Escuta, garoto. Vou te explicar direitinho sobre os tipos de magias e o caminho da espada. Isso vai além de só balançar uma espada ou lançar fogo com as mãos. Tem uma ciência, um propósito.
Lucien estava lutando para manter tudo aqui em sua mente, por sorte, ele tinha uma mente muito mais desenvolvida que um garoto de 13 anos deveria ter. — Certo... Mas fala logo, não tenho o dia todo.
O homem manteve seus olhos em Lucien, ele estava se preparando para repassar cada detalhe que sabia. — Tá bom, espertinho. Vamos começar pelos tipos de magias. Existem quatro grandes categorias.
— Quatro? Achei que era tudo a mesma coisa, tipo "abracadabra".
O homem lançou um sorriso para ele, e disse em um tom de sarcasmo — Não é tão simples assim, moleque. Preste atenção.
A primeira delas é a Magia Elementar.
É a mais comum. Quem usa essa magia consegue controlar um dos quatro elementos: fogo, água, terra e ar. Geralmente, os magos se especializam em um único elemento, mas alguns gênios conseguem dominar dois ou até mais. Por exemplo, um mago de fogo pode criar chamas, lançar explosões ou até moldar o calor ao redor dele.
— Então, é tipo brincar com a natureza? Disse Lucien.
— Algo assim. Só que com muito treino.
A segunda delas é a Magia Rúnica. Essa aqui é diferente. Não depende de você ter "despertado" a magia. Qualquer um pode aprender, desde que tenha paciência e um pouco de mana. Nela você desenha ou escreve símbolos mágicos que canalizam energia. Funciona para criar barreiras, armas encantadas, armadilhas… Mas aviso logo: exige muito estudo e anos de prática.
— Tipo decorar livros? Parece chato, porém deve ser realmente útil. — Lucien só teve contato com livros quando completou seus 10 anos, depois disso algumas coisas aconteceram e ele só conseguiu aprender o básico para conseguir ler. Mas ele sabia como o conhecimento era algo importante.
— Não é para qualquer um, somente alguns gênios são capazes de dominar ela. Agora, vem a parte perigosa...
A terceira delas é a Magia Negra. Essa é pura corrupção e destruição. É como se o mago arrancasse energia de tudo ao redor, até de si mesmo. Ele pode invocar criaturas sombrias, controlar cadáveres ou roubar a vitalidade dos outros. Mas, cuidado. Quem usa isso por muito tempo pode acabar sendo consumido pela própria magia.
— Lucien havia ficado curioso, aquele tipo de magia era o que mais parecia com ele até agora. Ele imaginava sua alma cheia de escuridão e suja, e roubar dos outros é o que ele faz a dois anos, não o surpreenderia se ele despertasse afinidade com essa magia. Ao menos era isso que ele pensava.
— Agora a quarta e última é a Magia da Alma. Agora, essa é especial. Só uns poucos no mundo conseguem usar isso. Atualmente quatro pessoas são usuários dessa magia, cada um deles é uma potência a ser temida. Diferente das outras ela é a magia que reflete a essência da alma do usuário. O que ela faz depende do tipo de pessoa que você é. Por exemplo, alguém cheio de raiva pode manipular sangue. Alguém sombrio pode controlar sombras. Já um iluminado pode dobrar a luz ou até a gravidade. Mas, aviso: brincar com a essência da sua alma é perigoso. Um passo em falso e você pode se destruir.
— Só quatro pessoas conseguem usar isso no mundo todo?
— Exato. Isso só realça o quão rara ela é. Agora, vamos ao caminho da espada.
— Após escutar sobre a magia, Lucien sentiu que aquilo não era sua praia. — Isso parece mais a minha cara. — Disse ele, curioso com o que ia escutar.
— Com esse corpo magro, acho difícil. Mas deixa eu te contar. O Despertar no Caminho da Espada… Para seguir o caminho da espada, você precisa despertar. Isso acontece quando o corpo, a mente e a alma entram em sintonia, geralmente em momentos de extremo perigo ou esforço. É um processo único para cada guerreiro.
— Então, é tipo lutar até quase morrer ou treinar e se manter determinado e concentrado a um nível extremo?
— Exatamente. Alguns despertam em batalhas, outros enfrentando suas fraquezas. Isso varia de acordo com a pessoa.
Primeiro de tudo, você precisa entender que diferente da magia, o caminho da espada não é cheio de variedades que o usuário tem ou não afinidade. Só existe uma categoria que ele deve seguir após despertar, que é chamado de: A Primeira Forma. Depois do despertar, você descobre sua "Primeira Forma". É a habilidade inicial que reflete quem você é como guerreiro.
Ela é única para cada pessoa.
— Lucien tinha ficado curioso, diferente da magia, parecia que o usuário não precisava se manter preso a somente uma das quatros categorias, o que era bom
— Dá um exemplo. — Disse Lucien, sedento por mais informações.
