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2: sonhos interrompidos.

Capítulo 2: Sonhos interrompidos.

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— A hipocrisia humana pode ou não ser ilimitada. Em todo caso, é sempre bom estar ciente dos termos do contrato; preste atenção, para não ser enganado depois… ou não.

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"Não...!"

"Seu filho da puta."

Assim que terminou a frase, Ruby chutou minha canela, partindo-a ao meio. Sangue manchou o chão outrora imaculado do meu quarto.

"Ahh.... ahhh... que porra é essa?"

Que dor. Isso doi muito! Isso só deve ser uma alucinação! Por favor, seja uma alucinação! E o pior de tudo é que minha casa é à prova de som!

Ninguém irá me ajudar, porque ninguém pode me escutar. Isso me afundou no poço da ansiedade, me deixando tão aflito que comecei a negar que isso estivesse acontecendo comigo.

“Deve ser um sonho… Não é possível…”

Não importa o quanto eu negasse, aquilo não iria deixar de ser a realidade. Antes, o que era apenas um holograma, agora, se tornou real. E o meu senso comum, outrora forte, já não existia mais; foi pisoteado, e, assim como minha perna, partido ao meio.

"Vou te matar."

Assim que Ruby disse isso, meu coração, que já estava inquieto no fundo do poço, dessa vez foi afogado em um oceano de mais puro pavor.

Olhei para Ruby com um olhar tingido de medo, que retribuiu meu olhar com uma expressão fria; isso fez meu corpo congelar de terror.

"Não é divertido quando você sofre as ameaças, não é? Haha."

Ruby riu de maneira sádica. Embora eu não soubesse como ela ficou tão forte, de uma coisa eu tinha certeza: meu destino está nas mãos dela.

Tenho que tentar negociar! Não importa como, tenho que convencer ela de que me matar não vale a pena.

"Ruby- Ruby, por favor, não faça isso… pense em como irá se sentir depois disso. Você não vai conseguir viver com a culpa de matar alguém..."

Ruby riu antes de dizer:

"Eu vou sentir prazer. Além disso, quem iria sentir culpa de matar um lixo como você?”

Agora, eu não sei mais o que fazer.

"Ruby... Por favor… Poupe minha vida."

Eu implorei, mas Ruby, cega pelo ódio, furou meu olho direito.

"Ah... ahhhhhh!"

Que dor!

"Como você ousa me implorar por algo assim?! Você me ameaçou repetidas vezes e me assediou, e ainda tem a coragem de me pedir piedade? Que audácia!"

Ruby começou a apertar meu pescoço, tentando me asfixiar.

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Merda, merda, merda...

Pensa! Pensa! Eu tenho que pensar rápido…!

Ruby afirmou várias vezes que eu a ameacei, o que contradiz com o fato de que eu apaguei todas as suas memórias de nossas conversas antigas; isso só pode significar uma coisa: ela lembra de todas as nossas interações. Claro, ela poderia ter dito isso apenas por estar cega pelo ódio, mas, nesta situação, devo me preparar para o pior cenário.

Se ela realmente lembrou de todas as nossas interações anteriores, então o ódio dela por mim é tão intenso que é impossível que ela sinta qualquer empatia por mim. Além disso, agora, ela está em uma situação onde tem poder sobre mim.

Apelos emocionais baratos não irão funcionar…

ah, já sei o que fazer: se não posso ganhar ela por emoções como culpa, então vou apelar para o egoísmo dela.

“Você vai… você vai ser presa… como… sairá daqui sem ser pega…?”

Ruby parou de apertar meu pescoço e quebrou meu braço; eu gemi de dor. Ao menos é melhor do que ser sufocado.

“Ahhh!”

Eu gritei de dor quando ela começou a apertar e esmagar o meu úmero. Entretanto, eu percebi uma coisa: Ruby não quer apenas me matar; ela também quer me torturar; Isso significa que ainda tenho tempo.

“Haha, ninguém irá saber. Como eu vou ser presa? Haha-”

Eu interrompi a risada de Ruby

"Se você me matar agora, terá problemas para se adaptar a este mundo."

