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6- Dragões

# -Edmund Lancaster-

A sala estava tensa, cada olhar fixo nos rostos dos reis que se reuniam para discutir a crescente ameaça. A porta se abriu, interrompendo a quietude, e a figura austera de Valtoris entrou, com um semblante grave.

— Com todos presentes, podemos começar — anunciou, quebrando o silêncio opressivo.

Valtoris, o Rei de Valkenheim, foi o primeiro a se pronunciar, sua voz ressoando com uma falta de paciência que mal poderia ser disfarçada.

— O que houve dessa vez? — perguntou, sua informalidade quase desdenhosa.

— Mais um deles. O que mais poderia ser? — respondeu Drake, Rei de Auronis, com uma tensão palpável em suas palavras. O eco de sua afirmação reverberou pela sala, e todos sabiam que ele se referia aos dragões.

Um murmúrio percorreu, e a atmosfera se tornou ainda mais pesada.

— É impressão minha ou essas criaturas estão vindo com mais frequência? — Thorne, o Rei de Solara, decidiu intervir, sua voz firme, mas não isenta de preocupação.

— Não só isso, esse também parece ser tão forte quanto Zephyros — acrescentou Drake, um temor sutil escondido atrás de sua declaração.

O nome do dragão da ventania, que devastou Nivalis e sua população, congelando toda uma montanha em instantes, pairava no ar como uma sombra.

— Se isso for verdade, então devemos mover nossas tropas imediatamente — disse Valeris, Rei de Eldoria, em um tom decidido, mas sua voz falhou por um breve instante, como se ele mesmo estivesse ponderando a gravidade da situação.

— Atacá-lo com um exército pode ser imprudente — interrompeu Cedrik, guarda pessoal de Valtoris, cauteloso em seu tom, tentando evitar soar desrespeitoso. — Sugiro enviar apenas guerreiros de nível setenário ou superior.

As palavras de Cedrik criaram um momento de hesitação, os olhares se encontraram, e um entendimento silencioso se formou entre os reis. A menção ao nível setenário era mais do que uma simples classificação, era um aviso, uma insinuação sobre a força que habitava as veias de alguns e o que poderia advir do poder latente.

Pude sentir o medo que pairava no ambiente ao meu redor.

— Tragam-no até Véspera — sugeriu Thorne, sua expressão séria.

— O que está pensando? — perguntou Drake, um misto de incredulidade e preocupação tingindo seu tom. — Qual a vantagem de levá-lo ao seu território?

— Uma batalha em Véspera permitiria que tivéssemos o controle do ambiente — respondi, sem me deixar abalar. — Mas, por outro lado, as consequências podem ser... incontroláveis.

— E se precisarmos de alguém para lidar com isso... — continuou Thorne, hesitante, sua mente correndo para as consequências de seus atos. Todos na sala sabiam quem poderia se equiparar a um dragão, mas também sabiam que era uma escolha carregada de riscos. — Edmund pode ser o único capaz de enfrentar uma criatura assim.

A sala enrijeceu, e os olhares se voltaram para mim, como se eu finalmente fosse notado. Eu não precisava falar, minha reputação estava ali, pairando como uma sombra sobre a conversa.

— Não se esqueçam, a luta deve ocorrer em território neutro — observou Valeris, sua voz calculada. — Um dragão em Solara poderia mudar o curso de tudo.

Mantive-me em silêncio, refletindo sobre as implicações de tal luta.

Thorne rompeu o silêncio, sua voz agora carregada de determinação:

— Se for necessário, Edmund pode cuidar do dragão. Ele pode lutar, mas deve ser em meu território. Não podemos arriscar que o dragão cause mais destruição.

Um pequeno estremecimento percorreu os reis à menção de seu nome, como se a sala tivesse se tornado ainda mais carregada de tensão.

Valtoris e Drake trocam olhares cúmplices, o entendimento de que a situação estava além do que qualquer um deles poderia controlar. Permaneci em silêncio, sabendo que nem todos ali presentes queriam que eu tivesse tal glória em meu nome.

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— Não devemos atacar com nossa maior força a princípio, devemos enfraquece-lo e depois atacar com tudo que temos. — Disse Cedrik, em uma tentativa de criar um plano.

