A manhã era fria e silenciosa quando o grupo se preparou para deixar a vila de Arya. As primeiras luzes do amanhecer filtravam-se através das árvores, lançando longas sombras no caminho que os levaria até a caverna onde o Coração das Sombras supostamente estava escondido. Mika, Ivan, Keyjiro e Locke estavam prontos, armados e atentos. Arya os acompanhou até a saída, com uma expressão grave.
— Não se esqueçam, — disse Arya, segurando o mapa diante deles. — A caverna está cheia de armadilhas e criaturas sombrias, mas confio que vocês encontrarão o caminho. E lembrem-se, Valtarr provavelmente já enviou alguém para interceptá-los. Não abaixem a guarda por um segundo.
Com um último aceno, o grupo se despediu de Arya e partiu, seguindo pelas trilhas sinuosas que os levariam ao norte da vila. O ar se tornava mais denso à medida que se aproximavam da caverna, e o som de passos e respirações pesadas era a única coisa que quebrava o silêncio inquietante da floresta.
Depois de algumas horas, finalmente chegaram à entrada da caverna. A boca escura parecia respirar sombras, e uma sensação de opressão pesava sobre eles, como se o lugar estivesse vivo, observando-os. Ivan sentiu um arrepio percorrer sua espinha, mas se manteve firme.
— Então é aqui, — murmurou Keyjiro, tentando aliviar a tensão. — Já enfrentamos dragões, uma caverna escura não vai ser tão ruim, certo?
Mika lançou-lhe um olhar sério. — Não subestime este lugar. Sinto uma energia maligna em cada pedra. Precisamos estar preparados para tudo.
Dentro da Caverna
Ao entrarem, o grupo percebeu que o ambiente era ainda mais intimidante do que esperavam. O ar era gelado, e a escuridão parecia absorver a luz das tochas que carregavam. Em certo ponto, chegaram a um corredor estreito onde antigos símbolos estavam gravados nas paredes, emitindo um leve brilho púrpura.
— Cuidado, — alertou Locke. — Isso parece algum tipo de magia de proteção. Provavelmente, são armadilhas.
Enquanto avançavam com cautela, uma figura os observava das sombras, seus olhos violetas brilhando como dois pontos hipnóticos na escuridão. Hanari, a fada corrompida, estava à espreita, esperando o momento certo para atacar. Valtarr havia instruído-a claramente: ela deveria impedir que os intrusos chegassem ao Coração das Sombras, custe o que custar.
Ivan começou a sentir um desconforto inexplicável, uma sensação de familiaridade que ele não conseguia identificar. Era como se algo invisível o conectasse àquela presença oculta nas sombras. Ele olhou ao redor, tentando entender de onde vinha aquele sentimento estranho.
— Algo errado, Ivan? — perguntou Mika, notando a expressão de confusão no rosto do amigo.
— Não sei, — respondeu Ivan, hesitante. — Sinto como se... como se alguém estivesse me observando. E de algum modo, essa presença me parece... familiar.
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Mika franziu o cenho, mas não teve tempo de questionar mais, pois um grito repentino ecoou pela caverna. Antes que pudessem reagir, um enxame de criaturas sombrias emergiu das sombras, atacando-os com garras afiadas e olhos vermelhos brilhantes.
A Batalha Contra as Criaturas Sombrias
A luta foi intensa. As criaturas eram rápidas e agressivas, mas o grupo reagiu com habilidade. Keyjiro e Locke lutaram lado a lado, cortando as criaturas com precisão. Mika usava seu arco e flechas flamejantes, disparando precisamente, enquanto Ivan conjurava feitiços de luz que faziam as criaturas recuarem.
Em meio ao caos, uma figura feminina surgiu, movendo-se com a graça de uma predadora. Hanari finalmente fez sua entrada, seus olhos fixos em Ivan. Havia algo nele que ela não conseguia entender, uma sensação desconfortável que tentava ignorar. Mas a influência de Valtarr era forte, e ela se forçou a focar em sua missão.
Ivan congelou ao vê-la. Ele sentiu algo profundo, algo que despertava uma lembrança vaga e distante. — Quem... quem é você? — perguntou ele, tentando disfarçar a vulnerabilidade em sua voz.
