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Desejos de um mercenário. [Português]
Capítulo - 07 Seja meus ouvidos

Capítulo - 07 Seja meus ouvidos

Tak Tak

Mesmo cansado, o barulho de fogueira ao fundo despertou a minha consciência adormecida, pude perceber que estava deitado em Lucy coberto por uma capa.

—Hmmm

Abri meus olhos pesados e vi Roy cuidando da fogueira fervendo uma bebida na minha panela, sua expressão era neutra. Levantei com dificuldade, todos os músculos das pernas doíam.

—Irrir — Lucy percebendo minha movimentação moveu seu corpo para apoiar minha costas.

—Você finalmente acordou — Disse Roy olhando para meu estado depois voltou a mexer na fogueira.

—Quanto tempo eu dormi?

—Algumas horas, eu acho, desmaiei quando estávamos fugindo.

Acendi em resposta, concentrei no fogo, não tinha me recuperado e estava cansado mesmo depois de ter desmaiado.

—Não durma, espere o chá ficar pronto, vai te ajudar a recuperar sua aura— Comentou Roy enquanto cozinhava algo na fogueira.

—Aura?

—Ainda não percebeu? — Seu olhar voltou para mim. —Você olhe para sua mão direita.

Fiz isso, minha mão estava coberta por um pano e cheirava a ervas, uma parte do braço também estava ferida profundamente, estava limpo e não sangrava por estar coberto por uma fina membrana branca.

"Aura." Essa era a identidade da pequena membrana, uma mana que continha meu domínio, um poder que só me pertencia. Se tivesse forças gritaria de alegria.

Aura branca era uma quantidade de mana concentrada que está sob meu controle, se acumulada e treinada pode ser moldada. Sua eficiência também era muito superior à mana. Com ela vou ter a força de um adulto.

—Parabéns.

—Obrigado.

Despertar aura não é um feito impressionantemente esse poder podia ser despertada com treinamento e manipulação de mana, mas despertar inconsciente no momento risco de vida isso era algo para dar crédito. Ao mesmo tempo que eu vagava em minha mente sobre as possibilidades abertas agora, Roy se concentrava no chá.

—Está pronto, tem um copo?

—Ah, claro. — Peguei um copo de madeira em um dos bolsos de Lucy e estendi.

Roy encheu meu copo e devolveu, o chá desceu molhando minha boca seca e esquentando a minha barriga, o cheiro e gosto era bom. Eu e Roy não falamos mais, simplesmente aproveitamos a bebida quente.

—Roy. — Chamei-o repentinamente.

—Hm?

—Você me odeia? — Eu queria saber, ele me odeia por não ter ajudado Sara? Por ter impedido de tentar salvá-la ou odeia esse mundo por matá-la?

—...

—...

Mais uma vez ficamos em silêncio Roy estava olhando para o copo em silêncio não deixando eu ver seu rosto a única coisa a vista era suas mãos trêmulas. Ficamos assim até o Roy começar.

—Eu e Sara não éramos próximos, conheci ela a algumas semanas atrás quando fazia uma missão nos tornamos companheiros, nosso relacionamento era no máximo de confiança.

—...

Percebendo que eu ia ouvir primeiro todos seus pensamentos Roy soltou um risada contida.

—Eu e ela éramos só companheiros temporários, mas… não queria que ela morresse daquele jeito. — Ele tomou um gole do chá, parecendo querer organizar seus pensamentos. —Atalis não odeio você, na verdade agradeço por me salvar então não se preocupe.

—Então quem você vai odiar?

Com a minha pergunta Roy levantou a cabeça, nossos olhares se encontram. Ele tinha um olhar de raiva, essa raiva não era dirigida a mim.

—A mim mesmo.

Tak, tak

O som de galhos estalando iluminaram os olhos cinzas de Roy, seus olhos brilhavam de vontade para superar esse dia e começar um novo. Vontade de uma criança forçada a crescer para sobreviver nesse mundo onde matar é algo normal, não se adaptar ao seu redor será deixado. Sorri quando vi esse olhos, agora podia ficar aliviado por Roy ainda querer superar o evento de hoje.