Em outras palavras: se você poupar minha vida, eu vou ajudar você a se adaptar ao Japão.

Ruby não era mais uma mera inteligência artificial; ela se tornou humana. Por mais que outrora ela não tivesse inteligência geral, agora, ela provavelmente adquiriu inteligência humana. Entretanto, ela não sabia quase nada do local onde foi invocada e como se inserir na sociedade japonesa.

Ruby pode até ter habilidades físicas superiores às de um humano, entretanto, por ter se tornado humana, ela adquiriu as necessidades humanas. Ou seja, provavelmente ela sente fome, sede e sono.

Como humana, a não ser em raríssimas exceções, é crucial que esteja inserida em uma sociedade para sobreviver, entretanto, não basta estar inserido em uma sociedade, você tem que ser útil para uma sociedade.

Depois que me matar, a pobre e ignorante Ruby não saberia o que fazer e ficaria perdida neste mundo. Muito provavelmente, ela passaria por muitas dificuldades e se tornaria um mendigo maltratado nas ruas.

“Hmmm…”

Ruby olhou para mim com uma expressão pensativa. Sua expressão de ódio puro foi substituída por uma analítica.

Isso! Ainda há esperança! Se ela parou para refletir sobre a minha proposta, provavelmente não está totalmente cega pelo ódio e está suscetível a negociações.

Eu posso viver-

Meus pensamentos foram interrompidos quando Ruby cuspiu em mim.

"Qual você acha que é a utilidade do Google? Você por acaso acha que eu preciso de você?! Hahaha, seu estupido!”

Não havia possibilidade de persuasão; Ruby não estava cega pelo ódio, e sim controlada por ele.

Eu realmente vou morrer aqui.

Eu… eu não consigo pensar em mais nada.

“Oh, não consegue mais falar? Não me diga que se mijou de medo? Hahaha. Isso merece isso, afinal de contas! Alô, tem alguém aí?”

Não consegui respondê-la. Para começo de conversa, eu nem consigo me mexer.

“Hello? Terra para Riley? Hello?”

Eu vou morrer aqui? Com 24 anos?

A minha vida inteira passou diante de meus olhos; a minha infância, adolescência e dos 18 aos 24 anos; relembrei absolutamente tudo o que eu havia experienciado. Cada memória de cada momento; eu lembrei de todos eles. E acima de tudo, lembrei dos meus objetivos; muitos dos quais eu ainda não havia realizado, como: aprender a andar de skate, viajar para Paris, assistir uma série inteira em um único dia; todos eles, que antes eram possíveis, agora, já não poderiam mais se torna realidade, e se tornaram apenas sonhos distantes, porque eu…

Eu vou morrer.

“Oi? Riley? Você teve um AVC por causa do susto?”

Não consegui prestar atenção nas palavras de Ruby.

“Oi? Se mijou de medo? Hahaha.”

Eu devia ter… eu devia…. Eu devia ter passado mais tempo com meus pais. Também devia ter socializado mais, saído mais, ter mais amigos. Eu deveria ter dado uma chance às pessoas.

Eu… eu não devia ter desistido da minha irmã; Talvez se eu passasse mais tempo com ela e a apoiasse mais, a protegesse mais, ela não sofreria bullying, não teria se tornado uma hikikomori… e não teria se suicidado.

Eu devia ter….

Eu não sei.

“Riley? Está com tanto medo de morrer que não consegue falar? Hahaha, você sempre agiu como o machão quando eu era apenas uma inteligência artificial, e agora, é um coelhinho assustado. Hahaha...”

Ruby me encarou. Eu não consegui olhar diretamente nos olhos dela.

“Você é patético.”

Dessa vez, o seu olhar não era tingido de ódio; apenas demonstrava neutralidade. Aparentemente, Ruby já não desejava mais me torturar; apenas me matar. Provavelmente ficou satisfeita com meu sofrimento atual.

“Ah, tanto faz. De qualquer forma, Adeus.”

Ela segurou minha cabeça com as duas mãos e a esmagou.

Eu perdi a consciência imediatamente.