Hanari apenas sorriu, um sorriso frio e sem emoção. — Sou a sombra que levará vocês para a escuridão, nada além disso.
Ela atacou sem hesitar, movendo-se com uma velocidade impressionante. Ivan tentou defender-se, mas sentia uma estranha resistência em lutar contra ela, como se algo dentro de si o impedisse. Hanari, por outro lado, lutava com toda a sua força, mas uma pequena parte dela hesitava, um eco de algo esquecido tentando emergir.
Mika, percebendo a hesitação de Ivan, interveio, atacando Hanari para afastá-la. — Ivan, concentre-se! Não podemos falhar aqui!
A luta prosseguia, e o grupo sentia o peso da presença de Hanari, cujo poder das sombras era imenso. Enquanto isso, Keyjiro e Locke trocavam olhares tensos. Eles sabiam que precisavam ser estratégicos, e Keyjiro, por um momento, sugeriu que deveriam recuar, mas Locke o lembrou da importância da missão. Se falhassem, Valtarr teria o Coração das Sombras.
Revelações na Caverna
No meio da batalha, Hanari sussurrou um feitiço, criando correntes de sombras que envolveram Ivan, aprisionando-o. Ele tentou lutar contra a magia, mas ela era forte demais. Ao vê-lo encurralado, Hanari se aproximou, com uma expressão de vitória em seu rosto pálido.
— Você não entende, tolo, — murmurou ela, olhando para Ivan com seus olhos violetas brilhantes. — Não há nada que possa fazer contra o destino.
De repente, algo dentro dela parecia estalar. Olhando para o rosto de Ivan, uma onda de déjà vu tomou conta de Hanari. Fragmentos de uma memória distante surgiram em sua mente — uma lembrança de risos, de um vínculo fraterno que ela não conseguia identificar.
Ivan, por sua vez, lutava contra as correntes enquanto encarava Hanari. — Quem... quem é você realmente? — Ele conseguiu murmurar, quase como um apelo desesperado.
Hanari hesitou, sentindo uma dor desconhecida em seu peito. Mas antes que pudesse responder, o feitiço de Valtarr sobre ela fortaleceu-se, apagando qualquer lembrança que estivesse prestes a emergir.
— Não sou ninguém, — disse ela, com uma voz vazia, afastando-se enquanto fortalecia as correntes de sombras ao redor de Ivan. — Apenas uma serva das trevas.
A Revelação de Arya
Enquanto Ivan estava preso, Mika e os outros lutavam contra as criaturas restantes. Nesse momento, uma lembrança do que Arya havia contado mais cedo sobre o passado de Valtarr veio à tona. Durante a conversa na vila, Arya havia falado sobre o Coração das Sombras e como ele poderia corromper até mesmo as almas mais puras. Mika, refletindo sobre isso, começou a perceber que Hanari talvez fosse uma vítima desse poder.
Com um esforço final, eles conseguiram repelir as criaturas, e Hanari recuou momentaneamente, observando o grupo enquanto avaliava suas próximas ações. Sabendo que talvez não tivesse outra chance, Mika gritou para ela:
— Você não precisa fazer isso! Valtarr a está usando, corrompendo você! — Ele tentou alcançar qualquer humanidade que restasse em Hanari.
Por um breve instante, o olhar de Hanari suavizou, mas logo a dureza retornou, e ela desapareceu nas sombras, como se fugisse das palavras de Mika e dos próprios sentimentos conflitantes.
O Final do Capítulo
Com Hanari desaparecida, o grupo conseguiu soltar Ivan das correntes sombrias. Ele estava abalado, a sensação de familiaridade ainda pesando em sua mente. Algo dentro dele dizia que aquela mulher era mais do que apenas uma inimiga, mas ele não conseguia entender o quê.
— Ivan, você está bem? — perguntou Mika, preocupado.
Ivan assentiu, embora ainda estivesse visivelmente perturbado. — Eu... eu preciso saber quem ela realmente é. Algo me diz que ela é parte do meu passado, mesmo que eu não saiba como.
Eles continuaram em direção ao interior da caverna, sabendo que o tempo era crucial. Agora, com uma nova determinação, Ivan estava pronto para enfrentar não apenas as forças das trevas, mas também os mistérios de seu próprio passado.
FIM DO CAPÍTULO