O homem sorriu para ele, continuou a explicação.
— Um guerreiro focado em velocidade pode desenvolver uma técnica que o torna mais rápido do que o olho consegue acompanhar. Já um que valoriza a força bruta pode criar um golpe capaz de partir uma montanha. Tudo depende da sua essência.
— E depois disso?
— Depois, você aprimora sua técnica, aprende novas formas e desenvolve um estilo próprio. Mas tudo começa com a Primeira Forma.
— Lucien estava satisfeito com tudo que tinha aprendido hoje, com uma moeda de ouro ele pagou a parte do homem por seu último trabalho, e ainda tirou toda essa informação, a sorte parecia estar do seu lado ultimamente.
— Então, a magia é sobre controlar o mundo ao seu redor, e a espada é sobre controlar a si mesmo?
— Exatamente, garoto. Agora, é só escolher o seu caminho... e boa sorte.
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— Ouvindo aquilo, Lucien deixou um espaço para dúvida em sua mente, e logo expôs para o homem.
— Quem disse que eu preciso escolher só um?
— O homem sorriu como se ele tivesse contado uma piada, sua gargalhada havia ecoado por toda a sala, as chamas das velas balançaram e lágrimas de tanto sorrir apareceram no rosto do homem.
— Ambicioso, hein? Vamos ver se você tem o que é preciso.
— Com isso, a conversa parecia ter chegado ao fim. Lucien não tinha mais perguntas, e sua mente já estava voltada para casa. Sua irmã já havia esperado por tempo suficiente, e ele precisava voltar para preparar algo para o jantar.
Ele começou a se levantar, mas antes que pudesse dar o primeiro passo, o homem o encarou profundamente, como se estivesse olhando para sua alma.
— Não vá ainda. Nossa conversa não terminou — disse o homem com uma voz firme, que fez Lucien congelar. Após uma breve pausa, ele acrescentou com um leve sorriso — Tenho um trabalho para você. Um dos grandes.
Lucien permaneceu sentado, surpreso. Ele não esperava receber outro trabalho tão cedo. Normalmente, as tarefas vinham com meses de intervalo, três ou quatro no máximo. Receber dois em tão pouco tempo era algo inédito.
— Antes de qualquer coisa, parabéns, Luen. — O homem começou a bater palmas lentamente, embora seu olhar permanecesse sério e pesado. — Você acaba de ser promovido.
Lucien franziu a testa, desconfiado e confuso. — Promovido? Promovido a quê, exatamente?
O homem inclinou-se levemente na cadeira, seu sorriso ampliando-se, mas sem perder o tom sombrio.
— O quê? Achou que ficaria para sempre fazendo esses trabalhinhos insignificantes, furtando lojas pequenas e coletando migalhas? Não, garoto. Isso não é trabalho para alguém com o seu talento. Você tem potencial. Você é diferente. E agora chegou a hora de provar isso.
A sala ficou em silêncio por um momento, as palavras pairando pesadas no ar. Lucien sentiu um frio na espinha. Ele sabia que o que estava por vir não seria nada fácil.
O homem se inclinou ainda mais para frente, seus olhos brilhando com um misto de excitação e cautela.
— Vou direto ao ponto, Luen. Você ouviu falar de Elias, um dos Grandes Mestres do Reino de Bellsoul?
Lucien assentiu lentamente, lembrando da multidão que viu pela manhã. — Sim, vi ele hoje mais cedo. Estava sendo aclamado na rua como se fosse algum tipo de deus.
O homem soltou uma risada curta e seca. — Ele é, para muitos. Elias não é apenas um Grande Mestre, Luen. Ele é o Protetor da Fronteira do Norte, um dos homens mais poderosos que servem diretamente ao Rei Soul III. Seus feitos são lendários: enfrentou exércitos sozinho, selou uma tempestade de mana que poderia destruir uma cidade inteira e dizem que seu domínio sobre a magia rúnica e elemental é incomparável.
Lucien sentiu o peso da descrição, mas permaneceu em silêncio. Ele sabia que o homem não o chamaria ali apenas para contar histórias.
— Aqui está o ponto, garoto — continuou ele, inclinando-se ainda mais. — Elias está prestes a deixar sua mansão em Bellsoul para uma missão nas terras do norte daqui uma semana. Dizem que ele estará ausente por pelo menos duas semanas. A casa dele, é claro, estará protegida por magia e guardas. Mas...
Ele fez uma pausa, observando Lucien atentamente.
— Mas ele estará levando a maior parte dos seus homens de confiança. E dentro daquela mansão, há algo que vale mais do que ouro e prata.
Lucien cruzou os braços, interessado. — O que exatamente?