—Vamos ficar aqui até o amanhecer. — Olhei para a escuridão da estrada —Ir no escuro nunca é uma boa ideia, Lucy estava cansada descansar até o amanhecer é a única coisa que podemos fazer.

Devolvi a capa para Roy, tirei o saco de dormir de Lucy e me preparei para dormir.

—Você está muito relaxado.

—Lucy tem ótimos sentidos, ela sempre me acorda quando está na hora de partir. E você? Não vai dormir?

—Vou ficar acordado, deixei a minha mochila.

Ouvindo isso, fui até Lucy procurar nos bolsos até achar um conjunto de roupas grossas extras, com roupas em mãos joguei em cima de Roy.

—Vista, vai permitir que você durma. — Roy tinha um rosto surpreso, ele ia dizer alguma coisa, mas desistiu simplesmente sorriu.

—Valeu.

Assim amanheceu eu e Roy juntamos as coisas partimos. Foi difícil convencer Lucy a deixar Roy montá-la. Minha mão direita estava praticamente inutilizável, doía a qualquer toque ou aperto, minha recém aura fazia de tudo para manter a ferida estável não era uma cura verdadeira, mas ajuda.

Estávamos em uma estrada que provavelmente nos levaria para a cidade, as estradas estavam cobertas de neve dificultando a passagem. Não encontramos nada no caminho, o Sol de meio dia brilhava nas nossas cabeças.

—Roy, o caminho não está com muita neve não?

—Deve ter passado uma tempestade de neve.

—Não é isso, a neve já devia ter derretido um pouco com o sol não?

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Isso estava estranho, a neve não derrete nem com o sol do meio dia, outra coisa estranha mesmo tendo passado o ápice do inverno o clima não esquentava. Só ficava cada vez mais frio.

—Parece que esse inverno vai ser mais rigoroso também — Comentou Roy, com desamparo em sua voz.

—Dez invernos cada vez mais rigorosos, daqui a pouco as pessoas vão abandonar esse reino. — Falei como piada.

—Na verdade, já tem pessoas que estão fazendo isso, principalmente comerciantes e aventureiros.

—A situação está tão séria?

—Pelo que ouvi, está cada vez mais difícil achar missões de rank baixo ou médio.

—E os mercenários?

—Ele estão se mantendo caçando bandidos ou missões de alto rank, mas a situação deles é a mesma.

Discutimos mais um pouco sobre a situação, recebi muita informação, se Roy desenvolver esse talento ele daria um bom informante entre os viajantes. Nas informações sobre o inverno, eles ficaram mais rigorosos e duradouros, coisas que não percebi quando tentava sobreviver. Aparentemente houve muitos viajantes e comerciantes mudando seus locais ativos para regiões mais quentes. Muitas pequenas guerras começaram a ter suspensão neste inverno, claro que eles voltariam a essas disputas se não fosse outro problema.

—Demônios?

—Sim, descobri recentemente, os resquícios da guerra transcendente estão causando problemas nas fronteiras.

—Onde você conseguiu isso tudo? — Eu estava genuinamente curioso agora.

—Muito vem dos mercenários bêbados que viajam pelo reino e alguns grupos de aventureiros que me juntei, só tive sorte de saber mais cedo que os outros.

—A quanto tempo você é um aventureiro? — Mesmo que possa parecer coisas de senso comum, a região que estávamos fica a alguns meses das fronteiras.

—Já faz três meses, passei muito tempo sendo carregador para comprar um arco de caça e equipamentos. — Roy parou por um momento, olhou entre mim e Lucy. —Me parece que você não teve que passar por isso.

Só pude sorrir com essa afirmação, provavelmente eu nem estaria vivo se não tivesse roubado a casa nobre. Viajamos por mais algumas horas até encontrar uma carroça, ela tinha algumas caixas e escoltas mostrando ser um possível comerciante.

—Podemos perguntar onde estamos. — Sugeri.

—Seria bom, mas não acho que ele vá fazer isso de graça.

—Tenho cinco moedas de cobre no bolso da direita.

