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9: O bom e o mal egoísmo.

Capítulo 9: O bom e o mal egoísmo.

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— O autoconhecimento é uma das coisas mais importante de um indivíduo; como ele poderá ser útil se nem mesmo sabe os próprios fracos e fortes?

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Riley Yuki

Acordei de bom humor. Ontem, eu havia caçado e me alimentado bem, pois fiquei mais confiante quando subjuguei um lorde demônio apenas utilizando minha eloquência e sagacidade.

Claro, não fiquei arrogante só porque consegui fazer da Aria meu subordinado; na verdade, eu me vi obrigado a caçar, pois demonstrar fraqueza poderia fazer ela perceber que eu não era lá isso tudo. Por isso, mesmo com medo, fingi ser confiante.

Por mais que eu não conhecesse bem a floresta e os monstros que nela habitam, eu utilizei a nova técnica de sensibilidade de néctar que eu havia aprendido para saber os locais onde monstros fortes estão, e os mais fracos que eu. Claro, não é uma técnica 100% eficaz, pois há outros tipos de energias neste mundo, mas ainda é eficaz.

Infelizmente, apesar de consegui caçar e me alimentar, não consegui copiar nenhuma habilidade.

“E.”

Além disso, percebi também que consigo sentir outros tipos de energia, por mais que aparentam ser mais fracas que o néctar.

Levantei do chão da caverna e fui para fora dela. Lá, contemplei a luz do sol que tocava suavemente minha pele, e o seu calor que esquentava fracamente meu corpo.

Olhei para as árvores, admirando as cores verdes brilhantes das plantas. Não sei se meu novo corpo tinha uma visão que possibilita que eu veja mais cores, mas independentemente disso, eu acho isso lindo.

Olhei para Ária, que tinha uma expressão de neutralidade em seu belo rosto. Pessoalmente, achei aquilo divertido.

Então, nossa pequena Aria é do tipo orgulhoso que não gosta de demonstrar fraquezas aos outros, não?

Obviamente, eu estava em uma situação complicada; quase fui enganado, e se não fosse pela minha habilidade nonsense, eu já teria caído no papinho dela e acreditado que ‘a deusa não foi tão cruel comigo’. A verdade é que Ária só queria me usar para me descartar como lixo depois que não precisasse mais de mim.

Ao menos, descobri como minha habilidade nonsense funciona: a deusa, além de fornecer informações incorretas sobre ela, ainda por cima me enganou; eu posso usar a habilidade de leitura de mentes apenas 2 vezes por semana, e a habilidade de ler emoções, 1 vez ao dia. Além disso, a leitura de mentes pode até mesmo ver as memórias de alguém, descobrir seus traumas e segredos. Claro, ela tem limitações óbvias que vão muito além da quantidade de uso: só consigo usar ela por, no máximo, 20 segundos. Além disso, não consigo ‘absorver as memórias de outra pessoa’; eu vejo uma espécie de mini filme da vida da pessoa. Infelizmente, tive que usar a habilidade de leitura de mentes 2 vezes, pois na primeira vez, só consegui ver as memórias do início da vida de Aria, e na segunda vez, foi como assistir um filme na velocidade máxima e pulando para assistir as partes mais importantes.

É uma habilidade bastante útil…. não, ela salvou minha vida.

De qualquer forma, sai de uma situação complicada e entrei em uma situação mais complicada ainda; não sei quais truques Aria está guardando.

Eu li as memórias dela; não todas as memórias; apenas as essenciais, ou seja, não sei como ela pode tentar me enganar novamente. Ao menos, consegui fazer ela pensar que consigo ler a mente dela qualquer momento. Além disso, ela depende de mim para sobreviver. Todavia, Aria é uma mulher orgulhosa.

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Por isso humilhei ela ao chama-la de pequena Aria; para colocá-la no seu devido lugar. Ela, naturalmente, é uma mulher arrogante; outrora uma ninguém na terra, e depois, se tornou a filha de um rei. Casos como esse, onde o orgulho não sobe à cabeça são muito raros. E de fato, Aria fazia parte do grupo comum.

Bom, Aria devia me agradecer; o pior apego que uma pessoa pode ter em excesso é ao próprio ego. Isso serviria como escada para Aria evoluir. Se ela vai subir nela ou não, é uma escolha dela.

Explorei a floresta pulando de árvore em árvore, memorizando a área e rotas de fugas para caso alguma luta ocorra.

“Oh, um coelho.”

Assim que o vi, imediatamente desci da árvore e o matei com um soco forte o suficiente para explodir sua cabeça.

Depois disso, voltei para a caverna.

