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Desejos de um mercenário. [Português]
Capítulo - 06 Fugir por não ser forte.

Capítulo - 06 Fugir por não ser forte.

A identidade do objeto era uma flecha do tamanho de um braço de um adulto com força suficiente para quebrar ossos humanos. Fiquei aterrorizado, mesmo tendo as memórias de Luke essa era a minha primeira vez como Atalis vendo um humano tendo seu corpo atravessado.

—Fuja!

Voltei aos meus sentidos com o grito de Roy, eu estava prestes a fugir, só que uma malícia se estendeu até nós. Meu coração batia rápido, as pernas ficaram bambas e minha visão ficou embaçada por um breve momento.

—Urg— Era forte, muito forte. Essa intensa malícia até tinha um leve cheiro de sangue.

Pof, pof, pof

O único barulho que eu podia ouvir era de passos abafados e cada passo meu coração batia mais forte. Me forcei a levantar a cabeça e atrás do cadáver do escudeiro está o inimigo.

—Grook

Era parecido com um goblin, mas era mais alto com 2 metros de altura, sua pele era negra, músculos salientes prestes a explodir um arco do meu tamanho estava em sua mãos. Sua expressão mostrava raiva e escárnio misturados, como se pequenas moscas o tivesse incomodado, ele se aproximava devagar como se tivesse certeza que não conseguiríamos se mover na sua presença.

"Não temos chance" Esse era o meu único pensamento quando vi tal ser, tínhamos que fugir o mais rápido possível, mas meu corpo estava paralisado. Mordi meus lábios com força, do gosto de sangue preencheu minha boca e finalmente saí da paralisia.

O monstro nem percebeu por estar olhando os arredores. Como se eu fosse um inseto ou pedra que nem merecia sua atenção. Mesmo tendo saído dos efeitos da malícia não me movi a criatura devia ser muito superior para eu estar paralisado na sua presença, preciso fazer com que o monstro em minha frente não possa perseguir.

Então eu resisti contra meus instintos, meu coração batia mais rápido a cada passo que o monstro dava ao se aproximar em silêncio. Com grande dificuldade movi minha mão para o bolso de poções. Pude sentir o toque frio do vidro junto da textura da marca que deixei, nesse frasco havia um veneno que eu tomaria o máximo de cuidado parecia algo divino agora.

Pof, pof por

Ele estava na minha frente, sua malícia parecia que iria me esmagar a qualquer momento. Segurei o frasco com mais força e esperei, se ele atacasse agora eu estava morto não importasse o que eu fizesse. Talvez por arrogância ou por acreditar em suas habilidades o monstro abaixou o corpo para ficar na mesma altura que a minha, seu rosto era feio junto de um fedor na sua respiração seus lábios estavam levantados como um sorriso grotesco. Foi então que eu percebi que não era só medo que me dominava, havia outra sensação.

"Rejeição" Eu estranhamente rejeitava esse monstro como se ele nem devesse existir.

-Grokud…

"Agora!!" No momento que percebi ele falando meu corpo se moveu antes do pensamento, tirei o frasco o mais rápido possível, coloquei mana nos músculos da minha mão quebrando o frasco.

Tas

Ignorei os cacos de vidro cortando a minha mão, a única coisa que me concentrei era jogar o conteúdo. Um pó amarelado se espalhou no rosto do monstro, entrando pelo nariz, boca e olhos, claro que eu fui afetado.

—Dro!?

O monstro confuso respirou profundamente pude ver o pó ser sugado pela boca, a malícia havia desaparecido como uma mentira.

—Corra!!

Virei com um giro, coloquei toda mana em minhas pernas e disparei, Roy já parecia ter tentado fugir, ele estava agachado, mas se levantou o mais rápido possível e começou a correr. Sara estava chorando com as pernas bambas começou a correr também. Quando entramos na floresta e corríamos, minha visão ficou embaçada, sabendo que era o meu veneno, peguei o antídoto e tomei em dois goles.

