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A Última Resistência de Itra

Diário recuperado de um cadáver gravemente deformado encontrado nas Planícies sem fim, o diário está fortemente danificado por uma substância negra altamente viscosa, segue aqui o que pode ser salvo.

Registros de exploração

Dia 1

Hoje marca o início da nossa audaciosa jornada rumo às profundezas do enigmático poço. Nossa equipe encontra-se fascinada pela vasta cratera que se estende no coração do continente e pela distorção que o espaço parece sofrer à medida que se aprofunda. Este diário servirá como testemunho das nossas explorações.

Dia 2

A grandiosidade das Planícies Sem Fim é inacreditável. Mesmo à medida que nos afastamos das civilizações circundantes, o poço nunca parece ficar mais próximo. As teorias que circulam sobre a infinitude das planícies nos fazem refletir de como isso é possível. A simplicidade da vida aqui, com suas gramas ondulantes e coelhos saltitantes, transmite uma serenidade tranquilizadora, uma visão pacífica.

Dia 5

Após alguns dias, a monotonia da paisagem começa a pesar sobre nossas mentes, corroendo nossa paciência e harmonia. Espero fervorosamente que algo aconteça em breve, pois o risco de conflitos internos ameaça nosso grupo.

Dia 7

Finalmente, o triunfo sorriu para nós! Adentramos a segunda camada, o Labirinto Eterno, um complexo de corredores confusos que desafiam a lógica convencional. Enquanto saboreio o musgo azul, um doce tesouro da segunda camada, o pensamento de ficar perdido aqui por anos é aterrador. Que o sol guie as almas daqueles que encontrarão seu fim aqui.

Dia 10

Lis, um membro do nosso grupo, desapareceu misteriosamente. Enquanto explorávamos, percebemos sua ausência abrupta. Mas ao invés disso, encontramos a passagem para a terceira camada e alguns membros querem abandonar a busca por Lis. Recuso-me a fazer isso, pois ela é nossa amiga. Tentarei convencer os outros a procurá-la durante o acampamento desta noite.

Dia 14

Encontramos Lis, porém, para nosso pesar, ela estava sem vida, ela foi devorada pelo musgo. Embora todos expressem tristeza, suas ações contradizem suas palavras, pois saqueiam o cadáver sem derramarem uma lágrima sequer. Farei um funeral digno para ela, mesmo que seja a última coisa que faço.

Dia 20

As profundezas do poço continuam a nos surpreender. Na terceira camada, nos deparamos com um Mar Subterrâneo de águas verdes. A atração pelas ilhas é irresistível, porém, os sobreviventes que encontramos nos alertaram sobre sua inacessibilidade, assim como as Planícies e o próprio poço. As baleias me perturbam, as ossadas de criaturas humanoides causam náuseas. Sua semelhança com humanos é perturbadora, não importa o que os outros falem sobre suas semelhanças com peixes.

Dia 23

Eles são canibais, todos estão mortos, minha única esperança é chegar as minas.

Dia 43

A quarta camada revela as Cavernas, com seu esplendor e o valioso minério de ferro vermelho. O musgo doce é minha salvação após o embate com as aberrações luminosas. Minha promessa de não mais comer o musgo foi quebrada pela fome. Bem que eles falaram que minha promessa de nunca mais comer o musgo se provaria falsa em meio a fome.

Dia 49

Eles são escravistas, a injustiça do mundo me esmaga. O que fiz para merecer tais tragédias? Minha esperança é despedaçada, uma após outra, desde Lis, passando pelos canibais, depois aquelas coisas, somente para ser atacado por aquelas aberrações luminosas e agora tornei-me um escravo. Por que mereço tal provação? Por que o ciclo de esperança e desespero? O que fiz de errado?

Dia 98

O Limbo na quinta camada me aterroriza. A energia da alma é vital para minha sobrevivência, e a perspectiva de um "caminho sem retorno" assombra meus pensamentos. Seja este meu destino ou não, prefiro a morte à escravidão.

Dia 105

Quase morri assim que cheguei aqui, contrasta belamente com as camadas anteriores, apresentando uma superfície paradisíaca adornada por flores exuberantes. Mas beleza e veneno coexistem aqui, tudo é venenoso aqui, tudo é venenoso, literalmente tudo! Não posso comer, não posso tomar água, não posso respirar sem ajuda, e como minha condição tem piorado, estou começando a suspeitar que meramente estar aqui me prejudica, minha única esperança é de alguma forma encontrar um caminho para ir mais fundo no poço, mesmo que essa camada seja totalmente nova.

Dia 129

Decidi chamar de Útero a nova camada, a energia vital é avassaladora e flui através de tudo. É como se a própria essência deste lugar estivesse se transformando e evoluindo, não existem objetos não-orgânicos, somente material vivo, as paredes estão repletas de olhos e bocas, órgão estão pendurados no teto como estalactites, crescimentos ósseos aparecem aleatoriamente.

O fim

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Querido Diário, meu único e verdadeiro companheiro na vida, minha jornada está prestes a terminar, a cada momento posso sentir meu coração parando, meus pulmões falhando e suspeito que grande parte dos meus órgãos já pararam. Deixo aqui o legado meu e de minha equipe.

O poço é mais do que uma cratera, é o coração do mundo, o mundo está vivo.

Minha morte é certa a quem ler isso eu só peço uma única coisa lembem de meu nome.

Itra