“Poha, quase me perdi.’ murmurei antes de morder a perna do coelho apesar de ser nojento comer ele cru, o que eu podia fazer? Agora, sou um animal selvagem com consciência.

“Você sabia…”

“O que?”

Fiquei momentaneamente confuso quando Ária iniciou uma conversa comigo, mas rapidamente recuperei a compostura e perguntei para ela: “o que foi?”

Infelizmente, mal sabia eu que me arrependeria de perguntar… porque a Aria é uma vegana militante chata.

“Você sabia que antes, comer carne era considerado algo imoral?”

????????

“Como assim? Quem é o demônio que espalharia uma ideologia nonsense dessas?! Sobrevivência tornou-se imoral agora?! “

“Não; isso parte do princípio de que existe o moralmente certo e errado absoluto. Em um cenário assim, mesmo que você não tenha culpa de ter que se alimentar de outros seres vivos, você ainda está cometendo um ato imoral, a diferença é que seus atos não tem tanto peso quanto teriam caso você não precisasse.”

Esta conversa… é muito aleatória, principalmente porque a Aria, alguém que tentou me enganar, quer conversar sobre moral e ética.

“Entendo, continue.”

“Sendo assim, a partir desse princípio de sistemas de pesos de atos e de não insentabilidade da responsabilidade, até animais poderiam sofrer no pós vida por cometerem algum ato imoral que não tivesse um motivo válido para diminuir o peso deles, pois na filosofia da moral absoluta do povo originário da montanha da lua cheia. No final, eles acredita em que o ser humano era um ser podre e impuro, não por seus atos, mas por simplesmente existir e ser obrigado a pisar nos outros para se manter vivo. Para o povo originário da montanha da lua cheia, todo ser vivo era impuro simplesmente por existir, pois se existe, logo, matou outros para continua existindo.”

Eu soltei uma risadinha.

“É uma filosofia interessante, apesar de provavelmente ser apenas uma ideologia religiosa que quer incitar culpa nas pessoas.”

Religião é religião, mesmo em outro mundo.

“Na verdade, não é bem assim, você entendeu errado.”

Pela expressão que Aria fez, aparentemente, ela ainda me desprezava e se sentiu ofendida por ter sido contrariada por uma capivara.

Tenho um longo caminho a percorrer até conquistar a confiança dela.

“Por exemplo, se uma criança de 7 anos mata alguém, por mais que ela não tenha consciência o suficiente para ser responsabilidade com todo o peso do que fez, ainda seria moralmente errado.”

“Eu vejo a ética como nada menos que uma ferramenta inventada por seres humanos para melhorar a convivência, já a moral, para mim, apesar de ainda existirem valores universais, afinal, ela é baseada na lógica e nos problemas de uma sociedade, que quase sempre são os mesmos, mas mascarados em outras formas, ela também é muito subjetiva, mesmo na medição do peso dos valores universais.”

Aria me interrompeu.

“Observe que mesmo nestes termos, ainda é considerado moralmente errado uma criança matar alguém, mas o peso da ação foi diminuído porque talvez a criança possa ser um bom contribuinte no futuro.”

“Não necessariamente a criança será um bom contribuinte no futuro, mas segue o jogo”

“Por isso mesmo; a moral igualitária é uma moral falha moral.”

O que? Hmmm… esta conversa está ficando interessante.

“No nosso mundo, ninguém é igual, cada um possui um valor diferente, pois cada um pode realizar coisas diferentes e até as mesmas coisas, só que com mais ou menos eficiência. Do ponto de vista utilitário da sociedade, apenas as pessoas úteis têm valor. Se uma pessoa não tiver nenhuma utilidade, e até atrapalhar, a chance dela ser abandonada é gigantesca. Por isso sintomas culpa quando atrapalhamos outros; no final, só somos egoístas com medo de sermos abandonados.”

“Sendo assim, todo mundo é egoísta? Então porque nós importamos com o futuro das pessoas que não conhecemos direito?”

“A reposta para esta pergunta é simples: tudo influencia a nossa vida de alguma maneira, e tudo é uma troca. Pense bem: uma pessoa desconhecida passou por problemas; ajuda ela até pode não lhe beneficiar muito, mas se você sentiu prazer, ou até mesmo teve algum outro tipo de benefício, ou sentiu empatia, etc, você já é um egoísta, pois estaria fazendo aquilo por prazer ou qualquer outro motivo pessoal. Portanto-”

“Todo mundo sempre pensa em si mesmo.”

Aria sorriu.

“Exatamente.”

“Portanto, existe o bom egoísmo e o mal egoísmo.”

Aria me olhou um tanto confusa… ou fingindo confusão; não consigo ler corretamente as expressões de uma pessoa dissimulada como ela.

“.... O que?”