Estávamos em uma fila com Roy na frente eu no meio e Sara em último, corremos pela floresta no mesmo caminho que viemos. Minha respiração estava rápida e meu coração batia que nem um louco.

—Que porra era aquela!— Gritei para Roy, já que ele demonstrava conhecimento sobre goblins.

Roy gritou de volta —Parecia um hobgoblin, mas nunca ouvi sobre um daquele tamanho!

—Goooooooooo!

Um rugido de grande poder foi ouvido atrás de nós, depois de uns segundos o chão começou a tremer.

"O veneno já está perdendo efeito?!" O veneno era de uma borboleta negra chamada "amante dos mortos", essa espécie libera um pó que por si só já é um veneno de rank F e se for processado se torna tão forte que pode afetar ranks E e D. Seus efeitos eram fraqueza, tontura, vômito, entre outros. Se não fosse por uma missão, eu não teria esse veneno. Agora o tal veneno que poderia afetar os ranks E com fortes efeitos por algumas horas perdeu o efeito em segundos.

"Esse desgraçado e de rank D!? Porque há um rank D em uma missão de promoção rank F!?"

-Grookkookoo.

Com mais um rugido que parecia estar no meu pescoço me forçou a sair dos meus pensamentos e correr mais rápido. O tremor se tornou mais intenso e dezenas de passos foram ouvidos e quando olhei para trás vi algo que iria lembrar pelo resto de minha vida. Dezenas de goblins estava correndo atrás de nós e todos eram negros, seus olhos só continham loucura e insanidade.

"Por que você trouxe reforço!?" O hobgoblin estava na frente do grupo, ele era o mesmo, mas seus olhos antes com pupilas agora estavam branco, uma baba espessa saindo de sua boca.

"Ele enlouqueceu? É um dos efeitos do veneno?" Balancei a minha cabeça, não importa se o hobgoblin foi a loucura pelo veneno agora eu tinha que sobreviver.

Já estávamos correndo pela floresta por alguns minutos e correndo com toda nossa velocidade, provavelmente cruzamos uma boa parte da floresta então. Antes mesmo de eu terminar meu corpo agiu sozinho novamente, coloquei o dedo na minha boca e soprei.

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-Fiiiiuuuuuuu

Um assobio agudo ecoou pela floresta, mesmo que os loucos gritassem com insanidade, o assobio era um som dominante. Quando terminei pude sentir, a minha companheira Lucy já estava a caminho.

—Por que você assobiou!?— Roy gritou com esperança nos olhos.

Os monstros estavam cada vez mais perto, estranhamente parecia até mesmo diminuída a velocidade. Bem, se não acharmos uma saída, seremos mortos.

—Chamei a Lucy!— Gritei sem perder o ritmo.

Com a minha resposta a esperança sumiu de seus olhos, eu não tinha tempo nem fôlego para explicar, então ignorei e continuei correndo. Quando viemos para cá pude perceber que nunca vi Lucy exausta dando um espaço para o pensamento " E se Lucy não usou sua velocidade máxima?". Se essa hipótese estiver correta, a pequena égua que já tinha a velocidade de um cavalo adulto podia correr mais rápido.

Então irei apostar todas as minhas fichas, não, mesmo sem essa hipótese já estaria fazendo o mesmo, Lucy é minha companheira de confiança. Eu só tinha que fazer a minha parte, esperar seu resgate.

"Então vou fazer de tudo para sobreviver." Coloquei minha mão na bolsa e comecei a vasculhar, nela tinha alguns itens como comida, cristal de fogo, cantil. Essas coisas eram inúteis agora.

"Espera, o cristal pode ser útil!" Era só uma hipótese, peguei o cristal do tamanho de um punho emanando seu brilho alaranjado e calor, mas não faria mal tentar. Me virei para Sara, seu rosto estava bagunçado pelas lágrimas e exaustão, ela já não tinha seu bastão e corria com máximo de força, não dava para parar e ajudá-la agora.

—Sara pegue! — Joguei o cristal, ela quase não pegou para meu desespero.

