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IRMÃ SOMBRA

Foi súbito.

De repente eu estava numa zona escura, e ainda me adaptava a ela quando senti garras tentando se fechar nos meus ombros.

Aumentei minha luz conscientemente e repeli a sombra.

Mas ela ficava rondando em torno, tentando achar uma brecha na luz em que eu me envolvia.

Em um dado momento ela parou e riu com escárnio, avaliando a minha proteção. Então passou a efetuar ataques pela linha de tempo e pela linha do espaço, ataques esses que eu repelia.

Foi então que vi o que ela pretendia: ela estava tentando me atacar em algum momento em que eu ainda não havia despertado. Passei então a me proteger pela linha do tempo, recuando cada vez mais, até que cheguei ao momento em que eu nascia nesta vida.

Porém, vi que a sombra divida o tempo em partículas cada vez menores, buscando com ânsia algum momento em que eu estivesse desprotegido.

Foi então, enquanto armava proteções para esses pontos temporais, que me dei conta de que minhas outras expressões em outras dimensões logo se tornariam alvos, e isso porque notara essa intenção na sombra que me atacava.

Depressa solicitei ao meu euacima que protegesse minhas outras expressões pelas dimensões, bem como rapidamente passei a estender proteções para os meus irmãos em luz que poderiam ser usados para me enfraquecer.

Mas, em um certo momento vi que aquilo tinha o potencial para continuar indefinidamente, invadindo microssegundos para se desdobrarem em nanossegundos após meu último desencarne.

Por algum tempo avaliei essa sensação, essa descoberta, que à princípio se mostrou preocupante.

Então sorri, e me libertei até mesmo desse medo, e isso porque ele era irreal.

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Com minha alma em paz tirei todas as proteções que instalará nas linhas de tempo e espaço, e sorri para o euacima. Ele me sorriu de volta, fazendo o mesmo pelas outras dimensões.

Eu estava totalmente em paz quando ouvi a sombra rir de alegria.

E ela atacou com fúria.

Foi dolorido o que atingiu minha vida atual, agora com desafios incríveis e dores muito grandes.

Me escorando na luz que não esquecia ser fui avançando, até que em um momento, mesmo apesar dos ataques, eu não me sentia mais ferido.

Suspirei, e agradeci ao universo as provas que me dera.

Foi aí que ela, a sombra companheira, percebeu que, quanto mais me atacava, mais fortalecido eu ficava.

Confusa a vi me observando, avaliando, tentando entender o que realmente acontecia.

Com carinho estendi uma bolha de luz à nossa volta, tendo o cuidado para que não a tocasse, pois ela não era minha inimiga, mas uma parte da experiência que eu buscara com determinação. Ela, na verdade, for a uma aliada que eu chamara, para que pudesse me levar à frente.

Depressa a vi recuando para um canto escuro que eu deixara na bolha de luz com que nos envolvia, onde se refugiou e se aninhou, os olhos vermelhos e medrosos postos servilmente em mim.

Totalmente em pânico ouvi seus gemidos. Quando ouvi seu pedido de clemência sorri com carinho para ela.

Você venceu, ela me falou.

Não, não aconteceu assim, minha irmã. Nós vencemos, e eu te agradeço por ter me dado a experiência que eu precisava para ir além. Obrigado, falei enquanto desfazia a bolha de luz e a libertava.

Já bem distante a vi parar e se voltar para me observar, confusa e receosa de não possuir mais qualquer poder.

Uma semente, eu suspirei agradecido.