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2. Primeiro despertar

'Onde estou?' Penso comigo mesmo.

Um vazio... isso é tudo que eu consigo ver. Não há nada em nenhum lugar onde eu possa olhar. Não há nada que eu possa ouvir.

De repente, uma luz branca emerge em meio ao vazio.

Passo um tempo observando a luz. Apenas ela em meio ao nada. Não consigo lembrar da última vez que comer e beber. Mas, no meu estado atual, não é como se eu sentisse fome ou sede aqui.

A luz começa a se expandir. Não sou capaz de discernir quanto tempo passou, se foram segundos ou anos.

De repente, sou capaz de sentir meu corpo novamente, mesmo que não o tenha, ou que não consiga vê-lo. Agora também consigo ouvir meus próprios corações cardíacos. Isso me assustou, o que, acima de tudo, me deixou nervoso; eu já estava acostumado com o silêncio.

A luz se aproxima ainda mais e começa a envolver o meu corpo, o ambiente, que outrora fora escuro, agora estava claro e um pouco avermelhado, junto com isso, o frio também foi substituído por um calor aconchegante.

De repente, uma voz ecoa pelos meus ouvidos. "Parabéns, é um menino."

Pisquei o olho várias vezes na tentativa de me adaptar a luz intensa ao meu redor, o vazio havia se dissipado completamente revelando formas e núcleos. O calor aconchegante começou a envolver todo o meu corpo, atualizando o frio opressivo de antes.

"Parabéns, é um menino,"

Essas palavras ainda ecoavam em minha mente. Eu tive a sensação de estar renascendo, mas onde exatamente eu estava? O que era essa realidade ao meu redor? Meus sentidos retornaram e vozes e passos puderam ser ouvidos.

Uma luz forte e intensa discreta, não ao ponto de desaparecer, mas agora eu era capaz de enxergar, mesmo que não perfeitamente, como se fosse a primeira vez que abria os olhos na vida. Percebo que estou deitado ao lado de uma mulher enorme, ou assim pensei, até perceber que na realidade eu era quem era menor.

"Ele é a sua cara." Uma voz masculina pronuncia isso.

"O que é isso?" Tentei pronunciar, mas nada saiu da minha boca.

"Nhe Nhe..." Começo a ouvir um choro de bebê, mas não está longe de mim, é como se eu mesmo estivesse chorando.

"Veja o que você fez!" Ouço uma voz novamente, mas, diferente da última vez, era uma voz feminina.

Acabei percebendo que minha mente estava presa ao corpo de um bebê. Seria isso uma visão? Ou estou alucinando?

Depois de um tempo pensando sobre o que aconteceu eu finalmente entendi.

"Eu renasci!"

Não imagino que isso fosse possível até que realmente acontecesse.

Agora... como posso saber que não é a primeira vez? Claramente lembro de já ter vivido, mas não me lembro de nada da minha vida passada. Bom, acho melhor não pensar nisso por agora; não posso fazer nada no meu estado atual.

Percebo que o choro acabou, não entendi por que ele havia começado, mas acho que isso é normal para um bebê.

"Ele parou de chorar." Novamente ouço uma voz feminina, dessa vez percebo que é da mesma pessoa que outrora confundi com uma mulher enorme. Aparentemente, esta é a mulher que me deu à luz.

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Essa foi a única coisa que ouvi antes de tudo apagar novamente. Percebo que minha consciência não desapareceu mesmo que meu corpo estivesse adormecido. Percebo que a língua falada por essas pessoas é diferente da que eu estranhamente conhecia, talvez seja um pensamento atrasado, já que não consegui entende-los desde a primeira vez que ouvi.

Alguns meses se passaram, continuei levando uma vida normal de um bebê. Com aproximadamente nove meses consegui minha primeira conquista nesse mundo, pronunciei minha primeira palavra "Sui-ki". Eu não sabia o que significava, mas fiquei feliz e orgulhoso com essa conquista. Eu não só fiquei feliz, como também meus pais, Não entendia exatamente o que eles estavam dizendo, mas eles ficaram bem eufóricos com isso.