— A "Lágrima de Aether", uma jóia mágica rara. Dizem que foi retirada de uma besta divina. Não apenas é incrivelmente valiosa, mas contém um poder imenso. Alguns acreditam que ela amplifica a mana do portador em dez vezes. Outros dizem que ela é capaz de proteger contra qualquer tipo de magia negra ou maldição. O que eu sei é que qualquer um que a tenha se torna uma lenda... ou um alvo.
Lucien piscou, tentando absorver as palavras.
— E você quer que eu roube isso? — perguntou, incrédulo.
O homem riu novamente, um som baixo e quase cruel. — Quero que você entre, pegue a jóia e saia sem ser pego.
Lucien ficou em silêncio, sentindo o peso das palavras.
— Você entende o que está me pedindo? Essa mansão deve estar cheia de armadilhas e guardas. E se eu for pego, não vão me mandar para uma masmorra, vão me matar!
— Eu sei, garoto. Mas ouça. Se você conseguir, a recompensa será astronômica. Você pode viver anos sem precisar de mais nenhum trabalho. Quem sabe até largar essa vida e dar uma chance a você de começar de novo em algum lugar longe daqui.
Lucien ponderou, seu coração batendo forte. A promessa de estabilidade e segurança era tentadora, mas o risco...
— Como eu vou fazer isso? — perguntou, finalmente. O homem sorriu, satisfeito. — Eu já tenho um plano.
Ele puxou um pergaminho do bolso e o desenrolou na mesa. Era um mapa detalhado da mansão de Elias, com marcações em vermelho indicando pontos de interesse.
— Aqui está o que você precisa saber. A mansão tem três andares, com a Lágrima de Aether guardada no cofre do último andar. Há duas entradas principais, mas também há uma passagem subterrânea que poucos conhecem. O problema é que o cofre está protegido por uma barreira mágica. Eu consegui algo que pode te ajudar a quebrá-la, mas vai exigir precisão e calma.
Ele empurrou um pequeno frasco de vidro para Lucien, contendo um líquido prateado que brilhava à luz das velas.
— Isso aqui é um Dissolvente Arcano. Use-o para enfraquecer a barreira, mas cuidado. Ele só funciona por alguns minutos e qualquer erro pode alertar os guardas.
Lucien pegou o frasco, seu estômago embrulhando.
— Essa é toda a informação que posso te dar, o resto é com você. — E se eu não quiser fazer isso?
O homem sorriu, mas seus olhos estavam gelados. — Essa escolha é sua, Luen. Mas pense bem. Você quer continuar vivendo de migalhas e furtos insignificantes? Ou quer mudar sua vida para sempre?
Lucien apertou o frasco em sua mão, sabendo que, gostasse ou não, seu destino estava selado.
Antes de responder ao homem, Lucien fez um movimento instintivo, seus olhos vagando pela sala em busca de alguma distração. Foi quando notou o grande espelho encostado na estante. Ao se aproximar, seus olhos se fixaram em seu reflexo, e uma sensação estranha se apoderou dele. Seu corpo magro, seus olhos sombrios, o rosto pálido e marcado pela miséria... não era assim que uma criança deveria se parecer. O olhar que ele encontrou refletido parecia distante, vazio, como se a vida tivesse drenado dele qualquer vestígio de inocência ou esperança.
Por um breve momento, ele se perdeu naquele espelho, como se fosse possível enxergar a versão de si mesmo que sempre temeu se tornar. Mas a visão durou apenas um instante. Ele sabia que não podia se dar ao luxo de se perder em pensamentos. A missão, o risco, a promessa de uma vida melhor... tudo isso ainda estava em jogo.
Lucien se virou lentamente, deixando o espelho para trás, e olhou o homem diretamente nos olhos. A decisão estava tomada, o peso da dúvida ainda pairava sobre ele, mas não havia mais volta.
— Muito bem — disse com uma determinação renovada, sua voz firme. — Farei os preparativos.
O homem sorriu, os olhos brilhando com uma satisfação silenciosa, e então, como se já tivesse antecipado cada palavra de Lucien, começou a negociar os termos das recompensas.
A conversa se arrastou por mais uma hora, as palavras trocadas com precisão cirúrgica, como um jogo de xadrez onde cada movimento era calculado. O homem sabia exatamente o que oferecer para manter Lucien interessado e, ao mesmo tempo, o suficiente para garantir que ele cumprisse sua parte sem hesitar. As promessas eram grandiosas, falando de uma liberdade que Lucien jamais imaginou que poderia alcançar. Uma vida sem os fardos de sua existência atual, onde ele e sua irmã poderiam finalmente deixar para trás o submundo sombrio e encontrar um lugar seguro.
Mas, enquanto as palavras continuavam a fluir entre eles, algo se inquietava dentro de Lucien. Ele sabia que esse tipo de acordo não era simples, que cada peça desse quebra-cabeça tinha seu preço. Mas, naquele momento, ele estava disposto a pagar o custo.