresco parecia trazer uma nova perspectiva, e um leve sorriso se formou em meu rosto ao lembrar da expressão gentil de Yuki.
De volta ao meu quarto, a luz do fim da tarde entrava pelas cortinas, criando um ambiente acolhedor. Sentei-me à escrivaninha e peguei o papel com o número de Yuki. Adicionei-a ao grupo de mensagens, esperando ansiosamente para ver sua reação. Olhei para a foto de perfil dela — um adorável cachorro. Era uma escolha inesperada para alguém tão focada como ela, e isso me fez sorrir. Comecei a imaginar como poderia iniciar uma conversa com ela, talvez sobre a foto dela ou sobre o clube de atletismo.
Meus devaneios foram interrompidos quando minha irmã mais nova, Hana, entrou no quarto sem bater.
— Ei, quem é essa? — perguntou ela, espiando por cima do meu ombro. — É sua namorada?
Dei um salto, quase derrubando o celular.
— Hana! — exclamei, tentando esconder a tela. — Não é nada disso!
Ela riu, claramente se divertindo com a minha reação.
— Calma, eu só estava brincando. Até porque é mais fácil ganhar na loteria do que você arranjar uma namorada. — disse ela, provocando. — Até outro dia, você só se importava com jogos!
Tentei conter a vergonha e a irritação que subiam pelo meu rosto.
— Sai do meu quarto! — falei, empurrando-a gentilmente para fora. — Estou tentando fazer algo importante.
Hana saiu, ainda rindo, e fechei a porta atrás dela, sentindo o coração bater acelerado. Sentei-me novamente, tentando recuperar a compostura. Meus pensamentos voltaram para Yuki e para o grupo. Fiquei olhando para a tela, pensando nas possíveis conversas que poderíamos ter. Havia algo de intrigante nela que me fazia querer conhecê-la melhor. Talvez fosse o jeito sério e dedicado ou talvez fosse a inesperada escolha da foto de perfil. De qualquer forma, sabia que queria mais interações com ela.
Enquanto a noite caía e as mensagens do grupo começavam a pipocar na tela, dei uma última olhada para o contato de Yuki antes de guardar o celular. Senti um misto de excitação e ansiedade pelo que estava por vir. O festival esportivo estava se aproximando, e com ele, a promessa de novas experiências e, quem sabe, de novas amizades. E assim, mais uma vez, me peguei sonhando acordado, perdido em pensamentos sobre o futuro.