—Vamos enviar magos de elite para atraí-lo, mantendo-o longe de zonas movimentadas e perto da costa— continuou Valeris.

—Ao chegar em véspera, mobilizamos os magos para atacá-lo e enfraquecê-lo — disse Cedrik.

— e quando ele estiver fraco, Edmund pode lançar o ataque final — finalizou Valeris.

Ambos falaram como se um soubesse exatamente o que o outro iria falar. Admirável.

— Agora, em relação aos magos que iram levá-lo... Posso fornecer apoio, mas não tenho muitos magos habilidosos... Talvez Solara possa ajudar nesse quesito?— pergunta Drake.

— Soube que o descendente do filho de Edmund vai participar do valouris, talvez ele possa ajudar a levá-lo?— continuou Eldrick, guarda de Drake.

— sinto decepcionar, mas Hoshigaki não possui tanta habilidade quanto parece! — afirmo — vi seu treinamento de perto e percebo que, assim como o pai dele, ele também não tem o que é necessário.

Os reis ficam surpresos com o fato de que eu mesmo disse isso.

— ter se classificado para o valouris certamente foi um ato de sorte. —

Após isso, os reis continuaram discutindo sobre o plano, enquanto os seus guardas e conselheiros os auxiliaram.

** -Começo do ataque- **

Um seleto grupo de magos se aproxima da região em que o dragão está. Aparentemente, ele também é um dragão de vento. Ao se aproximar, fortes ondas de ventos empurram seus corpos, quase o suficiente para fazê-los voar.

Os magos utilizam um artefato de canalização, onde um mago cria uma magia, e outros a fortalecem com suas manas.

Uma magia de terra é conjurada, uma serpente surgiu do chão e foi em direção aos céus e, com auxílio de uma magia de espírito, atraiu o dragão em direção a ela.

Os magos eram levados em carroças que se moviam com ajuda de magia de vento, garantindo que os magos que estavam conjurando, tanto na magia de terra, quanto na magia de espírito, pudessem se manter concentrados.

Demorou um longo tempo até que o dragão chegasse em Vespera, mas a missão foi um sucesso. Com a chegada do dragão, magos com o auxílio do mesmo artefato conjuram magias de terra em cima do dragão, criando uma pequena chuva de meteoritos ou algo similar.

O dragão, simplesmente as recebeu, tendo pequenos arranhões em suas costas e asas. O ataque se repetiu diversas vezes.

O dragão parecia ter uma camada de vento como armadura, o que reduzia o impacto de qualquer objeto que ia em sua direção. Manter uma armadura já era complicado, mas esse dragão possuía cerca de 50 metros, certamente a maior parte de sua mana iria para ela.

Mesmo com esse tamanho, não poderíamos esperar que a mana dele acabasse. Dragões tem uma capacidade de regeneração de mana extremamente alta e certamente não aconteceria o caso de ficar sem.

Após o primeiro ataque de meteoritos, a serpente de terra, que outrora atraia o dragão, se virou contra ele e o atacou com uma mordida. Ataque esse que pareceu surtir mais efeito.

Aparentemente irritado, o dragão começou a conjurar tornados, e nesse momento, muitos dos grupos de magos começaram a sofrer baixas.

Decidi então, que era hora de agir.

Decidido, começo a voar em direção a ele, ainda me mantendo afastado. Perto da costa, conjuro uma chuva salgada, algo que pudesse trazer mais água para o campo de batalha.

O dragão certamente poderia afastá-la, mas não possui inteligência o suficiente para saber que ela representa um perigo.

Olho logo abaixo uma pequena aldeia que foi evacuada antes dele chegar. Com a espada em mãos, flutuando logo à frente do dragão, ativo o poder dos Lancaster.

Minha lâmina fica vermelha e parte das gotas de chuva também. Gotas essas que se condensam em lanças ao meu lado e começam a girar no sentido horário.

Arremesso elas então em direção ao dragão, que distraído, acaba sendo acertado. Alguns ferimentos são causados em sua lateral e ele nota a minha posição.

O dragão sobe voo entre as nuvens e rapidamente desce sobre mim com um razante. Consigo me esquivar bem, mas logo em seguida, um tornado começa a surgir sobre mim.

Percebendo isso, começou a voar em direção ao mar, um lugar onde tanto ele quanto eu teríamos mais poder, mais isso garantiria que o ambiente não fosse completamente destruído.

