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Ventos e Chamas

O luar espreitava timidamente pelas copas densas da floresta, lançando sombras longas e tortuosas no caminho de Yukimura. A magia pulsava ao redor como se a própria floresta estivesse respirando, cheia de vida e mistérios antigos. Em sua mente, as palavras da árvore sagrada ecoavam, guiando-o para um destino sombrio, mas necessário. Ele estava preparado para seguir o futuro, com a determinação de alguém que já havia perdido tudo.

Enquanto caminhava, uma brisa repentinamente balançava as folhas, trazendo consigo um som sutil — quase como uma risada. Yukimura parou, tenso, seus sentidos aguçados pela possibilidade de um inimigo. Mas antes que você pudesse erguer seu arco, uma voz alegre e aumentando sarcástica ecoou do alto de uma árvore próxima.

— Ora, ora, o grande arqueiro de Elandor perdido nas fronteiras? Não sei se é mais trágico ou cômico. — A voz parecia carregar um tom de divertimento sincero.

Yukimura olhou para cima e viu uma figura sentada casualmente sobre um galho, como se estivesse em casa. Ele era uma fada, de pele morena que reluzia sob o brilho da lua, cabelos de um vermelho intenso que continham flamejar, e olhos de um azul vívido, que traziam tanta sabedoria quanto uma dose evidente. A figura deu um salto elegante, caindo ao lado de Yukimura com uma leveza que parecia desafiar a gravidade.

—Ivan Rosett, à sua disposição. — Ele fez uma leve reverência exagerada, sorrindo com um brilho nos olhos. — E você, grande guerreiro do fogo, está prestes a embarcar em uma missão suicida, não é?

Yukimura estende uma sobrancelha, medindo o estranho. — E você está? Que diferença faz para você?

Ivan deu uma risada. — Não, na verdade. Só que detesto o tédio, e você parece a coisa mais interessante que apareceu por aqui em décadas.

Sem esperar resposta, Ivan estalou os dedos, e uma pequena rajada de vento surgiu ao seu redor, circulando com uma aura que parecia tanto brincar quanto provocar. Yukimura inspirou, notando como o vento se misturava com uma faísca de chamas vermelhas ao redor das mãos da fada. Ele era poderoso, mas não parecia levar nada a sério.

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— Não acha que é um pouco imprudente andar por essas florestas sozinho? — Ivan perguntou, olhando com curiosidade. — Com um arco que emite fogo azul, você não é exatamente discreto.

Yukimura suspirou. — Minha missão não requer descrição. E, além disso, tenho mais urgência do que cautela agora.

— Ah, então é vingança. — Ivan fez um gesto exagerado, colocando a mão sobre o peito. — Tão dramático! E eu achei que o arqueiro dos elfos teria outra motivação.

Apesar da provocação, Yukimura sentiu que o sarcasmo era apenas a camada superficial de Ivan. Algo em sua aura sugeria que, sob aquela máscara despreocupada, houvesse um aliado significativo. Ele escolheu ser direto.

— Eu tenho um reino para salvar, Ivan. E não tenho tempo para joguinhos.

Ivan estreitou os olhos, estudando Yukimura com um olhar mais sério e menos brincalhão. — Parece que você realmente fala sério, hein? — Ele cruzou os braços, pensativo. — Então, quem sabe eu possa ajudar. Afinal, eu sou muito bom com o fogo e o vento. — Ele piscou, deixando uma chama vermelha dançando na ponta dos dedos antes de apagá-la com um sopro leve de vento.

Yukimura, surpreso, vê que uma faísca de esperança brotava dentro de si. Ele sabia que a força de Valtarr era esmagadora, e que qualquer ajuda seria bem-vinda. Apesar do sarcasmo e do jeito despreocupado, havia algo em Ivan que inspirava confiança.

— Se você estiver disposto a lutar, e se puder me acompanhar sem... tantas piadas, pode vir comigo. Acredito que sua ajuda será útil. Mas saiba que o caminho não será fácil.

Ivan esperava, ajustando uma mecha vermelha do cabelo. — Meu caro, eu não esperaria nada menos. E entre nós, as piadas são um bônus. — Ele riu, piscando novamente. — Mas já que estamos juntos nisso, tenho que te contar... Estou comprometido, então, sem essa de se apaixonar pelo meu charme irresistível.

Yukimura, pela primeira vez em muito tempo, soltou uma risada leve. — Vou tentar resistir, Ivan.

A dupla avançou em frente, e conforme caminhavam, Ivan contou-lhe histórias sobre aventuras passadas, das quais metade provavelmente era exagero, mas que ajudaram a aliviar a tensão. Ao fim da noite, quando acamparam em uma clareira iluminada pela lua, Ivan finalmente revelou que também buscava justiça. Suas próprias terras conquistadas foram atingidas pela sombra que avançava, e ele havia perdido sua querida irmã, Hanari, em meio a invasão, ele queria ver o fim do tirano que ameaçava todos os reinos.

Enquanto descansavam, Yukimura percebeu que, pela primeira vez, não se sentia sozinho. Ali, ao lado daquele novo aliado que tanto provocava quanto inspirava, ele sentia que a chama de esperança se tornava mais forte, guiando-os para a vingança e, quem sabe, a libertação de Elandor e dos outros reinos.

Na manhã seguinte, eles partiram juntos, agora não apenas como aliados, mas como amigos.