Novels2Search

8- Lâmina Carmesim

Acordei já atrasado para o almoço, o que não era uma surpresa, considerando que gastei muita energia no dia anterior e acabei dormindo mais do que deveria.

Levantei-me rapidamente, lavei o rosto, vesti uma roupa limpa e me dirigi à mesa. Alguns dos líderes ainda estavam lá, mas outros já haviam partido para suas residências fora da cidade.

Cumprimentei a todos e me sentei, servindo-me com apetite. Após a refeição, fui para uma sala de treino onde meu avô começou a me ensinar os princípios da Lâmina Carmesim. Era um conceito intrigante, que parecia estar ligado ao espírito. Fui tomado pela curiosidade sobre a possível relação com o espírito que concede poderes aos humanos, mas, ao escutar suas explicações, percebi que não era bem assim.

Continuamos o treinamento até eu conseguir entender os fundamentos, mesmo que ainda não conseguisse usar a técnica.

— Você parece entender, mas não possui o que é necessário para utilizá-la — meu avô observou.

— O que eu preciso fazer para conseguir usá-la? — Perguntei, imaginando que ele não me mandaria causar o sofrimento de todos que cruzassem meu caminho.

— Amanhã, você sairá para caçar algumas bestas ou monstros. Não terá o mesmo efeito, mas servirá para que você possa começar a usar a técnica.

Com isso em mente, passei o restante do dia com Kael e Mira. Desde que me tornei o sucessor da família, percebi que não tinha tanto tempo para conversar com eles como antes, e isso tornava esses momentos ainda mais especiais.

No dia seguinte, segui para uma floresta acompanhado por Darius, um homem que meu avô havia enviado. Ele parecia forte e confiante, o que me deu um pouco de tranquilidade.

Ao entrarmos na floresta, Darius me levou até uma caverna. Durante o caminho, avistei algumas pequenas bestas, mas até chegarmos ao fundo da caverna, não encontrei nenhum monstro realmente forte.

Quando chegamos ao final da caverna, um som estranho começou a ecoar ao nosso redor.

— Prepare-se — Darius avisou.

Imediatamente, me posicionei, tentando prever de onde a criatura poderia vir. Então, de repente, uma centopeia maior do que o normal surgiu do chão atrás de mim.

Girei rapidamente, defendendo-me e me afastando da criatura, que se movia com agilidade. Ela se lançou para dentro da parte superior da caverna, mas não antes de perder a parte traseira do corpo, que eu havia cortado.

Os sons de escavação começaram a ecoar por todo o ambiente, e eu não conseguia prever de onde mais ela poderia surgir. Antes que eu pudesse reagir, outra centopéia apareceu ao meu lado, arranhando a armadura que estava usando e se afastando.

Uma centopéia, que acredito ser a primeira, caiu do teto bem a minha frente e veio diretamente para mim, então criei uma barreira de água na minha frente. Ela simplesmente passou por baixo do chão e surgiu na minha frente. Mas no momento em que isso aconteceu, conjurei uma lança de água do chão que a atravessou, matando-a instantaneamente.

A segunda centopeia ficou mais agressiva, entrando no chão e aparecendo no teto, mas o destino dela já estava selado. Com um corte preciso, acertei o que acredito que seria seu pescoço, se ela tivesse um. Nesse instante, senti minha mana se recuperar mais rapidamente, e a dor em meu braço onde fui acertado, desapareceu.

Retornei para casa, onde encontrei meu avô novamente. Ele parecia preocupado com meu treino, talvez por isso estivesse em casa por tanto tempo.

— Estou de volta — anunciei.

— Parece que você conseguiu derrotá-las com facilidade. — Respondeu ele.

— Sim, elas não eram muito fortes.

— Elas mataram alguns aventureiros experientes que entraram na região. — Me pareceu mais um aviso do que uma informação.

— Por falar nisso, talvez eu devesse me tornar um aventureiro. Assim consigo ajudar as pessoas enquanto aumento o meu poder.

Meu avô pensou por um instante antes de responder.

— Realmente, deixarei Darius cuidar disso, ele deve te acompanhar em suas... "Aventuras".

Levou uma semana para que eu me cadastrasse na guilda. Antes de ser aceito oficialmente, era necessário completar uma missão de admissão.

A tarefa que me foi atribuída era uma missão de recuperação: entrar em uma Dungeon e recuperar um artefato que havia sido colocado em seu interior, no final do percurso.

A case of theft: this story is not rightfully on Amazon; if you spot it, report the violation.

Fui levado até a entrada da Dungeon por Darius, que me acompanhou até o local. Lá, fui recebido por um membro da guilda que tinha a função de avaliar meu desempenho. Fui orientado a usar uma máscara para ocultar minha identidade, algo comum entre os nobres que preferiam manter suas origens em segredo.