Passei os próximos três meses me dedicando a aprender o idioma falado e no meu aniversário de um ano meus pais fizeram uma pequena festa, não teve muita gente, apenas algumas pessoas da família, lá conheci alguns dos meus parentes, mas minha memória ainda não era boa o suficiente para lembrar seus nomes, mas ainda consigo lembrar um pouco da aparência de alguns deles.

Minha família mora em uma pequena cidade de Nyxoria, um país com terrenos variados, possuindo vastas florestas. Esse é o lugar com maiores números de aventureiros do país.

Nyxoria é um dos quatro países de Solara, um dos nove continentes desse planeta, Solara é um continente militar, governado por um concelho criado pelos reis e rainhas de cada um dos quatro países.

Já estou neste mundo há cinco anos, descobri que aqui, diferente do mundo do qual eu vim, os seres vivos conseguem usar magia, eu já tinha um conhecimento avançado sobre o assunto se comparado às crianças da minha idade, talvez tenha sido causado pela minha curiosidade em relação ao assunto, e também pela facilidade de achar informações sobre o assunto em Solara. O próprio país incentiva a transmissão dessas informações, talvez porque isso faça parte da economia dele.

Entre os cinco e dez anos de idade as pessoas podem despertar um 'núcleo' que fica em volta do coração, que utiliza das veias para conduzir mana para todo o corpo.

Existem diversas formas de usar mana, mas as mais comuns são: criar e manipular elementos e/ou objetos, ou aumentar atributos físicos. Em Solara a grande maioria dos países é constituído por humanos, com exceção de Arctis, um país separado entra os elfos negros e os humanos.

Elfos negros são uma das espécies de elfos que preferem viver em lugares com temperaturas frias, acho que se adaptaram a isso pois queriam se distanciar dos outros elfos.

Os elfos negros também participam do conselho de Solara, mas não se envolvem diretamente em relações com os outros países, apenas mantendo um acordo de paz.

Em Solara, as chances de 'despertar' um núcleo são de um a cada dez pessoas, considerada alta entre a maioria dos continentes. Se você vai ter ou não um núcleo é definido no momento em que você nasce, mas só dá para saber se você terá ou não um no momento em que desperta.

Quanto fiz cinco anos, ganhei um 'staves' de presente do meu pai (Orion Lancaster)." Já tem idade para despertar um núcleo, então já pode começar a treinar" Foi o que ele disse. Aparentemente essa é uma pratica da família Lascarter. Minha mãe brigou com ele quando ele me entregou aquele presente. " Ele é apenas uma criança"

Dito isso, eu realmente comecei a treinar esgrima com ele. A família Lancaster tem um estilo de esgrima próprio, visando imobilizar e incapacitar o oponente, esse estilo é chamado de: Lamina carmesim.

Durante dois anos eu vi todas as técnicas desse estilo de esgrima e consegui replica-los, mesmo que com uma precisão e eficácia inferior do que usuários médios desse estilo.

Em geral, suas técnicas consistem em golpes direcionados e precisos em pontos específicos, logo, também tive algumas aulas de anatomia geral durante os intervalos, para aumentar ainda mais minha precisão.

Aos sete anos, meu núcleo despertou, logo percebi que minha mana tinha uma coloração 'azul oceano' o que quer dizer que tenho afinidade com o elemento água. Meu despertar ocorreu durante uma das seções de treinamento com meu pai, ao acontecer percebo uma aura na cor roxa, ao redor do meu pai, ao despertar, também fiquei com uma febre extremamente alta, meu corpo perdeu forças e caiu.

Correndo em minha direção, meu pai me pegou no colo e percebeu a presença de mana em minhas veias e artérias, ele envolveu o meu corpo com sua mana e conjurou: 'igni', normalmente, todo ser humano possui uma camada de proteção que não pode ser atravessada por qualquer magia que interfira na mana do usuário, mas, talvez pela minha fragilidade no momento e pela diferença de força entre nós, senti minha própria mana se misturar com a dele, envolver meu corpo e lentamente se resfriar.

Eu já conhecia esse encantamento, ele não manipula a mana do alvo, apenas a do usuário e é inútil ofensivamente, pois faz apenas com que a temperatura do alvo se estabilize. Essa é uma magia comum para manipuladores de 'espírito'.