—Então deixe isso comigo. — Tinha confiança na sua voz

As escoltas e o cocheiro levantaram a guarda enquanto nos aproximamos. Roy tomou a liderança.

—Ola! Somos aventureiros tentando a sorte em uma nova região, pode nos dizer se há uma cidade próxima?

"Aventureiros em uma nova região?" Dei uma rápida olhada em Roy, ele manteve o mesmo rosto inexpressivo. Transmitindo minha dúvida através do olhar, ele deu um encolher de ombros mental dizendo para deixar isso com ele.

"Ok" Com a troca de olhar voltei minha atenção às escoltas, pronto para atacar se tentassem nos prejudicar. O comboio continuou ignorando nossa existência.

—Esperem um momento. — Uma voz veio de dentro da carroça continha um tom de autoridade e elegância. —Sinto muito em dizer que vocês não têm sorte jovens, o reino está cada vez mais difícil de viver para comerciantes e viajantes.

Um homem rechonchudo saiu da carroça, usando roupas de aparência superior junto de jóias em pequenas quantidade, transmitindo uma impressão de riqueza sem extravagância, seus olhos eram puxados junto de seus cabelos ruivos como a de uma raposa. Roy vendo o homem levantou mais o corpo mantendo a compostura.

—Por que? Achei que esse reino tinha muitas guerras.

—A sucessão do reino realmente acendeu muitas coisas, mas… devo dizer, elas esfriaram bastante ultimamente.

—Parece que o inverno não só esfriou os conflitos. — O homem assentiu com o meu comentário, ele olhou para a floresta coberta pela neve.

—De fato, muitos dos meus negócios estão sendo prejudicados ultimamente, então pensei mudar a paisagem, opa desculpe-me isso não é isso que vocês querem ouvir, certo?

Dessa vez Roy tomou liderança —Queremos saber onde podemos achar uma cidade, pagamos pela informação.

O homem estendeu a mão fazendo um sinal de recusa —Não preciso de suas moedas, tenho o suficiente, sobre a cidade… siga esse caminho poderão chegar em um dia de viagem não se preocupe com as criaturas, os únicos conflitos desse inverno são dos pensadores.

Dizendo isso o homem subiu na carroça e ordenou para todos continuarem. Já nós seguimos a direção dita para alcançar o mais rápido possível a cidade.

—Atalis você sentiu algo daquele homem? — Roy perguntou repentinamente.

—Além da natureza astuta e dos avisos? Não.

O homem escondia pequenas informações nas frases como "Mudar a paisagem" podendo mostrar estar saindo do reino tendo uma influência em outros lugares, assim sendo um cara com influência e riqueza.

"Agora penso nisso ele nos deu diversos avisos" Conflitos entre nobre interrompidos pelo frio, não ter monstros causando problemas. Um lugar muito ruim para qualquer viajante com ramo nesses negócios Roy estava com um rosto pensativo.

—Realmente não sei, aquele homem não pareceria dar atenção para mero aventureiros, a forma que ele conduziu a conversa…

—Vamos deixar para lá, nem sabemos o nome dele.

—Hm

Eu também me senti estranho, como se homem só tivesse curiosidade, quando ficou entediado perdeu o interesse. Chegamos na cidade no dia seguinte à tarde, felizmente era a mesma de onde saímos, fomos para guilda para receber uma indenização e relatar os ocorridos. A guilda estava um alvoroço, muitos conversando sobre a recente informação das fronteiras e de como mercenários podiam fazer um bom dinheiro, aventureiros estavam planejando suas rotas para ficar mais longe possível desse conflito.

Relatamos todo o nosso trajeto, terminamos não tendo incongruência em nos relatos meu e de Roy eles enviaram uma equipe de rank D para ver se era verdade e para resgatar as outras equipes. Não íamos subir de rank, mas quando mostrei a minha aura aceitaram me colocar no rank F. Roy terá que esperar a equipe de investigação para ser promovido.

