Capítulo 6: causas da insônia, e a sombra do desprezo.
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— O homem gosta de enganar a si mesmo; humilhar os outros para provar a si mesmo que é forte, todavia, mesmo que seja realmente mais forte, ainda será patético por dentro.
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“Simplesmente não consigo dormir.”
Depois do meu breve diálogo com a deusa, tudo o que eu quero é descansar, mas a preocupação em relação ao meu futuro imprevisível não me permite essa necessidade básica, que em minha situação atual, seria uma dádiva.
Como irei sobreviver neste mundo assim? Será que conseguirei comer amanhã? E se eu encontrar civilização? Como vou me comunicar com eles não sabendo nem mesmo qual idiomas falam?
“Caralho, vai se fuder.”
Por mais que eu esteja cansado, não consigo dormir; minha mente naturalmente inquieta está afogada em um mar de medo e ansiedade.
Tais sentimentos atuavam como um oceano e um rio de água doce se encontrando, com a única diferença de que não se estratificam, apenas se misturam em um redemoinho violento, me puxando cada vez para o fundo do mar enquanto me afogam brutalmente.
Eu ia me deixando levar pelas doces e salgadas águas que talvez nunca fossem outrora calmas, mas por não nunca ter experiênciado elas de maneira tão intensa, esquecia-me que na minha mente posso tudo, inclusive nadar sobre águas tão agitadas. Tais águas, meras criações da minha mente, por serem minhas e unicamente minhas, me prendiam e faziam de si mesmas meu algoz, um perseguidor atroz.
“Ao menos, meu braço está curado.”
Todavia, minha consciência, apesar de oscilar, ainda pode racionar com clareza.
O que eu faço? Já estou em uma situação difícil; a falta de sono pode piorar minha saúde de maneira geral, piorando minha situação! Espere, tive uma ideia.
“Irei contar carneirinhos!”
Isso! Sempre ouvi que contar carneirinho dá sono. Vamos lá.
“1, 2, 3, 4, 5, 6,7…. 25….. 50”
Não está funcionando.
“180… 305… Desisto.”
Enfim, o que eu faço agora para diminuir o cansaço? Já que não posso dormir hoje, ao menos vou tentar amenizar os malefícios causados pela falta de sono; eu vou meditar.
Algumas teorias afirmam com fervor de que meditação é a mesma coisa que dormir, pois em ambos os casos, o corpo está em repouso; a diferença é que na meditação, você não sonha.
Não acredito em tais superstições, porém, um homem em situações drásticas precisa fazer decisões drásticas.
Eu posicionei meu corpo em uma postura de lótus e tentei prestar atenção na minha respiração. Meu cansaço diminuiu um pouco, o que foi uma surpresa para mim, mas não foi somente o cansaço ter diminuído que me impresionou: eu consigo sentir uma energia no ar. E não apenas no ar, como também uma espécie de energia fluindo pelas minhas veias.
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Tentei manipulá-la; forcei-a a flúor em direção a minha mão, e a senti fortalecendo-a. Forcei ela ir para o meu pé, que também se fortaleceu.
“Conveniente.”
Eu murmurei. Por mais que eu sentisse certa estranheza ao lidar com aquela energia estranha, gostei da sensação de força que ela me proporcionou.
“E se eu…”
Tentei detectar; sentir a energia ao meu redor, e eu consegui; pude sentir partículas de néctar no ar, e também de outras energias desconhecidas, das quais eu não consegui indentificar.
Seria elas o qi e a mana? Bom, a deusa me informou que apenas tenho duas energias, portanto, provavelmente ou é qi e néctar ou mana. Bem, esta energia parece ser uma mistura de néctar e uma energia que desconheço.
“Há uma energia estranha… que está vindo da parte mais profunda da caverna….”
Levantei e fui verificar. Por mais que os vestígios e fluxo de néctar fossem fracos, há a chance de algum monstro poderoso aparecer, entretanto, eu não posso sair daqui; lá fora é mais perigoso.
Segui o fluxo de energia e adentrei na parte mais profunda da caverna.
“Um amuleto…?”
Que perda de tempo. Gastei o tempo que eu poderia estar deitado economizando energia em troca de encontrar um mero amuleto.
A única coisa que eu pude fazer era soltar um suspiro profundo. Quando me preparei para jogar o amuleto fora, ele brilhou de repente, e uma mulher de olhos laranjas e cabelo azul apareceu na minha frente.
“Olá. A partir de agora, sou o seu mestre.”
O meu espanto foi tamanho que não seria eufemismo afirmar que mergulhei em um oceano de perplexidade.
“O que?!”
***
Ária virelai
Olhei para… eh… a capivara mutante na minha frente. Sinceramente, estou surpresa que um ser vivo de baixo nível como este consiga falar, todavia, mesmo que consiga falar, não passa de um animal com uma linhagem fraca.
O poder mágico dele é quase nulo, além do fato dele apenas ter o mesmo nível médio de néctar que um rute normal — o que é impressionante para uma espécie inferior como ela, mas não extraordinário. E ainda por cima, fala o mesmo idioma mundial que no meu segundo mundo.
“Tenho sorte.”
Eu acabei murmurando sem querer, e a capivara mutante ficou desnorteada.
“Como assim?”
Respondi rapidamente.
“Nada. Enfim, onde eu estava mesmo? Ah, sim: eu estou oferecendo minha tutoria. Você devia se sentir honrado; na minha vida passada, fui alguém muito poderosa; eu sempre estive entre os melhores dos melhores…”
“Mas quem é você? .”
Depois de permanecer em silêncio por 5 segundos, comecei a falar alguns fatos aleatórios sobre minhas conquistas. O meu objetivo era óbvio: criar tensão com o silêncio e fisgar a atenção desta capivara mutante, e com narrações de meus feitos, manter a atenção dela e convencê-la a me ajudar a conseguir um novo corpo.
“Ok, mas assim… por que está me contando isso?!”
Apesar de ter ficado levemente irritada quando uma criatura de linhagem inferior me interrompeu, mantive a minha expressão gentil; eu preciso desta criatura para sair daqui.
Por que?
Para resumir, eu sou uma pessoa da terra que reencarnou no mundo de Niere Throne há 500 anos atrás.
A maneira que reencarnei no meu segundo mundo foi bem… digamos assim… calma; eu fui dormir, e quando acordei, havia reencarnado como a filha de alguém poderoso, cujo poderio não era apenas por forças externas; meus novos pais podiam destruir casas de pedra de pequeno porte com um único soco.
Escusado será dizer que no começo, vivi uma vida tranquilo… nem tanto, claro, se excluirmos as diversas tentativas de assassinato contra toda a minha família, então minha vida foi tranquila, mas mesmo assim, considero ela uma boa vida.
Quase todas as pessoas do meu antigo mundo apreciam a ideia de reencarnar em outra dimensão e começa de novo, mas com as memórias da vida passada. Se alguém falar que não deseja reencarnar, então esta pessoa não é pobre financeiramente. Além do mais, reencarnar como filha de alguém poderoso e ainda por cima ter uma família estruturada… uh.
Por que webtoons onde a protagonista feminina reencarna como uma princesa ou algo parecido fazem tanto sucesso? Simples: eles preenchem a frustração das pessoas através de fantasias.
Ora, e por que as pessoas precisam que suas fantasias sejam preenchidas? A resposta é muito simples, tão simples que parece estúpida: a maioria das pessoas estão insatisfeitas com a própria vida.
A fantasia é o remédio da frustração; por isso, é um dos produtos mais vendidos na indústria do entretenimento. Não é atoa que isekais fazem tanto sucesso.