Tive uma sensação que nunca havia sentido na vida, minha própria mana era como uma gota de água em meio ao oceano da mana atmosfera, mas, diferentemente de mim, meu pai possuía uma quantidade absurda de mana.

Encerramos o treinamento ali.

Quando minha mãe chegou, ela foi contagiada pela empolgação do meu pai. Seus olhos brilhavam de orgulho e alívio ao saber que eu havia despertado um núcleo.

"Ele está crescendo tão rápido," disse ela com um sorriso caloroso em seu rosto, acariciando minha cabeça com carinho.

"Sim, Elara," respondeu meu pai. "Ele está mostrando o potencial de um Lancaster. Acredito que ele já esteja pronto para ir a uma escola de magia a partir de agora."

Minha mãe assentiu, mas seu olhar de preocupação não passou despercebido por mim. No fundo, eu sabia que eles estavam felizes por mim.

Essa conversa despertou uma curiosidade em mim. 'Aprender magia,' esse era um termo que eu já conhecia, mas não esperava que ele estivesse falando em me matricular em uma escola de magia. Nesse mundo, não há uma necessidade de ir à escola; os pais são quem ensinam tudo que os filhos precisam saber, desde o básico ao avançado. Mas, por magia não ser algo comum para todas as famílias, existe uma escola para ensinar isso.

Passei cerca de um ano treinando como controlar mana com o meu pai. Descobri também sobre a variação de elementos. No geral, existem oito elementos principais, cada um com suas próprias raridades. Alguns deles possuem variações, que podem ou não ser aprendidas por usuários de determinado elemento. Também há a chance de despertar com mais de um elemento, mas esses casos são extremamente raros. Cerca de um a cada um milhão de pessoas desperta com dois elementos e são considerados gênios assim que despertam.

Por não ser algo muito comum, as escolas eram muito longe, mas por esse motivo, elas forneciam tudo que um aluno pudesse precisar.

Atualmente, eu tenho oito anos e estou no portão de casa, prestes a sair em direção à Academia Arcana de Eldria. Sim, uma escola em outro país. Não existem muitas escolas de magia em Nyxoria, e Eldria também é onde meus avós por parte de pai moram. Eu também acabei descobrindo que a família Lancaster é uma família nobre. Fiquei surpreso com essa notícia. Aparentemente, essa é uma família com maiores chances de ter magos em sua linhagem.

De repente, Orion se aproxima de mim e se ajoelha, colocando firmemente suas mãos em meus ombros. Seus olhos, normalmente cheios de determinação, agora mostravam uma mistura de orgulho e saudade.

"Hoshigaki, sei que você está pronto para isso. Acompanhei seu treinamento de perto e sei que você é muito mais forte do que aparenta. Sei que quando você voltar, já será um grande mago e um verdadeiro Lancaster." (Assim como o sobrenome da família, para ser realmente reconhecido, além da linhagem de sangue, o membro da família também tem que ser um praticante da técnica de luta da família: 'Lâmina Carmesim'.)

"Eu vou, pai. Prometo me esforçar ao máximo para honrar a nossa família."

Elara, com lágrimas nos olhos, me abraça com ternura. Ela acaricia suavemente os meus cabelos, tentando segurar a emoção.

"Meu querido, você está crescendo tão rápido. Vou sentir tanto a sua falta. Cuide-se e não esqueça que estaremos sempre aqui por você. Escreva para nós sempre que puder, ok?"

"Vou sentir saudades, mãe. Prometo que vou escrever. E vou me lembrar de tudo o que vocês me ensinaram."

Orion se levanta e, com um sorriso carinhoso, diz: "Não se esqueça, filho, estamos com você, não importa a distância."

Eu me levanto e, antes de entrar na carruagem que estava esperando do lado de fora, dou um último abraço em meus pais.

"Adeus, pai. Adeus, mãe. Vou voltar como um grande mago, prometo."

Depois disso, parti em uma longa viagem junto com dois cocheiros e um guarda da família Lancaster em direção à casa de meus avós, em Eldria.