O dragão parece perceber meu movimento e me segue até o mar. De repente, sinto que o ar está sendo puxado. O dragão parece respirar todo o ar do ambiente e comprimi-lo em sua boca, lançando logo em seguida uma enorme esfera imperfeita de vento.

Logo acima do mar, criou uma enorme onda, capaz de bloquear parcialmente o ataque e atrasá-lo o suficiente para que eu consiga desviar. Lanço então um corte de água, que sofreu com a variação do vento que se dissipa antes de atingi-lo

A batalha continuou por alguns minutos/Horas e então, o dragão parece ter se cansado.

Percebo sua armadura enfraquecer e seu corpo enrijecer. O ar ao meu redor parece se acalmar, mesmo tendo em consideração o lugar onde eu estava.

Percebo a presença de nuvens, que, por mais que chova, a chuva não se originava delas.

De repente, uma criatura surge dessas nuvens. Ela possuía uma cabeça semelhante a uma serpente e um corpo quase transparente, como um tornado carregado de raios.

Essa criatura começou a vir repentinamente na minha direção, onde dificilmente escapará de seus ataques. O dragão parecia lento, quase imóvel. O desgaste desse ataque parecia pesar sobre ele.

Decidido a acabar rapidamente, esquivando-me da serpente de vento, subo o mais alto que consigo, afastando-me um pouco dela. Tempo o suficiente para que conjurasse minha próxima magia.

Condenso a água das nuvens em minha espada, alongando-a drasticamente e entrou minha magia de nível único: Tsug-ni

A lâmina fica vermelha ao ativar o poder dos Lancaster, garantindo um poder ainda maior à minha magia, e então, corto o ar, arremessando um corte de 30 metros de comprimento.

Não era muito rápida, nem muito espessa, mas a magia do próprio dragão tornou o corte uma magia da qual ele não conseguiu escapar. O dragão é então cortado ao meio. O ataque não o atravessou completamente, mas foi o suficiente para matá-lo.

O corpo já sem vida do dragão então vai sobre o mar, sendo afundado junto com sua magia.

As nuvens começam a se dissipar, e o vento volta a seu curso natural. O mar, por outro lado, parece mais agitado com um corpo de um dragão agora dentro dele.

Volto então para a praia. Vejo os resquícios do início da batalha e curandeiros levando os corpos dos feridos para cabanas em que possam ser tratados. Certamente, minha volta deve ter trazido alívio a todos, sabendo que seus sacrifícios não foram em vão.

De volta ao meu quarto, diante a uma caixa, retiro uma pulseira antiga, uma relíquia que a muito tempo venho guardado.

Um tempo depois, Hoshigaki adentra o cômodo e fica diante de mim.

— Soube que ganhou a competição. Meus parabéns. — digo, demonstrando aprovação.

— Sim. Mas não acredito que me chamaria aqui apenas para me parabenizar. — apontou hoshigaki.

— Na verdade, foi exatamente por isso que te chamei aqui. — digo, enquanto abro a caixa novamente, retirando a pulseira e entregando a ele. — Gostaria que aceitasse isso como forma de reconhecimento.

Hoshigaki parece meio intrigado com meu ato, mas aceita de bom grado.

— essa é uma relíquia antiga, seu poder é desconhecido, mas mantenha sempre em seu pulso. Se conseguir o que precisa, ela deve ser ativada, ou talvez salvá-lo de algum problema.

Vejo Hoshigaki a colocando e então ele me dirige uma pergunta. — Sei que não tem haver com isso, mas, o que aconteceu com Beatrice? Não há vi treinar desde o campeonato.

Sua pergunta me pega desprevenido, mesmo que já esperasse por ela.

— Ela acabou despertando seu núcleo sextinal. — após uma pausa retornei a falar. — ela resolveu se aventurar em um outro país.

Essa era uma informação que chocou Thorne quando contei. Ambos os reis achavam que ela seria a sucessora da família.

— Saiu assim de repente sem nem se despedir? Tem certeza de que está tudo bem? — sua suspeita não é infundada, mas não posso responder a isso agora.

— isso tem relação com seu núcleo. Quando despertar, saberá o motivo. — finalizo a conversa com isso. Deve ser o suficiente para ele continuar aumentando o seu poder.