Com tudo na guilda terminada fomos para a pousada, troquei meu quarto privado por um quarto duplo para Roy não ter fazer bicos a outros aventureiros. Terminamos tudo já estava a noite. Agora estamos comendo em um restaurante comendo a comida mais barata.

—Atalis eu… não tenho o que dizer. — Eu já estava comendo e Roy só ficava olhando para a comida.

—Só coma e me pague quando tiver dinheiro.

—Não, estou zerado e você terá juntar muito dinheiro para se manter, porra, nos conhecemos a alguns dias.

Roy olhava para mim intensamente, como se quisesse ver minhas intenções, seu rosto mostrava seriedade.

—Atalis, o que você quer de mim? — Só pude suspirar por ter sido pego. Parei de comer e olhei para Roy com a mesma seriedade.

—Roy vou ser sincero, quero ganhar um favor seu.

Ouvindo minha resposta Roy ficou em dúvida —Meu favor?

—Sim.

Eu não tinha como juntar muitas informações de maneira confiável sendo um lugar onde a informação demora para se espalhar, posso perder algo importante. Então mesmo alguns rumores podem ajudar, preciso de alguém para entregar essas informações de maneira barata. Roy tinha talento nessa área, as informações sobre a fronteira só estão se espalhando agora, ele já sabia, então vou fazer uso desse talento por um tempo.

—Roy, você tem um talento desejável, quero esse talento do meu lado quando precisar, conseguir informações de maneira rápida e barata vai ser útil para mim. — Terminei sem tirar meus olhos dele —Quero comprar seus ouvidos Roy.

Roy ficou em silêncio e logo sorriu e começou a comer. —Aceitarei a oferta.

—Bom — Sorri em satisfação — Tem algo que eu preciso saber recentemente?

Agora o Roy vai ser meus ouvidos temporários e farei o melhor uso deles.

—Não, já contei tudo que sabia na nossa viagem, estou vazia agora.

—Certo, sobre conde contratando aventureiros?

Enquanto estávamos na guilda o pessoal estava conversando sobre um conde contratando pessoas para investigar uma montanha.

—Isso também é novo para mim, posso tentar descobrir se você quiser.

—Tente ver se posso participar, quanto o conde está pagando e o porquê muitos estão querendo ir.

"Se for um conde deve ser um bom preço."

Roy acenou —Me de alguns dias vou juntar o máximo possível.

—O ponto de encontro é a pousada e… — coloquei uma moeda de cobre na mesa. — Esse é o pagamento adiantado te darei o resto depois, junto de um bônus se eu ficar satisfeito.

Roy pegou as moedas terminando os negócios.

Já se passaram dois dias desde a conversa com Roy, agora estou sozinho, tivemos que nos separar por causa de nossos ranks para ter toda recompensa das missões que já não pagava bem. As missões de rank F não tinham nada de interessante, maioria está parecidas com do rank G, a diferença era que tinha escoltas ou entregas para lugares mais distantes.

"Vamos ficar com essa" A missão escolhida era investigar sons estranhos perto de uma vila, aparentemente algumas feras podem estar causando isso. Não se sabe o número ou o tipo de criatura é, única coisa dita foi ouvir barulhos de uivos durante a noite. O objetivo é identificar a criatura, anotá-las e voltar para guilda, quanto mais detalhado maior será a recompensa, se você conseguir matar as criaturas poderá pedir a recompensa. A vila ficava a três dias da cidade, a recompensa era em cobres, uma missão fácil que pagava bem se você fosse meticuloso.

"Se conseguir entrar na mina posso ver se acho algo de interessante." Peguei o papel e fui para o balcão.

—Chefe tem certeza de ir para as fronteiras?

—Sim! Moedas fáceis devem ser pegas, se está hesitante pega suas coisas se manda, não preciso de covardes.

—Mas lutar contra demônios…

Conversas desse tipo eram ouvidas por toda a guilda, aparentemente o reino está pagando em ouro para aventureiros de rank D. Apurei meus ouvidos, algo me diz que algo grande vai acontecer nessa luta

"Bom não tenho força para para participar de qualquer maneira" Com o pedido aceito montei em Lucy e fui fazer o pedido.