Ela parecia questionar por um momento, mas chegou na mesma conclusão que a minha. Ela segurou firmemente o cristal e começou a inserir mana. Pude saber disso pelo aumento do brilho e pelas queimaduras que começaram a surgir na mão dela. Demorou um pouco até finalmente a pedra começar a se quebrar. Sara se virou e jogou a pedra nos monstros que agora estavam a menos de 5 metros.

Já era noite a pedra se quebrou com um brilho cegante que iluminava a floresta escura quando se partiu. Os monstros gritaram com dor, parece que as pupilas só ficaram brancas por nossa sorte, claro que isso só nos daria um pouco mais de tempo.Continuamos a correr minha pernas pareciam ter saído de uma fornalha, respiração estava ofegante com minha garganta seca minha mana já havia se tornado pó, estava no limite talvez os outros dois estivessem pior que eu. Mantive assobios constantes para mostrar a minha localização para Lucy e quando eu ia assobiar mais um vez.

—Irrriir

O recheio de uma cavalo foi ouvido na nossa frente. Provavelmente ela viu a emergência nos assobios por isso ficou na frente para só chegar e montá-la, algo que nós treinamos enquanto estávamos livres.

"Sério, você sempre me impressiona." Depois de minutos correndo finalmente havia esperança nesse inferno.

—Roy, Sara vão para Lucy!

Roy provavelmente pensava que Lucy não ia conseguir tirar a gente daqui e mesmo assim mudou de direção ele se virou prestes a gritar só que ele ficou em silêncio e seus olhos tremiam. O gosto amargo voltou e virei para Sara. Quando me virei vi algo que me deu um grande frio na espinha.

A imagem de uma garota sorrindo e um hobgoblin negro com olhos enlouquecido e um fio de baba que estendia de uma maneira anormal bem atrás dela preste a soca-la, o desgraçado que estava uns 10 metros atrás agora se encontrava no nosso pescoço, como se estivesse se teletransportado.

—Sara!! — Roy tentou avisar, mas já era tarde demais. O hobgoblin abaixou o punho esmagando a perna da pobre garota.

—Aaaaaaahhhhh

—Goooooo!

Um grito estridente saiu da boca de Sara e um rugido vitorioso do hobgoblin se misturaram, eu queria poder ajudá-la, mas se nem consigo sobreviver sozinho imagina cuidar dos outros.

—Desculpe — Um pedido de desculpas miserável para uma pessoa prestes a morrer nas mãos de monstros irracionais.

Virei para frente e continuei ignorando os gritos de Sara para a minha sobrevivência, mas Roy parecia diferente de mim, ele puxou o arco e começou a correr na direção de Sara. Não sei qual era o relacionamento dos dois só sei que era suicídio voltar, mordi meus lábios feridos abaixei o meu corpo soquei a barriga de Roy.

—Urg— Roy que não esperava levar um golpe meu inclinou o corpo e aproveitei para colocar sua cintura no meu ombro e comecei a carregá-lo como um saco de batata.

—O que… você está. — Ele tentou gritar comigo e se libertar, mas estava sem fôlego pela corrida intensa e pelo meu soco.

—Voltar é suicídio… Não tem como salva-la. — Disse poucas palavras, Roy que deve ter tido o mesmo pensamento parou de lutar.

Pude ouvir seus dentes cerrando com força podia ser pela raiva de mim ou por perder um amigo. Deixei Roy quieto e continuei, Lucy estava logo à frente.

—SOCORRO! ALGUÉM! NÃO! NÃO!

Fingi não ouvir, só continuei a correr o monstro hobgoblin ficou para trás, mas ainda estávamos sendo perseguidos pelos goblins negro, com um peso extra minha velocidade diminui consideravelmente agora estavam a 3 metros.

—Atalis eles estão muito perto! —Eu sabia que eles iam nos alcançar e podia sentir a morte fria respirando no meu pescoço.