Entrei na Dungeon com o inspetor enquanto Darius aguardava do lado de fora. O interior da Dungeon era surpreendente. Apesar de estar situada em uma floresta, por dentro, parecia o subsolo de um deserto, com o chão coberto por uma fina camada de areia e pequenas pedras.

As paredes da caverna eram adornadas com cristais que emanavam uma leve energia. Talvez fossem responsáveis por manter as criaturas presas ali ou até mesmo por criá-las.

Caminhei até encontrar uma bifurcação com dois caminhos diferentes. Utilizei minha percepção mágica para identificar a direção em que a mana tinha um padrão mais similar ao de seres humanos. Encontrei alguns morcegos pelo caminho, que avançaram em minha direção, mas foram facilmente derrotados. Nenhum deles representou um desafio de verdade.

O inspetor me seguia em silêncio, observando cada movimento, cada decisão que eu tomava, avaliando tudo o que eu fazia.

Em poucos minutos, cheguei ao final da Dungeon. No centro da sala, sobre um pedestal, estava o artefato: uma pulseira azul-clara de aparência simples, mas com uma aura peculiar. Senti imediatamente que havia uma conexão entre ela e o ambiente ao redor.

— Retirá-la não seria perigoso? — perguntei, desconfiado.

O inspetor não respondeu, mas vi um vislumbre de surpresa em seu olhar.

Decidi pegar a pulseira. No instante em que a removi, o chão começou a ruir, me fazendo cair para uma câmara ainda mais profunda. Era ali que o verdadeiro teste começaria.

A câmara estava escura, mas os olhos das criaturas ao meu redor brilhavam, iluminando a escuridão enquanto elas surgiam. Senti uma pressão crescente à medida que mais delas se aproximavam. Eram uma mistura de escorpiões, morcegos e lagartos, criaturas que não pareciam muito organizadas, mas certamente tinham força. Seus ataques eram simples, fáceis de esquivar, mas a quantidade tornava tudo mais cansativo.

Dividi minha atenção entre as criaturas e o inspetor, que estava um pouco afastado. Ele parecia não ser alvo direto das criaturas, mas sua presença era constante, observando-me de perto, atento para intervir caso eu não fosse capaz de me defender. Embora eu já estivesse cansado pelo esforço, consegui derrotá-las sem sofrer ferimentos significativos.

Após a última criatura cair, uma passagem se abriu, levando de volta à parte superior da Dungeon. No entanto, algo mais chamou minha atenção: um baú dourado brilhava ao longe, e ao seu lado, uma enorme criatura semelhante a um Golem elemental estava protegendo o tesouro, mesmo parecendo inconsciente.

O Golem se ativou assim que percebi sua presença, levantando-se e vindo na minha direção. Por um momento, pensei em fugir, demonstrando que não arriscaria minha vida por nenhum tesouro. No entanto, eu sabia que conseguiria derrotá-lo, mesmo sendo uma ameaça considerável.

Ele era feito de pedras e possuía quase três metros de altura. No centro de seu peito, um núcleo brilhava, lembrando-me do coração de um ser humano. Ajustei minha postura, respirei fundo e me preparei para reagir.

O Golem avançou com passos pesados, fazendo o chão tremer a cada movimento. Quando ainda estava longe de mim, ele socou o chão, fazendo pilares de terra surgirem e se elevarem à medida que se aproximava, alcançando quase cinco metros de altura.

Concentrei mana no meu corpo, fortalecendo-o, e então saltei por cima dos pilares, indo em direção ao Golem. Enquanto me aproximava, conjurei projéteis de água ao meu redor. Não queria usar muita mana, pois sabia que o clima não favorecia minhas habilidades. Quando me aproximei, o Golem ergueu uma parede de pedras para se proteger.

Saltei por cima dela. No entanto, quando olhei para o outro lado, o Golem já não estava mais lá.

Num piscar de olhos, vi o instrutor preparando um ataque em minha direção, ou talvez no próprio Golem, que agora estava entre nós. Agi rapidamente, saltando na direção oposta ao Golem e usando o corpo dele como apoio para me impulsionar. Fortifiquei meu corpo com mana, buscando a máxima velocidade. O Golem, que havia entrado na própria parede de pedras, apareceu atrás de mim após a destruição da barreira.

Com um movimento rápido, o Golem atacou com os dois braços, tentando esmagar-me de cima para baixo. Consegui desviar a tempo, mas o impacto foi tão forte que o chão se estilhaçou, criando uma pequena cratera.

Com a destruição do Golem, o instrutor interrompeu seu ataque, e a criatura se desfez. Somente o núcleo permaneceu, agora fincado na minha espada. Aproveitei o momento em que o Golem estava prestes a me atacar para perfurar seu núcleo, desviando rapidamente. Foi arriscado, mas sabia que o instrutor estaria pronto para intervir, caso fosse necessário. A ação deu certo, e o Golem finalmente caiu.

Após a queda do Golem, recuperei minha espada e aproximei-me do baú, meus instintos alertas. Com um corte preciso, dividi-o ao meio. No instante em que a lâmina tocou sua superfície, o "tesouro" se revelou por completo: uma substância pegajosa e escura, mesclada de dourado e marrom, escorreu lentamente pelo chão, liberando um sopro de mana que se dissipou na atmosfera como uma neblina efêmera.

— Se sabia que era um mímico, porque lutou contra o Golem? — perguntou o inspetor, com um tom levemente curioso.

— Para te mostrar que sou forte, e que não sou enganado facilmente. Eu não faria isso se não fosse um teste — respondi, sem desviar o olhar da substância que se desfazia.

O inspetor assentiu lentamente, como se considerasse minha resposta com respeito renovado.

— Entendo — ele disse, um traço de aprovação em sua voz.

Saímos da Dungeon em silêncio. Darius esperava do lado de fora, os braços cruzados, observando com atenção quando finalmente emergimos. O olhar dele refletia uma mistura de apreensão e alívio. Fiz um leve aceno de cabeça para ele, indicando que tudo havia corrido bem.

De volta à cidade, retornei para casa junto de Darius, sentindo o peso da expectativa sobre mim. Nos dias que se seguiram, aguardei o resultado, o clima de antecipação pendendo sobre minha mente como uma tempestade prestes a desabar.

Finalmente, recebi a notícia: fui aprovado como Rank-B. A guilda, com seu sistema rigoroso, classificava aventureiros de E a S, sendo E o mais baixo e S o mais alto. Rank-B era uma posição de respeito; significava que eu estava apto a liderar grupos em missões oficiais, uma responsabilidade que poucos tinham.

Além disso, soube que a guilda podia designar missões específicas para cada aventureiro, mas também permitia a criação de grupos próprios, onde missões eram dadas ao grupo como um todo, não individualmente.

Fui em algumas missões ao lado de Darius, que era um fortificador habilidoso. Usava a mana apenas para potencializar seus atributos físicos, e lutava com uma grande espada que eu sabia que nunca conseguiria manusear com a mesma destreza. Darius, aparentemente, já era um aventureiro de longa data e desempenhava um papel importante na guilda, pois era ele quem me passava as missões. No entanto, ele falava muito pouco. Limitava-se a observar enquanto eu executava as tarefas, sempre atento, mas distante.

Passei alguns dias sozinho, cumprindo missões menores, até que finalmente recebi minha primeira missão oficial: fornecer suporte para um grupo de magos em Arctis, uma cidade próxima a Sodora, que estava enfrentando alguns problemas.

A viagem até Arctis levou cerca de um dia inteiro, e quando finalmente cheguei, já era noite. Dirigi-me ao ponto de encontro, um acampamento simples montado nos arredores da cidade. Ao chegar, avistei os outros três membros do grupo sentados ao redor de uma grande fogueira, conversando em tom baixo. O grupo era composto por um homem alto, de cabelos curtos e grisalhos, com cicatrizes visíveis em seu rosto; uma mulher de pele morena, cabelos longos e escuros como a noite; e uma elfa de pele pálida, com olhos prateados e longos cabelos azul-gelo.

Assim que me aproximei, a conversa deles cessou, e todos se voltaram para mim, me observando atentamente.

— Acredito que fazem parte do grupo de aventureiros que requisitou ajuda — disse, apenas para confirmar que estava no lugar certo.

o homem, se levantou e se aproximou de mim.

— Sim, Sou Nerian, é um prazer conhecê-lo — ele estendeu a mão, e eu a apertei, cumprimentando-o com firmeza.

— Essa é Mirela — ele indicou a mulher, que acenou com um sorriso e fez uma breve saudação.

— E a elfa é Lyres — continuou, apontando para a elfa de aparência distinta, que também fez uma reverência silenciosa.

— Podem me chamar de Euler, e esse é Darius — falei, olhando para o meu companheiro, que apenas acenou com a cabeça, como sempre, mantendo sua habitual postura reservada.

— Ele não é de falar muito, mas é uma boa pessoa — comentei, tentando quebrar o gelo, já que a presença de Darius, silenciosa e imponente, poderia gerar alguma tensão.

O grupo parecia bem preparado, mas se pediram ajuda certamente não era uma tarefa simples. A cidade talvez esteja em perigo, ou algo grande pode acontecer, foram os pensamentos que vieram na minha cabeça.

A noite passava e o fogo crepitava, iluminando os rostos dos meus novos

companheiros enquanto o vento frio da noite começava a soprar. Era o começo de algo maior, mas o que exatamente, eu não podia prever.

Previous Chapter
Next Chapter