"Ainda não!" Eu não podia morrer, tinha que explorar esse mundo, fazer de Lucy um cavalo de guerra inigualável, fazer um grupo de mercenários. Eu… queria encontrar e saber da própria boca de Luke como era sua vida, queria saber como era matar um dragão se sentiu orgulhoso? Conquistado? Alegre?

"Mesmo que sua vontade tenha desaparecido, Luke queria perguntar… Como era ser um rank SS…" Para mim um garoto que perdeu tudo Luke era um ídolo, uma pessoa que era escravo se tornou um matador de dragões, uma pessoa que conhece o inverno como eu. Quero poder me encontrar e dividir histórias como iguais e para isso acontecer terei que me tornar um Rank SS.

—Por isso que não posso morrer aqui!— Gritei com todas as minhas forças, juntei os requisitos de mana que estavam espalhados pelo meu corpo até sobrar nada e coloquei tudo nas minhas pernas.

Nesse processo pude sentir uma diferença nessa mana, era mais densa e respondia rapidamente à minha vontade. Não pude me concentrar no sentimento, só tinha minha mente em correr, jogar o saco de batata e montar em Lucy. Colocar a mana nas pernas podia sentir meus passos se alargando e me afastando dos monstros.

"4 metros, 5 metros, 6 metros"

—Você ainda tem mana!? — ignorei estupefato Roy

Finalmente vi Lucy, mesmo estando escuro podia ver sua figura, ela já está preparada para galopar.

—Lucy agora!

Com minha ordem Lucy começou a correr controlando sua velocidade para me acompanhar, os goblins percebendo nossa fuga já enlouquecidos agora eles perderam completamente a sua racionalidade e começaram a correr ainda mais. Eu e Lucy ficamos de lado a lado, nem pensei duas vezes em jogar Roy.

—Urg, Porra… —O pouco fôlego que recuperou foi gasto nessa jogada. Segurei as rédeas de Lucy, ela diminui ainda mais a velocidade e finalmente montei nela.

—Goooooooooo

—Lucy a toda velocidade!!

Pude nem ter um momento quando ouvi o grito do hobgoblin, mesmo ele estando ainda na floresta eu podia sentir que ele me via, ele olhava para mim com loucura e diversão.

Um sentimento sinistro veio como se a minha cabeça fosse explodir. Mais uma vez o corpo agiu primeiro, abaixei a cabeça, o barulho do ar sendo cortado perfurou meu ouvido.

Woooosh

Levantei minha cabeça trêmulo, na mesma direção havia um pedaço de tronco parecendo ser de uma jovem árvore, além de ser uma coisa aparentemente jogada como uma lança, o que estava preso no tronco me fez ficar puto de raiva e com muito mais medo. Era o corpo de Sara, o corpo estava preso no tronco como se fosse um espeto da parte de baixo até sair pela boca, seu rosto mostrava puro terror. Segurei as rédeas e fiz Lucy corre a toda velocidade. Os goblins pararam de perseguir, ficaram observando e rindo com suas vozes de lixa.

—Gooo Gooo Gooo

Uma risada de zombaria ecoou atrás de mim, era divertida e aliviada, como se tivesse acabado de lidar com coisas irritantes.

—Não vou esquecer— Ouvi a voz de Roy atrás, carregando raiva, desamparo, medo e muito outras.

Não sei por quanto tempo se passou e nem tenho memórias do caminho tomado, só paramos quando Lucy começou a bufar excessivamente.

—Haaaa, Haaa, haaaa

Agora estávamos no meio da estrada e o frio da noite de inverno perfurou meu rosto, não conseguia pensar em nada. Minha visão estava embaçada, meu corpo parecia pesado. Comecei a cair de Lucy com a perda de sensação do meu corpo.

—Off

Pude sentir Lucy abaixando para eu não ter uma queda feia. Caí na neve branca, estava exausto tanto fisicamente quanto mentalmente e tinha gasto toda minha mana.

"Não posso dormir…" Não pude resistir, minhas pálpebras se fecharam contra a minha vontade me forçando a dormir.